Capítulo 10. “O caminho para Aceitação.”

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...**"Às vezes, é preciso enfrentar a tempestade para descobrir a força que se esconde dentro de nós." **A.E✔️...

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...• Narrado por Mia Corbell •...

O restaurante era aconchegante, com uma iluminação suave que contrastava com a agitação silenciosa do meu coração. Escolhi este lugar pela privacidade, mas agora me perguntava se fiz a escolha certa. Meu estômago revirava, e nem a música suave conseguia acalmar meus nervos.

Quando Bárbara chegou com Joe, eu já estava esperando no hall de entrada, tentando disfarçar a ansiedade. Eles se aproximaram, e ao ver o sorriso caloroso de Bárbara, senti um pequeno alívio.

Bárbara Bianchi — Olá, meu bem — diz Bárbara, sempre com aquele tom suave, como se pudesse curar todas as feridas apenas com palavras, puxando-me para um abraço rápido.

Mia Corbell — Oi, Bá. Joe, pode ficar tranquilo, eu levo ela pra casa depois — falei, tentando não soar ansiosa, mas sei que não saiu exatamente como o planejado.

Joe Winter — Então, sendo assim, até mais, meninas — ele disse com sorriso, antes de se dirigir ao carro.

Assim que ele saiu, começamos a caminhar em direção a nossa mesa. O lugar era lindo, mais sofisticado do que eu imaginava, e por um momento me perdi no ambiente.

Bárbara Bianchi — Aqui é muito bonito — Bárbara comentou, com olhos curiosos.


Mia Corbell — Verdade... ainda não tinha vindo aqui — confessei, tentando me conectar ao presente, mas meus pensamentos estavam longe, vagando.

Ela me olhou com seus olhos penetrantes, como se pudesse ler meus pensamentos.

Bárbara Bianchi — E como você está? Você parece cansada, Mia — observa ela, sentando-se à minha frente. — E isso não é só por causa do trabalho, é?

Respirei fundo, tentando ordenar as palavras. Como estou? Essa era a pergunta que eu mesma não sabia responder ultimamente.

Mia Corbell — Estou bem. Só… muita coisa na cabeça.

Bárbara Bianchi — Eu imagino — ela responde, pegando o cardápio, mas não parece interessada na comida. — E como vão as coisas? — A pergunta dela era direta, mas o tom, cuidadoso.


Mia Corbell — Vão... bem, eu acho. — Minha resposta saiu meio arrastada, sem firmeza.

Ela parou de andar e me olhou de lado, arqueando uma sobrancelha, um gesto que sempre me fazia soltar a verdade, por mais que eu quisesse fugir.

Bárbara Bianchi — Acha?


Mia Corbell — É complicado — Soltei um suspiro cansado enquanto nos sentávamos, sabendo que não poderia fugir dela tão facilmente.

Bárbara Bianchi — Bom, por sorte temos tempo — ela respondeu de um jeito reconfortante. — Que tal começarmos pela parte mais fácil: o que vamos pedir? Depois vamos ver se conseguimos descomplicar isso.

Rimos juntas, escolhemos o que íamos pedir, e o garçom logo veio anotar nossos pedidos. Enquanto aguardávamos, começamos a conversar sobre o passado. Era fácil falar dos velhos tempos, quando as coisas pareciam simples, e eu por um momento me deixei levar por aquela nostalgia.

Mia Corbell — Eram bons tempos — falei, deixando um sorriso escapar.


Bárbara Bianchi — Eram, sim. Vocês cresceram tão rápido… Às vezes, parece que foi ontem que corriam pela minha cozinha, chorando por causa de alguma travessura — Bárbara riu suavemente, me levando de volta àquelas tardes.

Mia Corbell — Verdade. E você sempre nos dava um pedaço de bolo…— continuei, rindo com ela.— E dizia que aquilo ia nos deixar mais fortes e que assim a dor não duraria muito.

Bárbara Bianchi — Naquela época, tudo se curava com um beijo e um bom pedaço de bolo — ela murmurou, ainda presa às lembranças.

Mia Corbell — Quem dera se corações partidos se curassem assim também... com bolo e um beijo.

O comentário saiu de repente, meio brincalhão, mas logo senti o peso das palavras. Bárbara não deixou passar. Era como se ela estivesse esperando por aquele momento desde que chegamos.

