Azrael
Enquanto Jasmim me encara com os olhos arregalados, um silêncio pesado toma conta do ambiente. O ar parece se comprimir, e o quarto ao nosso redor começa a girar lentamente, como se o próprio espaço estivesse distorcendo. Uma vertigem me acomete, mas tento manter a compostura, embora minha mente esteja à beira do colapso.
Os segundos se arrastam, e finalmente, a voz de Jasmim quebra o silêncio. Ela fala baixo, quase num sussurro, mas há um tremor perceptível em suas palavras, como se a compreensão do que estou dizendo estivesse começando a desmoronar em sua mente.
— Eu sou a chave? — Ela repete, a dúvida tornando-se um fio de angústia em sua voz. — Como assim, Azrael? O que isso quer dizer?
Há um eco de incredulidade na pergunta, como se as palavras ainda não fizessem sentido para ela. Seus olhos, grandes e brilhantes, me observam com uma mistura de medo e necessidade, como se buscassem uma explicação que pudesse trazer algum tipo de paz, mas eu sei que não há nenhuma resposta simples.
A tensão no ar cresce ainda mais. Ela começa a respirar mais rápido, e eu vejo as mãos dela se apertando, instintivamente, nos próprios braços, como se tentar se ancorar à realidade pudesse impedir que a compreensão se arrastasse para uma dimensão assustadora demais.
Engulo em seco, o peso da revelação apertando minha garganta. Não posso retroceder agora; a verdade já começou a se desenrolar, e não há mais como esconder o que sei.
— A chave... — minha voz sai rouca, como se uma força invisível estivesse tentando me calar. Fecho os olhos por um momento, buscando coragem. — A chave significa que você é a escolhida do cosmos, Jasmim. Você possui poderes... como uma bruxa.
Ela arregala os olhos e diz, estupefata:
— Escolhida? Cosmos? Poderes? Bruxa? Por Deus, você está louco? Eu já ouvi histórias sobre bruxas. Dizem que são criaturas malignas! E você está dizendo que eu sou uma?
Eu respiro fundo, tentando encontrar alguma clareza no turbilhão de emoções que se formam dentro de mim. Sei que as palavras dela vêm de um lugar de negação, de uma mente que ainda se recusa a entender o tamanho do que está prestes a acontecer.
— Não, Jasmim — respondo, a voz mais firme agora, apesar do nó na garganta. — Não é isso. Não sou eu quem está dizendo, é o destino. Você não é uma bruxa no sentido que as histórias contam. Não é maligna. Você é algo... diferente. Algo que o cosmos escolheu, e isso vai além de qualquer entendimento humano. Não é um fardo, é um poder. E você vai aprender a usá-lo.
Ela recua, como se a palavra "poder" tivesse uma carga elétrica que a empurrasse para longe. O olhar dela está incrédulo, o rosto pálido.
— Isso não faz sentido, Azrael! — Ela grita, a voz mais alta agora, a angústia transbordando. — Eu sou só uma garota! Eu não sou ninguém especial! Eu não... não sou nenhuma bruxa! Eu… não sou isso!
Eu vejo o pânico tomar conta de cada linha do seu rosto. Ela parece prestes a desmoronar, mas eu não posso deixá-la fugir da realidade. Eu não posso permitir que ela continue negando quem é, o que é.
— Jasmim, você tem que entender — falo, aproximando-me dela com cautela. — Não é uma escolha sua. Você não pediu por isso, mas não há como voltar atrás. O poder que você tem não é maligno. O que os outros chamam de bruxa é apenas um rótulo, uma maldição inventada por aqueles que não compreendem a verdadeira natureza disso.
Ela me encara, os olhos marejados, e a angústia só aumenta. Sinto o peso da dúvida pairando entre nós. O medo dela não é só do que ela pode se tornar, mas também do que ela terá que fazer.
— Mas... e se eu não quiser? — ela murmura, a voz mais baixa agora, tremendo. — E se eu não quiser esse destino? E se eu não for forte o suficiente?
A fragilidade nas palavras dela corta meu coração. Eu sei o que é sentir o peso de um destino que não escolheu. Sei como é temer o desconhecido. Mas não há escolha.
