Estávamos no escritório discutindo alguns detalhes dos negócios quando o investigador chegou.
Eu o chamei para falar sobre algo delicado, algo que vinha me consumindo há muito tempo: descobrir a verdadeira história de Julia. Ao lado do tio Dante, senti uma tensão crescer no ar.
Julia nunca soube exatamente de onde veio, e sempre guardou uma vontade silenciosa de entender o seu passado. Era algo que eu hesitava em investigar, mas agora parecia ser o momento certo.
— Obrigado por vir — comecei, mantendo um tom firme. — Temos um trabalho para você, e é algo que precisa ser feito com o máximo de cuidado e discrição.
Meu tio, que estava ao meu lado, assentiu e continuou:
— Queremos que você investigue a origem de Julia, minha filha que adotamos quando tinha 16 anos, não sabemos se ela foi adotada ainda criança, mas não temos muitas informações sobre sua vida antes disso, como ela não tem documentos fizemos um só com o nome já que ela nunca lembrou seu sobrenome.
Ela não tem sobrenome registrado, e só sabemos que chegou aqui aos dez anos, sem nenhum documento ou história anterior, ela ficou na rua, mas não sabemos se fugiu, se conhecia alguém aqui. Precisamos de respostas.
O investigador ouviu tudo com atenção e tomou algumas anotações. Ele perguntou sobre os poucos detalhes que tínhamos, tentando juntar o que poderia ser útil para dar início à busca.
— Isso pode ser complicado — ele disse, olhando de relance para mim. — Casos de crianças sem documentação são sempre difíceis de rastrear, mas vou ver o que consigo descobrir. Algum detalhe específico que possa ajudar?
— Ela nunca falou muito sobre os primeiros anos, ela só lembra que com 10 anos já morava na rua — respondi, apertando os punhos inconscientemente. — Talvez existam registros de adoções ou investigações naquela época. Se houver algum indício de envolvimento com redes de tráfico ou sequestro, preciso saber. Não poupe esforços.
O investigador assentiu e, com um breve aceno, deixou a sala, pronto para começar a busca. O escritório caiu em silêncio novamente, e tio Dante se virou para mim, percebendo minha inquietação:
— Tem certeza de que quer fazer isso agora, Giovanni? Se alguém a procurava na época e a perdeu na época que Julian a encontrou podem voltar a caça e querer levar ela agora — perguntou ele, com uma preocupação evidente na voz.
— Não tenho escolha — respondi, soltando um longo suspiro. — Julia merece saber a verdade. Seja o que for, ela tem o direito de conhecer sua própria história. E eu preciso estar preparado para proteger ela do que quer que apareça.
Dois dias depois investigador voltou ao escritório, hoje é o casamento da Serena e viemos só para saber o que ele descobriu, ele trazia consigo uma pasta cheia de documentos e uma expressão pesada no rosto. Dessa vez, sabíamos que ele havia encontrado algo.
— Tenho algumas informações que podem esclarecer o que aconteceu com Julia antes da adoção — ele começou, colocando a pasta sobre a mesa. — Ela foi resgatada de uma operação de tráfico humano aos dez anos, em uma ida para algum orfanato da época junto com um assistente social o carro foi atacado e muitas meninas sumiram, foram dadas como mortas, mas nunca tiveram seus corpos encontrados, aparentemente, era uma vítima de uma rede que envolvia criminosos irlandeses. Embora não tenham sido todos capturados, a operação em que ela foi encontrada conseguiu desmantelar parte do esquema.
Minha mente girava com essa informação. O sangue fervia em minhas veias ao pensar que Julia havia passado por algo tão horrível. Aqueles monstros que faziam parte dessa rede podiam estar em qualquer lugar, e eu sabia que precisaria caçá-los um por um se fosse necessário.
— Isso é tudo o que sabemos? — perguntei, com a voz mais áspera do que pretendia.
— Por enquanto, sim. Há alguns nomes de suspeitos que estavam ativos na época, mas ainda não conseguimos fazer uma conexão direta com o caso dela. Vou continuar investigando e, se houver algo mais, aviso o quanto antes — o investigador respondeu.