Bárbara Bianchi — E… é disso que seu coração precisa, Mia? De cura? — A pergunta dela foi direta, mas suave.

Eu queria rir, jogar a pergunta de volta, como se aquilo não fosse sobre mim, mas... não dava mais pra fugir. Eu já estava muito cansada de fugir.

Mia Corbell — Eu nem sei mais o que meu coração precisa, Bá. Sinceramente, talvez não saiba nem mesmo o que é bom pra ele.

...Será que a morena seria boa para mim? Eu poderia ser boa para ela? E se o medo de perder o que temos for maior que a vontade de tentar?...

Ela me olhou por um momento, como se tentasse decidir o quanto podia me pressionar. Finalmente, sua voz saiu delicada, mas firme:

Bárbara Bianchi — Porque diz isso? O que aconteceu, Mia?

Eu suspirei, olhando para minhas mãos. Sempre achei que estaria preparada para essa conversa, mas agora me sinto vulnerável. O silêncio entre nós pesa, mas mesmo assim ainda é confortável, como um cobertor velho e familiar.

Mia Corbell — Eu não sei, Bá. Eu... Eu só queria que fosse mais fácil, sabe? Que tudo fosse como antes... quando a gente era criança, e tudo se resolvia de forma simples.

Ela riu, aquela risada suave e calorosa que me fazia sentir como se estivesse em casa.

Bárbara Bianchi — Ah, aqueles tempos... Tudo parecia mais fácil mesmo. Mas, meu bem, crescer significa que as coisas ficam mais complexas. E corações partidos não se curam assim. — disse, com um brilho nos olhos.

Senti um aperto no peito. Ela sabia, sempre soube, o que eu sentia por Liandra. Todos esses anos, ela nunca me pressionou, nunca me julgou.

Mia Corbell — Bá, como a gente sabe... quem devemos amar? — Minha voz saiu quase num sussurro, e senti a garganta apertar. — Como a gente sabe quem vai nos magoar? E quem vai nos curar?

Perguntei, finalmente colocando em palavras a dúvida que vinha me corroendo há tanto tempo. E ela me olhou por um longo momento antes de responder.

Bárbara Bianchi — Ah, minha querida, isso a gente nunca sabe. Não há garantias quando se trata do coração. Mas o que posso te dizer é que, por mais que doa, por mais que tenhamos medo, o amor vale a pena. Mesmo quando nos machuca.

Seus olhos buscaram os meus antes de continuar, querendo garantir que eu entendesse o peso daquelas palavras. E eu entendia, pelo menos na teoria. Mas na prática, com tudo o que sentia por Liandra, parecia... assustador.

Bárbara Bianchi — Relacionamento é difícil, Mia. Nem sempre são flores. Exige muito comprometimento e paciência... de ambos os lados.— Completou.

As palavras dela me atingiram como uma verdade simples, mas difícil de aceitar. *Amar sempre foi doloroso para mim. Liandra sempre foi o meu "e se" não realizado.*

Mia Corbell — E por que você nunca se casou, Bá? — perguntei, virando a conversa para ela.

Talvez, de alguma forma, entender a vida dela me ajudasse a entender a minha.

Bárbara Bianchi — Ah, meu bem, eu gosto de pensar que não foi da vontade de Deus — Disse, com um tom que mistura resignação e aceitação.

Mia Corbell — Nunca quis ter filhos? — Insisti, querendo entender melhor.

Bárbara Bianchi — Deus me deu uma filha, Mia. Ela pode não ser o meu sangue, mas eu faria qualquer coisa para vê-la feliz. Não pense que nunca me apaixonei. — Revelou, com um brilho nostálgico nos olhos.

Mia Corbell — Já? — Questionei, surpresa.

Bárbara Bianchi — Eu conto com uma condição — Disse, com um sorriso enigmático.

Mia Corbell — Seja qual for, eu aceito. — Concordei, curiosa.

Ela sorriu, um sorriso cheio de lembranças.

Bárbara Bianchi — Já me apaixonei, sim. Nessa época, eu me lembro que ele me pediu pra ir embora com ele. E eu, de imediato, disse que não. Eu tive a chance de viver essa história. Mas... escolhi ficar aqui. Escolhi a família que eu tinha, as responsabilidades que assumi. Nem sempre é uma questão de falta de amor, às vezes é uma questão de escolhas.

