Capítulo 12. “O Reencontro Após o Silêncio.”

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...**"Às vezes, os maiores desafios não são os que enfrentamos, mas os que guardamos dentro de nós, esperando o momento certo para se revelar. É no silêncio dos nossos medos e no eco das nossas esperanças que encontramos as respostas que nunca soubemos que procurávamos."** A.E✔️...

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...• Narrado por Mia Corbell •...

O silêncio da sala era sufocante. Cada passo que eu dava em direção a Liandra fazia meu coração martelar mais forte no peito, como se meu corpo soubesse o que estava prestes a acontecer, antes mesmo de minha mente conseguir processar. Quando finalmente parei diante dela, o mundo pareceu encolher, se reduzindo apenas ao espaço entre nós duas.

Os olhos dela estavam fixos em mim, castanhos profundos, sempre tão enigmáticos, como se escondessem verdades que eu sempre quis decifrar, mas nunca tive coragem de perguntar. Havia uma curiosidade ali, uma ponta de confusão talvez, mas o que realmente me paralisava era o que eu não conseguia ler. Será que ela estava esperando por isso tanto quanto eu?

Mia Corbell — Oi, Li... — Minha voz saiu mais fraca do que o normal, como se cada palavra estivesse sendo arrancada. — Atrapalho?

Liandra sorriu, e, naquele sorriso, havia algo que eu não conseguia ler. Um misto de alívio e apreensão, talvez.

Liandra — Claro que não. — A voz dela era suave, mas eu sentia que havia algo por trás dela, algo que ela não estava dizendo. — Nunca.

O silêncio se alongou, mais pesado agora, denso com coisas não ditas. Eu sabia que precisava falar, mas a boca parecia incapaz de formar qualquer frase coerente. Eu sentia a expectativa no ar, como uma corda esticada prestes a arrebentar.

Ela desviou o olhar por um segundo, mordendo o lábio antes de falar:

Liandra — Me desculpa pelo outro dia. Eu não queria te magoar. — Sua voz, quase um sussurro, revelando uma vulnerabilidade que raramente mostrava.

Eu senti a mão dela tremer levemente quando tocou a minha, mas ao invés de puxar, apertei sua mão. Entrelaçando nossos dedos firmando uma promessa silenciosa.

Mia Corbell — Tudo bem. Não se preocupe, isso já passou. — Falei com sinceridade, tentando acalmar as incertezas dela e, ao mesmo tempo, as minhas.

Ela me olhou, como se procurasse algo no meu rosto, algo que a confortasse.

Liandra — Mia... — A forma como ela disse meu nome foi quase um pedido, um clamor silencioso.

Engoli em seco e, sem hesitar, aproximei-me ainda mais, ficando tão perto que sentia a respiração dela se misturar com a minha. Olhei nos seus olhos, aqueles castanhos que sempre conseguiam me ver por completo, mesmo quando eu tentava me esconder.

Liandra — Eu prometo que está tudo bem agora — repeti, tentando dar a ela a certeza que eu mesma ainda buscava. — Mas, se for importante para você, a gente pode conversar sobre isso depois, ok?

...• Narrado por Liandra Colucci •...

Eu mal conseguia acreditar no que via. Mia estava ali, à minha frente, depois de dias de incertezas que me corroíam por dentro. Ela estava aqui, e finalmente, eu tinha uma resposta para a pergunta que me assombrou durante os últimos dias. Tudo estava bem. Ela estava bem.

Não sabia explicar o que Mia causava em mim. Mas, ouvir aquilo, sentir a certeza em sua voz... Acalmou toda tempestade que havia se instalado dentro de mim nos últimos dias. Então a puxei para um abraço antes que pudesse pensar duas vezes.

Liandra — Como você quiser, princesinha... — Sussurrei no ouvido dela.

Eu não precisava ver para saber que ela estava sorrindo. Eu conhecia bem aquela sensação — o momento perfeito, o mundo parado ao nosso redor. Apertei-a um pouco mais forte, e ela não se afastou. Eu não sabia que sentia tanta falta dela até finalmente depois de nove longos anos, tê-la novamente em meus braços, com meu coração batendo forte o suficiente para que ela sentisse.

O corpo dela relaxou contra o meu, e, pela primeira vez em dias, eu senti paz. O cheiro do cabelo dela, a leve pressão da cabeça dela descansando em meu peito... Era como voltar para casa, um lugar de onde eu nunca deveria ter saído.

