Os homens me informaram que Fernanda tinha sido trazida para o porão. Eu vi pelas câmeras que ela estava amarrada, sozinha, e tremia de medo. Aquilo me deu um prazer sombrio e uma culpa, ela precisava entender que seu destino estava nas minhas mãos agora. No silêncio do porão, os soluços abafados dela ecoavam, se misturando ao frio úmido das paredes. Cada lágrima parecia um grito silencioso de desespero, e eu sabia que ela não duraria muito.
Caminhei devagar pelo corredor escuro até a porta, fazendo questão de pisar com força para que o barulho de meus passos reverberasse, alimentando o medo dela. Quando abri a porta, senti o cheiro de pavor no ar. Seus olhos estavam arregalados e o corpo se encolhia instintivamente. Ela parecia ainda menor, quebrada, a luta drenada de seus ossos.
— Bom dia, noivinha. Dormiu bem? — perguntei, meu tom casual, como se estivéssemos em uma manhã qualquer. Mas o terror no olhar dela me dava a resposta.
— Então... — a voz dela saiu trêmula, quase inaudível — ...você está vivo. Claro. Dizem que o diabo não morre fácil.
Eu ri, mas a deixei ali sem resposta. As cordas marcavam sua pele, e o pânico que ela tentava esconder só se intensificava quando eu me afastava. Deixei ordens para que não lhe dessem comida ou água. Ela precisava sentir a escuridão e a fome, deixar que isso corroesse sua coragem pouco a pouco. Minha mente insistia em voltar a ela, mesmo enquanto eu tentava me concentrar nos compromissos do dia. Estava decidido: ela ficaria ali até que eu ouvisse o que queria. E se o casamento fosse em uma cela, que assim fosse.
Quando voltei ao porão naquela noite, a encontrei encurvada, como um pássaro ferido. O abatimento em seu rosto, a pele fria e os lábios secos revelavam que o pavor estava tomando conta de vez.
— Você está horrível — comentei. Ela levantou o olhar apenas por um segundo, os olhos vazios e sem esperança.
— Se é para me matar, Luigi, faz logo — murmurou, a voz um sussurro quebrado.
— Não, noivinha. Nada disso. Eu não quero te matar. Quero que me peça por isso — inclinei-me, olhando diretamente em seus olhos. — "Por favor, Luigi, me tira daqui. Me salva."
O grito que ela soltou foi mais de raiva do que de qualquer outra coisa.
— Nunca! Nunca vou implorar por nada a você! — ela gritou, mas sua voz se esvaziava em desespero.
Peguei a garrafa de água e bebi lentamente, os olhos dela grudados em cada movimento. Seus lábios secos tremiam. Deixei a garrafa aberta no chão, fora do alcance, e me levantei.
— Vamos ver quanto tempo você aguenta essa pose — falei, saindo do porão e trancando a porta. O som da fechadura foi o último estalo que a separou da pouca sanidade que ainda lhe restava.
Fernanda
Cada minuto parecia uma eternidade. O escuro engolia o pouco de coragem que eu conseguia reunir, e o frio me penetrava até os ossos. Eu mal conseguia respirar; o pavor era sufocante, parecia uma criatura viva, enrolada em volta do meu pescoço. As cordas apertavam meus pulsos, e meus dedos estavam dormentes. Meu corpo inteiro tremia, não só de frio, mas de um medo primitivo que eu nunca tinha sentido antes.
Então a luz se acendeu de repente, me cegando. Pisquei para ajustar os olhos e vi uma mulher. Ela era jovem, mais ou menos da minha idade, e me olhava com desdém.
— Quem é você? — consegui sussurrar.
— Só alguém que veio ver a famosa Fernanda, a atiradora que quase matou o chefe. Está com sede? — perguntou, balançando a garrafa de água na mão. Não tive forças para responder, apenas encarei a garrafa com um misto de esperança e humilhação.
Ela sorriu de forma maliciosa, e em vez de me dar a água, derramou-a no chão, deixando-a escorrer pelas frestas do cimento.
— Que pena, não é? Talvez se você implorar, alguém tenha pena de você. — Ela riu e deu as costas para sair, mas não antes de me acertar com um tapa, fazendo meu rosto arder.
Antes que eu pudesse reagir, ouvi passos pesados se aproximando. Luigi apareceu na porta, e ela ficou pálida.
— Eu fui claro, ninguém deveria entrar aqui. E você ousa encostar na minha noiva? — Sua voz era tão fria quanto o porão. — Sobe agora e me espera no escritório.
A moça saiu apressada, e Luigi me olhou com uma mistura de raiva e outra coisa que eu não conseguia identificar.
— Você está bem? — perguntou, mas havia um tom vazio em sua voz.
Não respondi. Meu coração batia descompassado, e minha mente gritava para eu não mostrar fraqueza. Ele balançou a cabeça e subiu, deixando-me sozinha novamente. Quando a escuridão voltou, senti como se eu estivesse sendo enterrada viva. As lágrimas vieram antes que eu pudesse contê-las. E, pela primeira vez, me permiti ser tomada pelo pavor. Era um desespero sem saída, uma agonia lenta e sufocante, que me fazia questionar se eu sairia dali viva ou se o escuro seria a última coisa que eu veria.
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Atualizado até capítulo 31
Comments
Maria Helena Macedo e Silva
o que foi feito da moça que entrou no porão para humilhar a Fernanda... foi ser depósito de esperma para os homens Ferrari, depois de ser chamada atenção🧐🤦♂️
2025-04-07
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Arlete Fernandes
Querida ele é mafioso e vc espera o que de mafioso afinal ele não a matou embora isso era para ser a sentença dela por ter atirado nele e fugido!!
2025-03-07
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Andréa Debossan
Minha filha acima que dói menos, já viu que não pode com ele, aceita e muda de tática que ele vai virar um cordeirinho
2025-03-15
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