No avião, Aurora abre os olhos, sentindo o coração pesado com as memórias, mas também um alívio por ter superado tudo.
Sinto o avião tremer levemente enquanto ganha altitude. Abro os olhos, limpando discretamente uma lágrima que escapou. Olho para Luca, dormindo sereno em meu colo, e acaricio seus cabelos macios.
AURORA BIANCHI: (pensando) Tudo isso foi por você, meu pequeno. Você é minha força, minha luz, meu recomeço.
Olho pela janela, vendo as nuvens cobrirem a paisagem lá embaixo. Não sabia o que o futuro me reservava no Brasil, mas tinha certeza de que estava pronta para encarar o que viesse. Afinal, aquela jornada não era só minha — era nossa.
AURORA BIANCHI: (pensando) Eu faria tudo de novo, só para ter você comigo. Você é o melhor presente que a vida me deu.
O som da aterrissagem do avião me despertou dos devaneios. O piloto anunciou nossa chegada ao aeroporto de uma cidade no interior do Brasil. A voz serena do comandante contrastava com a euforia contida que eu sentia.
Luca abriu os olhos, ainda sonolento, e deu um sorriso preguiçoso.
LUCA BIANCHI: Mamma, siamo arrivati?(Mamãe, já chegamo?)
Eu sorri de volta, beijando sua testa.
AURORA BIANCHI: Sì, amore mio. Benvenuto nella nostra nuova casa.
(Sim, meu amor. Bem-vindo ao nosso novo lar.)
Peguei minha bagagem de mão e segurei Luca pela mão enquanto descíamos do avião. O calor do Brasil me envolveu assim que saímos do aeroporto. O ar era diferente, carregado com um aroma fresco, uma mistura de terra molhada e flores tropicais.
Saio do aeroporto e sigo diretamente para o guichê da locadora de carros. Expliquei que precisava de um veículo equipado com cadeirinha infantil, algo que não era negociável para mim. Após alguns minutos, recebo as chaves de um carro compacto e funcional.
Entro no veículo, ajusto os espelhos e cuidadosamente coloco Luca na cadeirinha no banco de trás. Ele observa tudo com olhos curiosos, mas não demora a se aconchegar e fechar os olhos novamente, ainda cansado da viagem.
AURORA BIANCHI: (olhando pelo retrovisor) Está confortável aí, meu amor?
LUCA BIANCHI: (sonolento) Uhum...
Sorri e dei partida no carro. Saí do aeroporto e segui as indicações para a fazenda dos meus pais. A estrada era longa e cercada por paisagens exuberantes: árvores imponentes e campos que pareciam não ter fim.
Tudo parecia tranquilo até que o carro começou a apresentar um comportamento estranho. O motor dava pequenos trancos, e o volante puxava levemente para a direita. Franzi o cenho e apertei o volante com força, tentando manter a calma.
AURORA BIANCHI: (murmurando para si mesma) O que está acontecendo agora?
Acelerei um pouco mais, mas o carro balançou de maneira abrupta antes de parar completamente. Olhei para o painel, esperando algum aviso, mas tudo parecia normal.
Soltei um suspiro frustrado e olhei pelo retrovisor. Luca dormia profundamente, alheio à situação. Desci do carro, ajeitando o vestido para que não ficasse preso na porta, e andei até a lateral do veículo. Foi então que vi o problema.
AURORA BIANCHI: (exclamando) Ah, não! Um pneu furado... Era só o que me faltava.
Olhei para a estrada deserta à minha frente, esperando ver algum sinal de ajuda, mas tudo o que encontrei foi silêncio e o calor do sol que começava a ficar mais intenso. Passei a mão pela testa, já começando a suar, e tentei pensar no que fazer.
AURORA BIANCHI: (para si mesma) Tá bom, Aurora, calma. Você consegue lidar com isso.
Voltei ao carro e peguei meu celular, mas, claro, o sinal era praticamente inexistente naquele trecho da estrada. Olhei mais uma vez para Luca, que continuava dormindo tranquilamente.
AURORA BIANCHI: Pelo menos um de nós está tendo um dia tranquilo...
