Estou a alguns dias me sentindo muito mal, não sei ao certo o que eu tenho, mas Paola vai me atender aqui, ela é a médica da família e sempre está com Lavínia, são meninas ricas que cuidam de nós:
Hoje, o mundo ao meu redor estava girando, mas não apenas por conta da dor no meu estômago parecia uma punição que eu não merecia, Richard, o soldado loiro com a cicatriz na sobrancelha, assombrava cada pensamento meu. Ele tinha me atacado, roubando não apenas minha inocência, mas também minha paz. Como eu poderia abrir a boca e falar sobre isso? O medo de ser julgada me prendia, como se as paredes do consultório fossem testemunhas da minha fraqueza.
Na sala iluminada onde Paola, me atendia expliquei meus sintomas, ela me pediu para fazer xixi em um potinho, falando que faria um exame, entrei no banheiro e sabia que estavam esperando, eu hesitei. A luz suave do sol entrava pelas janelas, mas tudo parecia cinza. Paola me olhava com preocupação quando a porta se abriu, lhe entreguei o xixi e seu olhar gentil tentando me alcançar.
— Julia, você está bem? — a voz dela soava como um farol em meio à tempestade.
__ Estou, só essa dor que não passa, cansaço sabe, medo, não sei ao certo — falei enrolando os dedos buscando calma.
O silêncio que se seguiu era pesado, mas a empatia que emanava delas me deu coragem. Sem interrupções, eu continuei, as palavras saindo em um turbilhão.
Ela entrou no banheiro com o xixi e uma caixinha, fiquei ali e ela saiu completamente desesperada:
Paola saiu do banheiro com um palito entre os dedos, a expressão no rosto dela era de pura urgência. Ela estava visivelmente nervosa e chamou por Lavínia:
— Lavínia! Preciso da sua ajuda aqui, rápido!
Oi Paola o que houve? — perguntou Lavínia me olhando.
Precisamos acionar os meninos e o tio Dante — falou ela nervosa.
__ Ta mais me explica o que aconteceu — questionou ela e Paola entregou um exame e o palito.
__ Me diz quem fez isso? Não precisa ter medo, ninguém vai te fazer nada — falou sentando na minha frente e tentando manter a calma.
__ Não posso falar, foi minha culpa, ele disse que eu vou para a rua — chorei desesperada, estava com medo e parecia que não ia ter saída para mim.
__ Olha para mim, me diz quem fez isso, eu te prometo que ninguém vai te fazer nada, confia em mim, você é a vítima aqui — falou mais uma vez e acabei falando.
__ Richard, o nome dele é Richard, um loiro com uma cicatriz na sobrancelha, Eu tenho medo… Eu sei que vão dizer que eu sou a culpada, que eu queria isso… — as lágrimas escorriam pelo meu rosto, a angústia tomando conta de mim.
— Não, Julia, você não é culpada de nada — Paola respondeu, a firmeza em sua voz soando como um mantra de esperança. — O que aconteceu com você não é sua culpa. Ninguém deve passar por isso, e nós estamos aqui para ajudar, nisso a Lavínia disse a Paola que me levasse ao médico, grávida e com uma possível DST, estava completamente perdida.
Com aquelas palavras, algo dentro de mim começou a se quebrar. Era como se eu tivesse mantido uma porta trancada por tanto tempo e, agora, alguém havia encontrado a chave. O apoio que eu não sabia que precisava se desenrolava diante de mim, como um raio de sol rompendo a escuridão que havia me envolvido por tanto tempo. Pela primeira vez, eu não estava sozinha.
Os exames no hospital pareceram se arrastar, mas ao receber a notícia de que não havia nenhuma doença, um peso enorme saiu do meu peito. Aquelas horas de ansiedade e medo se dissiparam em um sopro de alívio. Eu não seria condenada. O que tinha acontecido não era minha culpa, e por um instante, eu me permiti acreditar que poderia ser livre novamente.
Quando a porta se abriu, Lavínia entrou, e logo percebi que algo estava diferente. A mão dela estava engessada, e isso imediatamente despertou minha curiosidade.
— Oi, Lavínia! O que aconteceu com a sua mão? — perguntei, ansiosa por ouvir sua história.
Ela sorriu de um jeito desafiador, e isso me intrigou.
— A eu bati em um homem mal — disse ela com uma segurança que eu admirava.
Aquelas palavras reverberaram em mim. Eu a admirava por saber se defender, por ter a coragem de enfrentar alguém que a estava ameaçando. Era exatamente isso que eu queria.
— Você me ensina? — perguntei, os olhos brilhando de empolgação. — Isso é incrível!
Ela deu uma risadinha envergonhada e Enrico ao seu lado sorriu, como se estivesse orgulhoso do que fez.
O sorriso de Lavínia era contagiante, e, pela primeira vez em muito tempo, eu consegui ver uma luz no fim do túnel. A vida poderia ser diferente, eu poderia ser diferente. E quem sabe, um dia, eu também seria forte o suficiente para proteger outras meninas como nós.
__ Julia não tenha medo, vamos passar por essa fase, mesmo que nessa circunstancia um filho é uma benção — ela falou e assenti mesmo perdida.
No orfanato fui amparada por muita gente, menos ela, a cozinheira que me olhava com raiva, foquei em receber o carinho da esposa e dona de tudo, Samira Rossi, uma mulher gentil e doce que me fazia voltar a crer na humanidade como um todo.
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Atualizado até capítulo 60
Comments
Vanda Farias de Oliveira
Ufa achei que ela estava desamparada
2025-03-06
0
joelma silva
👏👏👏👏👏👏
2024-10-22
1