Estávamos na sala, conversando sobre os preparativos para a chegada dos gêmeos, quando Enrico entrou com o rosto abatido, os homens ao seu lado carregavam os olhos de uma tristeza que fez o ambiente esfriar de repente.
__ Meninas, preciso contar uma coisa — ele disse, a voz baixa — A filha de Maria… ela se foi. A bebê morreu hoje de manhã.
O impacto foi imediato, como um soco no estômago. O silêncio tomou conta da sala, pesado e sufocante. Samira levou a mão à boca, os olhos se enchendo de lágrimas, enquanto Serena apertava o braço de Luca com força. Eu fiquei paralisada, o coração batendo tão forte que parecia querer sair do peito, Giovanni estava ali e logo me amparou, diante de tamanho sofrimento fomos nos arrumar e preparar tudo para sermos apoiadoras da Maria no que precisar.
Chegamos à área pobre onde o velório estava sendo realizado, um bairro esquecido pelo tempo, onde a dor e o sofrimento pareciam fazer parte da paisagem. O salão pequeno estava lotado, com rostos estranhos, alguns compartilhavam a mesma expressão de luto e desespero, outros sem esconder o espanto em ver uma família poderosa ali. Caminhei com passos trêmulos até onde estava o caixão branco, pequeno demais, cercado por flores murchas e velas que tremeluziam na penumbra.
Quando meus olhos pousaram sobre o rostinho sereno da menina, toda a dor guardada em mim explodiu. Não era apenas a filha de Maria que eu via ali, era o meu próprio filho, o bebê que eu nunca pude segurar nos braços. O luto que tentei sufocar veio à tona com uma força devastadora, arrancando de mim o pouco controle que restava. Minha visão começou a embaçar, e meu corpo cedeu ao peso da angústia.
Meus joelhos se dobraram, e tudo o que consegui fazer foi cobrir o rosto com as mãos, tentando, em vão, abafar os soluços que agora eram desesperados. Senti uma pressão dolorosa no peito, como se o ar tivesse sido roubado dos meus pulmões. Pessoas ao meu redor começaram a murmurar, talvez tentando me consolar, mas suas vozes pareciam tão distantes.
De repente, fui erguida por braços firmes. Giovanni estava lá, com uma expressão que misturava preocupação e raiva, me tirando daquele lugar que só ampliava o sofrimento:
Vamos sair daqui — ele disse, sua voz decidida, como se quisesse me afastar de qualquer lembrança que pudesse me quebrar ainda mais, meu pai nos olhou e autorizou, lembro de ouvi-lo dizer:
Cuide dela meu sobrinho.
__ Pode deixar tio, vamos para casa — falou Giovanni e saímos dali.
Ele me levou direto para casa, para a segurança que o seu abraço oferecia. No sofá da sala Giovanni me acomodou em seu colo, sentando-se no sofá deitei e fiquei ali, a culpa e a dor bateram com força.
Ele me envolveu nos braços como se pudesse me proteger de tudo, afagando meus cabelos enquanto sussurrava palavras de conforto.
__ O que você está sentindo é natural, Julia,— ele disse, os lábios roçando suavemente na minha testa — Você não está sozinha.
Mesmo com a dor ainda pulsando no peito, havia algo reconfortante na presença dele. Seu toque, sua voz, eram âncoras que me seguravam, impedindo que eu me afogasse no desespero. Aos poucos, meus soluços se acalmaram, e minha respiração encontrou um ritmo mais suave. Exausta, acabei adormecendo nos braços de Giovanni, encontrando uma paz temporária na segurança que ele me oferecia.
Giovanni:
Enquanto Julia dormia em meu colo, eu não conseguia parar de olhar para ela. Havia uma tranquilidade no seu rosto adormecido que contrastava com a dor que ela havia sofrido, e tudo que eu queria era mantê-la assim, segura.
Afaguei seu cabelo, sentindo a maciez dos fios em meus dedos, e sussurrei, mesmo sabendo que ela não podia me ouvir.
Você não faz ideia do quanto eu sou completamente apaixonado por você, Julia — Minhas palavras saíram em um sussurro baixo, quase um segredo.
Eu daria tudo para ver você sorrindo todos os dias, para garantir que nunca mais precise passar por tanta dor — Era a primeira vez que admitia isso em voz alta, mesmo que apenas para o vazio da sala.
O momento foi interrompido por Luca e Serena, que entraram com um ar animado e os olhos brilhando.
__ Os gêmeos vão nascer — Serena anunciou com um sorriso largo, e senti Julia se mexer em meu colo, acordando devagar. Seu olhar se iluminou ao ouvir a novidade, e ela rapidamente saiu dos meus braços.
__ Preciso trocar de roupa — ela murmurou, olhando para Serena com uma expressão ansiosa, como se não quisesse perder um minuto daquela felicidade compartilhada.
Enquanto as duas subiam as escadas, senti o olhar de Luca sobre mim. Por um segundo, tive a impressão de que ele sabia mais do que estava dizendo, talvez notando a forma como meus olhos seguiam Julia.
Não demorou para que os pais de Julia chegassem, trazendo a notícia de que os gêmeos estavam bem.
__ Está tudo certo — eles disseram com sorrisos aliviados. Ela comemorou, pulando nos meus braços com uma alegria tão pura que me desarmou completamente.
Então, senti algo inesperado acontecer. A proximidade de seu corpo, o calor de seus braços ao redor do meu pescoço, fez meu corpo reagir de uma forma que eu não havia planejado. Uma onda de vergonha me atingiu quando percebi a ereção se formando. Segurei-a mais firmemente, tentando esconder minha reação.
Afastei-me um pouco, o rosto esquentando, rezando para que ela não tivesse percebido.
__ Desculpa — murmurei, sem saber exatamente por que estava pedindo desculpas. Ela apenas sorriu, sem notar minha tensão.
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Atualizado até capítulo 60
Comments
Jeanne Bispo
Linda a estória deles.... começando no outro livro e dando continuidade aqui o Amor desses 2 é linda.💕
2024-12-26
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Jucileide Gonçalves
Estão se apaixonando um pelo outro.
❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️
2024-11-06
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