Era difícil acreditar no que estava acontecendo comigo. Eu realmente estava grávida de um homem de quem nem sequer lembrava o nome? Por que isso estava acontecendo comigo? Por que eu estava sendo punida, enquanto o verdadeiro culpado de tudo nem sequer se lembrava de nada?
Eu quero morrer, eu quero desaparecer! Maldita vida!
— Isso é um milagre, mana. O Otávio é um milagre, e a vida a presenteou com esse bebê. É tudo um milagre — Rebecca diz cheia de felicidade, enquanto eu só consigo chorar de desespero.
— Você não está feliz, Raquel? Esse bebê é um milagre. Era seu sonho ter outro filho e, após anos, finalmente aconteceu. Um segundo filho seu e de Otávio. Ele ficará radiante de alegria! Vem, vamos contar a novidade — ela continua falando eufórica.
— Para, por favor. Não vai contar nada. Eu não quero esse bebê, e nem posso ter esse bebê — digo, descontrolada.
— Você está se ouvindo? Por que está dizendo essas coisas? — Ela me questiona, olhando incrédula.
— Esse bebê não é do Otávio — digo, sentindo o peso que minhas palavras lhe causaram. Ela me olha horrorizada, senta-se, soltando o peso do corpo de uma vez na cadeira, e balança a cabeça em negação.
— Você teve coragem de trair seu marido? Como pode fazer isso, Raquel? — ela me pergunta, seu olhar me julgando.
— Ele me traiu primeiro, e o que fiz em uma noite em que nem sequer me lembro como aconteceu não se compara a um ano de infidelidade do Otávio. Então, antes de pegar as pedras para me apedrejar, saiba que eu não planejei nada do que aconteceu — digo, chorando.
— É muita informação… me explica isso direito, como aconteceu?
Contei para Rebecca como descobri tudo e como cheguei ao hotel onde aconteceu aquela noite.
— Você precisava ver, Becca… como ele latia, imitando um cachorro, e os gemidos? Aquilo tudo me destruiu — minha voz falha ao lembrar. — Foi nesse momento que esse estranho me ajudou. Eu estava tão vulnerável, tão perdida…
Rebecca me olhou com um misto de dor e compaixão.
— Meu Deus, Raquel, imagino como deve ter sido difícil para você — ela disse, quase sussurrando. — E você guardou isso consigo todo esse tempo…
— Eu ia te contar, Becca, mas no dia seguinte o Otávio sofreu o acidente — digo, respirando fundo para tentar manter a calma. — E tem mais… a amante estava com ele quando o acidente aconteceu. Ela sofreu algumas escoriações, mas aquela covarde nem ficou aqui para saber como o Otávio estava.
Rebecca arregalou os olhos, chocada.
— Você está dizendo que ela simplesmente foi embora? E deixou ele assim?
— Sim. Ela fugiu, Becca. Nem sequer teve a decência de se preocupar com ele. Ela só pensou em salvar a própria pele — respondi, sentindo a raiva crescer dentro de mim ao lembrar de toda a situação.
Rebecca balançou a cabeça, incrédula.
— Isso é inacreditável, Raquel. Como você conseguiu lidar com tudo isso sozinha?
— Nem eu sei como consegui, mas só quero que tudo isso acabe — digo, enxugando as lágrimas. — Que o Otávio se recupere e que me dê o divórcio.
Rebecca me abraça e começa a chorar junto comigo.
— Minha querida irmã, fique tranquila, tudo vai se resolver. E eu vou estar aqui do seu lado, juntas como sempre fomos. Você não está sozinha, e o Otávio é um verdadeiro idiota — ela diz, tentando me confortar.
Sentir o apoio de Rebecca, como sempre, me dá um pouco de força para enfrentar o que vem pela frente.
— Obrigada, minha irmã, mas quanto a esse bebê... eu realmente não quero. Estou decidida de que um aborto é a melhor solução — digo, enquanto ela balança a cabeça em negação.
— Não pode fazer isso, Raquel. Sei que tudo aconteceu de maneira errada, mas esse bebê não tem culpa do que aconteceu. Não pode tomar essa decisão assim. Pensa com calma, espera um pouco antes de decidir. Você está de cabeça quente — ela diz, tentando me fazer refletir.
