Ele é tão lindo. Seus braços fortes, realçados pela camisa regata, chamam minha atenção. As tatuagens que cobrem sua pele parecem contar histórias que eu adoraria ouvir. E aquelas mãos grandes... Meu Deus, como eu queria que elas me tocassem. A ideia me invade de forma tão intensa que sinto meu rosto esquentar.
Como eu queria que Ramón me beijasse, que seus lábios encontrassem os meus de um jeito que eu não conseguisse resistir. A simples ideia me faz perder o fôlego por um instante, mas me repreendo mentalmente. Não posso pensar nisso, não agora.
Desvio o olhar rapidamente, temendo que ele perceba que estou o secando descaradamente. Meu coração bate mais rápido, e tento me concentrar em qualquer outra coisa — no Luca brincando, no som do vento nas árvores, em qualquer coisa que não seja Ramón.
Mas é impossível ignorar sua presença. Ramón tem essa capacidade de dominar o ambiente sem dizer uma palavra. Sua energia é magnética, e quanto mais tento evitar, mais me vejo atraída por ele.
MATEUS: Aurora, meu amor, cadê você?
AURORA: Estou aqui na varanda.
A voz animada de Mateus ecoou pela casa, e antes que eu pudesse dizer qualquer outra coisa, ele surgiu na porta, sorrindo como sempre.
Quando Ramón ouviu a voz de Mateus, sua feição mudou imediatamente. Sua postura relaxada ficou mais rígida, os ombros tensos. Ele disfarçou, tentando manter uma expressão neutra, mas o desconforto era evidente. Seus olhos passaram rapidamente de mim para Mateus, avaliando-o como se tentasse entender o que estava acontecendo.
Mateus, alheio à mudança no ar, abriu um sorriso caloroso e caminhou até mim com a energia contagiante de sempre.
MATEUS: (brincando) Ah, estava te procurando! Já achei que tinha me abandonado.
AURORA: (rindo) Eu só estava tomando um pouco de ar.
Ramón permaneceu em silêncio, observando a interação entre nós. Por um instante, achei que ele fosse dizer algo, mas ele apenas cruzou os braços, o maxilar tenso.
MATEUS: (percebendo Ramón) Ah, desculpe, não sabia que tinha visita.
Estendi a mão, tentando quebrar o clima.
AURORA: Mateus, esse é o Ramón. Ele... é um amigo. Ramón, esse é o Mateus.
Mateus acenou com a cabeça, ainda sorrindo, e estendeu a mão para Ramón.
MATEUS: Prazer, Ramón.
Ramón hesitou por um segundo antes de apertar a mão de Mateus, mantendo a expressão controlada.
RAMÓN: O prazer é meu.
Apesar do aperto de mão firme e da troca de gentilezas, o ambiente parecia carregado. Ramón parecia estar avaliando Mateus com atenção, como se tentasse encaixá-lo em algum contexto. E eu, no meio disso tudo, sentia meu coração acelerar, preocupada com o que ele poderia estar pensando.
Antes que o silêncio se tornasse insuportável, Luca apareceu na varanda, correndo em direção a Mateus.
LUCA: (animado) Mateus!
Mateus se abaixou para pegar Luca no colo, o que trouxe um sorriso imediato ao rosto do pequeno.
MATEUS: Oi, campeão! Tá dando trabalho pra sua mãe?
A cena deveria ter aliviado a tensão, mas quando olhei para Ramón, seus olhos ainda estavam fixos em nós, com algo que eu não conseguia decifrar.
Enquanto observava Aurora interagir com Mateus, senti uma pontada de desconforto que não conseguia ignorar. Não sabia exatamente o que eles eram um para o outro, mas a forma como ele a chamou de "meu amor" ecoava na minha mente.
Mateus era confiante, animado e, claramente, à vontade com Aurora e Luca. Ele a fazia rir com facilidade, e Luca parecia adorá-lo. Isso deveria ser algo bom, certo? Mas eu não conseguia afastar a tensão que se instalava em mim.
Quando Mateus estendeu a mão para mim, me forcei a manter a compostura.
MATEUS: Prazer, Ramón.
Apertei sua mão, talvez com um pouco mais de força do que o necessário.
RAMÓN: O prazer é meu.
Eu podia sentir seus olhos me analisando, e isso só aumentava minha irritação. Mas o que me incomodava mais era como Aurora parecia tão à vontade perto dele. Claro, ela disse que ele era apenas um amigo. Ainda assim, havia algo na familiaridade entre eles que me deixava inquieto.
Então Luca apareceu, correndo até Mateus, e qualquer chance de desviar o foco foi perdida. Mateus pegou Luca no colo, e o garoto riu como se aquilo fosse a coisa mais divertida do mundo.
LUCA: Mateus!