Fiquei em silêncio por um instante, absorvendo o que ela disse. Escolhas. Sempre voltava a isso. Eu também teria que escolher, em algum momento.

Mia Corbell — E você nunca se arrependeu? — Perguntei, minha voz demonstrava curiosidade.

Bárbara balançou a cabeça lentamente.

Bárbara Bianchi — Não. Eu fiz o que meu coração achou certo. E não me arrependo. Às vezes, amar é abrir mão de certas coisas, mas isso não significa que o amor é menor ou menos verdadeiro.

O silêncio caiu entre nós por alguns segundos. Será que eu teria que abrir mão de algo para amar a morena? E se sim, eu estou realmente pronta para isso?

Mia Corbell — E ele? — Questionei curiosa.

Bárbara Bianchi — Seguiu com a vida dele — Bárbara respondeu, com um tom de resignação.

Mia Corbell — E você não pensa mais em tentar? — Questionei, buscando entender se há arrependimento.

Bárbara Bianchi — Isso não funciona assim, meu bem. Não dá pra escolher por quem vamos nos apaixonar — Disse simples.

Mia Corbell — Mas bem que poderia dar pra escolher, não é? Evitaria tantas coisas… — Disse, frustrada.

Bárbara Bianchi — Mas pense só por um momento em como seria se você pudesse só escolher a pessoa que vai dividir sua vida. Como saberia se aquela pessoa realmente é a certa pra você se não teve tempo de conhecê-la? De conviver com ela? Saber dos defeitos e qualidades? Se vocês têm coisas em comum? — Questionou, reflexiva.

Fico em silêncio, pensativa, antes de responder.

Mia Corbell — Por que tem que ser tão complicado? Não poderíamos só viver as coisas boas? — Perguntei, com uma a frustração evidente na voz.

Bárbara Bianchi — Ah, minha menina, relacionamentos vão bem além disso — Disse, com um sorriso afetuoso.

A sensação de ser chamada de “minha menina” fez meu coração se aquecer. Sorri ao ouvir isso.

Mia Corbell — Você me chamou de sua menina — Falei sorrindo.

Bárbara Bianchi — Algum problema?

Mia Corbell — Não, é só que você só chama a Li assim, e ela tem ciúmes — Completei, ainda com um sorriso nos lábios.

Bárbara Bianchi — Ah, sim, mas vocês são minhas meninas, sempre foram. E ela não está aqui pra ser rabugenta com isso, não é?

Ela disse brincalhona e ambas rimos, o ambiente ao nosso redor pareceu se tornar mais leve.

Mia Corbell — Você é tão maravilhosa, Li tem sorte por ter você — disse, com sinceridade.

Bárbara Bianchi — Na verdade, sou eu quem tem sorte por tê-la em minha vida. Ela pode ter um gênio muito difícil às vezes, mas nem sempre foi assim. Sinto falta de quando eu conseguia motivá-la só com pizzas e brownies com sorvete de baunilha. — Disse, com um tom nostálgico.

Mia Corbell — Ou bolo. Nunca me esqueci dos bolos que fazia pra nós. Era um pedaço de bolo e um beijo, e de repente… — Falei com um sorriso triste.

Bárbara Bianchi — Tudo era esquecido — Completou.

Mia Corbell — Sim. Naquela época, nossas preocupações eram comer, brincar, e qualquer coisa mais grave, você nos curava com mimos. Quem me dera se pudesse curar tudo assim. — Disse, abaixando a cabeça e apoiando-a nas mãos sobre a mesa.

Bárbara Bianchi — E por que parece que você quer curar algo? — Perguntou, percebendo a mudança na minha postura.

Mia Corbell — Não é isso... — minha voz falhou.

Bárbara Bianchi — Então o que é? — ela insistiu.

Continuei com a cabeça baixa, sem conseguir encontrar as palavras. Ela esperou um momento, depois sua voz veio mais próxima, mais íntima:

Bárbara Bianchi — Sabe que pode confiar em mim, não sabe? — Perguntou, com a voz cheia de compreensão.

Mia Corbell — Sim, Bá. Mas muita coisa aconteceu nesses anos — respondi.

Bárbara Bianchi — Posso imaginar, meu bem.

Levantei a cabeça, nervosa, engolindo em seco.

