“ A cada batida, um momento entrelaçado.”

...•••...

..."A verdade sobre o amor é que ele não tem pressa, mas também não espera. Ele se revela nos pequenos momentos, nos olhares e nos toques sutis, e quando percebemos, já tomou conta de tudo. Talvez seja isso que torna o medo de confessá-lo tão poderoso — a ideia de que, uma vez que o nomeamos, ele se torna real, e com ele, vêm todas as incertezas do que pode acontecer depois."...

...•••...

...• Narrando por Mia Corbell •...

A noite não podia ter sido melhor. Nós ficamos ali, só nós duas, sem pressa, trocando beijos e carinhos enquanto o tempo parecia parar. A sensação de estar nos braços dela, sentindo o calor de seu corpo e a suavidade dos seus lábios, me fazia esquecer de todo o resto. Não importava mais o que havia acontecido antes, ou o que o amanhã poderia trazer. Era como se, finalmente, estivéssemos onde sempre deveríamos ter estado: juntas.

Eu me aconcheguei mais perto, sentindo seus dedos deslizarem suavemente pelos meus cabelos, um toque que me trazia conforto e segurança. Liandra tinha essa capacidade de me acalmar, de me fazer sentir que tudo ficaria bem, mesmo quando eu não sabia se realmente ficaria. Cada olhar, cada sorriso que ela me dava, era uma promessa silenciosa de que, ali, eu estava segura. E foi nesse aconchego que nossas palavras se tornaram mais íntimas, como segredos sussurrados no escuro.

— Você é linda, Mia. — Ela sussurrou, o olhar dela carregado de uma sinceridade que me fez corar.

Senti meu coração bater mais rápido, não apenas pelas palavras, mas pelo jeito que ela me olhava, como se eu fosse algo raro e precioso. Eu tentei responder, mas as palavras se perderam em meio à emoção. Tudo o que consegui fazer foi sorrir de volta e me aproximar mais, deixando que nossos lábios se encontrassem mais uma vez.

Nós ficamos assim por horas, ou pelo menos parecia. A noite passou em um ritmo preguiçoso, e o sono começou a nos vencer, mas, antes que eu caísse no sono, eu percebi algo. Eu estava em paz. Pela primeira vez em muito tempo, eu me senti completamente em paz. Não havia mais a ansiedade constante, nem o medo do que viria a seguir. Apenas o presente, e a morena ao meu lado.

Quando o cansaço finalmente nos venceu, eu me aconcheguei ainda mais nela, sentindo o ritmo suave da sua respiração e o som do seu coração batendo calmamente sob meu ouvido. E, enquanto o sono chegava, não pude evitar o pensamento: será que ela sabe o quanto isso significa para mim? Será que ela sabe o quanto sou apaixonada por ela?

Mas essas perguntas ficariam para outro momento. Por agora, eu só queria me permitir viver aquele instante, com a sensação de pertencimento que ela me proporcionava. E assim, sem perceber, adormecemos, juntas, entrelaçadas.

Acordei algumas horas depois com o primeiro raio de sol filtrando pelas cortinas. O cômodo estava silencioso, exceto pelo som suave da respiração de Liandra ao meu lado. Me virei devagar, tentando não acordá-la, e fiquei observando seu rosto sereno. Ela parecia tão tranquila, tão bonita. Por um momento, quis tocá-la, correr meus dedos por seu rosto, mas não quis interromper seu sono.

Fiquei ali, apenas observando, refletindo sobre tudo o que havia acontecido nos últimos dias. A intensidade dos nossos sentimentos, a conexão que parecia crescer a cada segundo... E o medo que sempre voltava, sussurrando no fundo da minha mente. Será que aquilo era real? Será que poderia durar?

Suspirei baixinho, tentando afastar esses pensamentos. Eu queria acreditar que sim. Queria acreditar que, de alguma forma, o destino finalmente tinha sido generoso comigo, depois de tantas tentativas frustradas. E, enquanto eu olhava para Liandra, adormecida ao meu lado, uma nova onda de esperança tomou conta de mim.

Não sabia o que o futuro reservava, mas sabia que, naquele momento, eu estava exatamente onde queria estar.

Mas não demorou muito para o silêncio ser quebrado. Ouvi passos suaves ao longe e, antes que eu pudesse processar o som, a porta da sala foi aberta de leve. Bárbara, como de costume, foi a primeira a aparecer. Ela sempre acordava cedo, para preparar o café da manhã. Era algo que ela adorava fazer, e sabia que Liandra também adorava suas comidas.

Bárbara passou pela sala e, sem perceber que havíamos adormecido no sofá, foi direto para as cortinas. Com um gesto tranquilo, ela as abriu, deixando que a luz da manhã inundasse o espaço de uma só vez. Foi só quando o sol banhou nossos rostos que ela parou de repente, percebendo que tínhamos adormecido ali.

Mia Corbell — Bom dia, Bá. — Sussurrei baixinho tentando não despertar a morena.

Bárbara Bianchi — Oh, meu Deus, menina... — ela exclamou baixinho, levando uma das mãos à boca, visivelmente surpresa ao nos ver entrelaçadas ali.

A morena se mexeu ao meu lado, mas não despertou. Eu, por minha vez, não consegui segurar o sorriso tímido que surgiu no meu rosto. Estávamos ali, meio desajeitadas, mas tão confortáveis uma na outra. Bárbara, sempre tão atenciosa, pareceu sem jeito, mas também sorria de leve.

Bárbara Bianchi — Me desculpe, não queria interromper — ela disse, sua voz suave e gentil. — Eu só vim abrir as cortinas.

