Estou aqui a alguns meses, as mulheres que cuidam aqui são lindas, simpáticas, os homens dão um pouco de medo, mas sempre me lembro que o Sr. Julian sendo grande e tendo cara de mal me salvou, se não fosse seu apoio não conseguiria suportar, era tarde e não deveria, mas eu amava essa piscina, vinha sempre depois do horário, a cozinheira que cuida aqui no horário de lazer me acha alguém que atrai má sorte, ela me dá medo e sempre conversa com dois soldados que me deixam apavorada.
Estava sozinha na piscina, aproveitando o pouco tempo de descanso que tinha. A água era o único lugar onde me sentia livre, onde o peso de tudo o que havia acontecido desaparecia por alguns instantes. Sentia a água fria escorrer pela pele enquanto nadava de um lado para o outro, tentando apagar as memórias ruins. Cada movimento era uma fuga silenciosa, e eu me permitia respirar um pouco mais fundo ali.
Saí da água e caminhei em direção à toalha,me enrolei rápido, mas, assim que dei alguns passos, uma sensação estranha de desconforto tomou conta de mim. Não tive tempo de entender o que estava acontecendo. Ouvi passos atrás de mim, rápidos e pesados. Antes que pudesse reagir, senti uma mão áspera e rude me agarrar com força pelo braço e me jogar na água, a água, o lugar onde antes me sentia tão bem.
Um choque percorreu meu corpo. Olhei para a mão que me segurava agora na água e vi o soldado que sempre via andando pela propriedade.
Seu rosto estava distorcido por algo que eu não reconhecia, era cru e ameaçador. Tentei me soltar, mas ele me puxou para mais perto, apertando meu braço com tanta força que parecia que ia quebrá-lo.
— Fica quieta — sussurrou, sua voz gélida perto do meu ouvido. O medo me paralisa. Eu tento lutar, mas meu corpo não obedece. Minhas pernas tremem, e a única coisa que consigo sentir é o pânico crescente, sufocando-me junto com a água que eu engolia, enquanto ele me empurra contra a parede mais próxima entrando de forma brusca em mim.
— Me solta! — Minha voz sai fraca, quase inaudível. Tento gritar, mas o som morre na minha garganta. As lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto sem que eu consiga contê-las, misturando-se com a água que escorre do meu cabelo.
Ele não ouve, ou simplesmente não se importa. Sinto o cheiro amargo de suor e álcool que emana dele enquanto suas mãos apertam meus pulsos, prendendo-os com força. Tento me debater, mas a diferença de força é esmagadora. Cada movimento dele é uma sentença de dor, e eu me sinto cada vez mais impotente, cada vez mais desesperada.
Minha mente grita por ajuda, mas não há ninguém por perto. Estou sozinha, presa, e o horror de perceber isso faz meu coração bater tão rápido que parece que vai explodir. É uma dor que consome, queima, e naquele momento eu sou apenas uma menina ruiva apavorada, lutando contra o inevitável, depois ele me largou ali na água, onde me sentia suja e podre.
Eu estava na piscina do orfanato, a água fria não me ajudava a esquecer, mesmo que só por alguns minutos, o horror que tinha vivido ali me marcaria para sempre, o que falariam de mim? Ali eu era uma menina sem amigos que todos pensam que atrai má sorte.
Mas assim que saí da água, tudo mudou, ele voltou falando que deveria ir para o quarto, dizendo que eu seria expulsa, porque estar ali naquele horário era culpa minha e não dele, eu tive muito medo, se tivesse que ir para a rua seria a morte para mim.
— Por favor... — murmurei, a voz quase não saindo. O medo me paralisava. Eu sabia que era algo terrível e senti medo de ficar ali e de morrer, uma completa confusão era o que eu sentia.
Ele me empurrou contra a parede, suas mãos deslizando sobre meu corpo de uma forma que me fez querer desaparecer. Eu queria gritar, mas a voz não saía. O pânico me dominava completamente. Ele sussurrou coisas que eu não entendia, mas o tom ameaçador era inconfundível.
— Ninguém vai acreditar em você — ele disse, com um sorriso cruel. — Você é só uma órfã, uma azarada...
Fiquei ali parada, tentando respirar, meu corpo tremendo e meus olhos cheios de lágrimas. Cada parte de mim doía, e não só por causa da força que ele usou. A dor era mais profunda, como se tivesse penetrado em minha alma. Eu queria desaparecer, me encolher em um canto e não ser mais vista. Mas, antes que pudesse sequer tentar me recompor, a porta do jardim se abriu, e a cozinheira entrou.
Ela me olhou de cima a baixo, o olhar julgador e cruel percorrendo meu corpo encharcado e a toalha desarrumada. Eu ainda estava ofegante, o rosto molhado de lágrimas, e só consegui dar um passo para trás quando ela começou a falar:
— Ah, aí está você, ruiva assanhada — disse com um tom de desdém. — Sempre dando um jeito de chamar atenção, não é? Como se não bastasse essa cor de cabelo que já traz má sorte. Não tem vergonha, garota?
Minha garganta se apertou e, por um momento, achei que eu fosse sufocar. Eu tentei explicar, dizer algo, qualquer coisa, mas a voz não saía. As palavras dela batiam em mim como pedras.
— O que foi? Ficou muda? — Ela se aproximou mais, a expressão se tornando ainda mais amarga.
— Já sei... Você está sempre perturbando os homens por aqui. Como uma ruivinha desavergonhada. Não me surpreenderia nada se você virasse uma prostituta um dia desses — eu não fazia isso, a raiva dela direcionada a mim era diária, mas não na frente de pessoas importantes, ela dizia que eu deveria me calar para não ser expulsa e era só isso que conseguia fazer.
Senti meu rosto queimar de humilhação e raiva, mas também de uma impotência desesperadora.
Não importava o que eu dissesse, não importava o que eu fizesse. Naquele lugar, a culpa sempre seria minha. Eu estava condenada desde o momento em que pisei ali, e agora, aquelas palavras horríveis só reforçavam a certeza de que não havia escapatória, será que um prato de comida e uma cama valiam a pena? Antes me livrava do abuso, mas e agora?
Ela deu as costas para mim, murmurando algo em outra língua, mas eu ouvi bem o que dizia. "Essas ruivas... sempre trazendo má sorte."
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Atualizado até capítulo 60
Comments
Raimunda Neves
Como pode uma mulher falar essas coisas para uma adolescente que poderia ser filha dessa cozinheira mau amada /Curse//Curse//Curse//Curse//Curse//Curse//Curse//Curse//Curse/
2025-03-18
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Márcia Jungken
coitada da Júlia passando por tanto sofrimento e humilhações por esses dois ordinários nojentos
2025-03-01
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Eloi Silva
será que não são irmão os dois
2025-03-09
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