°•Capítulo 13•°

Os dias em Nova York passaram rapidamente, mas o peso da distância não diminuía. Resolvi tudo o que precisava, e minha equipe estava bem preparada para lidar com qualquer problema que surgisse. Isso me deu uma desculpa perfeita para adiantar minha volta.

No voo de retorno, fiquei olhando pela janela do avião, perdido em pensamentos. Aurora e Luca tinham se infiltrado na minha rotina de um jeito que eu não esperava. Voltar para a fazenda nunca tinha me causado tanta ansiedade.

Assim que pousei, não perdi tempo. Peguei meu carro e fui direto para casa, ignorando o cansaço. O sol estava baixo no horizonte quando cheguei à fazenda, tingindo o céu de tons alaranjados. A visão era acolhedora, mas eu estava ansioso por algo mais.

Dirigi até a casa dos pais de Aurora, tentando imaginar como seria a recepção. Quando estacionei o carro, ouvi uma risada infantil vinda do quintal.

Luca.

Desci e segui o som, encontrando-o brincando perto da varanda. Quando ele me viu, abriu um sorriso gigantesco e correu na minha direção.

LUCA: Lamón! Você votou!

Ajoelhei para abraçá-lo enquanto ele se jogava nos meus braços. A energia dele era contagiante.

RAMÓN: Claro que voltei, campeão. Eu prometi, não foi?

Aurora apareceu na porta, enxugando as mãos em um pano de prato, com um sorriso tímido. Ela parecia surpresa, mas feliz.

AURORA: Você voltou mais rápido do que pensei.

Levantei-me, segurando Luca pela mão.

RAMÓN: Resolvi tudo mais cedo do que esperava. Não podia deixar vocês se divertirem sem mim por muito tempo.

Ela riu, mas seus olhos pareciam buscar algo nos meus, como se quisesse entender mais do que eu estava dizendo.

AURORA: Luca falava de você todos os dias. Acho que ele é seu fã número um agora.

Olhei para Luca, que acenava afirmativamente com a cabeça.

LUCA: Você vai fica agola, né?

A pergunta simples me pegou de surpresa, mas também trouxe uma clareza.

RAMÓN: Sim, Luca. Vou ficar.

Aurora ergueu uma sobrancelha, claramente tentando esconder o impacto que minhas palavras causaram.

AURORA: Bem, então acho que vai ter que ajudar na colheita amanhã. Estamos precisando de mãos extras.

RAMÓN: Considere-me oficialmente contratado.

Ela sorriu, balançando a cabeça, mas não disse mais nada. Fiquei ali, sentindo a familiaridade do momento. Sabia que as coisas não seriam fáceis. Ainda havia muitas questões no ar, mas naquele instante, com Aurora e Luca, tudo parecia estar exatamente onde deveria.

Enquanto Aurora ria da empolgação de Luca, não consegui evitar observá-la. O jeito como seus olhos brilhavam ao olhar para o filho, a leve curva de seus lábios quando sorria. Ela era tão linda, de uma forma que parecia impossível de ignorar.

Senti meu coração acelerar, como acontecia sempre que estava perto dela. Havia algo em sua presença que mexia comigo, uma mistura de calma e caos que eu não sabia como controlar.

Será que ela sentia o mesmo? Será que esses pequenos momentos entre nós tinham o mesmo impacto nela? Ou talvez fosse só eu, lendo sinais onde não havia nada.

Balancei a cabeça, tentando afastar os pensamentos, mas eles insistiam em voltar. Algo estava crescendo entre nós, disso eu tinha certeza. A questão era se Aurora estava disposta a deixar isso acontecer – e se eu tinha coragem suficiente para descobrir.

Enquanto Luca brincava com seus carrinhos no chão da sala, não consegui evitar que minha mente vagasse até Ramón. Ele tinha um jeito diferente, algo que parecia combinar força com uma delicadeza que eu não esperava encontrar. Quando estávamos juntos, sentia uma segurança que há muito tempo não experimentava, mas ao mesmo tempo, isso me assustava.

Ele era gentil, cuidadoso com Luca, e havia algo em seu sorriso que me fazia sentir coisas que eu não estava preparada para admitir. Ramón tinha o poder de me deixar desconcertada com um simples olhar, e isso era aterrorizante.

Olhei para Luca, rindo sozinho de alguma história que inventava com seus carrinhos, e me perguntei como seria para ele ter alguém como Ramón por perto. Alguém que parecia entender e aceitar tudo de forma tão natural.

Suspirei, tentando afastar a ideia. Não podia me permitir ir tão longe em pensamentos. Ramón era... complicado. E eu? Eu já tinha complicações suficientes na minha vida.

Mas a verdade é que, toda vez que ele me olhava daquele jeito, com os olhos cheios de algo que eu não conseguia decifrar, meu coração acelerava. Será que ele sentia o mesmo? Será que para ele também era difícil ignorar essa conexão que parecia crescer a cada encontro?

Balancei a cabeça, tentando focar em outra coisa, mas a sensação persistia. Era como se, de alguma forma, Ramón já tivesse deixado sua marca em mim. E por mais que eu tentasse resistir, sabia que estava começando a querer que ele ficasse.

Quando Ramón viajou, não vou mentir, senti um vazio no peito. Era estranho admitir isso, porque não fazia tanto tempo que o conhecia, mas sua ausência parecia maior do que deveria. Os dias foram passando, e a falta dele ficou mais evidente. Cada vez que algo engraçado acontecia com o Luca, ou quando eu me pegava olhando para o horizonte ao pôr do sol, pensava em como seria compartilhar aqueles momentos com ele.

Agora, com ele na minha frente, sinto um misto de emoções que nem consigo explicar. Queria abraçá-lo, dizer o quanto senti sua falta, mas, ao mesmo tempo, não sabia como agir. Ramón parecia tão à vontade, como se não tivesse se passado tempo algum, enquanto eu lutava para manter a compostura.

Nesses dias que ele esteve fora, acabei conhecendo o Mateus, um cara da minha idade. Foi uma coincidência; me perdi — de novo — tentando encontrar uma farmácia, e ele gentilmente me ajudou. Mateus tem uma energia contagiante, aquele tipo de pessoa que te faz sorrir sem esforço. E quando me apresentou o namorado dele, vi que formavam um casal incrível.

Eles têm uma leveza que eu admiro, como se o mundo lá fora não pudesse tocar o que têm juntos. Conversar com eles me fez perceber o quanto sinto falta de algo assim. Uma parceria verdadeira, onde as diferenças e desafios são enfrentados com amor e respeito.

Olhei para Ramón, e ele parecia distraído, mas algo em seu olhar me dizia que estava atento a cada movimento meu. Queria saber se ele sentiu minha falta da mesma forma que eu senti a dele. E, mais do que isso, queria entender por que sua presença tinha o poder de desestabilizar tanto minhas emoções.

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