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...Neste capítulo, vamos explorar a batalha interna que um dia todos acabam enfrentando, onde razão e coração são apenas peças em um jogo maior. Onde nossos maiores inimigos não são aqueles que encontramos lá fora, mas as sombras que criamos dentro de nós mesmos. A mente pode ser uma prisão implacável, onde o medo do desconhecido nos acorrenta ao "e se", impedindo-nos de avançar e fazendo-nos perder a guerra antes mesmo de iniciar a batalha, subjugados por um inimigo silencioso que se alimenta das nossas dúvidas e inseguranças....
...Mas sempre que o medo te dominar e sua consciência gritar, lembre-se: na prisão da nossa mente, nós somos tanto o prisioneiro quanto o carcereiro. Liberte-se....
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...• Narrado por Mia Corbell • ...
Saímos do restaurante em silêncio, o ar da noite tocava meu rosto, fresco e suave. A presença de Bárbara ao meu lado era como um conforto familiar, mas meu coração batia mais rápido do que eu gostaria de admitir. Enquanto caminhávamos até o carro, cada passo parecia ecoar o peso do que estava por vir.
Bárbara se acomodou no banco do passageiro, e eu fui em direção ao volante, tentando me concentrar na estrada. Mas era impossível. Meu pensamento voltava sempre para Liandra. Como ela estaria? O que estaria pensando? Depois de tantos dias afastadas, evitando encará-la, fugir não era mais uma opção. Eu sentia o peso da ansiedade crescer com cada quilômetro que passávamos, o silêncio entre mim e Bárbara apenas amplificava o som das batidas do meu coração.
A lembrança da última vez que vi Liandra voltou à minha mente. Seus olhos castanhos, sempre intensos, me fitando com uma mistura de confusão e dor que me desarmava e sufocava ao mesmo tempo. Eu soube, naquele momento, que ela de alguma forma entendia... talvez mais do que eu mesma fosse capaz de compreender. E agora, depois de tudo, eu finalmente teria que enfrentá-la de novo. Não havia mais espaço para esconder meus sentimentos atrás de desculpas ou omissões.
No caminho até chegar a mansão, o carro parecia pequeno demais para conter toda a confusão que havia dentro de mim. Minhas mãos suavam no volante, e o pensamento de encara-lá de frente pela primeira vez depois de tudo, era quase apavorante. Mas, de algum jeito, o medo vinha acompanhado de um novo tipo de determinação. Era a mesma sensação que senti ao lado de Bárbara quando ainda estávamos no restaurante. Eu não podia continuar fugindo, mesmo que tudo dentro de mim quisesse recuar. Era hora de encarar o que eu havia evitado por tanto tempo.
Cada quilômetro que passava parecia ampliar o barulho na minha cabeça.
— "Vamos lá, Mia! Você já pensou em todas as maneiras possíveis de como isso pode acabar. Mas adivinha? Você ainda está aqui. Ainda pensando nela." 🧠🤡. — Minha consciência parecia se divertir com a minha angústia.
Quando estacionei em frente à casa, olhei para as luzes que vinham das janelas, sentindo meu estômago revirar de ansiedade. Bárbara me olhou com aquele jeito maternal, como se soubesse exatamente a bagunça que eu estava por dentro.
— Vai ficar tudo bem, Mia. Apenas, acredite no que você sente.
Assenti, quase mecanicamente. Ela me abraçou antes de sair, e por um breve momento, eu me agarrei àquela sensação de segurança. Claro que ela tinha razão. Bárbara sempre tinha razão, mas isso não tornava as coisas mais fáceis. Eu sabia o que precisava fazer, mas a coragem... ah, essa parecia brincar de esconde-esconde comigo.
Meu coração batia acelerado, enquanto nós duas entravamos na casa, sentindo o familiar calor acolhedor do ambiente. O silêncio tinha sido substituído por um leve ruído vindo da sala. A cada passo que eu dava, a realidade de encarar meus medos e inseguranças se aproximava mais e mais. Meu coração parecia querer sair do peito, e eu apenas respirei fundo, tentando reunir toda a coragem que me restava.
Quando virei o corredor, lá estava ela, sentada no sofá, entretida com algo na TV, seus olhos fixos na tela, o brilho suave da luz iluminando seus traços. Por um instante, fiquei parada na porta, observando-a, como se precisasse de um momento para absorver sua presença. Era a mesma Liandra de sempre... mas, ao mesmo tempo, algo em mim dizia que tudo estava prestes a mudar.
