Cap 15 : Confusão

Chegamos ao hospital recém-inaugurado, ainda com o cheiro de novo no ar. Gavin correu para pedir ajuda, apavorado, o pobre estava claramente em pânico. Eu, por outro lado, mal sabia o que sentir. Minha vida parecia uma verdadeira loucura naquele momento. Olho para o pequeno em meus braços e sou tomada por um amor tão imenso que quase me sufoca. Tudo havia sido tão diferente do nascimento de Emma.

Uma médica veio até nós para prestar os primeiros atendimentos.

— Sou a Dra. Lianna, pediatra. Vou realizar os primeiros procedimentos aqui mesmo, ok? Houve um grave acidente, e o hospital está lotado, com muitas crianças e gestantes precisando de ajuda. Enquanto seu companheiro faz sua ficha, farei o que não pode esperar — explicou ela, enquanto avaliava meu pequeno ali mesmo. Rapidamente, pegou um clamp umbilical e uma tesoura esterilizada envolta em plástico e, com delicadeza, cortou o cordão umbilical.

— Prontinho! Um lindo menino e parece estar muito bem. Agora, só aguardamos a ficha e a preparação de um quarto para vocês — disse ela, me oferecendo um sorriso tranquilizador antes de sair para atender outros pacientes.

O hospital estava um caos: pessoas chorando, algumas feridas, aguardando atendimento. Sentada em uma cadeira de rodas, esperava Gavin terminar de preencher minha ficha, agora mais tranquila, sabendo que meu pequeno já havia recebido os primeiros cuidados.

— O destino... O universo realmente é generoso com seu pai, hein, bebê? — murmuro baixinho para o meu príncipe. — Ele permitiu que você chegasse ao mundo pelas mãos dele. E agora, o que a mamãe deve fazer? Acho que, depois de tudo o que aconteceu hoje, ele merece saber que é seu pai. Assim que a mamãe sair do hospital, vai procurá-lo. Você merece ter um pai. Eu te amo tanto, meu filho — sussurro, dando um beijo suave em sua pequena testa.

— Já fiz a sua ficha. Você está bem? E o bebê? — Gavin pergunta ao se aproximar. Ele é um bom homem, e sou grata por tudo que tem feito por mim e meu filho.

— Estamos bem, só estou cansada — respondo, sorrindo para tranquilizá-lo.

— Fiquei muito preocupado com vocês. Ele é um lindo menino. Por um momento, parecia que o médico te conhecia — ele comenta.

— Parece brincadeira, mas é ele... ele é o pai do meu bebê — digo quase em um sussurro. Gavin me olha surpreso.

— Que coincidência... Não dá para acreditar que justo ele ajudou você a ter o bebê. Parece destino — ele diz, mas agora seu semblante está um pouco preocupado.

— Sim, é bem surreal — comento.

— O que você pensa em fazer? Vai procurá-lo? — ele pergunta.

— Acho que o que aconteceu hoje foi um sinal, como se o universo me dissesse que ele precisa saber. Ele tem o direito de exercer seu papel. Apesar das circunstâncias, não posso tirar esse direito nem dele, nem do meu filho — respondo. Gavin dá um meio sorriso, mas parece triste, talvez pensando que eu possa me envolver com o pai do bebê.

— Você está certa, seu bebê precisa conhecer o pai. Já pensou em um nome? Acho que ele tem cara de Bernardo — ele brinca.

— Não acho — digo, sorrindo. — Mas penso que deixar o pai dele escolher o nome seja uma forma de compensá-lo por não ter participado da gestação.

— É justo — ele responde.

Uma enfermeira se aproxima.

— Vamos, seu quarto já está pronto. O médico irá até lá para vê-la — ela diz.

Gavin começa a empurrar minha cadeira de rodas em direção ao elevador, mas, como um fantasma, Otávio aparece. Sinto meu sangue ferver de raiva ao ver seu olhar debochado sobre mim.

— Então foi por isso que não atendeu minhas ligações? Estava parindo o seu bastardo — ele diz, com tom sarcástico.

— Sinceramente, você podia me fazer um favor e ir para o inferno! — digo, fuzilando-o com os olhos.

— Ei, cara, tenha empatia. Ela acabou de dar à luz, tenha respeito — Gavin diz, defendendo-me.

— Não se intrometa, o assunto é entre mim e ela — Otávio responde a Gavin e, em seguida, se vira para mim. — Você é uma péssima mãe. Enquanto estava parindo o fruto da sua infidelidade, sua verdadeira filha sofreu um acidente. É por isso que estou aqui. Porque eu, sim, sou pai, e a Safira está com a nossa filha, fazendo o que você deveria estar fazendo — ele diz, com desprezo.

