Jasmim
Assim que o banho termina e desligo o chuveiro, um suspiro pesado escapa dos meus lábios. O vapor quente me envolve, mas a sensação de alívio logo é tomada por uma irritação crescente.
Não é só o fato de ele ser tão autoritário e presunçoso que me incomoda, mas também algo mais, algo que não consigo entender completamente. Ele mexe comigo de uma maneira que não deveria. Algo nele, talvez o olhar, o tom de voz, até o jeito despreocupado, me desestabiliza de um jeito estranho.
E então, sem querer, a lembrança da minha avó Nena invade minha mente. As conversas que tivemos, os conselhos dela, as palavras carregadas de carinho e sabedoria, tudo parece vir à tona como se ela estivesse aqui comigo.
— Ah, vózinha... será que nunca mais irei ver a senhora novamente? — murmuro baixinho, a voz quase um sussurro, como se ela pudesse ouvir. — Será que a senhora tinha razão quando disse que eu e esse babaca bonitão temos uma espécie de ligação? Mas o que toda essa situação maluca significa?
Fico me olhando no pequeno espelho da pia, os pensamentos confusos, meu reflexo embaçado pela névoa quente do banheiro. O que está acontecendo comigo? O que estou fazendo aqui? E por que ele... de alguma forma, está cada vez mais presente, mais difícil de ignorar? Tento me concentrar nas palavras da minha avó, mas tudo se mistura, se perde. Não tenho respostas, só mais perguntas.
Este silêncio que me envolve é quebrado de forma abrupta por uma batida na porta. A voz dele, firme e impaciente, chega até mim:
— A princesinha vai morar aí dentro, é? Saia daí logo, que eu também preciso de um banho.
Sério? Ele não tem a mínima noção de educação, de espaço pessoal, ou talvez só goste de me provocar. Não sei qual dos dois é pior. Negando com a cabeça, reviro os olhos, já com a raiva começando a borbulhar dentro de mim. Seguro firme a toalha em volta de meu corpo e, com um movimento decidido, abro a porta. Ele está ali, parado, com aquele olhar de quem acha que está no controle de tudo.
Sem hesitar, empurro ele com o ombro ao passar, o fazendo dar um pequeno passo para trás. Meu objetivo é claro: não vou deixar ele pensar que pode me intimidar tão facilmente. A raiva que sinto por ele, misturada com uma dose de frustração, me faz perder a compostura por um momento.
Então, digo:
— Pronto, seu palhaço! E, princesinha, é seu...
Mas, antes que eu possa continuar, ele me interrompe, seu tom abrupto cortando minhas palavras.
— Palhaça, é você! — ele diz, com uma ênfase que faz minha pele arder de raiva.
Encaro-o com fúria, e nossos olhares se encontram no exato momento em que a tensão entre nós parece crescer ainda mais. Há algo nas palavras dele, no jeito como ele se coloca, que me irrita profundamente. Mas, ao mesmo tempo, há uma parte de mim que não pode negar que, em algum nível, ele tem uma presença que mexe comigo de maneiras que eu nem sei como explicar.
— Você não tem limites, não é? — digo, com a voz gelada, mas minha respiração ainda está agitada pela proximidade dele e pela raiva que sinto.
Azrael me encara, implacável, como se o fato de me provocar fosse uma diversão para ele. Não vou ceder, não vou dar o braço a torcer, mas a sensação de que ele sabe exatamente como me tirar do sério é algo que me incomoda profundamente. Cada palavra dele, cada gesto, é um pequeno teste para ver até onde posso ir.
Ele, por sua vez, não perde a postura, com aquele sorriso sutil que parece mais uma provocação, e, entra no banheiro. Antes de fechar a porta, ele me encara profundamente, como se estivesse medindo a cada segundo o quanto poderia me desestabilizar.
Então, com um movimento brusco, bate a porta com certa brutalidade, fazendo o som ecoar pelo quarto. O barulho, inesperado, é o último toque de autoridade dele. Azrael, sabe que está no controle. E isso, por algum motivo, me irrita ainda mais.
O ar no quarto parece denso, pesado, e a sensação de estar sendo empurrada para uma situação ainda mais insustentável só aumenta. Então, é quando minha atenção se volta para o ambiente ao meu redor que a realidade me atinge com força. O quarto é simples, mas há um detalhe crucial que eu não tinha notado antes. Só há uma cama.