Mia Corbell — Não tem problema. Só vamos deixar a cinderela dormir um pouco mais. — ela assentiu.

Bárbara Bianchi — Vem vamos pra cozinha eu estou indo preparar o café. — Ela disse com um sorriso carinhoso, já saindo de mansinho.

Seguimos em direção a cozinha. Eu não está mais como da ultima vez em que conversamos, mas o sorriso no rosto de Bárbara parecia dizer que ela sabe que tudo correu bem entre nós.

Bárbara Bianchi — O que preparo para o café? — Perguntou enquanto mexia na geladeira.

Mia Corbell — Você sabe que amo tudo que você faz. — Falei simples, pois aquilo era verdade. Eu amava a comida dela.

Ela parou o que estava fazendo e se virou pra mim.

Bárbara Bianchi — Mais hoje não é um dia qualquer não é? — Questionou, com um sorriso cúmplice no rosto e naquele momento eu soube que ela ja sabia a resposta.

Mia Corbell — É verdade, mas tenho plena confiança em seu gosto. — Afirmei com um sorriso que tenho certeza que transpareceu pelos meus olhos.

Bárbara Bianchi — Então sendo assim vou caprichar.

Nós sorrimos e logo ouvimos a voz de Joe ecoar pela cozinha.

Joe Winter — Seja lá o que for, eu quero também. — Afirmou sorrindo, já se aproximando.

Mia Corbell — Oi Joe, bom dia.

Joe Winter — Bom dia senhoritas.

Bárbara Bianchi — Olá velho, bom dia. Eu estava pra ir lhe procurar.

Não conseguir evitar de sorrir com a interação dos dois. Era como se nada tivesse mudado, como se nove anos longe não significasse nada. Eles ainda implicavam um com o outro.

Joe Winter — Imaginei. Sendo assim em que posso ser útil? — Questionou simples. — E eu não sou velho.

Bárbara Bianchi — Claro, claro. Aqui está a lista de compras.

Combinamos de tomar café todos juntos e eu saí indo em direção a sala pois fiquei com a missão de acordar a morena.

Narrador em terceira pessoa:

Mia saiu em direção a sala onde liandra estava dormindo, deixando Bárbara e Joe sozinhos terminando de preparar o café.

Joe Winter — Eu perdi alguma coisa? — Questionou ainda olhando na direção da porta por onde Mia havia saído.

Eu não sei, mas tomara que sim velho.

Joe Winter — Será que? — Ele parecia ponderar sobre algo.

Bárbara Bianchi — Eu não vou mentir que estou torcendo muito pra que sim. — Afirmou sorrindo.

Joe Winter — Eu também, elas se gostam a tanto tempo não entendo porque nunca tentaram. — Disse esperanço. — E não me chame de velho.

Bárbara apenas sorriu enquanto ele revirava os olhos.

...• Narrando por Mia Corbell •...

Sentei ao lado da morena e comecei a fazer carinho no seu rosto tentando acorda-la. Logo ela se mexeu, piscando lentamente enquanto começava a despertar.

Mia Corbell — Hora de acordar, preguiçosa. — Falei enquanto ainda acariciava seu rosto.

A morena, ainda com os olhos meio fechados, se esticou preguiçosamente e soltou um leve riso.

Liandra — Não sou preguiçosa. — Resmungou divertida se aproximando ainda mais, me puxando para um abraço apertado. Senti seu corpo quente contra o meu e o familiar aroma de sua pele me envolveu de uma forma que me trouxe uma calma instantânea.

Mia Corbell — Bom dia, dorminhoca — sussurrei, com um sorriso brincando nos lábios.

Ela suspirou contra meu pescoço e murmurou com a voz ainda rouca de sono:

Liandra — Com você por perto, qualquer dia começa bem. — disse ela, com a voz rouca de sono.

Ela trocou um olhar cúmplice comigo, e eu senti minhas bochechas esquentarem. Mesmo depois de tudo o que compartilhamos na noite anterior, ainda havia algo de novo, de intenso, como se o simples fato de estarmos juntas fosse algo grandioso. E aquilo me desarmava.

A morena reclamou dengosa por eu querer fazê-la levantar tão cedo em pleno domingo e senti meu coração se aquecer com aquilo. Ela parecia tão vulneral naquele momento, sem armaduras.

Mia Corbell — Não faz assim vai. — Pedi. — Eu prometo que depois a gente fica juntinhas só que agora eu preciso muito de um banho.

Vi quando o bico foi substituído por um sorriso malicioso.

Liandra — Está me convidando pra tomar banho princesinha? — Perguntou com o sorriso de canto que tanto fazia meu coração esquecer de como funciona.

Mia Corbell — Talvez, se você fizer por merecer quem sabe eu deixe. — Provoquei.

E ela deu um pulo do sofá.

Liandra — Com você falando assim não da pra negar. — Afirmou já de pé, me puxando pela cintura.

Mia Corbell — Se tivesse colocado metade dessa disposição na construção daquele jardim eu não teria que fazê-lo novamente.

Debochei e ela revirou os olhos.

Liandra — tão engraçadinha. — Ironizou.— Dormiu com Bozo foi?

Mia Corbell — Na verdade com algo muito melhor.

Mordi meu lábio inferior e a ouvi suspirar quando deslizei os dedos pela sua boca descendo passando no meio dos seios por cima da blusa.

Liandra — Touché. Agora deixe de me provocar e vamos você pode tomar banho no meu quarto.

...• Narrando por Liandra Colucci •...

