capítulo 4

 

Ela não iria chorar, estava se segurando para não fazer isso. Há dois dias, ela achava que seu mundo era um conto de fadas, com uma vida boa, um ótimo emprego e um belo namorado. Agora ela só era uma mulher livre e não gostava de ficar sozinha.

No dia seguinte, ao ter terminado com Léo, contara tudo para Alan que lhe consolou em seus ombros, passou a maior parte no trabalho se escondendo das pessoas – o que na verdade estava evitando em se encontrar com Léo – o que seria difícil.

Quando voltava para casa, aquele vazio vinha. Logo seria só ela e Travis naquele apartamento, não que estivesse já com o pensamento de Alan sair dali, pois acreditava que ele conseguiria o emprego, era um ótimo profissional.

E para completar, Alan só iria ao casamento depois da entrevista, teria que viajar sozinha. Tess ligava para ela todo dia para contar sobre o andamento do casamento e acabou contando sobre ela e Léo que haviam terminado.

Sua melhor amiga com certeza pulou de alegria quando contou a novidade, mesmo sabendo que ela tentará disfarçar pelo telefone, perceberá. Estava sim triste e de coração partido, mas não daria esse gostinho a Léo por tudo o que ele causou em sua vida.

Iria ao casamento da sua amiga, aproveitaria aqueles quatros dias para esvaziar a cabeça e descansar, pois estava precisando muito, ainda mais que sua amiga iria casar-se num campus onde teria várias coisas para se fazer. Já tinha pensado em muitas coisas para se fazer por lá. Espairecer a sua mente seria ótimo, e não desperdiçar tudo isso por um babaca.

Não! Ela iria conseguir seguir em frente. Ela era forte e destemida, não abaixaria a cabeça jamais.

Deu um chute na mala que insistia em enroscar conforme empurrava, não tinha outra mala, então o único jeito era usar aquela mesma. Era uma mala grande, e ainda estava levando uma menor e mais a de colo, estava pesando para caramba – infelizmente não tinha como reduzir suas coisas – se tivesse alguém para ajudá-la já facilitava tudo.

No entanto, não tinha ninguém e teria que se virar sozinha com tudo, até mesmo com o aluguel do apartamento.

Meu Deus, Natalie! Esqueça esse pequeno detalhe da sua vida, pensou com ela mesmo zangada. Seu celular tocou, era Tess.

- Oi.

- Amiga, você vai chegar por volta de quê horas?

Ela deu uma olhada no relógio de pulso e respondeu.

- Ah se ocorrer tudo bem no voo, umas treze horas mais ou menos.

- Ok, vou arrumar alguém para lhe buscar.

Ela ia dizer que não precisava, mas Tess desligou antes mesmo de dizer alguma coisa.

Ao entrar no avião, depois de ter sido anunciado que todos deveriam dirigir ao embarque, ela despachou a mala e entrou toda nervosa. Naquele dia ela havia decidido usar uma calça jeans, tênis, blusa plissada azul de bolinhas, era decotada e ficava muito bem nela, e como estava de corte novo no cabelo deixara o solto.

Tess iria querer matá-la quando a visse de cabelo curto, depois do término no namoro no dia seguinte foi ao salão e resolveu mudar o visual, e começou com o cabelo, que antes era abaixo do ombro ondulado e agora estava à altura da orelha e se sentia tão bem assim, simplesmente livre.

Passou a maior parte do tempo no avião escutando música no seu spotify, só se controlou para não sair cantando, pois sabia que ia acabar passando vergonha. Para sua sorte que a viagem não era longa, sair de Seattle para San Francisco há um casamento, a deixava até surpresa por estar fazendo isso – e estava adorando – afinal não tinha o costume de fazer isso.

Assim que o avião aterrissou, ela desceu toda contente e estava morrendo de fome. Pena que não teria como comer antes de ir, havia alguém esperando com certeza. Tess não iria deixá-la na mão. Pegou suas malas e teve que chutar sua mala conforme a rodinha enroscava, toda desajeitada e com todo mundo olhando bufou por fim.

Que droga de mala! Justo agora que havia chegado ali viva e contente – só que já não estava tão contente assim – que humilhação só com uma mala.

Natalie ajeitou a mala e andou novamente – para sua sorte ela parou de enroscar – e caminhou olhando em volta, ao se aproximar da porta da frente do aeroporto, tinha algumas pessoas com placas de identificação e meio que sorriu torto ao ver o seu nome com um homem desconhecido.

Bem que Tess deveria ter lhe avisado que seria um homem que vinha buscá-la. Talvez fosse um taxista particular ou Uber que sua amiga chamara.

Maravilha!

Assim se sentiria muito melhor. Ao se aproximar, notou que o homem meio que deu uma recuada, mas sorriu e podia ver que não era um homem qualquer, parecia ter sido escolhido perfeitamente para fazer aquele serviço.

- Oi.

- Oi e a srta. Moore?

Ela sorriu toda bobona e respondeu.

- É o que diz na sua placa.

Aff! Natalie poderia ter dito outra coisa, estava bancando a idiota outra vez.