Mia Corbell — Não, Bá. Não pode.

Eu disse isso com medo e uma leve tremedeira na voz, e ela percebeu. O olhar de dela ficou mais sério, como se estivesse tentando entender a profundidade do que eu não estava dizendo. Era como se ela pudesse sentir que, seja lá o que fosse, eu estava desesperada por ajuda, mas não sabia como pedir. Seus olhos mostravam compreensão e uma preocupação silenciosa, como se de alguma forma soubesse que eu estava à beira de desabar de um precipício.

Bárbara Bianchi — Posso tentar... se você me deixar. — Ofereceu, apertando minha mão gentilmente.

Soltei o ar devagar, tentando organizar meus pensamentos, mas parecia inútil.

Mia Corbell — Tem certas coisas que apenas devem ficar onde estão, Bá. E tem outras que… — minha voz falhou de novo, como se as palavras pesassem mais do que eu conseguia carregar. — Que eu nunca contei a mais ninguém, fora ao meu pai.

Finalmente consegui encarrar para ela, os olhos marejados. Bárbara apertou minha mão, um gesto simples, mas que me fez sentir segura.

Bárbara Bianchi — Sinto muito, querida. Imagino o quanto você sente falta dele. Seu pai era um homem maravilhoso.


Minhas lágrimas ameaçaram cair e eu respirei fundo tentando evitar que elas caíssem. A dor da perda nunca tinha realmente desaparecido, apenas estava ali, quieta, esperando momentos como esse para me lembrar de sua presença.

Mia Corbell — Eu sinto tanta falta dele, Bá... — minha voz quebrou. — Às vezes fico pensando nas besteiras que não teria feito, nos erros que não teria cometido, se ele ainda estivesse aqui pra me dar conselhos.

Bárbara Bianchi — Seu pai sempre quis que você fosse independente e vivesse a sua própria vida, Mia. Ele te apoiava tanto, até mesmo quando sua mãe não concordava.

Mia Corbell — Eu sei. — Murmurei, ainda tentando conter as lágrimas.

Ela apertou minha mão com mais força.

Bárbara Bianchi — E veja só a grande mulher que você se tornou. Tenho absoluta certeza de que ele está orgulhoso de você e que não mudaria nenhuma das suas decisões e escolhas, pois foram elas que te tornaram essa mulher maravilhosa que é. — Ela fez uma pausa e, com a voz mais baixa, completou: — Infelizmente, perdê-lo foi parte desse caminho.

Tentei sorrir, mas era difícil quando tudo o que eu sentia era saudade.

Mia Corbell — Obrigada por dizer isso.

Bárbara Bianchi — Eu estou aqui, querida, sempre estarei. Sei que não sou seu pai, mas sempre estarei para o que precisar. Não posso tomar decisões por você nem escolher o caminho que deve seguir, mas posso te ouvir... te oferecer meu colo... e talvez um pedaço de bolo, se quiser.

De repente, uma pequena risada escapou de mim, e eu não consegui segurar o sorriso. Bárbara sabia exatamente o que dizer. Era como se, com uma frase, ela tivesse conseguido aliviar a pressão dentro de mim.

Mia Corbell — Você não existe, sabia? — Disse, com um sorriso.

Bárbara Bianchi — Existo, claro. Afinal, o que vocês fariam sem mim? — Respondeu com um tom divertido, e rimos juntas.

O ambiente pareceu ficar mais leve, como se todo aquele peso que eu carregava tivesse finalmente começado a se dissolver. Mas então, Bárbara voltou ao assunto, com sua típica sabedoria:

Bárbara Bianchi — Então, quer me contar o que está acontecendo?

Hesitei por um momento, mas decidi que precisava dizer, ao menos, parte da verdade.

Mia Corbell — Acho que uma parte sim...

Bárbara Bianchi — Então vamos lá. — Ela me encorajou, sem pressa, esperando pacientemente que eu encontrasse as palavras.

Respirei fundo, ainda incerta de como começar, mas antes que eu pudesse pensar demais, Bárbara tomou a dianteira com seu olhar perspicaz:

Bárbara Bianchi — Você não sabe como dizer que gosta daquela menina turrona e cabeça dura que adora te irritar e provocar, não é?

Olhei para ela, chocada, misturando alívio e surpresa.