MATEUS: (sorrindo) Oi, campeão! Tá cuidando bem da sua mãe?
Eu não consegui evitar a pontada de ciúme que subiu pelo meu peito. Luca era adorável, e eu entendia por que ele gostava de Mateus. Mas isso não ajudava o turbilhão de emoções dentro de mim.
Enquanto eles riam juntos, olhei para Aurora. Ela estava observando a cena com um sorriso suave, mas quando nossos olhares se encontraram, seu sorriso vacilou por um momento. Havia algo em seus olhos que eu não conseguia decifrar, como se ela estivesse tentando me dizer algo sem palavras.
RAMÓN: (com calma) Vocês parecem se dar muito bem.
MATEUS: (rindo) Ah, Luca é como um sobrinho pra mim. Ele é demais.
Aurora abriu a boca para falar algo, mas hesitou. Eu sabia que tinha algo a ser explicado ali, mas não seria naquele momento. Então decidi manter o foco no que realmente importava: o motivo de eu ter voltado.
RAMÓN: Aurora, será que podemos conversar mais tarde? Em particular.
Mateus levantou uma sobrancelha, claramente captando o tom na minha voz, mas não disse nada. Aurora, por sua vez, assentiu, com um brilho de preocupação nos olhos.
AURORA: Claro.
Eu tinha muitas perguntas, e não só sobre Mateus. Algo estava mudando entre mim e Aurora, e eu precisava entender exatamente o que. Mas sabia que essa conversa exigiria mais do que palavras.
Enquanto Luca e Mateus continuavam conversando animadamente, decidi me afastar um pouco, dando espaço para organizar meus pensamentos. Caminhei até a cerca da varanda, observando o horizonte. O céu começava a se tingir com as cores do fim de tarde, mas minha mente estava longe de apreciar a paisagem.
Aurora estava me deixando confuso. Ela parecia tão receptiva em alguns momentos e tão distante em outros. E agora, com Mateus ali, a dinâmica parecia ainda mais complicada. A familiaridade entre eles era evidente, mas o que aquilo significava?
Meus pensamentos foram interrompidos por passos leves atrás de mim. Virei-me e encontrei Aurora parada, hesitante. Ela estava linda, como sempre, mas havia algo diferente em sua expressão.
AURORA: (suavemente) Ramón, você está bem?
Eu dei um sorriso de canto, tentando esconder o turbilhão interno.
RAMÓN: Estou. Só... pensando.
Ela se aproximou, cruzando os braços como se quisesse se proteger de algo — ou talvez de mim.
AURORA: Mateus... ele é apenas um amigo.
A honestidade dela me pegou desprevenido. Não esperava que ela fosse abordar o assunto tão diretamente.
RAMÓN: (arqueando uma sobrancelha) Só um amigo? Ele te chamou de "meu amor".
Ela soltou um suspiro, como se já esperasse minha reação.
AURORA: (rindo suavemente) Mateus é assim. Ele é brincalhão, gosta de apelidos. E, para esclarecer de uma vez... ele tem um namorado, Ramón.
Fiquei imóvel por um momento, processando a informação. Parte de mim sentiu alívio imediato, mas outra parte se odiou por ter deixado o ciúme me consumir sem motivo.
RAMÓN: (baixando o olhar) Eu... fui rápido em tirar conclusões.
Ela deu um passo à frente, olhando nos meus olhos.
AURORA: Não precisa se desculpar. Mas, Ramón, por que isso te incomodou tanto?
Sua pergunta me desarmou. O que eu poderia dizer? Que ela estava constantemente nos meus pensamentos? Que cada vez que eu a via, queria estar mais perto? Não era tão simples assim.
RAMÓN: (sinceramente) Porque você significa algo para mim, Aurora. Mais do que eu esperava.
Ela piscou, claramente surpresa, e por um momento, o silêncio pairou entre nós. O vento soprava suavemente, trazendo o som distante de Luca rindo ao fundo.
AURORA: (baixando a voz) Ramón, eu...
Antes que ela pudesse continuar, Mateus apareceu na porta da varanda com Luca nos braços, quebrando o momento.
MATEUS: Luca está morrendo de fome! Aurora, o que vamos fazer para o jantar?
Ela desviou o olhar, visivelmente abalada, mas rapidamente colocou um sorriso no rosto.
AURORA: Já vou resolver isso, Mateus.
Enquanto ela se afastava, senti o peso do que acabara de dizer pairando no ar. Talvez eu tivesse ido longe demais, cedo demais. Mas, ao mesmo tempo, sabia que precisava ser honesto.
Agora, tudo dependia de como Aurora escolheria lidar com isso.
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Atualizado até capítulo 60
Comments
Thaliaa Vieira
Agora sim essa foto está boa
2024-12-10
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