O Caminho da Infiltração

A noite continuava a avançar enquanto o trio se preparava para o que poderia ser a missão mais arriscada de suas vidas. A determinação de Célia e a informação recém-descoberta de Robert alimentavam um fogo que queimava intensamente dentro de mim. Precisávamos agir com rapidez e precisão, mas a tensão no ar era palpável. A fortaleza de Roderick, com suas muralhas imponentes e segurança reforçada, se erguia como um monstro escuro contra o céu estrelado.

“Você se lembra do caminho que mencionou?” perguntei a Robert enquanto nos reuníamos em um canto afastado da taverna. Célia estava ao meu lado, analisando cada detalhe, cada movimento que poderia significar um passo em falso.

“Sim, é um túnel que foi construído para fornecer acesso discreto à fortaleza. Ele foi usado em tempos de guerra, mas com o passar dos anos, Roderick o esqueceu. Na verdade, muitos acreditam que está em desuso, mas ele ainda está lá, escondido sob a velha estalagem perto do mercado”, Robert explicou, seu olhar distante, como se estivesse relembrando os dias em que serviu a Roderick.

“E como conseguimos entrar lá sem sermos vistos?”, Célia questionou, sua mente já começando a traçar planos. A coragem dela era contagiante, e isso me dava força.

“Vamos precisar de disfarces. A segurança da fortaleza aumentou, e Roderick tem olhos em todos os lugares. Se conseguirmos nos misturar com os servidores e guardas, teremos uma chance de chegar ao cofre onde os registros estão guardados”, Robert respondeu, um novo brilho em seus olhos.

“Então vamos encontrar as roupas certas e nos preparar. Cada segundo conta, e não podemos nos dar ao luxo de falhar”, eu disse, a adrenalina começando a subir.

Os três saímos da taverna, nossos corações batendo em uníssono enquanto nos dirigíamos ao mercado. Era uma área movimentada, mesmo naquela hora da noite, e a mistura de vozes e risadas se tornava um pano de fundo perfeito para nossa missão. A escuridão da noite oferecia uma camada extra de proteção, mas a pressão da iminente descoberta nos seguia como uma sombra.

Após alguma busca, encontramos uma pequena loja de tecidos e trajes, onde conseguimos disfarces adequados: roupas de servos que nos ajudariam a misturar com o ambiente da fortaleza. Depois de trocarmos de roupa, olhei para meu reflexo em um pequeno espelho e quase não reconheci o homem que olhava de volta. O traje simples e escuro me tornava invisível, um mero personagem em um jogo maior.

“Estamos prontos?”, Célia perguntou, sua voz um sussurro. O olhar dela estava fixo no horizonte, onde as torres da fortaleza se erguiam, imponentes e ameaçadoras.

“Prontos”, respondemos em uníssono, e, juntos, nos dirigimos em direção à fortaleza.

O caminho até a estalagem era tranquilo, e o som de nossos passos era abafado pela poeira das ruas. Ao chegarmos à entrada do túnel, a expectativa se tornou quase insuportável. Robert estava à frente, liderando o caminho. Ele conhecia a entrada, uma pequena porta escondida nos fundos da estalagem, que levava ao subterrâneo.

A atmosfera estava carregada de suspense enquanto ele empurrava a porta, revelando um corredor escuro, com paredes de pedra úmidas. O cheiro de mofo e umidade nos envolveu imediatamente.

“Temos que ser silenciosos. Mesmo no escuro, os guardas fazem patrulhas. Se formos pegos, não haverá retorno”, Robert advertiu, sua voz ecoando nas paredes do túnel.

Célia e eu nos movemos em silêncio, nossos sentidos aguçados. A cada passo, eu me lembrava do que estava em jogo. O futuro do Ducado dependia da nossa capacidade de expor a verdade e derrubar Roderick de seu pedestal de mentiras. O pensamento me impulsionou a seguir em frente.

Depois de um tempo, o túnel começou a se alargar, e pudemos ouvir o som distante de vozes que se aproximavam. Robert parou, e nós nos espreitamos, tentando ouvir as conversas.

“Você ouviu o que Roderick está planejando para a noite do banquete?” um guarda disse, sua voz baixa, mas clara. “Ele está convencido de que, se eliminar o Duque naquela noite, poderá assumir o controle total.”

Minhas mãos se fecharam em punhos. Roderick estava prestes a cometer um erro fatal. Precisávamos ser mais rápidos.

“Agora, temos certeza do que ele está tramando”, murmurei para Célia. “Não podemos deixar que isso aconteça.”

Com um sinal de Robert, continuamos a avançar. Finalmente, chegamos a uma porta que parecia levar aos depósitos da fortaleza. Robert olhou para nós, sua expressão mostrando que havia chegado a hora. “Os registros devem estar dentro desse cofre. Precisamos ser rápidos. As chaves estão com Roderick, e ele deve estar em reunião com seus aliados. Temos que aproveitar isso ao máximo.”

Célia e eu trocamos olhares, e eu assenti. “Vamos lá. O tempo é crucial.”

Empurrando a porta, entramos na sala. A escuridão era opressiva, mas conseguimos distinguir o contorno de prateleiras e mesas. Robert avançou, procurando algo que pudesse nos ajudar a abrir o cofre.

“Aqui está”, ele disse, pegando uma ferramenta de um dos suportes. “Isso deve servir.”

Enquanto ele se preparava, olhei ao redor, absorvendo cada detalhe. O que quer que encontrássemos aqui mudaria tudo. O coração disparava em meu peito, e a adrenalina corria pelas minhas veias. Cada segundo que passava era um lembrete de que a situação poderia se inverter a qualquer momento.

Robert trabalhou rapidamente no cofre, seu foco intenso. A tensão na sala era quase insuportável. Célia, ao meu lado, segurava a respiração, e eu podia sentir a expectativa crescendo.

Com um clique, o cofre se abriu. Robert virou-se, os olhos brilhando com a excitação de quem encontrou um tesouro. “Aqui está! Os registros de Roderick”, ele exclamou, puxando uma pasta antiga, coberta de poeira.

Com as mãos trêmulas, peguei os documentos e comecei a folhear. Cada página revelava mais da trama traiçoeira que Roderick havia tramado. Documentos que comprovavam as alianças secretas, acordos com mercenários e promessas que poderiam levar à ruína do Ducado.

“Temos que levar isso para o Duque imediatamente”, Célia disse, sua voz fervilhando com determinação.

Mas antes que pudéssemos fazer qualquer coisa, o som de passos ecoou do lado de fora. Meu coração parou. Era uma patrulha, e eles estavam se aproximando.

“Precisamos sair agora!” eu sussurrei, a adrenalina tomando conta. Robert rapidamente fechou o cofre e olhou para nós.

“Pela saída de emergência! Rápido!”, ele gritou, e juntos nos dirigimos para a saída mais próxima, sentindo a pressão do tempo nos perseguindo.

Enquanto corríamos pelo túnel, eu sabia que a verdadeira luta estava apenas começando. O que quer que acontecesse a seguir, estávamos prontos para enfrentá-lo juntos. A traição de Roderick seria exposta, e nós seríamos os portadores da verdade.

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