"Tá vendo? Aí está ela. E você, congelada na porta, como uma idiota." 🧠🤦♀️. — Minha consciência disparou em tom de deboche, impiedosa.
Bárbara caminhou até ela enquanto apenas me mantive afastada sem que ela se desse conta da minha presença.
— Atrapalho, meu bem? — ouvi ela perguntar, e a resposta suave de Liandra fez meu coração tropeçar.
— Oi, claro que não. Conseguiu resolver? — Liandra perguntou, e o sorriso em seu rosto era tão natural, tão bonito, que eu quase me derreti ali mesmo. Meu coração estava uma bagunça, batendo rápido demais.
Bárbara respondeu algo sobre já ter resolvido e mencionou que ia subir para se trocar e fazer o jantar.
— Hmmm, gosto do som disso. Posso ajudar? — A morena fez um bico lindo ao perguntar aquilo e meu coração errou um batida.
— Claro que sim, meu bem. Eu já volto. — Bárbara respondeu, dando um beijo em sua testa com carinho.
"Viu? Ela está bem. Não tem monstros escondidos no armário esperando para te devorar se você falar com ela." 🧠😌. — Minha consciência sibilava com um misto de exasperação e sarcasmo.
Bárbara se aproximou de mim, com aqueles olhos que pareciam ler minha alma. Ela me deu um beijo suave no rosto e sussurrou:
— Lembre-se, não tem como saber se você não tentar.
A tensão me consumia enquanto eu observava Bárbara subir as escadas. Meu coração estava a mil, minhas mãos suavam e, de repente, parecia que cada pequena ação que eu precisaria fazer — caminhar, respirar, falar — havia se tornado uma tarefa monumental.
A morena continuava no sofá, distraída pela TV, alheia ao turbilhão que eu sentia. Eu estava parada na entrada, como uma estátua idiota, sem saber se deveria avançar ou recuar.
"Vamos, Mia. Não seja covarde!" 🧠. — Minha consciência gritava.
Claro que seria mais fácil eu fugir de novo, né? Ela me olharia, eu provavelmente ia gaguejar, talvez até pedir desculpas e pronto, tudo voltaria à estaca zero. — Pensei confiante.
“Nossa que grande grande plano!" 🧠🙄. — Respirei fundo, tentando ignorar o sarcasmo impiedoso dentro da minha própria mente. — “Você veio até aqui para fazer alguma coisa, não ficar parada feito uma idiota. Que tal um pouco de ação, hein? Ou vai continuar só observando ela de longe? Muito produtivo, parabéns."🧠👏🏻.
Meu estômago deu um nó, mas sabia que minha consciência estava certa — por mais irritante que ela fosse. Era ridículo continuar ali plantada, encarando-a como se ela fosse um enigma que eu não pudesse decifrar.
Talvez ela nem esteja pensando em mim. — "Ou melhor, talvez esteja pensando que você é uma covarde por não ter coragem de falar sobre o que aconteceu. E, adivinha? Ela esta certa." 🧠. — Aff, porque eu estou aqui parada discutindo com você mesmo? Você nem se quer existe. É apenas uma extensão muito irritante de mim mesma.
"Vamos, Mia, não seja covarde… O que ela pode dizer de tão ruim que você já não tenha imaginado?" 🧠. — Minha consciência continuava a bradar dentro de mim, parecendo exausta de todas as possibilidades que eu havia fantasiado. Mas a verdade é que entre a fantasia e a realidade havia um abismo imenso.
Droga.
"Pare de pensar e fale com ela, sua idiota covarde. O máximo que pode acontecer é você fugir de novo como uma garotinha assusta." 🧠. — O deboche presente na palavra “fugir” me fez revirar os olhos… — literalmente, dessa vez. — Mas não pude negar: a última conversa que tivemos terminou comigo fugindo e ela se desculpando, com aquele tom confuso, polido demais. Sem que nada de realmente importante tivesse acontecido ou sido dito.
Fechei os olhos por um segundo tentando afastar esses pensamentos. Respira, respira. Quando os abri novamente, Liandra virou a cabeça, distraída, talvez percebendo algum movimento no canto da visão. Era agora ou nunca.
— Mia? — A voz dela soou suave, curiosa, e eu senti meu corpo travar por um segundo antes de finalmente dar um passo adiante.
"Pronto, lá vamos nós. O máximo que pode acontecer é ela pedir desculpas de novo. Isso se você não congelar primeiro." 🧠🤭.
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Continua…
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Atualizado até capítulo 48
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