Mia Corbell — Como... como você sabe disso? — Perguntei, boquiaberta.

Ela sorriu, um sorriso tranquilo, como se a resposta fosse óbvia.

Bárbara Bianchi — Fácil, querida. Basta ver o jeito que você olha pra ela.

Mia Corbell — É tão óbvio assim? — Perguntei, sentindo um leve rubor subir pelo meu rosto.

Bárbara Bianchi — Sempre foi, desde que vocês eram pequenas.

Rimos de novo, mas dessa vez, o riso veio com uma pontada de nostalgia. O que veio em seguida, no entanto, foi o mais difícil de dizer.

Mia Corbell — Eu nunca consegui… — Minha voz saiu quase como um sussurro.

Bárbara Bianchi — O que, meu bem? Dizer isso a ela? — Perguntou, suavemente.

Eu balancei a cabeça assentindo, frustrada comigo mesma.

Mia Corbell — Por muito tempo, nem eu mesma sabia o que sentia. Só sabia que meu corpo tremia quando ela chegava perto e que meu coração quase saía do peito quando ela me abraçava. Só sabia que queria cuidar dela... estar com ela.

Bárbara Bianchi — Eu entendo. — Assentiu, me incentivando a continuar.

Mia Corbell — Eu me lembro de quando ela namorou a Cristine e aquela garota ficava inventando coisas sobre mim. Fiquei tão feliz quando ela me defendeu e mandou Cristine ir embora.

Bárbara Bianchi — Ah, sim. Me lembro dela. Era insuportável. — murmurou, fazendo uma careta.

Rimos juntas, e aquilo pareceu me dar a coragem que faltava pra continuar.

Mia Corbell — Eu era covarde, Bá… tinha tanto medo de ser rejeitada pela minha família, que nem conseguia pensar em contar pra ninguém... até que um dia criei coragem. Perguntei pro meu pai se ele me amaria menos se eu não quisesse casar com um garoto.

Bárbara Bianchi — E o que ele disse? — Perguntou, parecendo já saber a resposta.

Mia Corbell — Ele disse que eu sempre seria a princesinha dele... e que nada mudaria o amor que ele sentia por mim. Foi aí que eu contei tudo a ele. Eu estava decidida a me declarar pra ela... Mas... — Minha voz falhou, e as lágrimas que eu tentei conter finalmente, escorreram. — Um dia depois... ele se foi.

As lágrimas vieram com força. Bárbara apertou minha mão e ficou em silêncio por um tempo, como se estivesse escolhendo com cuidado o que dizer.

Bárbara Bianchi — E… foi por isso que você foi embora?

Mia Corbell — Me despedir do meu pai foi a coisa mais difícil que já fiz na vida. Não ia suportar se Liandra não sentisse o mesmo que eu... então fugi… fui embora. E eu realmente achei que tinha superado tudo.

Bárbara assentiu, compreensiva.

Bárbara Bianchi — Mas não foi o que aconteceu, não é?

Mia Corbell — Não. Agora, é como se eu revivesse aquele maldito dia toda vez que me aproximo dela. O dia em que contei ao meu pai e nunca consegui contar a ela.

Bárbara Bianchi — E porque você não conta? Do que é que tem tanto medo afinal? — Ela perguntou suavemente, apertando minha mão por cima da mesa.

Mia Corbell — De perder. — Minha voz falhou, e as lágrimas escorreram sem parar. — De me perder. De perder o que já temos. Liandra... Eu… eu só… — A emoção me sufocou antes que eu pudesse terminar a frase.

Bárbara me encarou por um momento, e então se levantou, vindo até o meu lado. Ela envolveu seus braços ao meu redor como fazia quando eu era criança, e foi como se o tempo nunca tivesse passado.

Bárbara Bianchi — Mia, querida, você sempre foi a filha que eu nunca tive, e Liandra… bom, ela também é. Eu vejo o quanto você se importa com ela, e o quanto isso a está desgastando. Mas às vezes, meu bem, o que precisamos é apenas deixar que as coisas aconteçam, sem tanto medo. Não é fácil, mas você merece ser feliz, tanto quanto ela.

Minhas lágrimas caíam silenciosas, mas sua presença de alguma forma me trazia conforto.

Mia Corbell — Eu só queria que as coisas fossem simples, Bá. Como eram antes.

