Capítulo 10 • Diego Marchese

– Antes de mais nada, deixe-me saber se estou falando com o meu chefe ou com o homem que confia minha vida. – Solto a frase no momento em que Lucca fecha a porta do meu escritório.

Ando de um lado para o outro como um animal aprisionado, caramba, deveria ter suspeitado que essa invasão maciça à minha casa não foi aleatória, Alessandro fez isso de propósito, ele planejou tudo para me colocar em situação de vulnerabilidade diante de todos.

Sim, de fato, já tive a ideia de usar Antonella como isca para atrair Mário para uma armadilha, mas tão logo essa ideia surgiu, eu a rejeitei.

Nunca usaria a moça dessa maneira, por favor, se case! Alessandro somente pode estar louco.

– Pensei que você confiasse a sua existência a qualquer um deles –Alessandro declara, levantando uma sobrancelha, mas sei que é apenas para me provocar.

– Alessandro, não me fode.

– Na realidade, é você quem vai f... – Antes que Mariano conclua a frase, dou um soco em sua cara, liberando um pouco do meu rancor e obrigando os outros a me conterem enquanto o infeliz ri, limpando o sangue que escorre do canto da sua boca.

Eles me jogam em uma poltrona, como se precisassem assegurar que eu não sairia correndo na primeira chance.

Mariano provoca: – Calma aí, Diego! Ele caminha devagar em direção ao bar, servindo uma taça de whisky em um copo, mantendo um sorriso sádico no rosto. – Você sabe que todos nós estamos no mesmo time aqui.

Inspiro profundamente, tentando conter a ira que ameaça me dominar quando os outros, finalmente, desprendem meus braços.

Preciso manter a serenidade, não posso permitir que Mariano me irrite agora. Preciso manter a serenidade, mesmo que tudo em mim grite para liberar toda a minha frustração nele ou em qualquer outra pessoa idiota.

Ele está correto ao declarar que todos nós jogamos no mesmo time, sempre foi e sempre será assim, porém, não estou pronto para incluir Antonella nessa palhaçada. A garota é minha e não estou pronto para arriscá-la. No mesmo momento em que Alessandro proferiu as palavras, eu compreendi qual era a sua malévola intenção por trás do maldito casamento.

– Não, Alessandro. – Minha voz sai mais áspera do que eu esperava, mas não consigo me conter.

Alessandro se posiciona à minha frente, como se estivesse se preparando para um diálogo extenso. Os seus olhos azuis me olham com uma expressão incompreensível, como se estivesse analisando as minhas respostas.

Caramba, só agora me dei conta do quanto estou sendo transparente. Estou permitindo que eles percebam que a garota me afeta mais do que deveria.

Caralho! Eles virão com tudo contra mim.

– Diego, você sabe que só faço o que é benéfico para o clã. Atualmente, precisamos assegurar que Mário esteja sob nosso controle o quanto antes – ele declara categoricamente, ciente de que compreendi perfeitamente o seu plano.

Entendo que casamentos arranjados ou por contrato são frequentes em várias Máfias ao redor do mundo, mas não na nossa. Não temos o costume de utilizar indivíduos como elementos do nosso jogo.

Alessandro está ciente, assim como todos, de que eu jamais me casaria se não o tornasse real em todos os aspectos. Isso é demais, até mesmo para mim.

Como conseguirei conquistar Antonella após tudo o que ela passou? Como posso ultrapassar os limites da menina para que ela deseje algo além da proteção que lhe ofereci até agora?

Ao ouvir o nome do maldito Mário, sinto um calafrio percorrer minha espinha dorsal. O homem que se transformou no nosso maior temor nos últimos anos, o causador de toda essa confusão em que nos encontramos atualmente.

Por um lado, concordo com Alessandro, levamos muito tempo para descobrir quem ele era, apenas para deixá-lo escapar novamente quando possuímos algo que o trará mais rapidamente até nós.

– Cara, precisamos descobrir um meio de fazer isso funcionar sem a participação de Antonella. –

Mantenho a voz firme, explorando em minha mente todas as possibilidades de capturá-lo sem a necessidade de envolver Antonella.

Deixo claro o meu descontrole momentâneo ao tentar abrir a garrafa de conhaque e, ao conseguir desfazer o lacre, a enfio diretamente na boca, deixando o copo de lado.

Alessandro sorri, como se se divertisse com o meu desconforto, com a minha insanidade. Lembro-me quando o filho da puta passou por isso, foi por permitir-se surtar e beber como um cão na sarjeta que ele quase perdeu a mulher que ama.

– Antonella representa a nossa melhor oportunidade de tirar Mario de seu esconderijo. Todos nós sabemos que o fato de ele tê-la mantido em cativeiro por tanto tempo sugere que ele nutre um certo... carinho por ela. – Alessandro reafirma tudo o que eu já sabia perfeitamente.

Apenas a menção do vínculo patológico entre Antonella e Mario é o bastante para me deixar em fúria. Não consigo compreender como ele conseguiu fazer isso com ela. Como ele conseguiu torturá-la dessa forma por tanto tempo? Realizar isso com a própria filha demonstra o grau de insanidade e perversidade que ele possui.

– Não vou usar Antonella como isca para atrair Mario, Alessandro. – Minha voz é baixa, porém firme. – Compreendo que seria o mais benéfico para o clã neste momento, mas não estou pronto para colocar em risco a sua sanidade. É um custo demasiado elevado para ser suportado.

Alessandro levanta uma sobrancelha, parecendo surpreendido com a minha resposta.

– Diego, você não compreende. Isso não se trata de uma opção. É uma exigência. Se desejamos capturar Mario, devemos utilizar todos os meios ao nosso alcance.

