Guardião dos Meus Medos
As ruas da Itália eram um labirinto sombrio, fora dos lugares lindos e paradisíacos existia uma teia de sombras onde eu, uma menina ruiva de apenas quatorze anos, aprendi a me mover em silêncio. Cada esquina era uma lição sobre os perigos que espreitavam, cada sussurro do vento, um aviso.
Eu costumava me esconder atrás de caixas de papelão e lixeiras, com o estômago roncando de fome, meus dedos gélidos tremendo enquanto eu sonhava com o calor de uma refeição quente. A vida nas ruas não me permitia ser criança, mas mesmo assim, havia momentos em que a inocência ainda piscava, como uma luz distante.
A lembrança de uma noite em particular ainda me assombra. A escuridão se fechava ao meu redor, e o som de passos pesados me fez congelar. Um homem, com a respiração pesada e o olhar bêbado, se aproximava, rindo de uma forma que gelava meu sangue. Eu sabia que precisava fugir. O medo me envolveu como uma névoa densa, e eu corri, mas não o suficiente:
— Olha só essa pequena! — disse o Homem balançando uma garrafa de cerveja. — Ela é perfeita, vamos levá-la pra nos fazer companhia!
— É, garotinha. Você vai se divertir com a gente. Vem cá! — completou o outro Homem, com um sorriso lascivo.
Meu coração disparou, e dei um passo para trás, tentando encontrar uma saída. Mas antes que pudesse pensar em fugir, um homem apareceu. Ele se colocou entre Julia e os homens, sua presença imponente emanando uma mistura de proteção e terror.
— Soltem ela. Agora. — sua voz era firme e cheia de autoridade, ressoando na escuridão.
Os homens, surpresos, trocaram olhares, mas logo o Homem riu desdenhosamente.
— E quem você pensa que é, grandão? Isso é uma rua livre. A gente só quer brincar um pouco.
— É mesmo! E você não vai conseguir nos parar! — zombou o Homem rindo alto, claramente embriagado ao extremo.
O homem do bem avançou, o olhar gélido como aço, enquanto a tensão no ar se tornava quase palpável.
— Eu não vou repetir. Soltem a garota ou farei vocês se arrependerem de terem cruzado meu caminho.
Os homens hesitaram, mas um dos homens tentou empurrar o homem que tentava me salvar, com um movimento rápido, ele agarrou o pulso do homem, torcendo-o com força. O som do osso se quebrando ecoou, e o homem caiu de joelhos, gritando de dor.
— Agora você vai se afastar, — disse ele, sua voz baixa e ameaçadora era clara, era um homem bom? Ou um mal com princípios?
Um dos homens hesitou, mas a adrenalina o fez avançar. Com um golpe preciso, ele desferiu um soco que atingiu o queixo do homem, fazendo-o desmaiar instantaneamente.
Um homem, ainda no chão, olhou para ele, pálido de medo.
— Você vai se arrepender disso, cara! Nós somos...
— Não importa quem vocês são, Sou Julian Hunter, sabem quem eu sou né — Julian se aproximou, seu olhar ameaçador fazendo o homem tremer. — Hoje, eu sou a morte que vocês merecem.
Em um movimento rápido e letal, Julian fez o que precisava ser feito. O grito do homem foi abafado na escuridão, e em segundos tudo que restou foi o silêncio.
Eu estava paralisada, um misto de medo e alívio passando por minha cabeça. Julian se virou para mim, seus olhos ainda intensos, mas agora havia uma suavidade que não havia antes.
— Calma, menina. Eu estou aqui. Você está a salvo agora, por Deus, você não deve ter 15 anos. — ele disse, sua voz profunda ressoando com um toque de ternura, apesar de sua presença intimidadora.
Sabia que estava com os olhos arregalados, um medo inexplicável misturado com um alívio esmagador. Ele era aterrorizante, mas, ao mesmo tempo, a única coisa que me mantinha a salvo.
— Eu prometo, eu vou te salvar — Julian afirmou, se ajoelhando ao lado dela. — Ninguém vai te machucar enquanto eu estiver aqui.
As palavras dele penetraram sua mente, e, mesmo que o terror de sua força ainda a assombrasse, havia uma nova chama de esperança dentro de Julia. Julian não era apenas um protetor; ele era sua única chance de escapar do pesadelo que havia sido sua vida.
Você não precisa ter medo — ele disse, e havia algo em suas palavras que fez o meu coração disparar, não por medo, mas por esperança, ele pegou o telefone e discou para alguém, uma frase me fez sentir amada mesmo que aquilo fora impossível:
Ela é apenas uma criança, sim, isso é uma droga, estou levando ela para lá, obrigado Dante.
As lembranças eram como flashes: o olhar de determinação de Julian enquanto ele se posicionava, as palavras que trocava no telefone, falando de mim como se eu fosse um tesouro perdido. “Ela precisa de proteção,” ele dizia, sua voz suave, mas firme. “Não posso deixar que isso aconteça com ela.” Era como se ele estivesse fazendo uma promessa que eu nunca soube que precisava ouvir.
Ele me levou para um orfanato, um lugar que prometia segurança, embora eu soubesse, em meu íntimo, que a segurança não era uma certeza. Ao entrar, uma parte de mim ansiava pela acolhida, pela cama quente, pela comida, mesmo sabendo que vários orfanatos ali eram opostos a isso, mas outra parte ainda temia a fragilidade de qualquer promessa feita. Ele me deixou lá, e ao se afastar, eu o vi olhando para trás uma última vez, a expressão em seu rosto misturando determinação e preocupação:
__ Você é forte, Julia. Lembre-se disso — suas palavras ecoaram em minha mente, um mantra que eu usaria para enfrentar os desafios à frente.
A vida no orfanato não era perfeita, mas era um abrigo em meio à tempestade. Julian havia me resgatado, mas a sombra do passado ainda pairava sobre mim. Cada dia era uma batalha para me lembrar de quem eu era e para criar o futuro que tanto desejava, longe das ruas escuras de Verona. Eu queria acreditar que a luz que ele viu em mim poderia um dia brilhar de volta para ele, transformando a dor em esperança e a fragilidade em força.
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Atualizado até capítulo 60
Comments
Naizete Bezerra
começando 09 11 24/Rose//Rose/
2024-11-10
0
Jucileide Gonçalves
Vamos lá para a última história da família Rossi.
2024-11-06
0
gika paixão
eu já li os anteriores e amei espero que esse tão bom quando os outros
2024-10-29
1