Enquanto ela deslizava os dedos pela minha pele, senti uma onda de calor percorrer meu corpo. A loira sabia exatamente o que estava fazendo, provocando de forma sutil, me desarmando com aquele sorriso irresistível. Mas, mesmo com o convite implícito, eu sabia que havia algo mais importante naquele momento — e não era o que meus instintos gritavam para eu fazer.

Mia se afastou de mim com aquele ar de quem sabia o efeito que causava. Sorrindo, a segui até meu quarto, onde ela entrou e seguiu alguns minutos depois diretamente para o banheiro.

Liandra — Acho que vou evitar a tentação... por enquanto — murmurei para mim mesma, e sorri ao imaginar o quão covarde eu estava sendo.

Deixei Mia no meu quarto e fui para um dos outros banheiros da casa. Mesmo com o convite dela, eu sabia que ceder ao que meu corpo queria seria o caminho mais fácil, mas não o mais sábio. A última coisa que eu queria era apressar qualquer coisa entre nós. Depois de tudo, era melhor manter a calma.

Enquanto a água quente deslizava pelo meu corpo, meus pensamentos vagavam de volta para a noite anterior. Havia algo mágico no jeito que ela sorria pra mim, no modo como o toque dela me fazia sentir. Algo que eu sempre desejei, mas nunca achei que seria capaz de alcançar. Agora que estava tão perto, meu coração vacilava entre o desejo de continuar e o medo de arriscar e perder tudo.

Quando terminei de me arrumar, voltei para o quarto e me sentei na cama, esperando Mia terminar o banho. O silêncio da casa só era quebrado pelo som suave da água correndo do outro lado da porta. Tudo estava calmo, até que ouvi a porta sendo aberta.

Caroline Forbes — Oi bela adormecida. — cumprimentou com um sorriso que eu não sabia dizer ser debochado ou malicioso.

Liandra — Carol… — respondi ainda estava processando o fato dela estar ali.

Caroline Forbes — Bom dia pra você também, estupidez. — Retrucou. — perdeu a educação foi?

Liandra — Desculpe, eu só não espera ver você aqui.

Ela franziu as sobrancelha claramente confusa.

Caroline Forbes — Você está bem? — Eu assenti e ela continuou. — Não parece. Hoje é domingo, e sempre tomamos café juntas.

Liandra — Eu sei, é que não sabia se viria hoje. Você só não disse nada. — Respondi meio incomodada.

Caroline Forbes — Você não vem? — Ela perguntou maliciosa e eu franzi as sobrancelhas em sua direção.

Veja bem não é que eu estava com vergonha da Mia, eu só não queria criar uma situação constrangedora. Porque Caroline podia saber de muitas coisas, mas nunca o significado da palavra limite quando se tratava de fazer piadas as custas da minha quase inexistente paciência.

Liandra — Vou sim. Só vou escovar meus dentes e ja desço. — Falei simples, tentando encerrar o assunto enquanto ela seguia em direção a porta por onde entrou minutos antes e a vi para antes de cruzar por ela e olhar em direção ao banheiro e depois pra mim.

Caroline Forbes — Ok. Diga a Mia que mandei um "Oi".

Não tive tempo nem de processar aquela informação pois Mia apareceu cumprimentando-a.

Mia Corbell — Oi Carol, bom dia.

Caroline Forbes — Oi Mia, bom dia. Como está?

Enquanto elas conversavam eu me mantive calada. Caroline alguns minutos depois saiu dizendo para que não demorássemos pois ela estava morrendo de fome e Bárbara parecia ter caprichado no café.

Mia Corbell — Está tudo bem? — perguntou cautelosa

Liandra — Comigo? — franzi as sobrancelhas confusa.

Mia Corbell — É, você ficou calada desde que sai do banho.

Liandra — Eu só não me lembrava que Caroline viria hoje.

Mia Corbell — É só isso mesmo ou é por minha causa? — Questionou parecendo desconfortável. — Eu ouvi a conversa de vocês, você parecia incomodada. — Suspirou abaixando a cabeça. — Se for basta me dizer.

Aquilo me pegou desprevenida. Como é que eu conseguia ser tão idiota.

Liandra — Ei não diz isso por favor. — Me aproximei dela a puxando pra mim. — Eu não estou incomodada, eu só não me lembrava e fiquei sem reação quando ela entrou. — Ela passou os braços ao redor do meu pescoço então finalize. — Me desculpa se foi isso que pareceu.

Mia Corbell — Tudo bem, vamos só deixar isso pra lá. — Ela tentou se afastar mais não deixei.

Liandra — Mia por favor. — Pedi. — Me diz o que posso fazer pra me redimir com você?

Mia Corbell — Eu vou ficar bem, só preciso de um minuto. — disse e sorriu, porém o sorriso não chegou aos olhos. Ela estava chateada.

Liandra — Por favor, faço qualquer coisa. Basta você me dizer.

Um alívio instantâneo me invadiu quando vi um sorriso brotar no canto dos seus lábio.

Mia Corbell — Cuidado com essas propostas viu. — Provocou e eu revirei os olhos. — Eu estou brincando, não precisa fazer nada. Mas eu adoraria ganhar um beijo.

Ela finalizou sorrindo e aquele sorriso sim chegou aos olhos.

Liandra — Só um? — perguntei maliciosa.

Mia Corbell — Na verdade por mim eu passaria o dia todo só com você, te enchendo de beijos, mas temos uma mesa maravilhosa de café lá em baixo nos esperando então vou me contentar com um só.

Quando ela terminou de falar, senti um impulso tomar conta de mim, como se não pudesse mais conter a vontade que estava dela. Sem pensar, simplesmente a beijei. É difícil controlar o que estou sentindo — o beijo era apaixonado, intenso, uma mistura perfeita de desejo e ternura. Sentia cada parte de mim respondendo ao toque dos lábios dela, como se todo o meu corpo estivesse tomado por uma corrente de emoções que há muito tempo aguardavam para se libertar.

