Talvez sejam os hormônios da gravidez, mas não consigo mais suportar olhar para Otávio. Achei que me livraria dele antes de completar três meses, mas o primeiro semestre da gestação passou, e aqui estou, ainda presa a ele e a esse casamento sufocante. Não sei por quanto tempo mais vou aguentar. Emma, por outro lado, está radiante desde que soube que terá um irmão. Otávio fez questão de espalhar a notícia pela vizinhança, torcendo para que seja um menino. O médico me alertou que, se eu tentar conversar com Otávio sobre o que aconteceu e mencionar que estávamos nos separando, ele pode ter um colapso. Por isso, preciso esperar pacientemente até que ele recupere a memória por completo. Ele diz que já começou a lembrar de algumas coisas, como o aniversário de sete anos da Emma, mas estou presa à sua boa vontade de se lembrar do restante.
Até agora, consegui evitar ficar com ele, usando a desculpa de que o médico recomendou abstinência sexual. Mas hoje ele parece mais insistente do que nunca. Estou aqui, trancada no banheiro, esperando que ele adormeça.
— Querida, não demora no banho — ele chama do outro lado da porta. Faço uma careta, encarando a madeira.
— Acho que comi algo que não me fez bem — digo, forçando uma falsa ânsia de vômito. — Ai, meu Deus, isso é horrível — acrescento com uma voz ofegante, dramática.
— Se precisar de ajuda, me avisa — ele responde, com uma pitada de preocupação na voz, antes de se afastar da porta.
Tomo o banho com toda a calma do mundo, rezando para que ele já esteja dormindo quando eu sair. Quando finalmente saio, agradeço mentalmente ao ver que ele já está roncando. Mas, nesse momento, o celular dele vibra. Curiosa, olho para a tela e vejo uma mensagem de um contato salvo apenas com iniciais. O estômago revira, mas a curiosidade é maior. Com cuidado, pego o celular e volto para o banheiro. Ao abrir a mensagem, o choque me acerta em cheio: é da amante dele.
"Estou com saudades. Faz uma semana que não nos vemos. Mal posso esperar para amanhã."
Safado! Ele está fingindo o tempo todo. Enquanto finge preocupação e amnésia, lembra-se muito bem da amante e continua se encontrando com ela. O ódio começa a borbulhar dentro de mim, subindo rápido, me consumindo. Não consigo me segurar. Saio do banheiro com fúria.
— Otávio! — chamo, empurrando-o para acordá-lo.
Ele desperta, confuso, franzindo a testa.
— O que foi? Você está passando mal? — ele pergunta, com a mesma falsa preocupação de antes.
— Você está fingindo que perdeu a memória, não é? — cuspo as palavras, sentindo o sangue ferver. — Porque da sua amante você lembra muito bem, seu desgraçado!
Aqui está uma versão revisada e aprimorada da sua cena, mantendo o impacto emocional e fortalecendo o diálogo para trazer mais intensidade ao confronto:
Ele me olha com aquela expressão de quem foi pego em flagrante, sem ter para onde fugir.
— Eu não acredito que você fingiu esse tempo todo! — grito, segurando o celular na mão, apontando para a tela. — Olha isso aqui! Ela reclamando porque vocês se viram rápido demais. Então é por isso que você prefere ir sozinho ao seu médico, né? Eu te odeio, Otávio! Quero o divórcio! — Esbravejo, sentindo o ódio borbulhar.
— Você não me deu escolha! — ele rebate, tentando parecer calmo. — Eu juro que ia te contar que me lembrei, mas você estava decidida a pedir o divórcio. Eu só queria tentar reconquistar você, te fazer mudar de ideia antes de revelar tudo.
— Reconquistar? — digo com desprezo. — Você me deixou aqui, fingindo felicidade enquanto eu só queria chorar. Você é egoísta, Otávio! Como pode querer me manter presa a você enquanto continua sua vida de traições? — As palavras saem carregadas de indignação, quase engasgadas pela dor.
Ele hesita por um momento antes de jogar sua última carta.
— Mas nós não podemos nos separar agora... vamos ter outro bebê. — Sua voz é baixa, como se ele acreditasse que isso pudesse resolver tudo.
