Cap 19 : Reconciliação

Quando Cristhian abriu a porta, meu coração saltou de alegria ao ver Emma. Minha menina. Minha linda menina.

— Vou deixar as damas sozinhas para conversarem — ele disse, lançando um olhar carinhoso para Emma. — Em breve seu motorista virá te buscar — completou, fazendo uma brincadeira com uma batida de continência, o que arrancou um sorriso dela.

Ele saiu, deixando-nos a sós. Cristhian apareceu em minha vida como um raio de luz, tentando organizar o caos que a traição de Otávio havia deixado para trás. Voltei meu olhar para Emma. Ela, que sempre teve os olhos brilhando de alegria, agora trazia um olhar triste, carregado de uma dor que eu mal conseguia suportar.

— Eu estava com tanta saudade, minha princesa. Como você está? — perguntei, segurando sua mão com delicadeza, temendo que ela se afastasse.

— Levando a vida... — respondeu, mas seus lábios tremiam, e lágrimas silenciosas começaram a brotar de seus olhos. Meu coração se despedaçou ao ver o quanto ela estava ferida.

— Meu amor, eu te amo mais do que a mim mesma. Você e seu irmão são tudo o que eu tenho, minha razão de viver. Sem vocês, minha vida não faz sentido. — Minhas palavras vieram em meio às minhas próprias lágrimas, enquanto ela, pela primeira vez em tanto tempo, me permitia me aproximar.

— Emma, minha filha, eu nunca quis que nada disso acontecesse. Tudo o que te contei é verdade. E espero que um dia você acredite em mim. — Minhas palavras eram uma súplica, uma última tentativa de alcançar seu coração.

Ela me olhou, seus olhos brilhando com dor, mas também com algo novo... confiança.

— Eu acredito em você, mamãe. Sinto tanto a sua falta... — Sua voz embargada mal pôde terminar a frase antes de desabar em lágrimas.

Puxei-a para perto de mim, abraçando-a como se nunca fosse deixá-la ir.

— Fico tão feliz que você acredita em mim, filha. Eu te amo tanto.

Ela soluçou contra meu peito, e depois de alguns segundos, murmurou:

— Me perdoa, mamãe... Papai me disse que você não me amava mais, que agora só se importava com o seu bebê, que você preferia ele a mim... Eu acreditei, mas agora sei que não era verdade. Me perdoa por ter duvidado de você. A Safira brigou comigo... e no calor da discussão, ela disse que eu era insuportável, igual a você. Disse que era por isso que papai procurava ela para se divertir. — As palavras saíam aos trancos e barrancos, seu corpo tremendo em meus braços.

Segurei-a mais forte, sentindo a dor dela como se fosse a minha. Nada poderia ter me preparado para ouvir aquilo, mas, naquele momento, tudo o que importava era que ela finalmente estava ali, nos meus braços, permitindo-se ser minha filha novamente.

— Você não tem que me pedir perdão, meu amor — murmurei, ainda a segurando em meus braços. — Você é só uma menina que teve sua vida virada de cabeça para baixo. Eu entendo, minha filha. Entendo que as circunstâncias e tudo o que aconteceu te fizeram duvidar. Mas, daqui em diante, vamos confiar uma na outra, e nada, nada mesmo, vai destruir o amor que sentimos. — Minha voz saía suave, mas firme, enquanto tentava garantir a ela que tudo ficaria bem.

— Eu quero ficar com você, mamãe. Não quero voltar para a casa do meu pai. — Ela se apertou contra mim, como se temesse que eu pudesse deixá-la ir. Meu coração de mãe sabia, naquele instante, que algo mais estava acontecendo.

— Vamos ficar juntas, meu amor. Mas, para isso, preciso recuperar a sua guarda. — Eu me afastei um pouco, segurando seu rosto com delicadeza. — Agora olhe para mim — pedi, esperando que ela confiasse em mim. Ela levantou os olhos hesitante, mas a dor ainda estava ali. — O que aconteceu na casa do seu pai?

Emma desviou o olhar, seus olhos carregados de medo e vergonha. Ela mordeu o lábio, como se as palavras fossem um fardo pesado demais para carregar.

