Revelações nas Sombras

A manhã seguinte chegou com uma neblina densa, envolvendo o castelo em um manto de mistério. A atmosfera estava carregada de expectativas e a tensão que pairava no ar era quase palpável. Todos sabiam que um jogo perigoso se desenrolava nas sombras, e a batalha pela verdade estava apenas começando. Eu ainda não conseguia esquecer as palavras de Celia sobre Roderick e a traição que pairava sobre o ducado. A dúvida e a desconfiança eram meus companheiros constantes.

Logo após o amanhecer, fui chamado para uma reunião com o Duque e os conselheiros. A sala do Conselho estava repleta, mas o ambiente era pesado. Os rostos dos conselheiros eram uma mistura de preocupação e determinação. O Duque, sentado à cabeceira da mesa, olhava para todos com uma expressão severa, como se buscasse o próximo movimento no tabuleiro.

“Temos que ser rápidos”, começou o Duque, sua voz ressoando com autoridade. “Celia, você estava encarregada de investigar os servos leais. O que você encontrou?”

Celia se levantou, sua postura confiante desafiando a tensão na sala. “Conversei com alguns dos servos de confiança, e obtive informações que podem ser relevantes. Eles mencionaram encontros estranhos entre Roderick e um grupo que parece ter laços com os inimigos do ducado. No entanto, não consegui identificar todos os envolvidos.”

O Duque acenou com a cabeça, encorajando-a a continuar. “E quanto aos documentos que analisamos?”

“Após examinar os papéis deixados por Roderick, encontramos referências a um plano para minar a influência do ducado, especificamente através da sabotagem das nossas alianças com os comerciantes da região. Ele estava tramando para criar um vácuo de poder que os inimigos poderiam explorar”, disse Celia, com um tom grave.

“E os aliados de Roderick? Precisamos saber quem são e quais são seus interesses”, eu intervim, sentindo que a conversa estava se desdobrando em uma direção perigosa. “Se conseguirmos identificá-los, poderemos neutralizar essa ameaça antes que ela se concretize.”

Os conselheiros começaram a murmurar, trocando olhares e sussurros enquanto ponderavam sobre o que fazer a seguir. O Duque, percebendo a crescente agitação, bateu levemente com a mão na mesa. “Precisamos de um plano. Cada um de vocês deve focar em sua área de especialidade. Eu quero informações concretas e rápidas.”

Após a reunião, deixei a sala do Conselho com a mente fervilhando. Era hora de agir, mas havia uma sensação crescente de que estava sendo observado. O que Celia realmente queria? Poderia confiar nela ou precisaria manter as minhas defesas em alta?

Decidi me encontrar com um antigo amigo que trabalhava como servidor nas cozinhas do castelo. Ele era conhecido por ser bem informado sobre tudo o que acontecia entre os trabalhadores. Ao me aproximar do local, pude ver os servos indo e vindo, carregando alimentos e suprimentos. Entre eles, avistei Geoffrey, um dos mais leais e confiáveis.

“Geoffrey!” chamei, aproximando-me dele rapidamente. “Você tem um momento?”

Ele virou-se, surpreso ao me ver. “Conselheiro! O que traz você aqui nas cozinhas? É um pouco incomum.”

“Eu preciso de informações. Sobre Roderick e seus aliados. Você já ouviu algo suspeito?”

Geoffrey hesitou, olhando ao redor para garantir que ninguém estivesse prestando atenção. “Ouvi rumores sobre reuniões à noite. Algumas pessoas têm se encontrado fora do castelo, em locais escondidos. Mas quem está envolvido, eu não sei. Só sei que eles estão tramando algo. E, em meio a isso, o clima entre os servos mudou. As pessoas estão preocupadas.”

“Isso é importante, Geoffrey. Você pode me ajudar a descobrir mais sobre esses encontros?”

Ele balançou a cabeça, parecendo nervoso. “Não sei se é seguro. Essas pessoas têm conexões poderosas, e se descobrir que estou falando com você...”

“Confie em mim”, interrompi. “A segurança do ducado está em jogo. Precisamos saber quem são esses traidores.”

Ele suspirou, claramente em conflito. “Havia uma mulher que esteve na cozinha essa manhã. Ela estava conversando com um dos guardas sobre uma reunião esta noite. Não sei o que disseram, mas parecia importante.”

Um frio na barriga percorreu meu corpo. Essa poderia ser a oportunidade que precisava para descobrir mais sobre a traição. “Geoffrey, você pode me dizer onde será essa reunião?”

Ele olhou para os lados novamente, como se estivesse pesando as consequências de sua revelação. “No bosque, atrás da capela. Mas cuidado, Conselheiro. Não sei quem estará lá, e eles não são pessoas com quem se deve brincar.”

Com isso, agradeci e me despedi de Geoffrey. Minhas mãos estavam trêmulas, não de medo, mas de expectativa. A possibilidade de descobrir a verdade estava mais próxima do que nunca. Se eu conseguisse me infiltrar na reunião, talvez pudesse entender toda a extensão da traição e o papel que cada um dos envolvidos estava jogando nesse jogo mortal.

Mais tarde naquela noite, enquanto a lua cheia iluminava o céu, preparei-me para sair. Vesti uma capa escura, cobrindo meu rosto o máximo possível para evitar ser reconhecido. Sabia que deveria agir com cautela; cada movimento poderia ser o último.

O bosque estava silencioso enquanto eu avançava, o som de folhas secas sob meus pés ecoando na tranquilidade da noite. Chegando próximo à capela, ouvi vozes distantes. Com cuidado, me aproximei, procurando um ponto onde pudesse ouvir sem ser visto.

“Você não pode simplesmente agir sem pensar”, dizia uma voz feminina, que eu reconheci como a mulher que Geoffrey mencionou. “Se alguém descobrir sobre nossos encontros, tudo estará arruinado!”

“Precisamos ser rápidos”, respondeu outra voz. “O Duque está em alerta. Precisamos agir antes que ele tenha a chance de reagir. Roderick falhou, mas não seremos os próximos.”

Meu coração disparou ao ouvir isso. Essa reunião era mais importante do que eu imaginava. Eles estavam discutindo planos de ação, e a menção ao Duque confirmava que a ameaça era real e imediata.

Apertando os lábios, me posicionei melhor, tentando captar o máximo de informações. “Não podemos deixar que a traição de Roderick cause mais problemas”, continuou a mulher. “Se conseguirmos agir discretamente, podemos derrubar o Duque e assumir o controle da situação. Ele é um obstáculo que precisamos remover.”

Os murmúrios aumentaram, e percebi que havia mais pessoas presentes. Corações acelerados e planos traídos dançavam no ar. O que eu havia escutado poderia ser a chave para salvar o ducado, mas também poderia colocar minha vida em risco.

Decidi que era hora de agir. Precisava confrontá-los e descobrir quem eram. Avançando cuidadosamente, preparei-me para entrar em cena, mas uma sombra apareceu de repente atrás de mim. Olhei rapidamente para trás, e a única coisa que pude ver foi um movimento rápido. Meu coração parou — alguém estava me seguindo, e não poderia ser uma coincidência.

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