Cap 08 : Lembranças de Uma Noite

Por Cristhian Moretti

Georgia, Estados Unidos...

Fico olhando para essa foto embaçada e me odeio por estar bêbado naquela noite, sem conseguir lembrar o que aconteceu no hotel. Mesmo assim, dá para ver que essa mulher é linda. Quando a vi entrar, fiquei hipnotizado por sua beleza, como se algo nela me atraísse de forma irresistível. Ao entrar no elevador, rezei para que ela notasse minha presença, mas ela foi a única mulher que sequer percebeu que eu estava ali. Se eu não tivesse chamado sua atenção, talvez ela nunca soubesse que eu estava naquele elevador com ela. O perfume doce que ela usava era maravilhoso, e quando vi a aliança em seu dedo, me senti frustrado. A única mulher que despertava minha curiosidade era casada. No entanto, quando descobri que ela acabara de flagrar o marido traindo-a, senti uma estranha felicidade, pois isso significava que talvez houvesse uma chance para mim.

Cristhian Moretti

— Boa noite, te fiz esperar muito? — a voz melosa de Natasha sussurra no meu ouvido. Rapidamente apago a tela do celular para que ela não veja a foto daquela estranha que me deixou completamente apaixonado."

— Não, também acabei de chegar — digo, embora por mim já fosse embora.

— Meu dia foi horrível, amor. Você acredita que a Penélope comprou um vestido idêntico ao meu? Quando a vi no chá da tarde usando o mesmo vestido, tive vontade de esganá-la, aquela vaca!

 Ela conta como se isso fosse o maior problema do mundo. Crianças passando fome, pais desempregados com filhos doentes, e a Natasha acha que o pior do dia dela foi ver outra mulher rica usando o mesmo vestido em uma reunião cheia de pessoas que só se preocupam em exibir suas roupas.

— Devia se preocupar menos com isso, Natasha. Isso não é um problema. Você dormiu em uma cama com lençóis de seda que pagariam um ano de cesta básica para uma família. Está usando uma bolsa que custa o valor de um carro comum, o sonho de qualquer trabalhador que enfrenta um metrô tão lotado que dá para dormir em pé. A Penélope usar o mesmo vestido que o seu não é horrível. Horrível é passar fome, é não ter o que vestir — digo, impaciente. Ela revira os olhos, claramente incomodada com o que eu disse.

— Eu não tenho culpa de ter nascido rica, e me importo com os mais pobres, você sabe disso. Foi no seu leilão beneficente que nos conhecemos — ela responde, cheia de arrogância.

— No leilão em que você comprou aquele quadro só para se aproximar de mim? E não porque realmente queria ajudar as crianças carentes? — rebato, jogando a verdade na cara dela.

— Eu apenas uni o útil ao agradável — ela diz.

Natasha é filha de Juan Fox, um paciente meu. Quando a conheci, ela fingiu ter os mesmos interesses que eu, apenas para se aproximar e me conquistar, o que acabou funcionando. Ela descobriu, através do pai, que eu me preocupo e sempre ajudo crianças carentes, inclusive fundei um abrigo para receber crianças e adolescentes órfãos. No início, enquanto estávamos nos conhecendo, ela fingia gostar de ir comigo ao abrigo, mas depois que começamos a namorar, ela sempre arranjava uma desculpa para não ir.

Um dia, acabei ouvindo, sem querer, uma conversa entre ela e sua melhor amiga. Natasha dizia que não suportava as crianças e que ajudar elas era o único defeito que via em mim. Foi nesse momento que decidi terminar o relacionamento. No entanto, para minha surpresa, ela revelou que estava grávida. Fiquei feliz, porque ser pai sempre foi meu sonho, e não queria que meu filho ou filha crescesse sem a presença do pai. Por isso, decidi continuar o relacionamento, e ficamos noivos.

Porém, dois meses atrás, Natasha perdeu o bebê, o que me deixou arrasado. Agora, estou apenas esperando o momento certo para terminar de vez com esse relacionamento.

Jantamos, mas eu estava mais perdido em meus pensamentos do que presente com ela. Enquanto Natasha falava sem parar, minha mente vagava para Miami, pensando em como encontrar Hanna. Não conseguia entender como o melhor investigador não conseguia localizá-la. Será que ela perdoou e voltou para o marido? Eu esperava que não, porque, assim que resolver minha vida, quero ir atrás dela e ter a chance de conhecê-la melhor.

Após me despedir de Natasha, fui para casa. Peguei da gaveta a calcinha da Hanna,  foi a única lembrança que trouxe daquela noite. Tentei me lembrar de como tudo aconteceu, se realmente houve algo entre nós, mas só tenho flashes de nós dois nos beijando, e nada mais. Que porre eu tomei naquela noite.

Cheguei ao hospital bem cedo, revisando mentalmente cada passo da cirurgia que faria hoje. Minha paciente era uma jovem cheia de sonhos, e a ideia de perdê-la me preocupava profundamente. O tumor em sua cabeça estava em uma localização extremamente difícil de ser retirado, exigindo toda a minha habilidade e concentração.

Enquanto me preparava, visualizei a equipe ao meu redor, cada membro desempenhando um papel crucial no sucesso do procedimento. A sala de cirurgia estava impecavelmente organizada, mas, por dentro, eu sentia um misto de ansiedade e determinação. Lembrei-me das conversas que tive com ela, de seus planos e esperanças, e isso me motivou ainda mais.

Sabia que não podia falhar. O peso da responsabilidade era imenso, mas também era um lembrete da importância do que estávamos prestes a fazer. Com um último suspiro profundo, entrei na sala de cirurgia, pronto para lutar pela vida daquela jovem e dar a ela a chance que tanto merecia.

Quando consegui finalmente retirar todo o tumor, a equipe que assistia à cirurgia vibrou, mas eu sabia que ainda não podia comemorar. Agora, era preciso esperar a Jenna acordar para ver se as possíveis sequelas da cirurgia não a afetariam.

— Agora vamos começar o processo da cranioplastia — disse, dando início ao procedimento.

Finalizada a cranioplastia, deixei a sutura por conta de um médico residente.

— Muito obrigado pela oportunidade, doutor — ele agradeceu. Observei enquanto ele fazia a sutura com perfeição e me senti feliz ao ver que o treinamento tinha valido a pena.

Na manhã seguinte, fui visitar a Jenna e, agora sim, podia comemorar. Ela estava bem; a cirurgia foi um grande sucesso.

— Obrigada, doutor Cristian. Agora eu posso esperar a maioridade para casar com você — brincou, sua voz ainda fraca.

— Eu vou esperar — respondi, e todos rimos.

Após trinta e seis horas de plantão, preparei-me para ir para casa, quando recebi a notícia da aprovação para começar a construção do meu hospital em Miami. Esse hospital contará com um andar dedicado ao atendimento  de  pessoas carentes com o objetivo de oferecer assistência médica de qualidade aqueles que mais precisam.   Isso me deixou ainda mais feliz; poder ajudar quem precisa trazia uma alegria ao meu coração de uma forma que eu não conseguia explicar.

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Comments

Joelma Silveira

Joelma Silveira

O que não entendi até agora, como ela não lembra dele se ela estava sóbria e só começou a beber no quarto dele e ele também .

2025-02-19

6

Bell Belmonte

Bell Belmonte

se preocupe não,logo vc será papai

2025-03-09

1

Bell Belmonte

Bell Belmonte

arrogante

2025-03-09

1

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