Uma cama grande, espaçosa, mas só uma. Eu olho ao redor, procurando algum sinal de que eu tenha perdido alguma coisa, mas não. Não há mais nada. Nenhuma cama extra, nenhum sofá, absolutamente nada que me diga que eu poderia dormir de algum outro jeito.
E, para piorar a situação, eu estou completamente sem roupas. As minhas, que estão no banheiro, estão molhadas, e a toalha que estou usando não é suficiente para me sentir minimamente confortável, muito menos para lidar com essa situação de merda. Eu respiro fundo, tentando manter a calma, mas a frustração começa a se misturar com o desespero.
— Meu Deus! Isso é sério? Só pode ser castigo, realmente. — resmungo para mim mesma, a voz quase inaudível, mas cheia de incredulidade.
Eu me apoio na mesa ao lado da cama, sentindo um nó na garganta. O que eu vou fazer agora? Eu não posso ficar aqui, sem opção, sem roupa, sem nada. E, ainda por cima, ele está lá, no banheiro, completamente indiferente à minha situação. Ele deve estar rindo por dentro, se divertindo.
Minha cabeça está a mil por hora, tentando planejar uma solução, mas nenhuma delas parece viável. As opções que surgem são todas impraticáveis ou impossíveis, e o peso da realidade me atinge com força total.
(...)
Passados alguns minutos, a porta do banheiro finalmente se abre. E, Azrael, sai de lá, com a toalha enrolada na cintura, o cabelo escorrendo até a nuca, visivelmente molhado. Cada gota que escorre por ele parece fazer com que o ambiente ao redor se torne ainda mais denso, mais carregado de algo difícil de definir.
Mas o que realmente me atinge, como um soco no estômago, é seu peitoral visivelmente definido, os músculos que se movem de forma natural com cada passo, e a pele, ainda brilhando com a umidade da água.
Eu engulo em seco, como se a visão dele me tivesse paralisado por completo. Não posso negar, ele sabe o que está fazendo, e, de alguma forma, isso só aumenta a tensão entre nós.
Meu peito sobe e desce com a respiração, tentando recuperar o controle de mim mesma, mas não é fácil. Ele, por sua vez, percebe minha reação e, com um sorriso cínico no canto da boca, me encara com aquela confiança imperturbável.
Ele dá um passo à frente, o sorriso dele se alargando, mais como uma provocação do que qualquer outra coisa, e pergunta, se divertindo com a situação:
— Você está bem?
A sensação de que ele está no controle dessa situação, no controle de mim, de minhas reações, me incomoda profundamente. Mas, ao mesmo tempo, eu não posso negar que, em algum nível, isso me atrai. O jeito como ele me olha, como sabe exatamente me provocar.
Tento disfarçar a inquietação que se forma no meu estômago, mas é difícil. Ele está aqui, praticamente desnudado, com seu sorriso que me desafia a reagir de alguma forma. E, em parte, eu quero reagir. Quero, pelo menos, mostrar que não estou tão vulnerável quanto ele pensa.
— Eu estou ótima — digo, tentando soar despreocupada, mas minha voz sai um pouco mais arrastada do que eu gostaria.
Eu seguro a toalha com mais força, mas não posso deixar de me sentir... observada. A provocação no ar é palpável. Mas não vou dar esse gostinho a ele. Pelo menos, é isso que tento convencer a mim mesma.
E essa reação é exatamente o que ele quer. O silêncio entre nós se arrasta, e eu sei que a única coisa que posso fazer agora é manter minha postura. Ele não vai me dominar, não dessa forma.
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Atualizado até capítulo 52
Comments
Josely Goncalves Faria
pensei que fosse um romance mais só tem esse babaca dando uma de machão fodao um idiota completo tratando a menina mal umilhando até quando?
2025-02-19
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Margareth Santana
estou achando esse cara o maior babaca, sequestra a pessoa não dá nenhuma explicação é o companheiro dela mais a rejeitou e fica se achando o tal, então para que tá chato
2024-12-25
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joana Almeida lima
Devia não se deixar intimidar pela sua irmã também, está tão corajosa agora….
2024-11-28
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