Enquanto tentava decidir se deveria esperar ou tentar trocar o pneu sozinha, o som de um motor ao longe chamou minha atenção. Olhei para trás e vi uma caminhonete se aproximando. O veículo diminuiu a velocidade ao passar por mim e, para minha surpresa, parou alguns metros à frente.
O motorista desceu, e logo notei sua figura imponente. Ele vestia uma camisa leve, calça jeans e botas gastas. Um chapéu protegia seu rosto do sol, mas era impossível não reparar em seus olhos penetrantes e no jeito confiante com que caminhava em minha direção.
IMAGINEM ELE COM UM CHAPÉU
HOMEM: (calmo) Parece que está com problemas.
Levantei a cabeça, tentando demonstrar firmeza, mas o alívio de finalmente ver alguém era evidente.
AURORA BIANCHI: (educada) Sim, o pneu furou, e eu... bem, não sou exatamente especialista nisso.
Ele abriu um leve sorriso, sem traço algum de julgamento.
HOMEM: (gentil) Isso acontece. Quer que eu ajude?
Hesitei por um momento, ainda desconfiada. Olhei para Luca pelo vidro do carro e depois de volta para o estranho.
AURORA BIANCHI: (respirando fundo) Seria muita gentileza sua.
Ele estendeu a mão, sem se aproximar demais, como se quisesse me tranquilizar.
HOMEM: Ramón Saidi. Moro aqui perto, na fazenda ao final da estrada.
AURORA BIANCHI: (apertando a mão dele) Aurora Bianchi.
Quando nossas mãos se encontraram, um arrepio percorreu meu corpo, como se uma corrente elétrica tivesse passado por mim. Era uma sensação estranha e inesperada, que me deixou momentaneamente sem palavras. Olhei para ele, um pouco sem jeito, tentando disfarçar o desconforto que aquela reação repentina havia causado.
Ramón não desviou o olhar. Seus olhos profundos e intensos fixaram-se nos meus, como se ele estivesse tentando ler algo além do que eu estava disposta a mostrar. Havia algo em seu olhar — uma mistura de curiosidade, segurança e algo mais que eu não conseguia identificar.
Meu coração acelerou, e me senti vulnerável, como se ele pudesse ver através de mim. Tentando quebrar aquele momento que parecia eterno, desviei o olhar, fingindo estar interessada no carro.
AURORA BIANCHI: (com um leve sorriso nervoso) Parece que o universo adora me testar ultimamente.
Ramón sorriu de canto, mas seus olhos ainda estavam fixos em mim.
RAMÓN SAIDI: (em tom tranquilo) Às vezes, os testes levam a lugares inesperados.
Sua voz era calma, mas carregada de um peso que parecia vir de experiências que eu não conhecia. Era quase como se ele entendesse o que eu estava sentindo, mesmo sem saber nada sobre mim.
Meus dedos ainda formigavam do toque, e percebi que estava segurando a respiração. Soltei o ar lentamente, tentando recuperar a compostura.
AURORA BIANCHI: (tentando mudar o assunto) Obrigada, de verdade. Não sei o que teria feito se você não aparecesse.
Ele se agachou ao lado do pneu furado, já começando a trabalhar com habilidade e eficiência.
RAMÓN SAIDI: (sem me olhar, mas com um tom amigável) Não foi sorte, foi destino.
Aquela frase pairou no ar por um momento, e eu não soube como responder. Enquanto ele trocava o pneu, eu me perguntava por que aquela simples interação parecia tão carregada de significado.
Luca, ainda dormindo no banco de trás, estava alheio àquela troca silenciosa. Mas eu sabia, no fundo, que aquele homem desconhecido, de olhar penetrante e palavras simples, havia marcado algo dentro de mim — algo que eu ainda não conseguia compreender.
RAMÓN SAIDI: (olhando para o carro) Bem, Aurora, pode deixar comigo. Vamos tirar você e o pequeno dessa situação.
Enquanto ele começava a trocar o pneu, eu me perguntava se aquele encontro, tão inesperado, era apenas uma coincidência ou o início de algo que eu jamais poderia prever.
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Atualizado até capítulo 60
Comments
Tereza Cristina Avelez Rosa
o primeiro encontro ja trouxe sentimentos e esperanças
2025-01-18
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