O dia começou a se dissipar lentamente, e uma sensação de urgência se instalava em nossos corações. Depois da conversa reveladora com a mulher, sabíamos que não havia tempo a perder. Precisávamos encontrar uma maneira de confrontar o skinwalker que se disfarçava como Max e, se tivéssemos sorte, ajudar outras almas perdidas no processo.
A mulher nos forneceu algumas ervas e símbolos que, segundo ela, poderiam nos ajudar a proteger o que restava de nossa sanidade e, quem sabe, até mesmo nos guiar. Enquanto organizávamos nossas anotações e nos preparávamos para a jornada, uma inquietação crescia dentro de mim. Não era apenas o medo do desconhecido, mas a sensação de que estávamos prestes a cruzar um limiar do qual não haveria retorno.
“Você está pronto?” meu amigo perguntou, sua expressão séria enquanto olhava para a porta que levava ao mundo exterior. O céu estava escuro e ameaçador, como se estivesse ciente de que estávamos prestes a desenterrar verdades que deveriam permanecer enterradas.
“Sim, vamos fazer isso. Precisamos encontrar a casa da mulher que você mencionou. O lugar onde ela diz que os skinwalkers costumam se reunir”, respondi, sentindo a adrenalina correr pelas veias.
Partimos da cabana, a noite envolvia-nos como um manto pesado, e a floresta parecia sussurrar segredos obscuros ao nosso redor. As árvores, altas e imponentes, pareciam vigiar cada passo que dávamos, enquanto a lua cheia iluminava nosso caminho. Era uma beleza sombria, mas não deixava de ser impressionante. Cada folha farfalhando e cada galho quebrando sob nossos pés era um lembrete de que estávamos longe do conforto da segurança.
A caminhada até a casa da mulher foi repleta de uma tensão palpável. Cada passo que dávamos em direção ao desconhecido trazia à mente imagens vívidas do que poderíamos encontrar. O que era aquela criatura que se passava por Max? Seria possível que a essência dele ainda estivesse ali, em algum lugar, esperando para ser libertada?
Depois de uma longa caminhada, avistamos uma pequena casa, quase escondida entre as árvores. O lugar tinha uma aparência envelhecida, e a atmosfera que o cercava era pesada, como se estivesse repleta de memórias tristes. Uma sensação de desconforto tomou conta de nós, mas não havia mais volta.
“Esta é a casa”, murmurei. Olhei para o meu amigo, que estava claramente tão ansioso quanto eu. “Vamos lá.”
Bati levemente na porta, e depois de alguns momentos que pareceram uma eternidade, a mulher que havia nos recebido anteriormente apareceu. Seu olhar estava agora mais sério, como se soubesse que o que estávamos prestes a fazer seria arriscado.
“Vocês voltaram”, ela disse, a voz firme, mas um toque de preocupação em seu olhar. “Estão prontos para a verdade?”
“Precisamos saber como ajudar Max”, respondi, a urgência na minha voz refletindo a importância do momento. “E se houver outras pessoas em perigo, também precisamos ajudá-las.”
Ela assentiu, abrindo a porta completamente e nos convidando a entrar. Assim que entramos, o ar estava impregnado com o cheiro das ervas que queimavam em um pequeno altar. As velas tremulavam, criando sombras dançantes nas paredes, e o ambiente parecia carregado de energia.
“Preparem-se. A verdade que buscam pode não ser o que esperam”, ela advertiu, e uma onda de ansiedade percorreu meu corpo.
“Precisamos da sua orientação. O que você sabe sobre o skinwalker que se passa por Max?”, perguntei, a expectativa pesando nas palavras.
Ela se dirigiu a uma prateleira e retirou um pequeno pote de vidro, que continha um líquido âmbar. “Isso é um elixir que ajudará a abrir sua percepção. Uma vez que o tomem, vocês estarão mais receptivos a perceber a verdadeira essência das coisas ao seu redor.”
Olhei para meu amigo, que estava tão ansioso quanto eu. “Devemos fazer isso?” ele perguntou, hesitante.
“É a única maneira de entendermos o que está acontecendo”, respondi, sentindo que não havia outra opção. Peguei o pote e tomei um gole, o sabor era amargo e quente, e logo senti uma onda de calor percorrendo meu corpo. Fechei os olhos e respirei profundamente, permitindo que o líquido tomasse conta de mim.
Assim que abri os olhos novamente, o ambiente ao nosso redor parecia diferente. As cores eram mais vibrantes, e o som da natureza tornava-se mais agudo. As sombras nas paredes pareciam se mover, quase como se estivessem vivas. “O que está acontecendo?”, meu amigo murmurou, olhando em volta, visivelmente perplexo.
“Acho que estamos vendo além do que nossos olhos costumam perceber”, respondi, tentando me acostumar com a nova percepção. “Vamos em frente.”
A mulher nos guiou até um canto da sala onde uma grande tapeçaria estava pendurada. O desenho era complexo, mostrando figuras de animais e humanos entrelaçados, como se contassem uma história antiga. “Esta tapeçaria representa a luta entre humanos e skinwalkers. Cada figura simboliza uma batalha travada ao longo do tempo.”
Enquanto a mulher explicava, percebi que as figuras na tapeçaria começavam a se mover, criando uma narrativa vívida diante de nossos olhos. A batalha entre humanos e skinwalkers era intensa, e as emoções eram palpáveis. O medo, a dor e a determinação dançavam diante de nós.
“Essas imagens mostram a verdadeira natureza dos skinwalkers. Eles não são apenas monstros; são reflexos das fraquezas humanas, das emoções reprimidas e das sombras que cada um carrega dentro de si”, a mulher disse, e suas palavras ressoaram em meu coração.
“Precisamos entender isso. O que Max representa nessa luta? E como podemos ajudá-lo?”, perguntei, a urgência em minha voz crescendo.
Ela se virou para nós, e seu olhar se suavizou. “O que você busca não é apenas libertar Max, mas também confrontar suas próprias sombras. A batalha que enfrentamos não é apenas externa; é uma luta dentro de vocês mesmos. Para salvar Max, você deve se preparar para enfrentar suas maiores medos e arrependimentos.”
A realidade da situação começou a se estabelecer. O que era um simples desejo de resgatar nosso amigo se tornava uma jornada de autodescoberta e enfrentamento das verdades que ocultávamos.
“Estamos prontos para isso”, disse meu amigo, a determinação em sua voz me dando força. “Queremos lutar não apenas por Max, mas por todos que foram perdidos.”
“Então preparem-se. A próxima fase da jornada os levará ao encontro de suas sombras. O que virá a seguir não será fácil, mas lembrem-se: a luz mais forte muitas vezes brilha nas escuridões mais profundas”, a mulher advertiu, e sua sabedoria ressoou em nós, preparando-nos para o que estava por vir.
Com isso, a tapeçaria começou a brilhar intensamente, e uma porta se abriu diante de nós. A sensação de que estávamos prestes a cruzar para um mundo diferente era inegável. Olhei para meu amigo e, com um aceno de cabeça, concordamos em seguir em frente. O destino de Max e de tantas outras almas dependia de nós, e não poderíamos hesitar agora.
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Atualizado até capítulo 41
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