Quando finalmente nos afastamos, mantive minha testa colada à dela, sentindo sua respiração se misturar à minha. Com a voz baixa e quase rouca, murmurei suavemente:

Liandra — Eu não quero descer, quero ficar aqui com você.

Ela sorriu.

Mia Corbell — Eu também queria mais temos que ir.

Até tentei argumentar os prós e os contras mas ela não me deu ouvidos então acabei cedendo. Quando chegamos ao terraço do jardim onde tomávamos café todos os domingos e todos ja estão a nossa espera.

...• Narrado por Mia Corbell •...

Enquanto caminhávamos em direção ao terraço, não pude deixar de observar que Caroline não foi a única que apareceu. Havia duas outras mulheres nos aguardando junto com ela. A mulher asiática tinha uma presença marcante, algo na postura e no sorriso a fazia parecer segura de si, como se sempre soubesse o que dizer e como reagir em qualquer situação. Seu olhar era perspicaz, como se ela conseguisse ler as pessoas ao seu redor com facilidade.

Já a mulher loira, por outro lado, tinha uma aura completamente diferente. Seu sorriso era bonito, mas carregava algo a mais, uma intenção. E seus olhos... seus olhos demonstravam algo mais enquanto ela observava Liandra, e aquilo era algo que eu conhecia bem. Talvez eu estivesse sendo paranoica, mas a forma como ela encarava a morena deixava óbvio que entre elas havia uma história, mas não consegui identificar se aquilo era algo do presente ou apenas uma sombra do passado.

Caroline foi a primeira a se pronunciar, impaciente como sempre:

Caroline Forbes — Eu já estava para ir buscar vocês, esse cheiro está nos torturando! — disse, arrancando risos de todos ao redor.

Liandra — Meninas que prazer em ver vocês. — falou, parecendo tentar disfarçar o pequeno atraso.

— Já que Maomé não vai à montanha, nós viemos até ela — provocou a mulher asiática, sorrindo de canto.

Antes que Liandra pudesse responder, a mulher loira se aproximou dela e a abraçou de uma forma que me pareceu próxima demais, possessiva, e algo dentro de mim se contraiu. Eu não era ciumenta, mas não podia negar que o toque dela me incomodava. Meu olhar instintivamente procurou os da morena, buscando algum sinal de que eu não estava sozinha naquela sensação.

— Sabe que não pode sumir assim, fico com saudades. — a loira murmurou, mas seu olhar não estava em Liandra. Ela me observava, como se quisesse que eu soubesse que estava ali antes de mim.

O meu desconforto aumentava a cada segundos que passava. Eu tentei não parecer nervosa, mas era difícil, especialmente com o olhar fixo daquela mulher sobre mim. Ela parecia medir cada movimento meu, como se estivesse decidindo se eu era ou não uma ameaça.

Liandra — Eu também senti falta de vocês, mas não exagerem, por favor. — Disse parecendo alheia ao que tava acontecendo.

A loira riu, claramente encantada, enquanto a mulher asiática, mantinha um olhar mais tranquilo, apenas observando com um sorriso sereno. De onde eu estava, parecia uma cena íntima, de pessoas que compartilham mais do que simples amizade.

Eu me forcei a dar um sorriso, tentando não parecer deslocada. Estávamos em um ambiente que era familiar para todos, menos para mim. Liandra, estava tão à vontade com elas, que pareceu esquecer que eu estava ali. Não que fosse de propósito, mas enquanto elas conversavam e brincavam, fiquei de lado, como uma peça fora de lugar.

Liandra — Ok, ok. Prometo tirar mais tempo pra fazermos algo. — brincou, rindo com todos. E eu me perguntei se ela sequer percebeu que ainda não havia me apresentado a aquelas pessoas.

Por um momento, pensei em como me encaixar na conversa, mas felizmente, Bárbara veio em meu socorro.

Bárbara Bianchi — Mia, meu bem, por que não se junta a nós? — ela disse com um sorriso acolhedor.

Eu me aproximei, tentando não parecer desconfortável, mas cada passo parecia mais pesado do que o anterior. Quando cheguei mais perto, a mulher asiática me encarou com um sorriso gentil, enquanto a loira, que ainda estava agarrada a Liandra, me lançou um olhar que beirava o desdém.

Liandra — Desculpa, meninas, essa é a Mia — disse, apontando para mim. — Mia, essa é a Aurora.

Então nesse nome eu soube que a mulher asiática se chamava Aurora. Ela me cumprimentou com um sorriso caloroso e estendeu a mão.

Aurora — Prazer em conhecê-la, Mia. Finalmente! — disse ela com entusiasmo. — Já ouvi falar muito de você.— Sua simpatia parecia sincera, o que trouxe um breve alívio.

Pelo menos uma delas não estava tentando me intimidar.

Mia Corbell — O prazer é meu — respondi, apertando sua mão. Havia algo genuíno no jeito dela, e por um breve momento, o desconforto pareceu diminuir.

Mas antes que eu pudesse relaxar completamente, a loira se afastou de Liandra apenas o suficiente para me olhar de cima a baixo com um sorriso calculado.

— Carla. — a loira disse, se apresentando com um tom de voz que deixava claro que ela não estava exatamente feliz em me conhecer.

A morena, por sua vez, parecia alheia à tensão crescente.

Liandra — Carla e eu nos conhecemos há uns dois anos, e Aurora foi minha colega de faculdade — explicou, sem perceber o olhar afiado que Carla me lançava.