- Quero dizer, sou eu.

- Ótimo. Então vamos.

Natalie assentiu, concordando, e ele acabou que se oferecendo para ajudá-la com as malas e torceu para elas não se enroscarem no caminho. Sem que ele percebesse, notou que o homem ao seu lado tinha rosto marcante, olhos azuis, o cabelo curto e castanho claro, nariz era perfeito e os lábios eram finos e sensuais, capaz de enlouquecer qualquer mulher, sobre a barba bem feita. Os trajes dele eram muito simples, calça jeans, camiseta cinza e camisa xadrez vermelha, e usava coturno deixando o look mais despojado.

Não se parecia nada com um motorista do Uber e muito menos taxista. Quem era aquele cara?

- Acho que você não me disse seu nome? – ela tentou uma conversa.

Ele a olhou de relance e respondeu.

- Benjamim Mancini.

- Prazer em conhecê-lo, sr. Mancini. – ela falou quando pararam em frente a uma picape Dodge RAM com uma cor estranha, para só então se dar conta que ele não era mesmo um  motorista contratado. – Você não tem aqueles... adesivos de motorista.

Benjamim forçou um sorriso e colocou a mala dela ali dentro da traseira da picape e a encarou.

- Eu não sou motorista, moça. Estou apenas ajudando a noiva. – ele disse. – Só para você saber, sou um dos padrinhos.

- Minha amiga lhe mandou aqui? – ela indagou indo até a porta do passageiro.

- Não tinha outra pessoa disponível. – ele respondeu entrando ao mesmo tempo que ela. – Mas se não quiser, arrumo um motorista para você.

Ela deu uma risadinha sem graça.

- Não posso decepcionar minha amiga.

- Do jeito que as coisas estão, não tem como decepcioná-la mais.

- Está dizendo que não tem nada pronto?

Ele deu de ombros.

- Não sei, não entendo muito disso.

Natalie umedeceu os lábios, e observou-o colocar os óculos escuros depois do cinto e ligar o carro. Sem querer acabou olhando para as mãos grandes e bonitas para ver se tinha alguma aliança e não encontrou nenhuma. Ele era solteiro, bonito e jovem, e um dos padrinhos do casamento.

- Sabe onde fica o lugar?

- Eu conheço San Francisco como a palma da minha mão. – respondeu em deboche.

- Isso é para me deixar tranquila?

- Uau! Achei que seria algo fácil de se fazer. – ele resmungou. – Mas estou vendo que não.

- O que você quis dizer com isso?

- Nada.

- Minha amiga lhe mandou mesmo aqui?

Ele olhou-a de relance.

- Já disse que não tinha ninguém disponível, a não ser eu. – ele contou. – sua amiga é de assustar quando está toda estressada.

Natalie deu um sorriso para lembrar disso. Tess era mesmo terrível quando estava estressada, chegava até lhe assustar às vezes.

- Você é amigo do Rob?

- Sim.

- Nunca ouvi falar de você. – Ela tagarelou toda nervosa. – Quero dizer, eu conheço muitos amigos... do Rob.

Ele sorriu malicioso.

- Sou um cara ocupado.

- Eu também. Trabalho numa emissora, na parte de propaganda.

- Que bom.

Ele disse enquanto aumentava o volume da música que tocava no som do carro. Além de bonito, ainda era grosseiro por sinal.

- Pelo jeito você não gosta muito de conversar.

- E pelo jeito você tagarela demais.

Natalie fez careta e meio que ignorou aquele comentário idiota, decidiu dar uma olhada no celular e mandar mensagens há sua amiga e dizer que não gostará muito do seu motorista. Enquanto esperava, a resposta deu uma olhada para fora e viu que a cidade era mesmo um encanto e agitada como imaginara.

Demorou para Tess lhe mandar uma carinha com uma mensagem dizendo “ Não se preocupe amiga, ele é uma boa pessoa" e depois veio outra “ Você vai adorar conhecê-lo”.

Natalie franziu o cenho e quis fazer uma careta mas sabia que estava muito próxima daquele sujeito e qualquer coisa que fizesse ele notaria, então apenas mandou uma carinha desanimada e o sinal caiu.

O tal de Benjamin entrou numa estrada e ficou confusa. Será que ele estava a levando no lugar correto? Oh não, será que entrará no carro errado?

- Aonde estamos indo?

- Para onde sua amiga está. – ele respondeu. – Ela não lhe contou onde vai ser o casamento?

- Tess não curti esse lado... rústico.

Ele deu um sorriso em deboche.

- Tem certeza?

- Eu conheço minha melhor amiga, Sr. Mancini. – Ela disse toda confiante. – Ela disse que ia ser um casamento ao ar livre.

- E vai ser ao ar livre. Só que um pouco longe do centro de San Francisco.

Ela suspirou balançando a cabeça.

- Quanto tempo ainda?

- Não falta muito não. Uns quarenta minutos.

- O quê? Eu estou morrendo de fome... por que não me avisou que levava todo esse tempo pra chegar. – Ela esbravejou. – Não tem nenhum lugar por aqui, só para eu comer alguma coisa?

