Jasmim
A noite já caiu quando me encontro sentada na cama, a luz suave da lâmpada iluminando o quarto. A brisa que entra pela janela aberta traz um frescor agradável, e o cheiro de terra molhada preenche o ar.
Estou aqui, escovando os cabelos de vó Nena, o movimento suave da escova no cabelo dela quase como uma dança calma. A cada deslizada da escova, o silêncio da casa parece se aprofundar, mas a minha mente está longe, perdida nas perguntas que não consigo deixar de fazer.
Será que ele jogou água em Cassandra de propósito? A dúvida me consome, me vira do avesso. O que aquilo significou? Por que ele agiu daquele jeito? Os olhos dele... aqueles olhos... Eles não saem da minha mente, não importa o quanto eu tente me distrair.
Eu posso até fingir que nada aconteceu, mas a sensação de que algo maior está acontecendo dentro de mim é inegável. Sinto a mão de vó Nena sobre a minha, uma pequena pressão reconfortante, e sua voz suave e cheia de sabedoria me tira dos meus pensamentos.
— E seu coração acelerou novamente? — ela pergunta, como se estivesse esperando uma resposta previsível.
Eu respiro fundo, olhando para o espelho na parede à frente, vendo o reflexo de mim mesma, mas ainda tentando processar o turbilhão de emoções que se formam dentro de mim. Continuo a deslizar a escova pelos cabelos de vó Nena, mas minha mente está tão distante quanto o som da sua voz.
— Sim, vózinha... meu coração acelerou novamente. — A voz sai baixa, quase como se eu estivesse confessando algo que não consigo entender. — Quando eu o vi... fiquei parada, olhando para ele sem saber o que fazer. Eu queria falar, queria gritar, mas as palavras não saíram. Ele só... se virou e foi embora. E eu fiquei ali, com um nó na garganta, como se o tempo tivesse parado.
Solto um suspiro profundo, tentando processar tudo que está acontecendo dentro de mim. Por que isso está acontecendo? Eu nunca senti algo assim por alguém. Eu mal o conheço. E ainda assim, a sensação de uma ligação forte, uma conexão inexplicável, é tão real quanto o ar que respiro. Como isso é possível?
Eu olho para a minha vó, esperando que ela tenha alguma resposta, alguma explicação para o que estou sentindo. Ela sempre sabe o que dizer. E, de certa forma, a certeza de que ela pode me ajudar é o que me mantém confiante nesse momento.
— Vó, como pode ser? — pergunto, quase implorando por uma resposta. — Como posso sentir essas coisas por alguém que mal conheço? Ele mal acabou de se mudar para a casa ao lado e... e eu não sei explicar, mas é como se algo em mim estivesse gritando quando ele está por perto. É tão forte, vó. Eu nunca senti isso antes... Como pode?
Vó Nena me olha com uma suavidade em seus olhos, como se estivesse conhecendo a dor que eu nem sabia que existia. Ela solta um suspiro e coloca a mão no meu ombro, com uma ternura que me acalma, mesmo que o turbilhão dentro de mim não se apazigue.
— Minha doce Jasmim... — começa ela, a voz suave como a brisa lá fora. — Às vezes, o coração sente o que a mente não consegue entender. O que você está sentindo não é algo que se explica facilmente, mas é real. Pode ser o destino... ou talvez uma conexão de almas que vão além do que podemos ver ou tocar. Você pode não saber agora, mas sua alma conhece a dele de algum jeito... e isso é algo que vai além do tempo e do espaço.
Ela faz uma pausa, como se estivesse ponderando as palavras, e então continua, sua voz profunda e cheia de significado.
— Não tenha medo do que está sentindo, Jasmim. Você está conectada a ele por uma razão, mesmo que essa razão ainda esteja oculta para você. O coração, minha querida, ele sabe mais do que a razão, e às vezes, ele nos guia para onde precisamos ir, mesmo que nossa mente não entenda. Só tenha cuidado, e confie no que você sente. O que o destino te preparou, você ainda vai descobrir. Mas acredite, ele não está ali por acaso.
Eu fico em silêncio, absorvendo as palavras de minha vó. Elas ressoam dentro de mim, mas, ao mesmo tempo, criam mais perguntas. Eu sei que ela está certa, que há algo ali, algo maior, algo que não posso ver, mas que posso sentir com cada fibra do meu ser.
No entanto, a ideia de ser guiada por esse sentimento, de confiar nele sem saber o que ele significa, é assustadora. Mas aqui estou, sentindo algo que não posso controlar, algo que me arrasta com uma força imensa.
— Mas e se eu me machucar, vó? E se essa conexão não for boa para mim? E se ele... se ele não sentir o mesmo? — a dúvida escapa da minha boca antes que eu consiga impedi-la.
O medo da rejeição, do desconhecido, tudo isso me envolve, mas não sei como expressar de outra forma. Vó Nena sorri com gentileza, sua expressão cheia de sabedoria e calma, ao dizer:
— O que você sente, minha doce criança, é algo que não pode ser controlado. Mas saiba, se é real, se é verdadeiro, vai florescer no tempo certo. E se não for, o tempo também vai te mostrar, sem pressa. O que importa é que você ouça seu coração e confie no que ele te diz.
Eu a olho, e pela primeira vez, sinto um pouco de paz dentro de mim. Talvez ela esteja certa. Talvez eu não precise entender tudo agora. Talvez a resposta não venha com explicações, mas com o tempo, com o que o destino tem preparado.
Eu só preciso confiar. E, talvez, seja isso o que estou aprendendo agora. Não sei o que o futuro me reserva, mas, de alguma forma, sinto que algo está prestes a acontecer. Algo que vai me mudar, para sempre.
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Atualizado até capítulo 52
Comments
Elenita Ferreira
Tadinha 😔😢!!!😔Ela já foi rejeitada e nem sabe!!!😢
2025-03-05
1
Salome Pereira
coitada está sentindo,mal sabe ela que ele já a rejeitou
2024-12-03
3