Sinto um turbilhão de fúria me envolver. Como ele pode persistir em propor uma besteira dessas? Como ele pode considerar a hipótese de colocar Antonella novamente em risco após tudo o que ela enfrentou e que ele testemunhou quando a encontramos?

– Prometi que não faria isso. – Minha voz soa como um rosnado suave, porém, não existe margem para argumentação em minhas palavras.

Alessandro me olha por um instante, seus olhos azuis profundos analisando minha face. Através do seu olhar, consigo perceber as engrenagens girando em sua mente, a maneira como ele avalia todas as alternativas disponíveis.

– Diego, você quer a garota para si? – Não é uma questão, sua voz é firme, mas carregada de significado. – Você anseia pela garota. Agora estou mais convencido de que essa é a nossa melhor oportunidade.

A negação está na ponta do meu paladar, pronta para ser pronunciada com toda a minha resolução. Contudo, algo em mim hesita. As declarações de Alessandro ressoam em minha mente como um furacão à beira do desastre.

Antonella, eu a quero? Como minha esposa? Que maluco anseio por proteção é esse que quase me sufoca?

Antonella. Agora, ela está protegida, mas por quanto tempo? O que acontece se Alessandro estiver correto? Se utilizar Antonella como isca for a única forma de capturar Mario e salvaguardar não somente o clã, mas também a ela?

Sinto uma corrente de incertezas me envolver. Não sei como agir. Não tenho certeza de qual decisão tomar nessa circunstância. Pela primeira vez, sinto-me indeciso nas minhas decisões.

Por favor, quero soltar tudo pelo ar, quero esmagar alguém e os quatro homens à minha frente são uma ótima escolha. No entanto, não posso me deixar levar pela ira, especialmente agora que ainda restam peças cruciais para serem unidas.

Deito-me novamente no sofá e aperto a garrafa com os lábios, tomando longos goles da bebida seca. Nem faço cara de espanto quando o líquido desce, queimando toda a minha garganta.

– Diego, você tem até amanhã para refletir sobre isso. Se for necessário, tenho mais três alternativas de marido para ela. – Alessandro se levanta da cadeira, um sorriso contente estampado em seu rosto. FILHO. DE. UMA. PUTA. Ele propôs que ela se casasse com um dos outros, pois tem consciência de que essa opção seria um golpe certeiro para me convencer a aceitar essa loucura. – Converse com ela. Aguardo uma resposta de ambos.

Com essas palavras, ele se levanta, gira os pés e vira as costas para mim. Imediatamente após, deixei o escritório,seguido por todos e deixando-me sozinho com meus pensamentos agitados.

Estou parado, sem conseguir me mover. O único pensamento que tenho é em Antonella. Como ela não é digna de estar envolvida em tudo isso. Como prometi protegê-la, agora estou à beira de colocá-la novamente em risco.

Contudo, outra parcela de mim, a que raciocina racionalmente e não se intimida diante do perigo, compreende que não posso permitir que Mario fuja. Não posso permitir que ele persista em colocar em risco a segurança do clã.

Por um instante, fecho os olhos, buscando uma resposta em meio à confusão que invade minha mente. No entanto, tudo que vejo é o vazio.

Por um longo período, fiquei parado no meu escritório vazio, combatendo meus próprios demônios, enquanto o tempo avança ao nosso redor, sem nos permitir tempo para hesitações ou indecisões.

Chegou o momento de agir e estou sempre preparado para agir em qualquer situação.

Capítulos
1 Introdução
2 Prólogo • Antonella Rossi
3 Capítulo 01 • Antonella Rossi
4 Capítulo 02 • Diego Marchese
5 Capítulo 03 • Diego Marchese
6 Capítulo 04 • Antonella Rossi
7 Capítulo 05 • Diego Marchese
8 Capítulo 06 • Antonella Rossi
9 Capítulo 07 • Diego Marchese
10 Capítulo 08 • Antonella Rossi
11 Capítulo 09 • Antonella Rossi
12 Capítulo 10 • Diego Marchese
13 Capítulo 11 • Antonella Rossi
14 Capítulo 12 • Antonella Rossi
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23 Capítulo 21 • Diego Marchese
24 Capítulo 22 • Antonella Rossi
25 Capítulo 23 • Diego Marchese
26 Capítulo 24 • Antonella Rossi
27 Capítulo 25 • Diego Marchese
28 Capítulo 26 • Antonella Rossi
29 Capítulo 27 • Diego Marchese
30 Capítulo 28 • Antonella Rossi
31 Capítulo 29 • Mário Rossi
32 Capítulo 30 • Diego Marchese
33 Capítulo 31 • Antonella Rossi
34 Capítulo 32 • Diego Marchese
35 Capítulo 33 • Diego Marchese
36 Capítulo 34 • Antonella Rossi
37 Capítulo 35 • Diego Marchese
38 Capítulo 36 • Antonella Rossi
39 Capítulo 37 • Antonella Rossi
40 Capítulo 38 • Diego Marchese
41 Capítulo 39 • Diego Marchese
42 Capítulo 40 • Antonella Rossi
43 Capítulo 41 • Diego Marchese
44 Capítulo 42 • Diego Marchese
45 Capítulo 43 • Antonella Rossi
46 Capítulo 44 • Antonella Rossi
47 Capítulo 45 • Diego Marchese
48 Capítulo 46 • Antonella Rossi
49 Capítulo 47 • Diego Marchese
50 Capítulo 48 • Diego Marchese
51 Capítulo 49 • Antonella Rossi
52 Epílogo • Enrico Paladino
Capítulos

Atualizado até capítulo 52

1
Introdução
2
Prólogo • Antonella Rossi
3
Capítulo 01 • Antonella Rossi
4
Capítulo 02 • Diego Marchese
5
Capítulo 03 • Diego Marchese
6
Capítulo 04 • Antonella Rossi
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