Horas antes...
– Pegamos ele, caralho! – Alessandro exulta ao lado de mim e Mariano na sala de controle das nossas operações.
Após quinze dias do início daOperação Outside, finalmente recebemos a chamada que aguardávamos.
Enrico e Lucca estão neste momento cercando sua residência e os esconderijos que localizamos. O infeliz que se atreveu a nos trair não possui alternativa.
Estamos cientes de que é o momento de agir, temos ele muito perto de nós.
– Conseguimos – murmuro com um sorriso de contentamento e vejo a minha alegria refletida no olhar dos demais. – Enrico acabou de informar que já temos uma equipe em cada saída da casa. O parasita está preso.
Porra, levamos muito tempo nessa busca, Mario Rossi foi excelente em esconder seu rastro por mais de quatro anos malditos. No entanto, era apenas uma questão de tempo até que o encontrássemos. Ele tocou em áreas inacessíveis e, portanto, sua reparação será enorme em nossas mãos.
Os corredores da nossa base explodem ao som de passos vigorosos, enquanto nos apressamos para obedecer às instruções do Boss. A urgência na sua voz não deixa margem para dúvidas: não podemos deixar a chance passar.
Alessandro lidera a 'Ndrangheta e, quando qualquer maldito cruza nosso caminho, é melhor estarmos preparados para o pior.
Alessandro é cruel e inflexível.
Aprendemos a ser como ele.
Por essa razão, vamos destrui-lo agora sem piedade, espalharemos o caos na casa de Mario, exterminaremos seus descendentes, e nada do seu sangue maldito permanecerá na terra.
Quase não conseguimos acreditar ao descobrir quem era o infiel. Mario sempre foi inquestionável, sempre demonstrou lealdade e estava pronto para sacrificar a própria vida pelo clã. Infelizmente, percebemos que, pela primeira vez, estávamos equivocados.
Todos nós erramos em nossas avaliações e isso é um erro inadmissível. Foi complicado identificar quem era o traidor, mas agora, não se pode ignorar as provas.
– É necessário que ajamos rapidamente – continua Alessandro, caminhando ao meu lado – Ele se escondeu em sua propriedade por um longo período. Ele tentará escapar ou acabar com a própria existência sozinho. É necessário capturá-lo vivo e fazê-lo pagar com nossas próprias mãos pelo que nos causou.
Nota-se a raiva em seu olhar. Mario foi o responsável pelo ataque que resultou na morte de sua filha, Mia. Alessandro foi o mais impactado pela sua infidelidade e está preso no ódio que nutre pelo homem, tal como todos nós.
Mario Rossi cometeu o pecado mais grave em qualquer organização criminosa: a traição. Agora, é nosso dever assegurar que ele pague por isso, da forma mais dolorosa que conseguir.
Por fim, nos vingaremos.
Saímos da sala de reuniões e nos organizamos para o trabalho. Nos nossos olhos, um brilho de insanidade pisca. Estávamos muito tempo sem uma ação positiva que nos impulsionasse.
Armas foram distribuídas, estratégias definidas e cada indivíduo que nos segue compreende sua função. Esta é uma tarefa de retribuição, justiça e lealdade, e nenhum de nós vai sossegar até que Mario Rossi esteja em nossa posse.
Finalmente chegamos à propriedade mais remota de Mario à noite. A escuridão nos cerca enquanto caminhamos em silêncio. As nossas ações são meticulosamente planejadas para evitar sermos identificados antes do tempo necessário.
O ambiente está repleto de ameaças de violência iminente, mas nenhum de nós se acovarda. Esta é a nossa oportunidade de responsabilizar Mario Rossi pelo que fez.
Chegamos à porta principal da residência e nos preparamos para o embate que está por vir. Apesar de estar habituado à guerra, a adrenalina corre em minhas veias ao ajustar as armas, verificar as munições e nos prepararmos para confrontar os parasitas que protegem o traidor.
Alessandro sinaliza e entramos com força total na propriedade. As portas são violadas, os tiros ressoam e os gritos inundam o ambiente enquanto lutamos até encontrarmos nosso adversário. Não há margem para dúvidas, apenas a resolução avassaladora de fazer Mario pagar pelo que causou a nós.
Chegamos rapidamente ao quarto principal. Identificamos indícios da recente presença de Rossi. Documentos, arquivos, todos espalhados pelo quarto como rastros deixados por um rato.
Ele percebeu que estávamos a caminho.
Merda!
Mariano agarra um dos documentos, analisando-o rapidamente sob a luz tênue da lanterna que carrega. A sua expressão se torna séria e percebo que descobriu algo relevante.
– Vejam isso. – Sua voz é baixa, porém repleta de ódio. - Parece que Rossi tinha um plano grandioso.
Estou perto de Alessandro para verificar o que ele descobriu. O documento está repleto de apontamentos, esquemas e planos meticulosamente elaborados. Parece que Rossi está planejando algo de grande escala.
Algo que poderia abalar a nossa estrutura e, possivelmente, conceder-lhe o que almejava: o domínio sobre a Itália.
