A guerra estava no ar. Não importava onde eu olhasse. O vento trazia a ameaça, os sussurros de um conflito que nunca deveria ter começado, mas que agora nos consumia. Eu sabia o que estava acontecendo. A Agartha havia rompido com Anunaki, invadido nossas fronteiras, e tudo que nos restava era lutar. Para minha surpresa, o Conselho Supremo de Anunaki havia sido rápido em se organizar, mas, mesmo assim, não conseguíamos acompanhar a velocidade do ataque.
— Akin, precisamos ir. Agora — disse Lyra, seu rosto pálido, mas determinado, enquanto suas mãos tremiam levemente. Eu sabia que, por mais forte que fosse, o medo ainda estava em seus olhos. O medo de perder tudo o que amava.
— Eu sei — respondi, minha voz baixa, quase um sussurro. Mas havia mais do que apenas medo agora. Eu sentia que algo em mim estava prestes a explodir. Eu podia sentir o poder crescendo dentro de mim como uma tempestade que se acumulava, prestes a devastar tudo ao meu redor. Não era apenas a guerra que me assustava. Era o fato de eu não saber até onde esse poder poderia me levar.
O coração batia descompassado. Meu corpo, meu ser, tudo se preparava para o que estava por vir. A cidade de Anunaki, nossa casa, parecia distante agora, como se uma parede invisível tivesse se levantado entre nós e tudo o que havíamos conhecido. Tudo o que havíamos lutado para proteger.
O som distante de sirenes ecoava pelas ruas. As sombras dos soldados passavam rapidamente pela janela, e o chão tremia levemente, como se a terra soubesse que não havia mais como voltar atrás. A guerra já estava aqui, e eu era um dos líderes da resistência. Eu havia assumido o peso dessa responsabilidade. Mas isso não significava que eu estava pronto para o que se seguiria.
Lyra pegou minha mão com força, um gesto simples, mas carregado de significado. Ela sabia que isso não era só sobre mim. Era sobre nós dois. Era sobre nossa luta para continuar juntos em um mundo que estava desmoronando.
— Akin, o que vai acontecer com nós dois? — perguntou ela, sua voz baixinha, mas o medo em seus olhos era inegável. Ela estava tentando ser forte, mas mesmo a mulher mais corajosa tem seus limites. E, no fundo, eu sabia que ela tinha medo do que a guerra faria com o nosso amor. Talvez, ela temesse que a distância entre nós fosse uma ferida impossível de curar.
Eu olhei para ela, tentando reunir as palavras certas. Mas, no fundo, eu sabia que não havia resposta fácil. Nós dois éramos produtos de uma guerra que nunca deveria ter acontecido, e mesmo que conseguissemos sobreviver a essa guerra, a distância que ela criava entre nós poderia ser insuperável.
— Não sei — respondi, e minha voz falhou um pouco. — Eu quero acreditar que podemos vencer isso juntos, Lyra. Mas não posso prometer que sairemos da mesma maneira que entramos. A guerra vai mudar tudo. Vai mudar todos nós.
Lyra apertou minha mão com mais força, um gesto silencioso de apoio, mas seus olhos estavam carregados de incerteza.
Nesse momento, o som de passos apressados se aproximando da porta fez meu coração disparar. O Arauto entrou na sala, sua expressão grave, seu corpo tenso. Ele tinha a aparência de um homem que já havia enfrentado muitas batalhas, mas agora, suas feições estavam mais sombrias do que eu jamais vira.
— Akin, Lyra, é hora — ele disse, sua voz firme, mas com um toque de urgência que me fez perceber a gravidade da situação. — Precisamos sair agora, a frente de batalha está em pleno conflito. As tropas de Agartha estão mais próximas do que imaginávamos.
O peso de suas palavras caiu sobre mim como uma maré. Eu sabia o que isso significava. Não havia mais tempo para hesitar. Não havia mais tempo para dúvidas.
Eu me levantei rapidamente, tomando Lyra pela mão, e seguimos em direção ao local de encontro. A cidade de Anunaki estava começando a se preparar para o que parecia ser o seu último suspiro.
Enquanto corríamos pelos corredores, as memórias da infância de Anunaki vinham à tona. Um lugar de paz, um lugar onde a comida nunca faltava, onde o ar limpo era uma dádiva que todos apreciavam. Mas agora, tudo isso estava prestes a ser destruído. E eu sabia que a batalha que teríamos de travar não seria apenas contra as forças externas. Seria contra o próprio coração de Anunaki, contra a própria ideia do que somos e o que queremos ser.
Chegamos ao ponto de encontro onde a resistência estava se reunindo, um antigo armazém agora convertido em quartel-general. Lá, pude ver outros líderes, outros guerreiros de Anunaki, com rostos de puro foco e determinação. Mas, mesmo no meio dessa coragem, havia uma sombra de incerteza. Não sabíamos se seríamos capazes de vencer, mas sabíamos que, se não lutássemos, perderíamos tudo.
— Akin, estamos prontos para a batalha — disse o comandante da resistência, um homem de pele escura e olhos penetrantes, que eu respeitava profundamente. — Mas você precisa nos dizer o que fazer. Você está no comando agora.
Eu respirei fundo. A pressão de ser o líder nunca havia sido tão real. Não era apenas o poder dentro de mim que estava em jogo. Era o futuro de toda uma civilização. O que eu fizesse agora poderia determinar se Anunaki sobreviveria ou cairia.
Olhei para Lyra, que estava ao meu lado, firme como sempre. Seu olhar dizia tudo. Ela estava ao meu lado, pronta para lutar.
— Vamos lutar por todos nós — respondi, com uma confiança renovada. — Não podemos permitir que o medo nos paralise. Anunaki sempre foi mais do que uma utopia. Sempre foi uma promessa de um futuro melhor. Não podemos deixar que isso se perca.
A batalha se aproximava. E, naquele momento, eu soube que, independentemente do que acontecesse, a guerra não nos destruiria. Nossa força estava na unidade. Nossa força estava em resistir, lutar até o fim.
E, com isso, demos o primeiro passo rumo ao que poderia ser o nosso último combate.
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Atualizado até capítulo 21
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