A cada minuto eu tinha mais certeza de que aquele bebê era meu filho. Agora, ele estava aqui, manhoso depois de receber as primeiras vacinas. Enquanto caminhava com ele para levá-lo a Raquel para mamar, eu o admirava. Seus finos cabelos ruivos, recém-limpos pelas enfermeiras, brilhavam à luz, e ele era tão lindo que olhar para ele fazia meu coração derreter de amor. Desde a primeira vez que o segurei no colo, senti algo poderoso dentro de mim, algo que me dizia que ele era meu. Antes mesmo de fazer o teste de DNA, eu queria dar uma chance a Raquel... ainda me acostumando a chamá-la por esse nome. Talvez fosse exatamente isso que ela quisesse conversar.
Quando cheguei à porta do quarto, vi aquele tal de Gavin segurando a mão dela, olhando-a com tanta paixão que dava para perceber o quanto ele era apaixonado por ela. Será que eles eram namorados? Enquanto eu ficava parado ali, observando os dois, uma onda de insegurança me invadiu. Eu me perguntei o que Raquel sentia por ele. Gavin parecia totalmente envolvido, e a forma como ele a olhava não deixava dúvidas sobre seus sentimentos. Era óbvio que ele a amava, mas e ela? Será que eu tinha chegado tarde demais na vida dela?
Raquel, ao perceber minha presença, olha para a porta e sorri. Gavin solta sua mão discretamente. Me aproximo, mantendo o tom profissional, e cumprimento Gavin antes de entregar o bebê a ela.
— Que bom que voltou, já estava com saudades do meu pequeno — ela diz com um sorriso enquanto cheira os cabelinhos dele. — E como ele está? — pergunta, olhando para mim com expectativa.
— Está ótimo. Pesa 3.550 kg e mede 50 centímetros. Um garotão saudável. Já foi vacinado e fez alguns exames, cujos resultados devem sair em até 24 horas — explico, e ela sorri orgulhosa.
— Você é um menino lindo e forte, meu filho — ela sussurra carinhosamente para o bebê, o olhar cheio de amor e ternura.
— Raquel, vou precisar ir em casa agora, mas volto mais tarde. Liguei para sua irmã, e ela já deve estar a caminho — diz Gavin, começando a se despedir.
— Não precisa se preocupar em voltar. Você já fez muito por mim hoje. De coração, muito obrigada, Gavin. Não sei o que seria de mim sem você — ela responde carinhosamente. Sinto um desconforto ao vê-la tão afetuosa com ele, mas, pelo jeito que falam, parecem ser apenas amigos, o que me conforta.
— Não precisa agradecer, você merece muito mais — ele diz, dando um beijo suave na testa dela.
Após toda a tensão da despedida, ele finalmente vai embora. O bebê chora, esfregando o rostinho na direção dos seios dela, tão bonitinho, procurando sua fonte de leite.
— Ele está com fome. Vou sair para que você possa amamentá-lo — digo.
— Não precisa sair. Se você sair, vou perder a coragem que estou sentindo agora. Precisamos conversar, mas antes, pode pegar uma fralda de pano naquela bolsa pequena para mim? — ela pede, e eu rapidamente faço o que ela pediu. Ela pega o pano e, quando percebo, está abrindo os botões da camisola. Viro-me para dar privacidade enquanto ela coloca o bebê para mamar.
— Pronto, pode se virar — ela diz, com a voz tensa, demonstrando a dor que sente. A expressão fechada do seu rosto deixa claro que está realmente incomodada.
— Cólicas uterinas, né? São desconfortáveis, né? — comento, tentando aliviar a situação.
— Sim, havia esquecido desse detalhe, que quando o bebê mama essas cólicas vêm junto — ela responde, forçando um sorriso enquanto tenta se acomodar.
Logo as cólicas passam, e seu rosto suaviza. O barulhinho que o bebê faz ao mamar é lindo; ele solta o peito às vezes, chora e volta a mamar. Não demora muito e ele dorme. Ela o coloca para arrotar, dando leves tapinhas nas suas costas.
Assim que o bebê arrota, ela o coloca no bercinho ao lado da sua cama. Então, olha para mim, parecendo preocupada. Percebendo que ela tem dificuldade de começar a falar, eu começo:
— É... queria conversar, mas antes quero lhe fazer uma pergunta, e quero que seja sincera comigo: o seu bebê é meu filho? — pergunto. Ela fecha os olhos brevemente, abaixa a cabeça e começa a chorar. Eu sabia, quando vi o bebê já limpo, com aqueles cabelinhos dourados, não tive dúvida.
— Seu silêncio é um sim? — pergunto, encarando-a. Ela começa a chorar sem parar.
— Sim, é seu filho — ela diz entre lágrimas.
Começo a chorar também. Olho para ela e para nosso filho. Eu sou pai. Sou pai desse menino lindo. Meu sonho estava ali realizado, com cabelos ruivinhos e bochechas rosadas. Eu tenho um filho.