Eu forcei outro sorriso, tentando ser simpática.

Mia Corbell — É um prazer conhecê-la também. — Cumprimentei, tentando soar casual, mas tinha algo nela que me deixava alerta.

Elas começaram a relembrar algumas histórias, e eu senti que, de alguma forma, eu estava sendo deixada de lado. Não era intencional, eu acho, mas era como se o laço entre elas fosse tão forte que eu mal conseguia me encaixar.

Liandra — Será que vocês podem me amar menos? — brincou, revirando os olhos, e todas riram.

Caroline Forbes — Nós só estamos expondo os fatos, estupidez. Mia pode não se lembrar, então é bom refrescar a memória dela.

Disse maliciosa e a morena a encarrou incrédula.

Liandra — Sério?

Mia Corbell — Obrigada Carol, mas acredite me lembro bem como ela é. — Disse divertida, tentando expulsar aquela sensação de incômodo do meu peito.

Carla — Deixem ela. Eu particularmente acho isso um charme. — Disse e eu senti meu estômago revirar quando mais uma vez ela tocou o corpo da morena.

Pela primeira vez notei Liandra forçar um sorriso e buscar sutilmente a mão da loira, afastando-a de seu corpo. O que estava acontecendo?

Aurora — Você não conta, faz de tudo pra agradar a Li. — comentou debochada.

Eu não sabia como reagir aquilo. O que essa Carla tem haver com a morena? Eu me sentia deslocada, e Bárbara pareceu perceber e, mais uma vez, interveio.

Bárbara Bianchi — Vamos tomar café ou não?

Todos concordaram, e me sentei ao lado de Liandra, tentando manter uma postura neutra. Para minha surpresa, senti o toque suave dela no meu joelho em baixo da mesa, um gesto simples, mas que imediatamente me trouxe uma onda de conforto.

Liandra — Tudo bem? — sussurrou, em um tom preocupado.

Olhei para ela, e meu coração deu uma pequena cambalhota. Eu sorri, toquei sua mão e balancei a cabeça em confirmação.

Enquanto o café seguia, tentei afastar os pensamentos desconfortáveis e me concentrar no momento. Mas a sensação de que eu estava sendo observada, não desaparecia. Carla não precisava dizer nada, seus olhares eram suficientes para deixar claro que ela não estava gostando da minha presença.

Depois que acabamos, ajudei Bárbara e Caroline a tirar a mesa, mas mesmo longe, eu podia ouvir as conversas entre a morena e as amigas.

Quando voltei pra dar um recado, peguei uma última parte da conversa. Aurora, tinha um com um olhar curioso, quando comentou:

Aurora — Então essa é a famosa Mia Corbell! Ela é linda.

Liandra — Ela mesma — respondeu sorrindo, e eu senti um calor subir pelas minhas bochechas.

Carla — Ela é bonita. — disse, e a desdenhosa entonação dela me atingiu como um soco no estômago.

Eu me perguntei se Liandra notava, mas ela parecia alheia àquilo.

Aurora — Não só bonita — acrescentou —, ela é linda e muito simpática.

Sorri, tentando parecer indiferente e me forcei a me aproximar delas.

Carla — Será que podemos falar de outra coisa? — disse, claramente incomodada.

Aurora — Ciúmes, Carlinha? — provocou, com um sorriso malicioso.

Naquele momento, tudo ficou claro. Todos pareciam saber do interesse de Carla por Liandra, e eu estava no meio de um jogo que não conhecia as regras.

Carla — Claro que não, não viaja. O que eu e Li temos vai além disso...

Eu senti meu coração apertar. Aquela frase ecoou dentro de mim. "O que eu e Li temos..." Como assim?

Aurora — Se você diz... — debochou, encerrando o assunto e eu finalmente terminei de me aproximar.

Mia Corbell — Oi... a Bárbara e a Caroline pediram para avisar que tem algumas garrafas de vinho esperando por vocês lá dentro, se quiserem — anunciei, tentando soar natural.

Aurora — Opa você disse vinho? tô dentro! — disse já ficando de pé.

Carla — Eu também adorei a ideia. Vamos, Li? — insistiu, sem sequer tentar disfarçar.

...Eu queria desaparecer. 🤦🏼‍♀️...

Meu desconforto aumentou novamente. Havia algo naquele tom que me fazia querer sair dali. Como se, de repente, eu estivesse invadindo um território que não era meu. Mas antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, Aurora, pareceu perceber meu desconforto e tentou quebrar o clima.

Aurora — Mia ja gostei de você. Não vejo Li com esse sorriso faz muito tempo e agora você ainda veio me convidar pra beber.

Sorri, tentando esconder o quanto tudo aquilo estava me afetando.

Mia Corbell — Ah, que fofa, também adorei você — respondi, sorrindo, mesmo que internamente estivesse longe de relaxar.

Liandra — Mas não vai ser por muito tempo, acredite. — Provocou e eu a encarei.

Mia Corbell — O que isso quer dizer? — perguntei, sem entender.

Aurora revirou os olhos e se aproximou.

Aurora — Não ligue pra ela, isso é só intriga — disse, entrelaçando meu braço ao dela.

Eu olhei para Liandra, buscando respostas, mas ela apenas sorriu de forma ambígua.

Liandra — Acredite você vai descobrir.

Enquanto nos movíamos para dentro, Aurora olhou para mim com um sorriso suave.

Aurora — Não se preocupe com Carla — disse num sussurro baixo. — Ela é sempre assim com quem chega perto de Liandra. Territorial, sabe?