__ Me dê os nomes, farei contato com eles, não atrapalharei sua investigação, mas farei um contato procurando por meninas — falei e ele assentiu.
Tio Dante me olhou, e percebi que compartilhava o mesmo sentimento: uma mistura de fúria e angústia.
— Continue com a investigação — eu disse ao investigador. — Não deixe pedra sobre pedra. Preciso de todos os detalhes possíveis.
Quando ele saiu, um silêncio pesado caiu sobre o escritório. Sabíamos que tínhamos dado início a algo que poderia trazer mais sofrimento a Julia, mas também era a única forma de finalmente libertá-la do peso de um passado que ela nem sequer compreendia completamente.
Voltando para casa naquele dia ainda era cedo e o casamento seria a noite, eu sabia que encontraria Julia na nossa casa, ela ama estar ali mesmo que sem poder dormir, cheguei em casa e o cansaço da longa conversa com o investigador parecia se dissipar assim que meus olhos encontraram Julia.
Ela estava no meio da sala, vestida em um vestido azul com detalhes de renda que realçavam sua beleza de uma forma quase etérea. Seus cabelos caíam em ondas suaves sobre os ombros, e seus olhos brilhavam com aquela mistura de nervosismo e alegria que só os momentos especiais trazem. O casamento não era o nosso, mas ela estava parecendo uma noiva de tão perfeita.
Ao lado dela, Thor estava sentado, sempre atento. O cão que tantas vezes se mostrava feroz e implacável estava ali, com a cabeça erguida, como se entendesse a importância daquele momento. Julia acariciava a cabeça dele, e eu percebi a doçura em seus olhos.
Ela havia desenvolvido um carinho especial por Thor ao longo do tempo, e ele se tornou não apenas meu cão, mas também uma espécie de guardião para ela.
Enquanto eu caminhava em direção a eles, a realidade de tudo o que Julia tinha passado se intensificou na minha mente. A dor que ela carregava, os pesadelos e a incerteza de um passado que mal se lembrava, tudo aquilo a tinha tornado uma mulher frágil em certos momentos, mas, ao mesmo tempo, eu via a força com que ela enfrentava a vida e lutava para construir um novo futuro. Eu soube, naquele instante, que meu amor por ela era infinito, um amor que transcenderia qualquer dor ou desafio que ainda viesse.
— Thor, canil — disse, minha voz suave, mas firme.
O cão ergueu a cabeça para Julia, como se pedisse permissão, os olhos atentos e carinhosos.
Julia sorriu e fez um leve aceno com a mão:
— Vai lá, Thor, o papai precisa falar comigo — disse ela, a voz brincalhona, mas cheia de carinho.
Thor se levantou e saiu em direção à parte de trás da casa, onde ficava o canil dele, mas eu sabia que logo voltaria para o lado dela. Ele sempre ficava por perto, como se soubesse que Julia precisava de sua presença quase tanto quanto eu.
Aproximei-me dela e a envolvi com cuidado, segurando-a pela cintura. Ela parecia tão pequena e delicada nos meus braços, e, ao mesmo tempo, eu sabia que havia uma força surpreendente dentro dela, uma força que se manifestava sempre que ela lutava para superar seus medos e avançar em direção aos sonhos que construiríamos juntos.
— Você está linda — murmurei, encostando minha testa na dela. — E vai ser a noiva mais incrível que o mundo já viu quando chegar nosso dia.
Julia sorriu e encostou a cabeça em meu peito. Eu a segurei com ainda mais força, prometendo a mim mesmo que nunca deixaria que ela sofresse de novo, não importava o que fosse necessário. Ela era o amor da minha vida, e eu daria tudo para vê-la feliz.
O momento era nosso, e eu sabia que o futuro, com todos os seus desafios, era algo que enfrentaríamos juntos, com Thor, nossa família, e um amor que crescia a cada dia.
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Atualizado até capítulo 60
Comments
Jucileide Gonçalves
Que amor é esse! 💕💕💕💕💕💕💕
2024-11-18
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Andrea Freire
Que fofo o Thor
2024-10-31
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