Cap 12 : 40 Semanas

Chegando em casa, eu não conseguia parar de pensar no que havia acontecido. A Beca até preparou um chá de camomila para me acalmar.

— Tem certeza que vai ficar bem? — ela perguntou pela décima vez antes de ir embora.

— Vou ficar bem, pode ir tranquila. Qualquer coisa, te ligo — sorri para tranquilizá-la.

— Você devia ficar comigo até o bebê nascer e passar o resguardo. Não é bom ficar sozinha — ela insistiu.

— Quero ficar sozinha. Quando o bebê nascer, prometo que saio do hospital direto para sua casa — garanti, mas ela estreitou os olhos, desconfiada.

A campainha tocou, e eu nem lembrava de estar esperando alguém.

— Deixa que eu atendo pra você. Fica aí quietinha — ela ordenou, e eu obedeci, agradecendo em silêncio, pois meus pés doíam horrores.

Fiquei observando na direção da porta. Quando Rebecca abriu, vi o Dr. Gavin Fischer, meu advogado, agora chefe e amigo. Ele sempre foi muito atencioso comigo.

Gavin

— Dr. Gavin, boa noite! — cumprimentei.

— Boa noite, garotas! Desculpe aparecer assim sem avisar. Te liguei, mas você não atendeu, então arrisquei vir. Trouxe as uvas verdes que você queria, e um presente para o bebê — ele explicou, preocupado, enquanto Rebecca, atrás dele, fazia corações com as mãos e gestos de beijo. Ela tinha cismado que o Dr. Gavin estava apaixonado por mim, o que era loucura da cabeça dela. Um homem bonito, poderoso, cercado de mulheres solteiras, vai querer uma grávida de um desconhecido e divorciada? Ele presenciou toda a briga da minha separação! Ignorei os gestos dela e foquei no Dr. Gavin.

— Não precisava se preocupar, você já fez tanto por mim — respondi.

— Não é nada, e você merece. Lembro que queria muito essas uvas, mas não encontrou. Pedi à minha empregada para procurar, e ela achou. Agora esse rapaz já não vai nascer com a boca aberta — ele brincou, e rimos.

— Mana, agora que você está em boa companhia, vou indo. Se cuida e qualquer coisa me liga, viu? — Beca se despediu e foi embora.

— Como foi seu dia? — ele perguntou.

— Eu vi o pai do meu bebê hoje... Fiquei em pânico — contei, ainda sentindo o nervosismo daquele momento.

— E vocês conversaram? — ele perguntou, parecendo ansioso.

— Não, como eu disse, entrei em pânico e saí correndo — respondi, vendo que ele parecia se sentir aliviado.

Contei como tudo aconteceu, e ele me ouviu atentamente.

— Acha que ele pode desconfiar que o bebê é dele? — ele questionou.

— Acho que não. Nem deu tempo de ele olhar minha barriga, porque ele fixou os olhos no meu rosto e eu virei rápido — expliquei, ainda tentando entender o que tinha acabado de acontecer.

— Eu quero te ajudar, Raquel. Não acho justo que uma mulher tão boa quanto você tenha passado por tudo o que passou. Eu... posso te dar tudo o que você e seu bebê precisam: segurança e amor — ele diz, e sinto o pânico crescendo dentro de mim. Ele disse amor? Meu Deus!

— Senhor Gavin, o senhor já me ajuda tanto... Me paga um ótimo salário, muito mais do que eu mereço, e sou muito grata por isso — respondo, tentando manter a calma, mas meu coração está disparado.

— Não estou falando de dinheiro, Raquel — ele diz, dando um passo em minha direção. Seus olhos me prendem, intensos, quase hipnotizantes. — Estou falando de algo muito maior. Quero estar ao seu lado, cuidar de você... Não como seu chefe, mas como alguém que realmente se importa.

Meu coração martela no peito, e o pânico ameaça me sufocar. Eu não esperava por isso, por essas palavras. O que ele quer de mim? Não posso lidar com mais complicações na minha vida.

— Senhor Gavin, por favor... — tento interromper, mas ele me corta com firmeza.

— Me chame só de Gavin. E pense no que estou dizendo. Sei que sua vida tem sido difícil, e não estou aqui para torná-la ainda mais complicada. Só quero te oferecer uma saída... uma vida diferente.

Gavin suspira, como se estivesse reunindo coragem para continuar.

