Começamos a beber. Entre um copo e outro, eu desabafo sobre o desastre que estava o meu casamento, e pensamentos de vingança começam a tomar conta de mim. Eu me pego imaginando maneiras de me vingar de Otávio e daquela mulher.
— Você me ajudaria a matar o Otávio ? — pergunto, meio séria, meio brincando, e ele ri.
— Acho que estou ficando bêbado, ou você está realmente me propondo que eu te ajude a matar o seu marido? — ele pergunta, confuso.
— Ex-marido! Eu não quero mais ser a esposa daquele traidor! — digo, sentindo uma leve tontura.
— Há várias maneiras de se vingar — ele sugere.
— Como? — pergunto, curiosa.
— Você pode revidar de diversas formas. Trair, sabotar o trabalho dele, arruinar o carro que ele tanto ama... — ele começa a listar.
— Traição está fora de questão, mas dar uma lição e acabar com o carro dele parece uma ótima ideia — digo, já me imaginando executando minha vingança.
— Acho que bebi demais. Não costumo beber tanto — ele diz, tentando se levantar, mas acaba cambaleando.
Vou ajudá-lo, mas acabo caindo sobre ele. Acho que também bebi mais do que devia. Rimos da situação. Ele me olha de um jeito intenso, algo que eu não sentia há muito tempo. Sinto uma vontade súbita de me aproximar ainda mais.
— Está pensando em me beijar? — ele pergunta, como se lesse meus pensamentos.
Fico em silêncio, sem saber como reagir, mas ele desliza a mão para a minha nuca, puxando meus cabelos suavemente. Meu corpo reage, e sinto uma conexão forte entre nós.
— Gosta disso? — ele pergunta, e eu aceno, confirmando.
— Posso te beijar? — ele pergunta, respeitoso, e mais uma vez, eu confirmo.
Quando ele me beija, sinto uma mistura de emoções, e meu corpo responde de forma intensa. No entanto, ele interrompe o beijo e me deixa um pouco frustrada.
— Acho que é melhor pararmos por aqui. Estamos bêbados, e eu quero que isso aconteça de uma maneira que possamos lembrar depois — ele diz, com um tom gentil.
— Tem razão. Vamos beber mais um pouco? — sugiro, embora no fundo eu sinta uma vontade crescente de deixar que as coisas sigam seu curso natural.
Pela manhã...
Ouço ao longe o som do toque do meu celular. Com dificuldade, abro os olhos; há uma perna pesada sobre as minhas. Onde estou? O que aconteceu? Viro para o lado.
Puta merda! Eu não posso ter feito isso! Eu não transei com um cara de quem nem lembro o nome. Eu preciso sair daqui; ele parece estar tão bêbado quanto eu. Minha cabeça dói, e tudo parece girar ao meu redor. O som do celular continua tocando, insistente, me puxando de volta à realidade. Com um esforço tremendo, me levanto da cama, meu coração batendo forte. Não consigo acreditar no que fiz.
Olho ao redor, procurando minhas roupas, que estão espalhadas. Encontro o sobretudo e uma parte de cima da fantasia; a calcinha, não. Visto rapidamente o sutiã e o sobretudo por cima. Meu celular volta a tocar, e eu corro para desligá-lo, tentando não fazer barulho para que o homem deitado na cama não desperte. Com passos leves, caminho até a porta. Minha mão treme ao girar a maçaneta e, ao sair, sinto um alívio momentâneo, como se o ar lá fora pudesse me devolver o que perdi naquela noite.
Saio às pressas pelos corredores do hotel. Quando chego ao estacionamento, ligo meu celular e vejo centenas de mensagens de Otávio. Desgraçado! Quero que morra! Dou partida no carro e vou direto para casa. Durante o caminho, lembranças da noite anterior vêm como um borrão.
Quando finalmente abro a porta da minha casa, esperando encontrar paz, o causador de toda minha tormenta está lá, sentado no sofá da sala. Como o amor que eu sentia por esse homem se transformou em ódio em questão de horas? Como ele teve coragem de me machucar dessa maneira? Não sou hipócrita e reconheço que errei na noite passada também quando transei com aquele homem, mas não se compara há um ano de traição, pior que eu nem lembro como foi, estava tão bêbada. Eu nunca olhei ou desejei outro homem, sempre foi ele o dono do meu amor e desejo.
Otávio
Ele me encara; seus olhos, pela primeira vez em meses, parecem finalmente me enxergar novamente. Ele se levanta e vem na minha direção.
— Nem pense em se aproximar de mim! — esbravejo com raiva.
— Por favor, vamos conversar, amor — ele implora.
— Conversar? Depois de quase um ano sem nem se quer olhar na minha cara, agora que descobri a porra da sua traição, você quer conversar? Estou com tanto ódio de você! Quero que queime no inferno com a maldita da sua amante! — digo passando por ele. Mas ele agarra meu braço.
— Me perdoa. Eu juro que eu ia terminar tudo, mas a Safira vinha e insistia, e eu, fraco, acabava cedendo — ele diz, chorando suas lágrimas de crocodilo.
— Acabou Otávio. Nós dois acabamos aqui!
— Não posso viver sem você. Você e a nossa princesa são tudo para mim. A safira não foi nada, era só um escape — ele diz.
— Um escape? Um escape, seu desgraçado. Um ano trepando com aquela mulher e você vem me dizer que foi um escape? Vai à merda! E não adianta insistir, eu já decidi que não te quero mais, e você tem sorte, porque se não fosse pela nossa princesa, suas roupas estariam todas jogadas na rua. Você vai ficar aqui apenas pelo tempo necessário para prepararmos nossa filha para a notícia da nossa separação — digo e saio para o quarto
Quando entrei no meu quarto, uma tristeza profunda me invadiu. Olhei para a nossa cama, para as fantasias e para tudo o que comprei na tentativa de recuperar algo que já estava perdido. Peguei tudo aquilo e arremessei contra a parede.
Era difícil e confuso entender o que estava acontecendo. As lembranças dos bons momentos do meu casamento vinham como uma enxurrada, apenas para serem destruídas pela dor e raiva que agora tomavam conta de mim. Algo que antes era bonito se transformou em ruínas, destruído pela infidelidade de Otávio. Eu acreditava que íamos envelhecer juntos, receber nossos netos em casa e contar a eles nossa história de amor.
Tudo estava acabado; era o fim de tudo que um dia foi construído com amor e muito esforço. Começamos a nossa vida a dois tínhamos poucas móveis : uma cama de solteiro, um fogão de duas bocas, um sofá que havíamos encontrado no lixo da nossa antiga vizinhança. Nós dois, trabalhando juntos, construímos pouco a pouco a nossa vida. Desisti da minha faculdade para que ele pudesse concluir a dele e, ainda, trabalhei como faxineira e garçonete para manter nossas despesas, permitindo que ele se dedicasse mais aos estudos e se tornasse o grande empresário que é hoje. Todo o meu esforço se resumiu a isso: eu, chorando, com o coração despedaçado, me sentindo a pessoa mais horrível do mundo por tirar da minha filha a chance de crescer com os pais juntos.
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Atualizado até capítulo 45
Comments
Regina Lucia Freitas Silva
quase sempre é assim, mulher que trabalha pra ajudar o desgraçado a crescer, quando ele consegue a primeira coisa que faz é trair a esposa, eles preferem as vagabundas
2025-02-20
11
Onilda Furlan
sempre assim ajudou ele a se fazer na vida e o desgraçado a trai
2025-03-08
1
Solange Maria Martins
mulher sempre humilhada safado cutindo
2025-03-09
1