Sinto um desespero profundo. Minha menina está machucada. Começo a chorar, sem conseguir me controlar.

— Você é um idiota! Não vê que ela está sensível? Ela é uma excelente mãe! — Gavin grita, defendendo-me. De repente, Otávio parte para cima dele, desferindo socos.

A enfermeira rapidamente me puxa para longe, gritando por ajuda. Meu corpo inteiro treme de pavor e preocupação. Tento me levantar para procurar minha filha, mas a enfermeira me impede.

— Fique calma, os seguranças já estão vindo. Fique sentada — ela diz, tentando me acalmar, mas meu coração está em pedaços, e tudo o que consigo pensar é na minha filha.

Os seguranças chegam, separando os dois. E então, ele aparece. Meu coração, que já estava disparado, agora parece que vai parar. Me pergunto onde foi que errei para estar passando por tudo isso? Cristhian se coloca entre eles, como um diretor de escola colocando ordem. Ele repreende Otávio, que, sendo o perfeito idiota que é, pergunta com desdém:

— Qual é, doutorzinho? Está se achando o dono do hospital para falar assim?

— Boa pergunta. Sim, eu sou o dono deste hospital, e se você continuar atormentando meus pacientes, vou expulsá-lo. Então, baixa a bola e se comporte no meu hospital — Cristhian responde firme, sem gritar, sem perder o controle.

Otávio, sem mais argumentos para continuar sua infeliz guerra, abaixa a guarda. Gavin se aproxima de mim, visivelmente preocupado, com o canto da boca sangrando.

— Me perdoa, você não tem que passar por isso — digo assim que ele chega perto.

— Não se preocupe. Só fiz o que precisava ser feito, e você não tem culpa do seu ex-marido ser um babaca — ele responde, tentando estancar o sangue da boca.

— Com licença, você está bem? — Cristhian pergunta, se aproximando. Apenas aceno em resposta, e ele lança um olhar para o nosso bebê.

— Dianna, leve-o para fazer um curativo — ele ordena à enfermeira que cuide de Gavin.

— Não precisa, quero ficar com Raquel. Ela precisa de mim — Gavin diz.

— Ela precisa de um médico. Você vai se cuidar e depois pode vê-la — Cristhian responde, firme, olhando diretamente para Gavin.

— Então vamos, Raquel — Cristhian diz, pronunciando meu nome lentamente, como se quisesse me lembrar que menti sobre isso para ele.

Entramos no elevador, e o silêncio dele é quase palpável. Dentro de mim, um turbilhão de emoções se desenrola — preocupação com Emma, culpa, confusão. Respiro fundo antes de reunir coragem para falar:

— Precisamos conversar... mas antes queria ver minha filha — digo, quase em um sussurro.

— Sim, precisamos conversar, mas agora você precisa de cuidados. E esse rapazinho também — ele responde, olhando com ternura para nosso filho.

— Quero ver minha filha. Ela está internada aqui. O nome dela é Emma — insisto.

— Aquela linda mocinha é sua filha? Ela está bem. Já a examinei, está medicada e repousando. Mais tarde, eu a levo até o seu quarto para vê-la — ele diz, em um tom carinhoso.

Ouvir Cristhian dizer que Emma estava bem trouxe uma sensação de alívio. Já no quarto, uma médica me veio examinar. Precisei de alguns pontos devido à laceração causada durante o parto. Enquanto isso, Cristhian levou nosso filho para a pediátrica, onde seria pesado, passaria por exames e receber as primeiras vacinas. Sozinha, eu esperava ansiosamente pelo retorno deles. Esse momento ali sozinha me deu a oportunidade de pensar em como eu contaria a Cristhian que aquele bebê era seu filho — fruto de uma única noite.

— Até que enfim te achei. Como você está se sentindo? — A voz de Gavin me tira dos meus pensamentos.

— Nem sei dizer, mas estou melhor do que há alguns minutos — digo, soltando um longo suspiro.

— Fico feliz que você esteja bem — ele responde, sentando-se na poltrona ao lado da minha cama e segurando minha mão com delicadeza. — Deixa eu cuidar de vocês? — ele pede, me olhando com ternura.

— Ah, Gavin... me sinto envergonhada por te envolver nos meus problemas, e não posso aceitar mais a sua ajuda. Você não merece viver nesse furacão que é a minha vida — digo, e, antes que ele possa responder, percebo Cristhian parado na porta do quarto, nos observando.

Mais populares

Comments

Solange Maria Martins

Solange Maria Martins

madrasta nao que Emana na casa

2025-03-10

1

Onilda Furlan

Onilda Furlan

fala logo mulher

2025-03-08

1

Yamagutte Maria

Yamagutte Maria

Também acho que foi a madrasta que empurrou ela

2025-02-27

2

Ver todos
Capítulos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!