Caramba, o desgraçado pretendia muito mais do que simplesmente abalar nossas estruturas, ele tinha a intenção de nos aniquilar até que não sobrasse nada além de nossos pedaços.
Identificamos que ele não só causou a morte de Mia, mas também o acidente que vitimou Vittoria, esposa de Alessandro. A próxima etapa seria invadir a residência do nosso Chefe. Mario tentaria pegá-lo de surpresa, causando a morte dele e de todos presentes na casa.
Como fizemos anteriormente com Riccardo.
– Maldito desgraçado! – A voz de Alessandro ecoa como um trovão, cheia de fúria. – Ele havia planejado tudo desde o começo, um parasita como seu próprio pai.
Ao analisar os documentos, descobrimos que Mario é descendente de Riccardo, o infeliz que governava a Itália antes de assumirmos o poder. Mario foi presenteado pelo pai para ser educado em uma de nossas famílias de capitães proeminentes, uma erva daninha plantada e cultivada em nosso clã sem que percebêssemos, com o propósito de, no futuro, nos desestabilizar.
– Eu e Enrico vamos descer com vocês enquanto vocês estão recolhendo tudo isso. Precisamos localizá-lo. – Balanço a cabeça, minha boca travada de raiva. Por favor, não permitimos que ele se aproximasse demais. Essa falha resultou em danos irreparáveis. Jamais pedirei desculpas por falhar dessa forma. – Não podemos deixá-lo escapar desta vez. – Mesmo com a voz embargada pelo ódio, esforço-me para manter a voz firme e determinada.
Ao chegarmos à cozinha, notamos que ele descia por uma espécie de escada que conduz a um tipo de túnel subterrâneo. Corremos desesperadamente pelos corredores, na tentativa de capturar o parasita antes que ele consiga escapar.
Durante o percurso, nos deparamos com uma pesada porta de aço. Enrico abre a porta com um golpe potente, fazendo a estrutura chocar-se contra a parede de pedra.
Com a visão que possuo, meus pés se prendem ao chão.
– Alessandro, por favor, desça aqui. – Escuto a voz de Enrico, que, mesmo estando ao meu lado, parece estar distante.
É como se todo o espaço fosse invadido pela presença da mulher em minha frente. Todo o meu foco está na garota, por alguns instantes me desligo completamente da missão e me concentro exclusivamente nela.
– Estou a caminho. – Escuto a voz de Alesandro no terminal e retomo o foco nas minhas ações, no que é necessário realizar.
Noto que a figura quase sem vida à nossa frente é Antonella Rossi, a filha mais nova do infeliz traidor. Os seus traços não escondem a sua procedência.
Sem controlar os movimentos, prossigo até encontrá-lo, no interior da câmara subterrânea; sua aparência frágil e desintegrada me faz tremer internamente.
– Trata-se da filha mais nova do infeliz. Estou viva, Boss. – comento quando, após um tempo, percebo a presença de Alessandro. – Vamos seguir o mesmo destino dos outros? – questiono, pois esse era o plano original, eliminar qualquer descendente do verme, tal como fez com Mia, filha de Alessandro.
O nosso objetivo é eliminar o sangue desolado de Mario da face da terra, contudo, em um lugar muito íntimo, anseio que Alessandro tenha compaixão dessa jovem, pois ela parece ter enfrentado o pior dos infernos.
Decido que, se ele ordenar a sua morte, assumirei a tarefa e a executarei rapidamente para evitar que a menina sofra mais do que aparenta ter sofrido em vida.
Alessandro fica quieto por um momento após a minha pergunta, e então sua voz sai rascante ao meu lado.
– Ela não viria aqui se não fosse relevante para ele - assenti com a cabeça. – Talvez ela tenha conhecimento de algo que possa nos auxiliar.
– Nesse estado? – murmuro e desço ao lado da jovem, que agora parece perceber nossa presença e me olha com olhos fixos, quase inertes. – Se quiser obter qualquer informação, precisamos subi-la com ela, a garota precisa de assistência imediata – exclamo e, instantaneamente, percebo seu esforço em falar, mas é inútil quando seus lábios estão costurados.
– Hum, hum, hum – Ela insiste e sinto uma vontade louca de correr atrás de Mario, apenas para puni-lo por mais essa crueldade.
– Calma, eu vou te auxiliar – digo, esforçando-me para manter um tom de voz mais tranquilo, evitando causar medo.
Segurando a pequena navalha que se encontrava escondida entre minhas armas, corto os fios que prendem seus lábios com delicadeza.
Ela abre a boca, pressionando o maxilar e experimentando a mobilidade que antes era limitada pela linha espessa.
– Você... – a menina fala num sussurro, olhando para mim – veio me socorrer. – A voz dela é tão áspera e rouca que se percebe que ela não toma água há bastante tempo. Parece que ela veio para morrer aqui.
Cacete! Vou matar o infeliz, mas antes vou costurar seus lábios e enfiar seu pau goela abaixo.