Bárbara Bianchi — Ah, querida… As coisas nunca foram realmente simples. Você só era jovem demais para perceber. — Disse, rindo levemente, passando a mão nos meus cabelos.

Fiquei em silêncio por um momento, olhando para suas mãos entrelaçadas ao redor do meu corpo antes de finalmente continuar.

Mia Corbell — Você tem razão. Mas tudo parece tão... incerto. E se eu errar? E se eu acabar estragando tudo? — Suspirei. — Eu só… só não quero estragar tudo.

Bárbara Bianchi — Se você errar, você aprende. Se estragar, conserta. Mas o pior erro é não tentar — ela me afastou levemente para me encarar, seus olhos cheios de carinho. — O que vocês têm, Mia, é especial. Não deixe o medo te impedir de viver isso. Não deixe o "e se" controlar suas decisões. Liandra é forte, e você também é. Se for pra acontecer, vai acontecer.

Assenti, tentando absorver suas palavras, mas a incerteza ainda pesava no meu peito.

Bárbara Bianchi — Posso te dar um conselho? — Questionou e eu assenti. — Seu pai te amava, e tenho certeza de que ele queria que você fosse feliz. Você foi embora, conheceu novos lugares, viveu outras experiências, e talvez até tenha gostado de outras pessoas. Mas nenhuma delas foi suficiente pra tirar o seu coração daqui, certo?

Assenti, confirmando em silêncio.

Bárbara Bianchi — Então, porque não vamos para casa? — Sugeriu, sorrindo suavemente, aquele sorriso que sempre me fazia sentir que tudo ficaria bem. — E, dessa vez, você só tenta não fugir. Deixe as coisas acontecerem, devagar. O que me diz?

As lágrimas silenciosas ainda escorriam pelo meu rosto, mas ao invés do desespero, havia algo diferente. Um alívio, talvez. A sensação de que, pela primeira vez, alguém entendia o que eu sentia sem que eu precisasse dizer nada. Enxuguei as lágrimas e, pela primeira vez em muito tempo, sorri. Um sorriso tímido, mas sincero.

Mia Corbell — Acho que posso fazer isso.

**Bárbara Bianchi — **Só tenha paciência com ela, Mia. Você não foi a única que sofreu e teve que superar muita coisa nesse tempo.

As palavras de Bárbara ressoaram dentro de mim, me fazendo perceber algo que talvez eu tivesse negligenciado. Liandra também carregava cicatrizes. Ela também enfrentava seus próprios medos e batalhas internas. Eu não era a única a carregar o peso de tantos anos de sentimentos não resolvidos. E, de alguma forma, isso me trouxe mais clareza. Talvez fosse hora de parar de me esconder, parar de fugir do que sentia. Mesmo que isso significasse encarar o medo de me machucar.

Mia Corbell — Obrigada, Bá... por tudo.

Bárbara Bianchi — Não precisa agradecer, meu bem. Só quero te ver feliz, seja qual for o caminho que escolher.

Assenti, e naquele momento, algo dentro de mim parecia se acalmar. O peso de anos de incertezas e medos começou a se dissolver. Era como se, finalmente, eu estivesse pronta para aceitar que fugir não resolveria nada. Eu sabia que ainda teria que enfrentar minhas inseguranças, meus medos mais profundos, mas também sabia que não estava sozinha… independente do que que acontecesse.

E talvez, só talvez, finalmente fosse hora de parar de fugir e começar a viver.

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...**"Às vezes, a maior coragem vem de enfrentar o que temos evitado por tanto tempo." **A.E✔️...

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Comments

Licinha

Licinha

autora, hj o capitulo foi leve não deu vontade de soca liandra kkkkk brincadeira, mais a mei a Bárbara , essa mulher é um máximo