Assenti, mas aquela pequena confissão só fez com que o aperto no meu peito aumentasse.

Enquanto o vinho fluía e as conversas se tornavam mais animadas, eu me sentia um pouco mais à vontade. Aurora e Caroline estavam contando histórias engraçadas de momentos passados com Liandra, e eu consegui rir junto, tentando me soltar. Mas, à medida que o dia avançava, o olhar de Carla começou a me incomodar cada vez mais.

Ela estava sentada perto de mim, mas sua atenção parecia estar sempre voltada para Liandra, que agora estava na cozinha, ajudando Bárbara.

Carla — Deve ser difícil voltar depois de tanto tempo, não é? — disse, com um sorriso que eu não conseguia decifrar. — Não deve ser fácil ser a nova, Mia.

Mais o que é que aquilo queria dizer? Era como se ela quisesse me lembrar que eu não pertencia àquele grupo. Tentei ignorar, mas a cada gole do meu vinho, a sensação de desconforto parecia crescer ainda mais.

Carla — Não se preocupe — continuou, seu tom agora mais insinuante. — Ela sempre volta para as pessoas que realmente importam. Você deve saber que isso é verdade.

Antes que eu pudesse responder, ela se levantou, com um olhar determinado, e foi em direção à cozinha, onde Liandra estava. Meu coração acelerou.

O que ela estava fazendo? Fiquei na sala, lutando contra a vontade de ir até lá.

Um momento depois, ouvi risadas e a conversa animada de Liandra misturada com o som de copos. Olhei para Aurora e Caroline, que estavam distraídas, e, num impulso, fui me aproximando da cozinha, mas fiquei parada na porta, a respiração presa.

Carla estava muito perto de Liandra, suas mãos estavam sobre os ombros da morena, enquanto falava algo que a fez rir.

Mas a expressão de Liandra mudou ao notar a proximidade. O jeito como Carla a encarava, com um sorriso que beirava o sedutor, me fez sentir como se o chão estivesse se abrindo sob meus pés.

Quando Carla se inclinou, como se fosse beija-lá, meu estômago se revirou. Um impulso avassalador me fez recuar, sentindo que não conseguia mais estar ali. Meu coração estava pesado, e a sensação de estar invadindo um espaço que não era meu se intensificou.

Mia Corbell — Desculpe, preciso ir — murmurei para Aurora e Caroline, que estavam entretidas numa conversa. Antes que pudessem protestar, já estava me afastando, saindo da sala e seguindo em direção à saída.

O ar fresco da noite me recebeu como um alívio temporário, mas o aperto no meu peito não diminuía. Fechei os olhos, tentando acalmar os pensamentos que se multiplicavam.

De repente, senti um toque no meu braço, e me virei encontrando Caroline. Ela tinha uma expressão preocupada no rosto.

Caroline Forbes — Mia? O que aconteceu? — Ela sustentou meu olhar, e eu senti meu coração acelerar, pela situação.

Mia Corbell — Nada, só... Não passei tempo suficiente com minha mãe desde que voltei. — respondi, forçando um sorriso que mal disfarçava a agitação por dentro.

Caroline me observou parecendo não acreditar nas minhas palavras.

Caroline Forbes — Carla fez alguma coisa?

A menção do nome dela fez meu estômago se contorcer novamente. Era como se eu tivesse uma maré de emoções.

Mia Corbell — Ela só... foi um pouco invasiva. Nada demais.

Ela franziu a testa, claramente não convencida.

Caroline Forbes — Ela é assim às vezes. Não se preocupe com isso, Li nunca teve nada com ela e nem tem interesse em ter. — Afirmou, e meu coração pareceu relaxar.

Mia Corbell — Obrigada, Carol.

Ela me olhou atentamente, e por um momento, senti que estava prestes a dizer algo, mas então a porta se abriu. Liandra saiu, sua expressão estava preocupada.

Liandra — Mia… eu estava te procurando. — Disse, enquanto se aproximava. — Está tudo bem?

Caroline se virou para ela e depois voltou a me encarrar.

Caroline Forbes — Vou deixar vocês conversarem. — Eu assenti e ela voltou a encarar a morena. — Sugiro que você conserte o que quer que aquela loira azeda tenha feito ou eu mesma a faço consertar a pontapés.

Liandra franziu a testa na minha direção enquanto Caroline desaparecia para dentro, e eu não pude evitar de sorrir ao ouvir a maneira como ela havia se referido a Carla.

Liandra — O que aconteceu? — perguntou, enquanto se aproximava, usando os dedos pra colocar uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

Mia Corbell — Não foi nada. Eu só preciso ir pra casa. Desde que voltei, passei pouco tempo com a minha mãe, e você sabe como ela é. — Suspirei quando senti seus braços envolverem minha cintura, me puxando pra perto.

Liandra — Mia, não minta pra mim. — A intensidade da voz dela me fez hesitar. — É apenas isso mesmo? Carla fez algo?

Ela se afastou um pouco, buscando meus olhos. Seus castanhos estavam tão bonitos que eu poderia me perder neles. Mas, enquanto tentava encontrar as palavras, a imagem de Carla se aproximando dela me assombrou novamente.

Mia Corbell — Eu só... — Comecei a dizer, mas a verdade estava presa na minha garganta. A sensação de insegurança se intensificou, e a ideia de confessar o que estava me incomodando parecia impossível.

Liandra — O que ela fez? — insistiu, sua expressão se tornando mais séria. Eu podia sentir a preocupação dela, e isso só tornava tudo mais difícil.