- Tem sim.

- Então para em algum lugar... por favor. – Ela pediu. – Se não eu vou desmaiar aqui.

- Ok.

Em dez minutos ele parava o carro em frente à um pequeno restaurante num lugarzinho que não fazia ideia de onde estava. Era estranho estar num lugar com um desconhecido, e o mais incrível era que tinha uma vista maravilhosa.

Não podia nem reclamar, o lugar era maravilhoso e a vista mais ainda. Realmente estava surpresa por Tess ter escolhido um lugar como aquele, viu uma placa antes de entrar naquele lugar e viu que dizia Vale do Napa.

Aproveitou que esperava o seu lanchinho ficar pronto, sentou em uma mesinha para pesquisar um pouco sobre o lugar, já que seu motorista apenas decidiu ficar um pouco distante do pessoal falando ao telefone.

Napa Valley fica a pouco mais de uma hora de São Francisco (as distâncias variam um pouco dependendo das vinícolas que você escolher, mas não costumam passar muito dos 100 Km). Infelizmente não existe nenhuma solução de transporte público que ligue San Francisco a Napa Valley, e para chegar lá precisará alugar um carro ou contratar um tour.

Espaços de ranchos históricos, uma costa romântica, estradas rurais, cidades para temporadas e uvas — muitas e muitas uvas — tornam a Costa Central um destino incrível como região vinícola. Grandes vinicultores transformaram a Central Coast em uma das principais regiões de vinho do estado, com centenas de vinícolas para se visitar nas montanhas e vales ensolarados. Perto de Monterey, a trilha River Road Wine Trail segue até Santa Lucia Highlands, com uma vista para amplas fazendas, lembrando que nesta região fértil crescem mais coisas além de uvas. Paso Robles, lugar simpático para caubóis, tem mais de 200 vinícolas e cerca de 10.500 hectares de vinhas. Aqui, o charme rural se mistura à culinária contemporânea da região vinícola, sem falar em algumas das melhores safras do estado ao estilo Rhône. Perto da simpática cidade de San Luis Obispo, tome vinho e tire fotos do elegante e arejado Edna Valley, na Tolosa e em outras vinícolas. 

Continue seguindo para o sul em direção a Santa Barbara, para descobrir o paraíso do Pinot Noir, enquanto a neblina litorânea é filtrada do leste para o oeste do Santa Ynez Valley, criando uma das regiões mais diversificadas de cultivo de uvas. Algumas das 42 varietais refletem aqui a rica diversidade das condições de cultivo. Siga para o sul pela Highway 246 para visitar vinhedos e cidades relaxantes, como Los Olivos, Santa Maria e Solvang (cidade fundada por dinamarqueses). Ou faça um passeio pela efervescente Funk Zone de Santa Barbara, onde salas de degustação urbanas ocupam antigos armazéns industriais, misturando-se a galerias de arte e descolados restaurantes.

Só de saber sobre isso já deu um gostinho de quero mais. É surpresa por estar tirando suas férias de quatro dias num lugar para relaxar toda a sua tensão da semana.

Ao ser servida, agradeceu o garçom que lhe trouxe até um taça com vinho e adorou a bebida, infelizmente não podia ficar bebendo muito, era muito cedo para isso. Estava começando a experimentar o seu lanchinho quando o tal de Benjamin se aproximou e sentou-se de frente há ela.

Logo o garçom que lhe atendeu voltou todo sorridente e quis saber se ele queria algo para beber, que acabou recusando achando estranho e pior de tudo é que muitos ali o olhavam admirados como se já o conhecesse.

- Você mora por aqui?

- Ah, minha vida toda. – respondeu sem tirar os olhos do celular.

- Como conheceu o Rob?

Ele finalmente guardou o celular e a encarou com aqueles olhos azuis enigmáticos deixando a toda sem graça e só agora ela reparou que ele tinha lábios leporino, igual daquele ator Joaquim Phoenix do filme coringa, e por incrível que pareça a barba era para disfarçar o corte.

- Rob vinha com a família nas férias por aqui... tínhamos uns dezessete anos quando nos conhecemos. – Ele sorriu por lembrar. – E desde então não parou mais de vir aqui, aí o ano passado ele trouxe a Tess e ela adorou aqui.

Natalie lembrou -se claramente quando Tess viajou o ano passado com Rob, mas ela estava tão focada no seu trabalho e no namorado que nem deu muita atenção a sua amiga que contará sobre o lugar.

- Legal. Se já provou esse vinho? – Ela indagou mudando de assunto.

- Já sim.

- Nossa, que idiota eu sou. Você mora aqui, já deve ter experimentado quase todos os vinhos daqui. – Ela se corrigiu, e ele se levantou. – Aonde vai?

- Vou te esperar no carro.

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Comments

Rita de cassia Batista da silva

Rita de cassia Batista da silva

Espero que agora ela para de se monesprezar e sentir raiva por coisas tão sem sentido como um enroscar de roda de mala ... tem que sentir raiva de si mesma por se achar tão dependente de companhia para se sentir viva ou feliz !!!

2024-12-05

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