– Eu não sou o herói, menina. Depois de soltar as correntes dos seus tornozelos, eu colocarei a morte em sua casa. – Sussurrei baixo, apoiando os braços em suas costas e joelhos, erguendo-a do chão.
– Isso. – Ela se esforça para expressar-se enquanto a conduzo para fora do túnel. - A morte. – Sua respiração se torna cada vez mais irregular. – É a salvação, me dê isso.
– Puta que pariu. – Meu descontentamento ressoa ao ver a garota fechar os olhos em meus braços, como se estivesse se entregando à morte de verdade. Acelero, como se estivesse salvando a minha própria existência.
– É urgente a necessidade de um time médico na cozinha! – Ouço Alessandro falar de algum lugar.
– Um médico virá visitá-la. – Informo ao apoiar seu corpo com delicadeza na mesa da cozinha e ela abre um pequeno sorriso, sinalizando que ainda está lúcida.
– Por favor, não... eu preciso dela, da morte. – Ela repete, suas palavras mal se formando em sua língua áspera.
Desejo que ela se cale, não diga isso, ela não vai encontrar a morte, pelo menos não agora.
Alesandro recebeu o perdão e eu o farei viver. Ela ainda é muito nova para se entregar dessa maneira.
Alessandro questiona: – Por que Rossi fez isso com você? – Ela não desvia o olhar do meu, nem parece prestar atenção, na realidade.
Ela me olha como se eu representasse a sua salvação, o seu anjo da morte, quem sabe. A jovem se encontra em um estado semiconsciente, seus olhos oscilam entre o vazio do teto e a minha figura ao seu lado.
– Você está protegida agora. – Minha voz é suave, porém contundente. – Ninguém mais vai te ferir, eu asseguro.
Parece que ela anota as palavras e lágrimas escorrem pelo canto dos seus olhos.
– Talvez ela esteja certa, não conhecemos os traumas que ela enfrentou. – Alessandro fala decidido, talvez esteja repensando sua decisão de deixá-la viver. – Cara, ela acabaria morrendo de qualquer maneira, confinada naquele lugar. – Pois é, ela acabaria morrendo de qualquer maneira, aprisionada naquele lugar.
– Não me fode, Alessandro. – Olho para ele rapidamente e rosno quando percebo a sugestão subentendida em suas palavras, ainda deitada sobre a mesa. – Compreendo que sua ordem era para que ninguém ficasse com o sangue do infeliz, mas deixe-a comigo, eu cuidarei dela.
Intercedo, movido por um sentimento de proteção, não desejo o seu falecimento. Atualmente, espero que ela opte por viver.
– Você sabe que ele irá persegui-la, não é mesmo? – Alessandro fala e eu o encaro.
– Eu entendo, Alessandro. – Dou um sorriso, com a voz repleta de ódio. – E estarei aguardando ansiosamente por isso.
– Eu também. – Alessandro acaricia minhas costas delicadamente e, em seguida, se retira, deixando-me sozinho com a menina enquanto espero pela equipe de saúde.
Ela aparenta ser tão pequena e suscetível, porém, ao que tudo indica, deve ser mais resistente do que qualquer um de nós jamais poderia supor.
– Agora está tudo bem. - murmuro, minha voz soa dura, com sentimentos que eu nem sabia que existiam, mas os controlo. – Você está protegida, menina, eu cuidarei de você.
Ela me olha, os olhos repletos de gratidão e algo mais, algo que não consigo discernir no momento. É como se existisse uma ligação instantânea entre nós, um entendimento recíproco de que estaremos sempre conectados a partir deste instante.
Protetor e protegida, uma ligação que jamais se romperá.
Os profissionais de saúde se aproximam, preparando-a para o transporte, pois seu corpo está debilitado e com lesões. Ela parece ter resistido ao pior que seu pai conseguiu infligir e, agora, ao meu lado, é o momento de iniciar o processo de recuperação.
Estou com ela até o hospital. Antonella pode ter sofrido um golpe de Mario, porém, agora não está mais sozinha. Estou aqui para protegê-la, auxiliá-la em sua recuperação e asseguro que Mario Rossi pagará um preço alto por tudo o que causou a todos nós.
Não apenas vingarei a vida de Mia que nos foi tirada, mas também todo o sofrimento que ela sofreu. A partir de agora, ela será minha para cuidar e proteger.
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Aline Rocha
isso acaba com aquele verme
2025-01-21
1
Summer 🔥
Isso aí 👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽
2024-12-07
1
Adriacmacez
iiiiiii já começou o senso de proteção do mafioso🥹🥹🥹🫶
Continua porfavorzinho PLIS PLIS PLIS PLIS PLIS PLIS PLIS PLIS PLIS PLIS PLIS PLIS PLIS PLIS PLIS PLIS PLIS PLIS PLIS PLIS PLIS PLIS PLIS PLIS PLIS PLIS PLIS PLIS PLIS PLIS 🙏🙏🙏🙏🙏🙏🙏🥺🥺🥺🥺🥺🥺
2024-11-26
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