Eu rio, mas não de alegria. É uma risada amarga, repleta de desprezo.
— Esse bebê não é seu — disparo, sem hesitar. — Lembra daquele dia no hotel, enquanto você estava com aquela vagabunda? Pois bem, eu estava sendo amada por outro homem. Um completo estranho que fez comigo coisas que você não faz há tempos. Esse filho é dele, não seu! — Cuspo as palavras na cara dele, vendo o choque em seus olhos.
— Você está mentindo — ele diz, balançando a cabeça, negando a realidade que agora o sufoca. — Isso não pode ser verdade!
— Ah, mas é. E se você duvida, podemos fazer o teste de DNA. Vai ser fácil de provar, já que, quando eu fiquei com aquele homem, fazia mais de um mês que nós não tínhamos nada. — A frieza em minha voz é quase cortante, e pela
— Toda a vizinhança pensa que esse bebê é meu! — ele grita, a voz cheia de indignação falsa. — Você é uma safada! Como pode ficar com outro homem?
A hipocrisia em suas palavras me dá náuseas. Como ele pode se colocar como vítima? Ele, que mentiu, traiu, me manipulou... Agora quer cobrar algo de mim?
— Você é patético, Otávio — digo, a raiva fervendo dentro de mim. — Como ousa me acusar quando foi você quem começou tudo isso? Fingindo, traindo... E ainda tem coragem de me chamar de safada?
Ele me encara, mas não responde. Está sem palavras, e isso só aumenta o meu desprezo por ele.
— Ainda essa semana daremos entrada no divórcio — afirmo com firmeza, sem deixar espaço para discussão. Em seguida, saio do quarto, sem olhar para trás, e vou direto para o quarto de hóspedes.
Fecho a porta e respiro fundo, tentando conter as lágrimas. Mas, no fundo, uma sensação de liberdade começa a tomar conta de mim. Talvez, pela primeira vez em muito tempo, eu esteja começando a me libertar de verdade.
Não consigo dormir, a adrenalina do momento ainda corre pelo meu corpo, e só por volta das quatro da manhã sinto o sono finalmente chegar. Quando acordo, já passam das dez. Após fazer minha higiene matinal, vou até o quarto de Emma, mas ela não está lá. Desço até a cozinha e não há ninguém em casa. Será que Otávio saiu com ela?
Tomo meu café da manhã e aproveito o silêncio para começar a planejar o que fazer daqui para frente, agora que serei mãe solo. Já é uma da tarde e nada de Emma ou Otávio. Ligo para o celular de Emma, e após o terceiro toque, ela atende.
— Emma, meu amor, onde você está? — pergunto, mas só ouço fungadas. — Emma, você está chorando? Está tudo bem, querida? — insisto, preocupada.
— Eu te odeio, mamãe! Já sei de tudo! Sei que traiu o papai, e que um dia antes do acidente ele te pegou em flagrante com outro homem! — as palavras dela são como facas, cortando minha alma. O desgraçado do Otávio havia envenenado minha filha contra mim. Maldito!
— Isso não é verdade, meu amor! O que seu pai te contou é uma mentira. Onde você está? Vou te buscar para conversarmos — digo, lutando para segurar as lágrimas.
— Eu não quero te ver! — ela grita e desliga o telefone.
Sento-me na cadeira, sentindo como se uma montanha tivesse desabado sobre mim, me esmagando até que eu não consiga mais respirar.
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Atualizado até capítulo 45
Comments
Giorgia
Quem esconde a verdade, sempre paga o preço, eu vivi e vivo uma vida cheia de consequências, mas depois de muito tempo calada, todos sabem pq escolhi o caminho que vivo hoje, as verdades doem, mas nos asseguram das mentiras alheias!!!!
2025-02-26
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Vanessa Costa
Alienação Parental, infelizmente acontece muito. Vc não teve coragem de falar a verdade e agora será culpada de algo que não fez
2025-04-13
0
Silvia Moraes
Demorou a contar ele foi e fez a cabeça da filha contra ela
2025-01-16
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