No fundo, sei que ela tem razão. Esse bebê não tem culpa dos meus erros. Mas o que eu vou fazer?
— Vamos para casa. A irmã de Otávio virá ficar com ele, e você aproveita para descansar. Depois, vamos juntas pensar em uma solução que não seja interromper essa gravidez — diz Rebecca, enxugando suas próprias lágrimas e me oferecendo um sorriso carinhoso.
— Você tem razão — respondo, sentindo-me um pouco mais calma.
Já em casa, Emma e Sofia vieram correndo ao meu encontro, abraçando-me com força.
— Como está o papai, mamãe? Ele acordou? — Emma pergunta ansiosa, seus olhos suplicando por uma boa notícia.
— Sim, meu amor, ele acordou. Amanhã você poderá visitá-lo — digo, tentando passar o máximo de tranquilidade que posso. Emma começa a chorar em meus braços, um choro de alívio, liberando toda a tensão que ela estava guardando dentro de si. Minha linda menina, tão forte, apesar de sua pouca idade.
Eu a abraço com força, sabendo que, por mais complicada que minha vida esteja, tenho que ser forte por ela.
Tomei um banho relaxante de banheira, coloquei meu pijama e preparei um chá para ajudar a relaxar. Já estava me preparando para deitar quando Emma apareceu na porta do meu quarto.
— Não quero ficar sozinha — ela disse, com um tom dengoso.
— Vem, deita aqui comigo. Vamos dormir agarradinhas — respondi, abrindo espaço na cama para ela. Emma sorriu com seu jeitinho meigo e subiu na cama.
— Mãe, o papai logo vai voltar, e seremos felizes como sempre fomos — ela disse, cheia de esperança. Tadinha... não tem ideia do caos que nossa família está vivendo e de que, em breve, seremos apenas nós duas. Pensar nisso faz as lágrimas se formarem, e ainda tem esse grãozinho de arroz crescendo dentro de mim... Meu Deus, como vou passar por tudo isso sem enlouquecer?
— Já dormiu? — Emma perguntou, percebendo o meu silêncio.
— Não, meu amor, só estava pensando no que você disse. É melhor irmos dormir. Amanhã será um novo dia — respondi, tentando soar calma. Ela sorriu gentilmente, fechou os olhos e se aninhou, me abraçando.
Fiquei ali, olhando para ela, admirando seus lindos traços, e pensando em como será difícil quando ela descobrir toda a verdade. Uma lágrima silenciosa escorreu pelo meu rosto, e minha garganta doeu com o choro que eu tentava segurar.
Duas semanas depois...
Hoje era o dia em que Otávio receberia alta. Estávamos a caminho do hospital, com Emma radiante e um largo sorriso no rosto, eufórica para ver o pai. Já eu, por outro lado, estava confusa, perdida em meus próprios pensamentos e nas ideias malucas de Rebecca. Minha gravidez ainda era um segredo que eu não sabia até quando conseguiria manter. A possibilidade de fazer um aborto ainda rondava minha mente, e eu me sentia horrível por pensar nisso.
O pânico de ser uma mulher divorciada, grávida de um homem cujo nome eu sequer sabia, me atormentava profundamente. A ideia de passar por isso sozinha, sem respostas, fazia o aborto parecer uma saída. Mesmo que algo dentro de mim gritasse o contrário, a dúvida me sufocava.
Olhei para Emma, tão feliz, tão inocente, e me perguntei como ela reagiria quando tudo viesse à tona.
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Atualizado até capítulo 45
Comments
elenice ferreira
o safado deve tá fingindo para se safar das merdas ,pra sair por cima , enquanto ela tá f..... com uma filha que vai se revoltar contra ela qdo descobrir a gravidez,! que rolem os 🎲 🎲!
2025-04-16
0
Onilda Furlan
Emma está feliz pelo pai mas não sabe de nada do que aconteceu
2025-03-08
1
Marly G Vieira
no final a própria filha irá contra ela do lado do pai.
2025-03-01
1