Página 15. De volta a rotina

Após descer do carro, Theodora deu um abraço demorado em Tainá.

— Boa sorte. Espero que você e minha irmã passem na prova — disse Theodora.

— Obrigada. E você, boa sorte lá em Curitiba. Espero, em breve, saber que você já está trabalhando com moda — respondeu Tainá, com um sorriso.

Dona Ângela, observando a cena, não gostou nada do que viu.

Quando entraram em casa, Tainá foi logo dizendo:

— Bom, vó, chegamos. Vou me deitar. Tô com uma baita dor de cabeça.

Dona Ângela aproveitou o momento para falar o que estava guardando:

— Não gostei de como você tratou o Fagner. Ele foi lá, pra te ver, e você ficou pra cima e pra baixo com aquela irmã da Graziela… Eu gosto da Graziela, mas essa irmã dela, sei não… muito ousada.

— Ousada? Ela sempre ficou na dela. A senhora que implicou com ela do nada. E sobre seu protegido, a Grazi ou a irmã dela poderiam não ter ido, mas eu jamais daria abertura para ele.

— E por quê? Ele é um homem tão bom, tão trabalhador… Ele é pra casar.

— Se gosta tanto dele, então case a senhora com ele! — respondeu Tainá, irritada.

— Mais respeito comigo, sou sua avó! — disse dona Ângela, ofendida.

Tainá revirou os olhos e deu as costas, saindo sem dar mais atenção.

...ΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩ...

No dia seguinte, Theodora foi recebida no aeroporto por Babi, que, ao vê-la, deu-lhe um abraço e um selinho.

— Amor, que saudades. — disse Babi.

— Eu também estava com saudades. Então... esse beijo quer dizer que já estamos bem de novo? — Perguntou Theodora.

— Sim, estamos...

Elas seguiram para a casa de Theodora, onde ela foi tomar um banho. Babi ficou na porta, observando-a.

— Você saiu com alguém lá em São Paulo? — Perguntou Babi.

— Sim, saí com umas meninas. E você? — Respondeu Theodora.

— Só com a minha prima. Você sabe como ela é...

Theodora não gostou de ouvir isso. A prima de Babi era uma manipuladora. Antes de conhecer Theodora, Babi teve um relacionamento tóxico e abusivo; a ex-namorada não tinha paciência com os traumas profundos de Babi e a traía constantemente. Theodora sempre tentou respeitar o tempo da namorada, embora muitas vezes isso fosse difícil. Ela se sentia culpada, por sua primeira vez não ter sido com Babi, mas estava enlouquecendo de desejo, e Tainá a instigava com aquele olhar provocante, mesmo que ela tentasse esconder.

— De todas as pessoas, por que ela? Não estou falando por ciúmes, mas poxa, logo ela.

— Foi só uns dias... Eu não caio mais na dela, eu amo você.

— Ama mesmo? Porque só basta a gente se separar para você correr para os braços dela. Sabe qual a sensação que tenho? Que você só não está com ela porque ela não sossega a P€riqueta dela.

— Ai, credo. Agora estou magoada.

...ΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩ...

Enquanto isso, no trabalho, o chefe de Tainá queria que ela tentasse a vaga de supervisora.

— Pense no futuro... E não tem ninguém melhor que você para assumir.

— Eu sei, mas preciso me dedicar para a prova do concurso da polícia legislativa. — Disse Tainá, um pouco preocupada.

— Tainá, você tem que decidir o que quer. Se aqui não é sua prioridade, eu vou procurar alguém. — Disse ele em um tom ameaçador.

Ela saiu da sala chateada. Se ela não se inscrevesse para a vaga de supervisora, poderia perder o emprego.

"Mais essa para atrapalhar... como se não bastasse minha avó fingindo passar mal para me impedir de treinar."

Após o expediente, foi para mesma praça, ela colocou os fones de ouvido e começou a fazer vários exercícios, como se tentasse dissipar a raiva que sentia. Graziela não estava, pois havia piorado da dor nas costas.

Tainá continuou ali até perceber um homem se aproximando.

— Você assim pode se machucar. — Disse ele.

Ela olhou e, para sua surpresa, era Rui. Ele havia mudado; estava com o corpo bem definido, o que combinava com sua altura.

— Rui

— Sentiu minha falta?

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