— Pare de chorar, não faz bem para você ficar assim — digo, pensando em me aproximar, mas não sei se é uma boa ideia.
O nosso filho acorda chorando. Ela faz menção de pegá-lo, mas a impeço.
— Deixe que eu pego ele. Você precisa descansar — digo. Ela se acomoda na cama, e eu pego o meu pequeno no colo.
Sinto uma emoção muito grande agora que ele está em meus braços, com a certeza de que sou o pai dele.
— Eu sou o seu papai, campeão, e sou muito feliz e grato por receber essa notícia. Eu te amo, te amo, meu menino — murmuro enquanto balanço ele delicadamente. Ele parece gostar da conversa e se acalma.
— Me perdoa, mas muitas coisas aconteceram na minha vida, e eu não lembrava de nada e não tinha cabeça para procurar você — ela diz, com a voz trêmula.
Me aproximo dela, tão linda e vulnerável. Não pude participar da gestação, da primeira consulta, mas tenho sabedoria para entendê-la, para entender que não deve ter sido fácil para ela. Um casamento em crise e descobrir uma gravidez de um homem que ela viu apenas uma única vez, enfrentar o divórcio... deve ter sido uma situação horrível.
— Não precisa pedir perdão. As circunstâncias não ajudaram para que pudéssemos nos encontrar — digo, tentando acalmá-la.
— Fico feliz que me entenda, mas quero que saiba que não quero estragar o seu relacionamento. Sei que tem uma noiva; eu a conheci no restaurante naquele dia. Então, não se preocupe se quiser esconder dela que você tem um filho. Não vou cobrar isso de você — ela diz, baixando o olhar.
Ela conheceu a Natasha? Que ironia.
— Não, não tenho mais noiva. Nós terminamos naquele dia mesmo. E mesmo se tivesse, jamais esconderia meu filho. Eu quero é gritar para todo esse hospital ouvir que esse lindo menino é meu filho — digo, admirando meu pequeno.
Ela levanta o olhar, surpresa com a sinceridade nas minhas palavras. O peso da revelação e da nossa conversa ainda paira no ar, mas algo mudou. Há uma centelha de esperança em seus olhos.
— Sinto muito que seu relacionamento tenha acabado — ela diz.
— Era algo sem futuro, mas não quero falar disso. Quero que saiba que quero assumir o meu filho, dar meu sobrenome a ele e participar de tudo na vida dele — digo, e ela acena, concordando com um sorriso tímido.
— Fico feliz em ouvir isso — diz ela, com a voz embargada.
— Temos um filho, e não nos conhecemos. Cristhian Moretti, tenho quarenta anos, sou filho único, e, modéstia à parte, sou um excelente médico neurologista. Nasci no Canadá, mas, após meu pai falecer, minha mãe se mudou para Massachusetts — digo num tom divertido, tentando quebrar o clima de choro. Funciona; ela abre um lindo sorriso, se divertindo.
— Prazer em conhecê-lo, Cristhian. Meu nome é Raquel, tenho trinta e seis anos, mas daqui a uma semana faço trinta e sete. Tenho uma irmã, a Rebecca, meus pais são falecidos, tenho uma filha, a Emma, que acabou de fazer quatorze anos, e acabei de dar à luz esse lindo menino — ela diz, sorrindo enquanto olha para o bebê.
— Uau, Emma! Uma adolescente, hein? — brinco, piscando para ela. — Isso deve ser uma aventura.
— Ah, você nem imagina! — Ri, com um brilho nos olhos. — Mas, por outro lado, ela é uma boa garota, muito responsável. E você? Como é ser um médico tão respeitado?
— Bem, é gratificante, mas também desafiador. Cada paciente é um novo desafio. Às vezes, sinto que estou salvando vidas, mas, em outras, é como se eu estivesse lutando contra o tempo. E agora, ser pai é outra grande responsabilidade que eu estou muito animado para enfrentar — respondo, olhando para o bebê.
Ela me observa com um ar de admiração, e percebo que a conversa flui naturalmente entre nós.
— Você se sente pronto para ser pai de um recém-nascido? — pergunta Raquel, com um leve sorriso de provocação.
— Honestamente? Estou mais do que pronto. Mal posso esperar para ter esses momentos de fralda, mamadas e noites sem dormir — digo, dando uma risada. — E talvez, quando ele for mais velho, eu possa ensiná-lo a jogar futebol ou até mesmo tocar violão.
Raquel ri, e eu percebo que esse é o primeiro momento leve que temos juntos. É bom sentir a conexão se fortalecer.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 45
Comments
Eura Tavares Pessoa
EU QUERO SABER O NOME Do BEBÊ.Que ninguém falou nada ainda.
2025-03-07
3
Solange Maria Martins
criança sai com cara do pecado kkkk
2025-03-10
1
Eliene Lopes
essa história é da hora kkkk
2025-04-14
0