Voltamos do orfanato tarde, levamos os gêmeos lá e foi muito legal, uma noite da pizza, as crianças adoraram, quando voltamos para casa vi que o clima entre meu pai, tio Fernando, Giovanni e Enrico estava tenso.
Quando Enrico, Dante e tio Fernando me chamaram para ir ao escritório, senti um aperto no peito. O medo cresceu dentro de mim, e o olhar de Giovanni, sério e silencioso do outro lado do salão, não ajudava em nada. Ele me observava de longe, mas não disse uma palavra, apenas me encarava como se quisesse saber o que estava prestes a acontecer.
__ Julia, venha conosco até o escritório, por favor — Enrico disse com uma calma ensaiada, mas havia algo no seu tom que me fez hesitar.
__ Claro, vamos — respondi, tentando soar firme, mas a insegurança era evidente na minha voz. Senti meus passos se tornarem pesados enquanto os seguia para dentro do escritório. Quando entramos, me sentei, sentindo-me acuada, e foi Enrico quem tentou quebrar o gelo:
__ Como está sendo esse tempo aqui? Você se sente tratada de forma diferente? — ele perguntou, os olhos fixos nos meus, não tinha medo deles, mas naquele momento me sentia completamente apavorada pelo rumo da conversa.
__ Não, eu sei que todos me amam como parte da família — respondi, porque era a verdade. Nunca me fizeram sentir excluída, mas algo no tom deles me dizia que essa conversa não era só sobre o meu lugar aqui.
__ Você acha que, se trouxer para mim, para o nosso pai ou para o tio Fernando qualquer coisa que tenham dito ou feito a você, nós não ficaremos do seu lado? — Enrico perguntou, e senti meu rosto ficar pálido. Não sabia que eles já sabiam do que acontecia Giovanni me jurou que não falaria.
__ Enrico, foi há muito tempo. Eu vivi muito preconceito antes e não esperava que fosse completamente diferente aqui — admiti, tentando minimizar a situação.
__ Julia\, o que falaram ou fizeram para você?__ perguntou tio Fernando\, com uma expressão preocupada\, ele ainda não sabia de nada da nossa conversa — Não quero que esconda nada de nós. Acaso não confia na nossa família? Você é minha filha\, assim como a Serena\, e vamos cuidar de vocês duas da mesma forma.
__ Sinto muito — comecei, a voz embargada — Vocês têm problemas demais. Com os gêmeos, os atentados, a Nicole... Já dei dor de cabeça com a gravidez e a tentativa de suicídio. Não queria ser um fardo maior do que já sou.
__ Você nunca foi um fardo — disse meu pai com firmeza — Quero que me diga, algum soldado foi desrespeitoso com você?
__ Houve algumas risadas, alguns assobios... Nada de mais pai. Eu nunca fico sozinha, e sempre ignoro — respondi, mas o silêncio que se seguiu me deixou nervosa. Parecia que eles estavam mais cientes da gravidade do que eu imaginava.
__ Quero todos os nomes e rostos que lembrar. Cada risada e cada comentário. Fernando, chame os soldados e as empregadas. Todos saberão que ninguém pode mexer com uma de nós — disse meu pai, e tio Fernando se retirou para cumprir a ordem.
Depois disso, Enrico respirou fundo e se virou para mim com uma expressão séria, mas não hostil.
__ Julia, há algo mais que precisamos conversar. Giovanni nutre sentimentos por você, sentimentos que vão além de um primo. Quando você o vê, o que sente? Ele é apenas um primo para você, ou há algo mais?
Fiquei sem palavras por um momento. Não esperava que trouxessem esse assunto à tona, muito menos na frente de todos.
__ Eu... Eu gosto dele — confessei, sentindo o calor subir ao meu rosto — Sinto que ele me protege porque gosta de mim. E eu gosto dele, de como ele sempre está ao meu lado. Saber que ele sente o mesmo por mim me deixa emocionada.
Enrico assentiu e fez sinal para que alguém entrasse. Giovanni apareceu na porta, e quando nossos olhares se encontraram, havia algo em seus olhos que eu nunca tinha visto tão claramente antes. Ele estava nervoso, mas determinado.
__ Giovanni — Enrico começou — faça o que o meu pai me orientou a fazer quando pedi a mão de Lavínia. Não hesite.
Giovanni deu um passo à frente, seus olhos nunca deixando os meus.
__ Tio, desde o primeiro dia que Julia chegou, meu coração a acolheu. Eu a amo e quero protegê-la, quero estar ao seu lado e cuidar dela para sempre. Você permite que eu a peça em casamento?
O assentimento do meu pai foi imediato, e então Giovanni se ajoelhou diante de mim, seus olhos brilhando:
__ Julia, quero você ao meu lado para ser minha companheira, minha parceira. Quero te amar e te proteger por toda a vida. Você aceita ser minha esposa?
As lágrimas começaram a descer pelo meu rosto antes mesmo que eu pudesse responder. Pulei em seus braços, soluçando de felicidade.
__ Aceito, Giovanni, eu também te amo.
Saímos dali e fomos parabenizados por todos, alguns olhares entregavam que já desconfiavam de algum sentimento, mas depois das parabenizações foram chamados diversos soldados e empregados e o medo me dominou mais uma vez.
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Atualizado até capítulo 60
Comments
Roseli Alves Feitosa
Há tantos preconceitos na vida, que não acreditamos
2024-11-27
0
Márcia Jungken
amei o pedido de casamento e a declaração do Giovanni e Júlia 👏👏😍😍😍
2025-03-02
1
Jucileide Gonçalves
Tratar ela diferente por ser ruiva, loucura isso né!
2024-11-06
1