— Não precisa dizer nada agora, Raquel. Eu entendo que é muita coisa pra processar. Só... queria que soubesse como me sinto. Não quero te pressionar, mas também não podia mais esconder isso de você.

Meus pensamentos estão um turbilhão, e eu não consigo encará-lo diretamente. O que ele está propondo? Isso mudaria tudo, e eu não sei se estou pronta para lidar com mais mudanças na minha vida.

— Eu... só estou tentando me manter de pé, sabe? Depois de tudo que aconteceu... — minha voz vacila, e sinto as lágrimas ameaçando cair. — Não sei se tenho espaço pra isso... pra mais nada além de tentar sobreviver.

Gavin se aproxima mais, sua presença é calma, mas firme.

— E é por isso que estou aqui. Você não precisa fazer isso sozinha. Eu quero te ajudar a viver, não apenas sobreviver. Mas entendo se precisar de tempo.

O silêncio entre nós é carregado de emoções que nenhum de nós parece saber como lidar.

— Obrigada por tudo, por querer estar ao meu lado, mesmo que eu seja um problema ambulante. Você é um homem admirável, mas... eu preciso de tempo, sabe? Meu bebê pode nascer a qualquer momento, e no momento só quero focar nisso — digo, quebrando o silêncio entre nós.

Gavin me observa por um instante, sua expressão compreensiva.

— Eu entendo. Não quero que se sinta pressionada. Só queria que soubesse que o que sinto por você é real, e você não é um problema, Raquel. Você é uma mulher incrível, que, apesar de tudo o que enfrentou, continua forte. Não precisa me dar uma resposta agora. Apenas pense nisso com calma. Vou deixá-la descansar, e estarei sempre aqui, quando precisar — ele diz, se aproximando para me dar um beijo suave no rosto antes de se afastar e sair.

Fico parada, sem reação. É muita informação para processar em um único dia... e para uma grávida prestes a dar à luz.

As quarenta semanas de gestação haviam chegado, e parecia que o meu bebê estava pronto para nascer. Fazia catorze anos desde que passei por isso da última vez, e eu estava tão nervosa quanto na primeira. Já tinha adiantado meu trabalho e agora só precisava levar esses papéis para o Gavin. Depois disso, iria direto para o hospital. Não vou ligar para a Rebecca agora, só vou avisá-la quando estiver no hospital. Eu a conheço bem, e se souber que estou sentindo contrações, vai surtar.

Peguei minha bolsa e as coisas do bebê, e chamei um táxi. Não vou arriscar dirigir nesse estado. Quando chego ao escritório, Gavin está com um cliente, e as contrações começam a ficar mais ritmadas. Na gravidez da Emma não foi assim; lembro que elas demoraram mais.

— Está tudo bem, Raquel? — pergunta a secretária de Gavin, notando meu desconforto.

— Eu... estou com contrações — digo, tentando controlar a respiração.

— Ai meu Deus! Seu bebê vai nascer? — ela pergunta, apavorada.

— Sim, mas não agora. Acho que ainda temos algumas horas — respondo, apertando os braços da poltrona quando uma dor mais forte vem.

— Ai meu Deus! Vou avisar o Dr. Gavin — ela sai correndo antes que eu possa dizer que não precisa.

Não demora muito e Gavin aparece, o olhar preocupado fixo em mim.

— O bebê vai nascer? — ele pergunta, claramente nervoso.

— Sim... — respondo no momento em que uma nova contração forte me atinge.

— Vamos para o hospital agora — ele diz, e eu aceno concordando.

As dores passam momentaneamente, e ele me ajuda a levantar. Apoio-me em seu braço.

— Remarque minhas reuniões — ele pede à secretária.

— Sim, senhor — ela responde rapidamente.

Saímos do prédio, ele pega minhas bolsas, visivelmente nervoso. Quem o visse poderia pensar que era o pai do bebê. Assim que entramos no carro, as dores voltam com intensidade, e Gavin me olha, claramente preocupado.

— Vai dar tempo de chegar ao hospital, não vai? — ele pergunta, apreensivo.

— Acho que sim — respondo, ofegante.

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Comments

Onilda Furlan

Onilda Furlan

esse advogado é muito amigo dela.

2025-03-08

1

sandra canuta

sandra canuta

acorda raquel/Determined//Determined//Determined/

2025-03-08

1

Fatima Lopes

Fatima Lopes

eu não gosto de enrolação estoria que não anda nem resolve só. complica

2025-03-01

1

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