Não sei quanto tempo ficamos assim, mas não importava. Aquele momento era nosso, sem pressa, sem medo, apenas nós. Quando Bárbara entrou, encontrou-nos ainda envolvidas naquele momento. Ela sorriu com aquele ar de quem entende mais do que diz, e nos avisou que estaria na cozinha.

Mia se afastou lentamente, mas seus dedos ainda seguravam os meus. Decidimos ir até a cozinha fazer companhia à Bárbara, e logo as duas começaram a relembrar o passado, enquanto eu as observava em silêncio.

...Q.D.T...

Bárbara e Mia riam, trocando histórias antigas com uma facilidade que me fez sorrir. A cumplicidade entre elas sempre foi algo que admirei. Eu sabia que, de certa forma, nunca gostei de dividir a atenção de Bárbara com ninguém, mas Mia... Mia sempre foi a exceção. Sempre houve espaço para ela.

Mia Corbell — Ei, Cinderela? — A voz de Mia me tirou de meus pensamentos.

Levantei o olhar, e lá estava ela, com aquele sorriso que parecia iluminar o ambiente.

Mia tinha uma maneira especial de me trazer de volta à realidade. O apelido "Cinderela" era uma provocação carinhosa, mas tinha uma verdade oculta—ela sempre soube que, por trás das máscaras e armaduras, havia algo mais em mim. Algo que eu própria hesitava em admitir. E naquele momento, enquanto as risadas ecoavam pela cozinha, eu percebia o quanto eu precisava dela ali.

Liandra — Hm? — respondi distraída.

Mia Corbell — Quer compartilhar conosco o que tanto está pensando? — Ela perguntou, seu tom leve, mas os olhos brilhando com curiosidade.

Bárbara Bianchi — Tudo bem, filha?

Bárbara me olhou com um pouco de preocupação, como se tentasse adivinhar o que estava se passando na minha mente.

Como eu podia explicar que, ultimamente, tudo o que eu queria era me perder naquele sorriso de Mia que transbordava através dos olhos?

A verdade? Tudo o que eu conseguia pensar ultimamente era nela. Em como o sorriso de Mia me atingia de maneiras que eu não conseguia explicar. Em como o simples fato de estar ao lado dela tornava o mundo um lugar mais fácil de suportar.

Liandra — Estou bem, Bá. — Respondi, tentando disfarçar o tumulto de pensamentos que rodopiavam dentro de mim. — Só estava... lembrando.

Mia Corbell — Nós éramos tão felizes, não é? — Ela parou por um momento, antes de acrescentar, debochada: — Apesar das suas péssimas escolhas pra relacionamentos.

Eu semicerrei os olhos em sua direção.

Liandra — Isso não é verdade. — Retruquei, indignada.

Mia Corbell — Bá? — Mia chamou, claramente procurando apoio.

Bárbara ergueu as mãos num gesto de desculpas, mas um sorriso brincava em seus lábios.

Bárbara Bianchi — Desculpe, filha, mas... algumas de suas namoradas realmente foram escolhas terríveis. — Ela fez uma careta engraçada, e todos rimos.

O riso de Mia foi como uma melodia que ecoou dentro de mim, aquecendo algo que eu nem sabia que ainda existia. Eu queria manter esse momento, como se pudesse segurá-lo nas minhas mãos para sempre.

Mia Corbell — Me pergunto quando foi que ficamos tão chatas assim... — Murmurou, ainda sorrindo, mas com uma pontada de saudade no olhar.

Liandra — Fale por você. — Retruquei, cutucando-a de leve. — Eu não sou chata.

Mia Corbell — Ah, não? Bá, ajuda aqui a descer a Cinderela do castelo de sonhos e trazê-la para nossa realidade. — Zombou, e Bárbara balançou a cabeça, rindo.

Bárbara Bianchi — Vocês não têm jeito mesmo. — Suspirou, mas o brilho nos olhos dela mostrava que, apesar de tudo, ela estava feliz.

Eu sorri. Ela tinha razão**, pensei. Nenhuma de nós tinha jeito. Mas enquanto estivéssemos juntas, talvez não precisássemos. E nesse instante, enquanto eu observava Mia rindo, a sensação de que algo em mim estava voltando a se curar, algo que eu havia enterrado por muito tempo, se fez presente. E pela primeira vez, em muito tempo, eu me permiti apenas... sentir.**

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Continua…

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