A verdade era que eu estava com medo. Medo de que a morena pudesse ficar irritada, de que ela me achasse boba e isso estragasse tudo. Mas, ao mesmo tempo, a necessidade de ser honesta crescia.

Mia Corbell — Ela só... estava muito perto de você. — A confissão saiu num sussurro, e imediatamente eu me senti exposta. — E eu fiquei incomodada.

A morena franziu a testa, e eu podia ver que ela estava pensando.

Liandra — Mia, não há nada e nem nunca houve nada entre nós. Eu não tenho interesse em Carla. — Disse, e a sinceridade em sua voz me fez sentir um misto de alívio e confusão.

Mia Corbell — Eu só... — tentei dizer, mas eu estava envergonhada, me sentindo boba por estar com ciúmes.

Liandra — Olha pra mim. — Pediu tocando meu queixo. — Eu juro que a vejo apenas como amiga e nada mais. — A voz dela era suave, mas firme.

Assenti e ela capturou meus lábios em um beijo lento. Aquela era um promessa silenciosa de que tudo estava bem e finalmente me permiti relaxar.

Liandra — Estamos bem?

Mia Corbell — Estamos bem, sim. — Respondi, ainda com o gosto do beijo nos lábios.

Liandra sorriu, um brilho divertido nos olhos.

Liandra — Eu achei bonitinho ver você com ciúmes, sabia? — Sua expressão era de pura diversão, e eu franzi as sobrancelhas.

Mia Corbell — Como é? — perguntei, levantando uma sobrancelha. — Não foi nada disso.

Bom foi, mas ela não precisava saber, e mesmo que estivesse meio óbvio eu morreria negando.

Liandra — Ciúmes sim! E foi é adorável. — Ela deu um leve toque no meu nariz, e eu não consegui evitar um sorriso. — Significa que você se importa.

Mia Corbell — Mais do que você imagina! — Respondi, tentando manter uma expressão séria, mas falhando miseravelmente quando vi brotar em seu rosto aquele sorriso de canto que tanto fazia meu coração se esquecer de como funcionar.

Liandra — É bom saber disso. — Sussurrou. — Vamos voltar pra dentro?

Mia Corbell — Você fica chateada comigo se eu não quiser? — Questionei receosa.

Liandra — Nunca ficaria chateada com você por isso. Não quero que você se sinta pressionada. — Ela disse, deslizando os dedos pela minha cintura. — Mas você não precisa ir se não quiser.

Mia Corbell — Você realmente não se importaria se eu fosse? — Perguntei, ainda insegura.

Liandra balançou a cabeça.

Liandra — Não, eu quero que você faça o que te deixar confortável. Se você precisar ir, vou entender.

Mia Corbell — Então, eu vou... — disse, entrelaçando meus braços ao redor do seu pescoço. — Me liga mais tarde?

Ela assentiu e nós ficamos ali ainda envolvidas por um momento antes que eu finalmente entrasse no carro e fosse pra casa.

Cheguei em casa com a mente leve, lembrando dos momentos que passei com a morena. O ar fresco da noite me acompanhou enquanto entrava, e minha mãe me recebeu com um sorriso que derretia qualquer tensão que eu pudesse ter.

Passamos algum tempo juntas na sala, revisitando memórias antigas e compartilhando risadas sobre trivialidades do dia a dia. Havia algo reconfortante em estar com ela, mesmo que a conversa fosse leve.

Depois de passar um tempo agradável juntas, finalmente nos sentamos para o jantar. As conversas eram suaves, cheias de risos contidos e lembranças compartilhadas. A presença dela me lembrava do que eu tinha em casa.

Finalmente, após nos despedirmos do jantar, subi para o meu quarto. A tranquilidade do ambiente me permitiu refletir sobre tudo o que havia acontecido. Quando uma onda de saudade me invadiu, não resisti, peguei meu celular e, sem pensar muito, comecei a digitar uma mensagem.

Mia:📱 “Cheguei em casa. Foi bom passar tempo com você. Espero que as meninas não tenha te dado muito trabalho. Me liga quando puder?”

Menos de um minuto depois, meu celular vibrou, e meu coração deu um pequeno salto.

Liandra: 📱"Foi ótimo! Aurora e Carol ainda estão dando trabalho, pra variar. E só pra você saber, Carla foi embora pouco depois que você. Te ligo mais tarde, tá? Dorme bem! ❤️"

Não consegui evitar sorrir ao saber que a loira azeda, com aquela mão cheia de dedos, já não estava mais lá. E ainda com esse sorriso, deixei o celular de lado e me joguei na cama, envolvida pelas lembranças da noite passada.

O beijo, as provocações, a maneira como a morena me olhava... Tudo parecia gravado na minha pele, como se o cheiro dela ainda estivesse impregnado em mim. Era estranho e, ao mesmo tempo, incrivelmente confortável estar assim tão conectada a alguém. Mas, pela primeira vez em muito tempo, esses pensamentos não me deixaram ansiosa.

Sim, havia dilemas. Havia medos e questões que eu ainda precisava resolver dentro de mim. Mas, enquanto olhava o teto do meu quarto e sentia o calor do lençol me envolver, uma calma inesperada se instalou. Era como se, mesmo diante de todas as incertezas, estar com ela mesmo que sem uma definição de alguma forma me deixasse em paz. Não precisava de respostas imediatas. Não precisava de todas as certezas do mundo. Só precisava dela.

A única coisa que importava naquele momento era o fato de que, pela primeira vez em muito tempo, eu estava feliz — genuinamente feliz. E, embora ainda houvesse um longo caminho a percorrer, eu sabia que, se ela estivesse meu lado, tudo seria possível.

