Capítulo - 10

Azrael

Eu me sinto estranho, uma mistura confusa de emoções. Excitação, frustração, e algo mais, que não sei identificar direito, tudo se mistura enquanto encaro Jasmim. Por um momento, me pego pensando que talvez tenha ido longe demais.

Mas, ao mesmo tempo, há algo em mim que se diverte com o desafio. Eu realmente queria ver até onde ela iria, queria empurrar os limites dela, testar sua paciência. Não sei o que isso diz sobre mim, mas, de alguma forma, a tensão entre nós me instiga.

Estamos aqui, em silêncio, quando o som do vidro sendo batido no carro quebra o clima tenso. Gabriel aparece, meio desajeitado, tentando se proteger da chuva com as mãos levantadas, e seu rosto molhado só aumenta a sensação de urgência no ar.

Sem esperar muito, abaixo o vidro, e ele, com um sorriso rápido e quase cansado, diz:

— Eu já fiz nossa reserva.

Assinto com a cabeça, ainda meio absorvido pelos meus próprios pensamentos. Jasmim, por sua vez, tenta se desvencilhar da minha mão, mas, sem sucesso. Eu a puxo, forçando-a a sair do carro enquanto a chuva começa a cair com mais intensidade. Ela resiste, mas não tem escolha, e logo estamos correndo para o saguão do hotel.

Dentro, a recepção é simples, quase monótona, mas o ambiente abafado parece nos envolver de imediato. O cheiro de mofo e madeira antiga se mistura com a sensação de desconforto que eu já estava sentindo. Pegamos as chaves e seguimos em direção aos quartos.

Gabriel, à frente, diz de maneira prática:

— Eu reservei dois quartos. Um para ela e o outro a gente divide, Azrael.

Eu sorrio, um sorriso torto, quase cínico, e ao mesmo tempo puxo Jasmim pela mão com mais firmeza. Ela tenta novamente se soltar, mas eu a mantenho firme, sem dar brecha. Ela não vai se livrar de mim tão facilmente.

— Você ficará em um sozinho, Gabriel. Eu irei dividir o outro com ela — digo, com uma calma que até me surpreende.

O olhar de Gabriel sobre nós é enigmático, mas não vejo razão para discutir. Não vou deixar que Jasmim faça o que bem entender. Eu disse, e repito para mim mesmo: preciso ficar de olho nela.

Olho para Jasmim enquanto ela balança a mão, tentando se desvencilhar da minha, e então ela explode, com raiva evidente.

— Me solta! Eu não vou ficar no mesmo quarto com você, seu... seu safado! — ela grita, a voz carregada de desprezo.

Ela não me assusta, não mesmo. Na verdade, a reação dela apenas me diverte, e, ao mesmo tempo, aumenta a tensão. Está claro que ela não vai ser fácil de controlar. Sorrio de canto, sem pressa de soltá-la.

— Calma aí, princesa. Vai ser só uma noite. E, quem sabe, depois você até agradece — digo, com a voz tão tranquila quanto possível, tentando manter a situação sob controle, embora, por dentro, algo em mim se agite.

Eu sei que está apenas começando, e que essa situação, com Jasmim, vai me testar de maneiras que eu ainda não entendo completamente. Ela me olha com desprezo, como se quisesse me desafiar, mas, no fundo, sei que ela não tem escolha. Vamos ficar juntos, ao menos até que as coisas se esclareçam.

Ela tenta, mais uma vez, puxar a mão, mas eu a seguro mais firme. Não vou abrir mão tão fácil, não mesmo.

— Se você acha que vai fugir de mim, está muito enganada — digo, baixinho, para ela, enquanto seguimos em direção ao corredor dos quartos.

Eu posso sentir a resistência dela, mas também sei que, por enquanto, ela vai ter que se sujeitar às minhas regras. E o que virá a seguir? Isso ainda é um mistério, mas uma coisa é certa: ela não vai se livrar de mim.

(...)

Chegamos aos quartos, e Gabriel, antes de entrar no seu, me lança um olhar fixo e severo. Ele parece querer dizer algo a mais, mas as palavras que saem de sua boca são carregadas de advertência.

— Olha lá, Azrael. Não vai fazer nenhuma besteira, que possa se arrepender depois.

Eu o fuzilo com os olhos, sentindo a raiva borbulhar dentro de mim. A última coisa que eu preciso agora é de sermões ou conselhos, principalmente de alguém como ele. Respiro fundo, tentando manter a calma, mas a resposta sai mais cortante do que eu planejava:

— Você acha que está falando com quem, seu moleque? Entre neste quarto, cale a boca e fique em alerta.

Não me importo com o que ele pensa ou com o que ele vai fazer. O que importa é que estou no controle da situação, e, enquanto ele me encara, fico com a sensação de que ele sabe que, no fundo, nada que ele diga vai me afetar. Gabriel me observa por mais um segundo, mas decide seguir meu comando sem mais delongas, entrando em seu quarto e fechando a porta atrás de si.

Sem perder tempo, entro rapidamente no nosso quarto e puxo Jasmim com certa força. Ela tenta se soltar, mas é inútil. Com um movimento brusco, ela acaba tombando em mim. O impacto é quase cômico, mas não me permito sorrir. Ela está irritada, e eu também. Há um clima pesado entre nós, algo que só tende a se intensificar.

— Vai tomar um banho quente, garota — digo, ainda segurando sua mão. — Não quero ninguém resfriado perto de mim.

Ela me encara, os olhos fulminando com uma raiva que me faz sorrir, embora de forma amarga. Eu sei que ela está prestes a soltar mais uma das suas. E, não decepcionando, suas palavras saem ásperas, cheias de desprezo:

— Você é um problemático. E eu quero saber para que raios de missão é essa que estão me arrastando junto.

O que ela diz me irrita, mas, ao mesmo tempo, me divirto com a sua ousadia. Ela pensa que sabe de alguma coisa, mas eu não vou entregar nada. Ainda não. Eu me aproximo dela, e, sem hesitar, seguro seu queixo com firmeza. O gesto é mais para a intimidar do que qualquer outra coisa, mas há algo no meu olhar que, talvez, faça ela entender que não estou de brincadeira.

— Na hora certa você vai saber — digo, em um tom baixo, quase ameaçador. — Agora, vai para aquele maldito banheiro logo, antes que eu mesmo te carregue até lá.

Jasmim me encara por mais alguns segundos, claramente indecisa sobre o que fazer. Mas, no final, acaba cedendo, dando um passo para trás, sem dizer mais nada. A tensão no ar é palpável, mas, ao menos por enquanto, a coisa parece ter se resolvido.

Eu a vejo entrar no banheiro e, por um instante, fico parado, olhando para a porta. Não sei o que esperar dela. Não sei o que esperar de mim também. Mas uma coisa é certa: nada será como antes.

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Comments

Vivi

Vivi

animada para os próximos capítulos

2024-12-01

1

ana souza

ana souza

acho que vou pular alguns capítulos. A história é boa, mas essas enrolação está me deixando frustada

2024-12-04

1

Fátima Ramos

Fátima Ramos

Vamos ver o que acontece

2025-02-06

0

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