— Eu não quero falar agora, mamãe... tenho medo... — A voz dela estava baixa, quase um sussurro, e meu coração apertou ainda mais.

— Emma, eu sou sua mãe. E eu sempre vou te proteger, de tudo e de todos. — Minha voz agora era firme, cheia de determinação. — Você pode confiar em mim, minha filha. Pode me contar tudo. Eu não vou deixar que nada de ruim te aconteça, prometo.

Ela manteve o olhar no chão, os dedos trêmulos. Mas eu sabia que, em algum momento, ela me contaria. E quando esse momento chegasse, eu estaria pronta para protegê-la, custasse o que custasse.

Após um tempo, Emma se acalmou e, como se quisesse mudar de assunto, pediu para segurar o irmão.

— Oi, Miguel — ela disse suavemente, pegando o bebê nos braços. — Eu sou sua irmã. Me desculpe por ser uma... Cuzona idiota — ela soltou o palavrão.

— Emma? — chamei sua atenção, tentando controlar a situação.

— Desculpa, mamãe — ela deu um meio sorriso e, em seguida, voltou a falar com Miguel, suavizando a voz. — Apaga essa parte, tá, maninho? Prometo que vou parar com os palavrões — disse com doçura.

Respirei fundo antes de falar: — Eu encontrei o pai do Miguel.

Ela me encarou, surpresa. — E como foi? — perguntou curiosa.

— Melhor do que eu imaginei. Por acaso, ele fez o parto do Miguel. E mais: ele também foi o médico que cuidou de você — revelei de uma vez, esperando sua reação.

Os olhos de Emma se arregalaram. — O doutor Christian? Ele é o pai do Miguel?

Antes que eu pudesse responder, a voz de Christian ecoou pelo quarto.

— Sim, sou eu — disse ele, parado na porta, nos observando.

— Uau! Você se deu bem, pivete. Tem um pai bem legal — murmurou Emma para o irmão, e nós rimos juntos.

— Desculpem por estragar o momento familiar, mas essa mocinha já está de alta e precisa de repouso. Senhorita Emma, sua limousine está pronta para partir — disse Christian em tom brincalhão.

Emma colocou Miguel com cuidado no berço, antes de se virar para me dar um abraço apertado.

— Te amo, mamãe. Até breve — ela disse, beijando suavemente meu rosto.

— Eu também te amo, minha princesa — respondi, beijando sua testa.

Ela se acomodou na cadeira de rodas.

— Vamos lá, hora da alta — disse Christian, piscando para mim, e eu não pude evitar um sorriso bobo.

Ele parecia ter um jeito especial com crianças, e pelo visto, Emma já tinha gostado dele.Depois de levar Emma, Cristhian voltou. Eu estava radiante de felicidade, e a surpresa que ele me fez, trazendo Emma até o meu quarto, foi simplesmente maravilhosa.

— Obrigada, de coração! Obrigada! — agradeci com uma enorme emoção, porque o que vivi hoje com Emma foi algo que sonhei durante os últimos cinco meses.

— Não chores, por favor — ele pediu, aproximando-se e secando as minhas lágrimas com o polegar. O toque, o carinho com que ele o fez, deixou-me ainda mais sensível, e eu desabei. Talvez fosse a melancolia pós-parto, misturada com o alívio e todas as emoções acumuladas ao longo destes nove meses.

Ele puxou-me para os seus braços, e, pela primeira vez em muito tempo, senti-me verdadeiramente acolhida e segura. A segurança que senti nos braços dele era indescritível. Abracei-o com força e chorei, enquanto um turbilhão de sentimentos tomava conta de mim.

— Foi difícil, eu sei. Mas agora acabou. Estou aqui, e vou cuidar de ti e do nosso filho — disse ele, com uma voz suave que me acalmava. O carinho da sua mão nas minhas costas, enquanto falava, trouxe-me uma paz imensa.

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Comments

Onilda Furlan

Onilda Furlan

Raquel agora você vai saber o que é ter um homem de verdade

2025-03-08

1

Eliene Lopes

Eliene Lopes

nossa que emoção viu estou amando

2025-04-14

0

Yamagutte Maria

Yamagutte Maria

Capítulo emocionante também chorei com vocês

2025-02-27

2

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