— Não existe "não querer" quando o universo já fez a sua escolha, Jasmim. — A tristeza em minha voz é inegável, mas a determinação também. — Eu só posso te guiar, te ajudar a entender. O que você faz com isso... depende de você. Mas o caminho que se abre diante de você não pode ser evitado. Você é a chave. O mundo vai precisar de você, Jasmim.
Ela começa a negar com a cabeça, os olhos fixos em mim, mas os traços de incredulidade e pavor se misturam em seu rosto. Os lábios tremem, e uma lágrima escapa, descendo lentamente por sua bochecha. Ela a enxuga rapidamente, mas as outras logo a seguem, mais persistentes, como se o peso da verdade estivesse se desmoronando sobre ela.
— Não, não, isso não é verdade! — Ela diz, a voz entrecortada pelo choro, a desesperança transbordando em suas palavras. — Você está louco, Azrael. Louco! Não pode estar falando sério... Já tem um Deus todo-poderoso, só Ele tem o poder de nos salvar, não eu! Eu sou... eu sou só uma humana patética! Nada mais do que isso!
As palavras dela saem em um turbilhão de negação e pânico, cada uma mais carregada de dor do que a anterior. Ela não consegue acreditar no que está ouvindo. Sua mente luta para se agarrar à ideia de normalidade, ao mundo simples e previsível que ela conhecia antes de eu aparecer com essa revelação.
Ela dá um passo para trás, como se estivesse tentando se afastar disso, das palavras que saem da minha boca, da ideia de que é algo maior, algo que ela não pode controlar. Mas o medo é claro em seu olhar, e eu posso ver que, no fundo, ela sabe que algo mudou. Algo que não pode mais ser ignorado.
— Eu... não sou ninguém especial — ela continua, a voz agora um sussurro, quebrada. — Não sou escolhida para nada. Eu não sou capaz de... fazer nada além de me perder! Eu não tenho esse poder! Não posso salvar ninguém!
Ela abraça a si mesma, os braços envolvendo seu corpo como se tentasse se proteger de uma dor que é invisível, mas devastadora. A visão dela, pequena e frágil diante da verdade que a ameaça, me dilacera por dentro. Eu sei que ela não está pronta para aceitar o que sou obrigado a dizer, mas não há escolha.
— Você tem, Jasmim — falo com suavidade, dando um passo em sua direção, tentando alcançá-la, mas sem forçar. — Você tem o poder, mesmo que não consiga vê-lo agora. O que você carrega dentro de si não pode ser ignorado. O cosmos a escolheu por uma razão. E mesmo que você não entenda ainda, você tem o que é necessário para salvar não apenas a si mesma, mas todos nós.
Ela balança a cabeça violentamente, a expressão de desespero se aprofundando. As lágrimas já não param de cair, e o som de seu choro ecoa pelo quarto como um grito silencioso de rendição.
— Não! — Ela solta, o olhar se perdendo no vazio. — Eu não posso ser a chave! Eu não quero ser isso, Azrael! Não sou forte o suficiente para... carregar o destino de todos. Eu sou fraca. Eu sou uma humana comum, sem nada de especial. Não me faça carregar o peso de algo que eu não posso controlar!
Eu a observo, sentindo a dor dela, mas também a urgência. O tempo está se esgotando. Eu não posso deixar que ela fuja da verdade. Não podemos fugir.
— Jasmim, eu sei que é difícil. Eu sei que você não quer acreditar. Mas o que você sente não muda o que você é. Não é uma escolha sua. O poder não faz distinção entre fracos e fortes. Ele escolheu você porque você tem a força dentro de si, mesmo que ainda não a tenha encontrado.
Ela parece perder o controle de si mesma por um momento, um turbilhão de emoções que a consome. Eu sei que o que digo parece impossível, mas a verdade, por mais dolorosa que seja, é implacável.
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Atualizado até capítulo 52
Comments
Elenita Ferreira
Desculpa autora,mas os pensamentos atrapalham um pouco,poderia haver mais diálogo pra nós podermos entender melhor!!!😔🤔🤔A história é boa mas fica chata com TANTAS NARRATIVAS!!!😢
2025-03-05
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Lucilene Palheta
TB acho e estou só lendo os diálogos,os pensamentos estou pulando , tá chato pra um livro de alfa e bruxa
2025-01-05
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Dalziza Rocha
tá enrolando muito!!!!!!!!!
2024-12-10
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