O Chamado do Vazio

Após a queda de Loki, uma estranha calma se estabeleceu sobre os reinos. O ciclo estava mais estável do que nunca, equilibrado entre o caos e a ordem. Alrek sentia a harmonia fluir como nunca antes, suas responsabilidades como guardião se tornando parte de sua nova natureza. Ele observava os destinos dos mortais, os deuses e as criaturas que habitavam os mundos, mantendo o equilíbrio que ele havia lutado tanto para conquistar.

Mas, mesmo em meio a essa paz, havia algo perturbador. Um sentimento profundo e inquietante que Alrek não conseguia ignorar.

Sentado no alto da montanha de onde ele costumava vigiar o ciclo, Alrek olhava para o horizonte distante. O céu estava claro, mas ele sentia uma leve distorção nas linhas do destino, algo sutil, quase imperceptível. Era como um eco distante, algo que não pertencia ao ciclo — um vazio que sussurrava nas margens da existência.

A mulher, sempre presente ao seu lado, parecia sentir a mesma inquietação.

— Você também percebe? — ela perguntou suavemente, seu olhar fixo no horizonte. — Algo mudou.

Alrek assentiu lentamente.

— Sim, — ele murmurou. — Há uma nova força. Algo... além do ciclo. Não é como Loki ou Fenrir. Isso é... mais antigo. Algo que esteve aqui antes mesmo do ciclo ser criado.

A mulher franziu a testa, confusa.

— Mais antigo? — ela repetiu. — Mas o ciclo é a base de tudo, não é? O que poderia ser mais antigo do que o ciclo?

Alrek não tinha todas as respostas, mas o que ele estava sentindo ia além do caos e da ordem, além do que o próprio ciclo representava. Era uma presença que parecia existir à margem da realidade, um vazio que sempre estivera lá, mas que agora estava se aproximando lentamente.

— O ciclo é a ordem dos reinos, — Alrek disse, pensativo. — Mas talvez ele não seja o único sistema de poder que existe. Talvez haja algo além dele, algo que não está ligado ao equilíbrio que conhecemos.

A mulher permaneceu em silêncio, tentando processar o que ele estava dizendo. Se havia algo mais antigo que o próprio ciclo, isso significava que eles estavam lidando com uma força completamente desconhecida. Algo que não seguia as regras da realidade como eles entendiam.

Alrek, entretanto, estava focado no vazio que ele sentia se aproximando. Era como se essa força estivesse esperando, observando o ciclo de longe, mas agora, por alguma razão, ela começava a se mover em direção a ele.

— Eu preciso investigar isso, — Alrek disse finalmente, levantando-se. — Há algo lá fora, nas bordas do ciclo, que está despertando. E se eu não agir agora, isso pode se tornar uma ameaça maior do que qualquer coisa que já enfrentamos.

A mulher o olhou com preocupação.

— Você acha que está pronto para enfrentar algo assim? — ela perguntou. — Essa... força... não segue as regras que você conhece. Se você confrontá-la, talvez as runas ou o ciclo não possam ajudá-lo.

Alrek sabia que ela estava certa. Ele já havia enfrentado o caos e a destruição antes, mas isso era diferente. Essa nova força não pertencia ao ciclo; ela estava além de sua compreensão. No entanto, ele também sabia que, como guardião, era sua responsabilidade proteger o equilíbrio, mesmo que isso significasse enfrentar o desconhecido.

— Eu não posso ignorar isso, — ele disse, sua voz firme. — Se há algo ameaçando o ciclo, eu preciso entender o que é. Não posso esperar que se manifeste por completo. Preciso ir até a fonte desse vazio.

A mulher assentiu, embora a preocupação ainda estivesse em seu rosto.

— Eu confio em você, Alrek. Apenas... seja cauteloso. Não podemos arriscar perder o guardião do ciclo agora que você finalmente trouxe equilíbrio.

Alrek deu um leve sorriso em resposta.

— Eu sempre sou cauteloso, — ele disse, embora soubesse que o que estava por vir exigiria mais do que cautela.