Fechei os olhos, com um sorriso suave nos lábios, me entregando pouco a pouco ao sono, sabendo que, quando a manhã chegasse, eu estaria pronta para o que viesse a seguir. Afinal, pela primeira vez, não sentia apenas o peso das dúvidas — mas também a leveza do que poderia ser. E, antes de finalmente me entregar à escuridão tranquila do sono, sussurrei baixinho, com amor que eu tinha dentro de mim:

— Boa noite, morena.

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Comments

Ana Faneco

Ana Faneco

Parabéns por essa história maravilhosa 😍 continuaaaaaa autora querida

2024-09-25

1

Noemy A

Noemy A

Parabéns autora o capítulo foi top amei saber ques estão se entendendo.
Mais acho difícil essa Carla não atrapalha 🥺

2024-09-23

4

Maria Fabiana

Maria Fabiana

muito bom 😍

2024-09-23

1

Ver todos
Capítulos
1 Prólogo.
2 Capítulo 01: A tempestade antes da calmaria. Narrado por Liandra Colucci.
3 Capítulo 2. “Reencontros: Entre as sombras do passado e a tensão do presente.”
4 Capítulo 3. “Entre o Desejo e a Renúncia.”
5 Capítulo 4. “Ecos do passado.”
6 Capítulo 5. “Sombras do Passado.”
7 Capítulo 6. “A Beira do Incontrolável.”
8 Capítulo 7. “O silêncio das Palavras não Ditas.”
9 Capítulo 8. “Coração em Colapso.”
10 Capítulo 9. “Entre o Silêncio e a Esperança.”
11 Capítulo 10. “O caminho para Aceitação.”
12 Capítulo 11. “Uma Guerra Silenciosa.”
13 Capítulo 12. “O Reencontro Após o Silêncio.”
14 “Além das Palavras.”
15 “Um passo de cada vez.”
16 “ A cada batida, um momento entrelaçado.”
17 “Novas esperanças e velhas feridas.”
18 “Novas esperanças e velhas feridas.” Parte II
19 “Novas esperanças e velhas feridas.” Parte III
20 “Entre novas esperanças e velhas feridas: Cicatrizes.”
21 “Entre as chamas do passado: Um lugar chamado você!”
22 “Um lugar chamado você.”
23 “Entre beijos e sussurros.” +18
24 “A calmaria antes da tempestade.”
25 “O início da tempestade.”
26 “Jogo de poder.”
27 “O peso dos segredos: A escolha da proteção.”
28 “Verdades e suas consequências.”
29 “Ecos de um desastre.”
30 “Ecos da dor.”
31 “Entre a verdade e a omissão.”
32 “Medos e lembranças.”
33 “Entre silêncios e promessas.”
34 “Escolhas e confrontos.”
35 “No limite entre o medo e a coragem.”
36 “Reflexos de uma relação complicada.”
37 “ A tempestade interior.”
38 “O despertar.”
39 “Conselho.”
40 “Entre o dever e o desejo.”
41 “Entre confrontos e decisões; Vínculos.”
42 “Promessas e sacrifícios.”
43 “Correntes.”
44 “Entre nós.”
45 “O que sempre foi nosso.”
46 “ O mar dentro dela.”
47 “A arte de te resistir.”
48 “A arte de me perder em você.”
Capítulos

Atualizado até capítulo 48

1
Prólogo.
2
Capítulo 01: A tempestade antes da calmaria. Narrado por Liandra Colucci.
3
Capítulo 2. “Reencontros: Entre as sombras do passado e a tensão do presente.”
4
Capítulo 3. “Entre o Desejo e a Renúncia.”
5
Capítulo 4. “Ecos do passado.”
6
Capítulo 5. “Sombras do Passado.”
7
Capítulo 6. “A Beira do Incontrolável.”
8
Capítulo 7. “O silêncio das Palavras não Ditas.”
9
Capítulo 8. “Coração em Colapso.”
10
Capítulo 9. “Entre o Silêncio e a Esperança.”
11
Capítulo 10. “O caminho para Aceitação.”
12
Capítulo 11. “Uma Guerra Silenciosa.”
13
Capítulo 12. “O Reencontro Após o Silêncio.”
14
“Além das Palavras.”
15
“Um passo de cada vez.”
16
“ A cada batida, um momento entrelaçado.”
17
“Novas esperanças e velhas feridas.”
18
“Novas esperanças e velhas feridas.” Parte II
19
“Novas esperanças e velhas feridas.” Parte III
20
“Entre novas esperanças e velhas feridas: Cicatrizes.”
21
“Entre as chamas do passado: Um lugar chamado você!”
22
“Um lugar chamado você.”
23
“Entre beijos e sussurros.” +18
24
“A calmaria antes da tempestade.”
25
“O início da tempestade.”
26
“Jogo de poder.”
27
“O peso dos segredos: A escolha da proteção.”
28
“Verdades e suas consequências.”
29
“Ecos de um desastre.”
30
“Ecos da dor.”
31
“Entre a verdade e a omissão.”
32
“Medos e lembranças.”
33
“Entre silêncios e promessas.”
34
“Escolhas e confrontos.”
35
“No limite entre o medo e a coragem.”
36
“Reflexos de uma relação complicada.”
37
“ A tempestade interior.”
38
“O despertar.”
39
“Conselho.”
40
“Entre o dever e o desejo.”
41
“Entre confrontos e decisões; Vínculos.”
42
“Promessas e sacrifícios.”
43
“Correntes.”
44
“Entre nós.”
45
“O que sempre foi nosso.”
46
“ O mar dentro dela.”
47
“A arte de te resistir.”
48
“A arte de me perder em você.”

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