2024-09-17

2

Noemy A

Noemy A

não demora pra postar outro capítulo por favor

2024-09-16

5

Ver todos
Capítulos
1 Prólogo.
2 Capítulo 01: A tempestade antes da calmaria. Narrado por Liandra Colucci.
3 Capítulo 2. “Reencontros: Entre as sombras do passado e a tensão do presente.”
4 Capítulo 3. “Entre o Desejo e a Renúncia.”
5 Capítulo 4. “Ecos do passado.”
6 Capítulo 5. “Sombras do Passado.”
7 Capítulo 6. “A Beira do Incontrolável.”
8 Capítulo 7. “O silêncio das Palavras não Ditas.”
9 Capítulo 8. “Coração em Colapso.”
10 Capítulo 9. “Entre o Silêncio e a Esperança.”
11 Capítulo 10. “O caminho para Aceitação.”
12 Capítulo 11. “Uma Guerra Silenciosa.”
13 Capítulo 12. “O Reencontro Após o Silêncio.”
14 “Além das Palavras.”
15 “Um passo de cada vez.”
16 “ A cada batida, um momento entrelaçado.”
17 “Novas esperanças e velhas feridas.”
18 “Novas esperanças e velhas feridas.” Parte II
19 “Novas esperanças e velhas feridas.” Parte III
20 “Entre novas esperanças e velhas feridas: Cicatrizes.”
21 “Entre as chamas do passado: Um lugar chamado você!”
22 “Um lugar chamado você.”
23 “Entre beijos e sussurros.” +18
24 “A calmaria antes da tempestade.”
25 “O início da tempestade.”
26 “Jogo de poder.”
27 “O peso dos segredos: A escolha da proteção.”
28 “Verdades e suas consequências.”
29 “Ecos de um desastre.”
30 “Ecos da dor.”
31 “Entre a verdade e a omissão.”
32 “Medos e lembranças.”
33 “Entre silêncios e promessas.”
34 “Escolhas e confrontos.”
35 “No limite entre o medo e a coragem.”
36 “Reflexos de uma relação complicada.”
37 “ A tempestade interior.”
38 “O despertar.”
39 “Conselho.”
40 “Entre o dever e o desejo.”
41 “Entre confrontos e decisões; Vínculos.”
42 “Promessas e sacrifícios.”
43 “Correntes.”
44 “Entre nós.”
45 “O que sempre foi nosso.”
46 “ O mar dentro dela.”
47 “A arte de te resistir.”
48 “A arte de me perder em você.”
Capítulos

Atualizado até capítulo 48

1
Prólogo.
2
Capítulo 01: A tempestade antes da calmaria. Narrado por Liandra Colucci.
3
Capítulo 2. “Reencontros: Entre as sombras do passado e a tensão do presente.”
4
Capítulo 3. “Entre o Desejo e a Renúncia.”
5
Capítulo 4. “Ecos do passado.”
6
Capítulo 5. “Sombras do Passado.”
7
Capítulo 6. “A Beira do Incontrolável.”
8
Capítulo 7. “O silêncio das Palavras não Ditas.”
9
Capítulo 8. “Coração em Colapso.”
10
Capítulo 9. “Entre o Silêncio e a Esperança.”
11
Capítulo 10. “O caminho para Aceitação.”
12
Capítulo 11. “Uma Guerra Silenciosa.”
13
Capítulo 12. “O Reencontro Após o Silêncio.”
14
“Além das Palavras.”
15
“Um passo de cada vez.”
16
“ A cada batida, um momento entrelaçado.”
17
“Novas esperanças e velhas feridas.”
18
“Novas esperanças e velhas feridas.” Parte II
19
“Novas esperanças e velhas feridas.” Parte III
20
“Entre novas esperanças e velhas feridas: Cicatrizes.”
21
“Entre as chamas do passado: Um lugar chamado você!”
22
“Um lugar chamado você.”
23
“Entre beijos e sussurros.” +18
24
“A calmaria antes da tempestade.”
25
“O início da tempestade.”
26
“Jogo de poder.”
27
“O peso dos segredos: A escolha da proteção.”
28
“Verdades e suas consequências.”
29
“Ecos de um desastre.”
30
“Ecos da dor.”
31
“Entre a verdade e a omissão.”
32
“Medos e lembranças.”
33
“Entre silêncios e promessas.”
34
“Escolhas e confrontos.”
35
“No limite entre o medo e a coragem.”
36
“Reflexos de uma relação complicada.”
37
“ A tempestade interior.”
38
“O despertar.”
39
“Conselho.”
40
“Entre o dever e o desejo.”
41
“Entre confrontos e decisões; Vínculos.”
42
“Promessas e sacrifícios.”
43
“Correntes.”
44
“Entre nós.”
45
“O que sempre foi nosso.”
46
“ O mar dentro dela.”
47
“A arte de te resistir.”
48
“A arte de me perder em você.”

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