Meu filho

Depois do atentado que abalou nossas vidas e da dolorosa perda do meu sogro, eu finalmente senti que, por um breve momento, poderíamos ter um sopro de tranquilidade. Liliane desapareceu, e sua ausência trazia um silêncio pesado, mas a busca por ela continuava sem descanso. Lara estava com o casamento marcado, e meus pais, traumatizados pelo que aconteceu, decidiram viajar para se afastar de tudo isso. Minha irmã ficou comigo, hospedada em minha casa, e hoje era um dia especial: o dia do exame que revelaria se meu bebê seria Damon ou Alice.

— Amor, precisamos ir logo para a clínica. Estou tão nervosa — falei, meu coração batendo descompassado. Meu marido assentiu, seus olhos refletindo a mesma ansiedade que eu sentia.

Quando chegamos, a médica nos atendeu rapidamente. E então, ao saber que seria um menino, uma onda de emoção me invadiu. Eu estava prestes a ter meu filho, Damon Ferrari, o futuro Don da Itália. A felicidade brotou em meu peito, uma alegria pura e cristalina.

— Que alegria! Finalmente terei meu herdeiro! Obrigado, bambina, por me fazer o homem mais feliz do mundo — disse ele, seus olhos brilhando de amor. Eu assenti, profundamente emocionada. Voltamos para casa, planejando uma celebração em família. Avisamos meus pais e meu cunhado, Caio, que estava prestes a se mudar para a casa de campo, mas até o casamento ficaria aqui. A presença dele não me incomodava nem um pouco; eu estava radiante.

— Estou de seis meses de gravidez e quero começar a arrumar o quarto do nosso pequeno. Devo ir ao shopping ou seria melhor pedir tudo pela internet? — perguntei, cheia de planos e empolgação.

Ele me olhou com uma expressão alarmada.

— Isso é daqui a trinta dias? Não, bambina, não diga isso! Amanhã mesmo vamos ver o que precisamos comprar. Não se preocupe, vou te levar ao shopping — respondeu, e meu coração se aquietou, aliviado.

— Fica tranquila em casa e não faça esforço. Vou trabalhar, mas podemos jantar fora esta noite. O que acha? — ele perguntou, e eu assenti, amando a ideia de um jantar romântico.

Depois que ele saiu, fiquei no sofá admirando a foto do meu filho, enquanto pesquisava ideias para o quarto e escolhendo coisinhas adoráveis. O tempo parecia não passar, e a expectativa me deixava ansiosa.

Logo, Lara chegou, inquieta, e sentou-se ao meu lado.

— O que aconteceu? — perguntei, percebendo que algo estava errado.

— É algo sério, mas não se preocupe, eu já faço 18 anos em 20 dias — ela disse, e eu a interrompi.

— Lara, você sabe que isso não importa. O que houve? — insisti, abaixando a tela do computador.

— Não vai me julgar, certo? — ela perguntou, com os olhos cheios de preocupação.

Eu sabia que ela estava escondendo algo, e uma pontada de apreensão me atingiu.

— Não vou julgar, mas pelo jeito, alguém “comeu o bolo” antes da festa — disse, e seu rosto ficou vermelho como um tomate.

— Se fosse só isso, estava tudo bem... — ela respirou fundo. — Estou grávida — finalizou, e meu coração disparou com o susto.

— Fernanda, meu Deus! — ela disse, pegando água para mim. — Não passa mal, por favor! Seu marido me mata — completou, e eu sorri nervosa, tentando manter a calma.

— Calma, estou bem! O que deu na sua cabeça? Você tem apenas 17 anos! O nosso pai vai te matar. Precisamos adiantar esse casamento, Lara! Há quanto tempo? — eu falava sem parar, inquieta.

— Transamos há mais de um mês. Desde o atentado, quando vim para cá, acho que foi isso... Estou vomitando, e fiz um teste na faculdade. Leandra trouxe para mim. Disseram que estou grávida de duas semanas ou mais, e não contei ao Caio ainda — ela revelou, e naquele instante, meu marido e Caio entraram no ambiente. Assim que Luigi viu meu rosto, soube que algo estava errado.

— O que houve? Você está pálida — ele se aproximou, preocupado.

— Amor, estou bem, só um pouco tonta — eu disse, enrolando as palavras enquanto Lara começava a chorar.

— Ei, o que aconteceu? — Caio perguntou, e Lara apenas balançou a cabeça, sufocada por lágrimas.

— É tão grave assim? — Luigi questionou, e eu assenti, mas antes que pudesse falar, a culpa dos hormônios me atingiu.

— Digamos que Caio comeu o bolo antes da festa, e a sementinha foi plantada — eu disse, e eles se entreolharam, preocupados.

— Caio? — chamou Luigi, percebendo que a ficha estava caindo.

— Caramba! É verdade, amor? Vou ser pai? — ele perguntou, abraçando Lara com um misto de felicidade e pavor.

— Sim, é verdade! Meu pai vai me matar! Nós nem estamos casados! — ela soluçou, e Luigi exclamou.

— Meu Deus! Caio, vá para o meu escritório e ligue para o seu sogro. Vamos resolver isso. Vou pedir ao médico para verificar de quanto tempo ela está e organizar um casamento às pressas — disse, a raiva evidente em sua voz. Compreendia sua indignação; a situação não era fácil.

Ele olhou para Lara com uma calma inesperada.

— Não se preocupe, ninguém vai te fazer nada. Vamos resolver isso, amor — disse, beijando-a suavemente antes de sair.

Ela olhou para mim, e balancei os ombros, sem saber o que dizer.

— Agora é esperar nosso pai ligar e te acusar de irresponsável, assim como seu noivo, mas vai dar tudo certo, Lara. Lembre-se de que seus pais e tios aceitaram isso, e isso é meio caminho andado — falei, enquanto ela escorava a cabeça em meu ombro, buscando conforto.

A sala estava envolta em uma mistura de incertezas e esperanças, mas eu sabia que, independentemente das dificuldades, estávamos juntos, e isso nos tornaria mais fortes. O amor, mesmo em meio ao caos, sempre encontraria um jeito de brilhar.

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