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Alrek começou a seguir o fio tênue dessa nova presença, essa distorção que se movia lentamente pelas bordas do ciclo. Ele sentia que estava se aproximando de algo muito além do que já havia enfrentado, algo que pertencia a um tempo anterior à criação do próprio ciclo. À medida que avançava, o ambiente ao seu redor começou a mudar, como se ele estivesse entrando em uma realidade diferente.

O ar estava pesado, e a sensação de vazio se tornava mais intensa a cada passo. Não havia sons, não havia vida — apenas uma vastidão infinita que parecia se estender além do tempo e do espaço.

Finalmente, ele chegou a um ponto onde o ciclo não parecia mais existir. Ele olhou ao redor e viu apenas escuridão. Mas não era uma escuridão comum — era um vazio absoluto, onde as leis da existência não se aplicavam. Nesse vazio, ele sentia a presença antiga, esperando.

— Você finalmente chegou, — uma voz ecoou ao redor dele, profunda e carregada de poder.

Alrek olhou para a escuridão, tentando identificar a origem da voz. Era uma voz que não parecia pertencer a um ser vivo, mas a algo muito mais profundo, mais antigo do que ele jamais poderia ter imaginado.

— Quem é você? — Alrek perguntou, sua voz firme, mas cautelosa.

A escuridão parecia se mover em resposta, como se estivesse viva.

— Eu sou o que existia antes do ciclo, antes da ordem, antes do caos, — a voz respondeu. — Eu sou o vazio primordial. A força que antecede todas as outras. E agora, eu desperto, porque você perturbou o equilíbrio que eu observava por eras.

Alrek sentiu um frio profundo percorrer seu ser. O vazio primordial. Uma entidade que existia antes de qualquer coisa que ele conhecia, algo que não estava ligado às regras do ciclo, da ordem ou do caos.

— Você estava sempre aqui, nas bordas do ciclo? — Alrek perguntou, tentando entender a magnitude do que estava enfrentando.

— Sim, — a voz respondeu, sua entonação fria e sem emoção. — Eu observei enquanto o ciclo foi criado, observei enquanto a ordem e o caos lutavam por domínio. Mas eu nunca intervi. O ciclo é um eco pálido do que realmente existia antes. Agora, com suas mudanças, você atraiu minha atenção.

Alrek percebeu que ao transformar o ciclo, ele havia chamado a atenção de algo muito maior do que os deuses, muito maior do que o caos que Loki havia tentado manipular. Ele havia despertado uma entidade que existia além do tempo e da criação.

— E o que você quer? — Alrek perguntou, sua voz carregada de cautela. — Você quer destruir o ciclo?

A voz riu suavemente, mas o som não era reconfortante.

— Eu não preciso destruir o ciclo, — o vazio primordial disse. — Eu sou o que vem antes e depois de tudo. Mas eu posso reintegrar o que foi criado ao vazio. O ciclo é apenas uma pequena parte de algo maior, algo que você nunca poderá compreender.

Alrek soube então que estava lidando com algo que não poderia ser derrotado da mesma forma que Loki ou Fenrir. O vazio primordial não era uma força de destruição ou de trapaça, mas um conceito, uma presença que existia além da realidade. Para enfrentar essa força, ele precisaria de algo mais do que poder — ele precisaria de entendimento.

— Eu vou proteger o ciclo, — Alrek disse, sua voz firme, mas ele sabia que isso seria mais difícil do que qualquer desafio anterior. — Mas também vou entender o que você é. Não haverá destruição hoje.

A escuridão pareceu tremer por um momento, como se estivesse avaliando Alrek.

— Vamos ver, guardião, — a voz disse. — Vamos ver o quanto você pode proteger. O vazio sempre encontra uma maneira de prevalecer.

E com essas palavras, o vazio primordial recuou, mas não desapareceu. Ele continuaria à espreita, esperando o momento certo para intervir novamente.

Alrek ficou parado, sentindo a vastidão do vazio ao seu redor. A verdadeira batalha pelo ciclo estava apenas começando, e agora ele enfrentava um inimigo que transcendia o próprio conceito de existência.

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