Capítulo 04

Ayla Thompson

Dias Atuais…

Arrumo minhas malas enquanto bufo de raiva, coloco as peças de roupas na mala deixando tudo organizado, mas era evidente minha raiva, e o motivo de eu estar assim? É que precisarei morar com a minha mãe.

Meu pai arqueou uma sobrancelha e cruzou seus braços encostando na porta do meu quarto, enquanto ele tinha um sorriso ridículo e vitorioso no rosto.

Davi:Não faz essa cara Ayla — fecho a mala já que eu havia guardado tudo, me viro de frente para o meu pai encarando seus olhos fixamente — será importante você morar com a sua mãe, ela está disposta a conquistar o seu amor e recuperar o tempo perdido.

Eu estava com medo, insegura e aflita, mesmo após anos eu ainda guardava uma mágoa profunda em mim.

— Acha que é fácil apagar uma mágoa tão profunda papai? 

Assim que nasci, Laura percebeu que não estava pronta para ser mãe e simplesmente foi embora, e depois de anos ela tentou uma aproximação.

— Acha realmente que será fácil esquecer? — digo, e papai passa as mãos pelos cabelos parecendo frustrado.

Davi:Ela tentou se aproximar novamente, filha, na maioria das vezes foi fracassado, mas dessa vez ela está empenhada — ele tenta justificar.

Começarei faculdade de direito e irei estudar na Flórida, e por sorte minha ou azar Laura mora lá, e fez questão assim que soube de ligar para o meu pai e o convenceu que estava arrependida e queria recuperar o tempo perdido, então ofereceu sua casa como moradia até os estudos acabarem.

Concordei por causa do meu pai que não queria que eu ficasse sozinha, mas a verdade era que eu estava com medo.

Nunca convivi com ela além de duas horas, quando me buscava para passear, não sei nada sobre ela, as únicas coisas que sei é as que meu pai me contou enquanto conversávamos ou as qual eu procurava em suas redes sociais, eu nem sei se ela sabia do que eu gostava, ou se, se importou em descobrir.

— Não vou fingir que ela é a mãe do ano sem ser — digo firme.

Davi:Só de uma chance a ela, por favor — ele diz com um olhar triste e o seu pedido parecia mais uma súplica — sinto que dessa vez poderá dar certo — um suspiro escapou dos meus lábios, concordo com a cabeça, e meu pai se aproxima e me abraça e eu devolvo seu abraço, já sentindo meu peito se aperta de saudades dele — preciso falar algo importante sobre a sua mãe.

— Pai não quero saber — digo

Davi:Por favor Ayla, colabore comigo filho — ele diz.

— Tudo bem pai, pode falar

Davi:Sei que você sempre tenta da uma de durona, mas também sei que esse seu coraçãozinho sempre teve o desejo de ter sua mãe ao lado, e sei que mesmo que eu tenha te dado todo amor do mundo Ayla, isso não supriu a falta que eu sei que ela fez para você, não precisa ter medo de admitir isso, não pense que eu quero que você vá embora, isso nunca por mim te deixaria trancada em um potinho apenas para mim, mas quero que você tenha a oportunidade de ter uma mãe — ele diz e se afasta de mim para encarar meus olhos e suspirou fundo antes de falar — o que tenho para dizer é que ela está “casada” — meu pai diz e faz aspas com a mão.

— Como assim — digo surpresa.

Davi:Ela conheceu um cara, eles se aproximaram, se apaixonaram e agora moram juntos, estão noivos, pelo que eu fiquei sabendo logo marcaram a data do casamento, então você vai para a casa dele, mais pelo que ela me disse já que eu não quis entrar em detalhes ele é alguém gente boa, só queria te avisar que você terá um novo “pai” — ele diz em tom de brincadeira.

— E você só me conta isso agora, senhor Thompson, dá tempo de desistir? — digo com os pensamentos a milhão — ele deve ser um velho chato e ranzinza, que tem uma filha que me fará conhecer o inferno em pessoa.

Davi:Não exagere Ayla — papai diz e aperta os lados da minha barriga onde sabia que eu tinha cosquinha e logo em seguida me abraçou.

Ele suspira fundo e olho seu rosto triste fazendo meu coração se apertar, meu pai se dividiu em dois, para suprir a falta que minha mãe fazia, fez de tudo por mim e me protegeu como um leão feroz, além de pai ele era o meu melhor amigo e eu sabia que poderia contar sempre com ele, e caso não desse certo eu teria seu colo.

Davi:Vamos eu te ajudo com as malas — ele diz — pra que leva tantas roupas? — ele pergunta fazendo força colocando a mala no chão.

— Eu sou mulher papai, preciso de opções — digo fazendo ele sorrir.

Descemos as escadas da nossa casa e caminhamos até o carro, meu pai coloca a mala no porta-malas e entramos no carro onde ele dá partida dirigindo até o aeroporto da cidade.

Assim que chegamos no aeroporto desço do carro e meu pai tira as malas, abraço ele fortemente sentindo meu coração se apertar e a saudade já se fazia presente, sentiria saudade das conversas, risadas, dos café da manhã, até mesmo das broncas que ele me dava.

Eu odiava despedidas e me doía ir, mas era necessário, seria o meu futuro e eu sabia que ele estava feliz por isso.

— Até logo papai — digo e beijo sua bochecha e me afasto arrastando minha mala comigo.

Faço todo o procedimento que tem que ser feito e embarco no avião, eu estava cheia de dúvidas, medo e insegurança…esperava que desse certo com Laura e que pudéssemos aproveitar o tempo perdido, e nós darmos uma chance para nos conhecer, mas caso  não desse certo sei que me magoaria muito e guardaria isso comigo para sempre.

A viagem durou quatro horas e doze minutos, e assim que o avião pousou, desço dele com o pé direito para dar sorte, pego minhas coisas e entro no táxi passando o endereço que eu tinha.

Meu relógio de pulso marcava 16h e meu coração acelerava ansioso, à medida que o carro se aproximava do endereço.

Aprendi a não criar falsas expectativas, já que toda vez que ela se aproximava e depois se ia, eu ficava cada vez mais magoada, mas mesmo assim era impossível não sentir a ansiedade me consumindo.

O táxi estacionou em frente do endereço, pago e desço do carro, o taxista tira minha mala e eu entro no grande prédio arrastando ela.

Passo pela recepcionista que pede meus dados para avisar que eu chegada, porém ninguém atende.

Recepcionista:Pode subir querida, provavelmente o senhor Collins não escutou o telefone, mas com suas informações está tudo certo.

“meu Deus minha mãe se casou com um velho surdo”

Penso em pensamentos e balanço a cabeça afastando eles…caminho até o elevador depois dela falar que era no último andar e disco o número.

O elevador se abre e caminho pelo grande corredor e paro em frente a porta, analiso completamente o corredor e cada detalhe observando a elegância do lugar.

“toma que esse velho que minha mãe arrumou, não seje insuportável”

Penso comigo antes de tocar a campainha, após um minuto um homem destranca a porta.

Meus olhos piscam assustados, a medida que meu olhar descia pelo seu corpo sarado dele…ele vestia apenas uma calça moletom preta, estava descalço e sem camiseta alguma, seu abdômen era malhado e no seu peitoral havia algumas gotículas de água, deixando a visão mais irresistível.

Balanço minha cabeça tentando voltar a pensar, mas eu estava hipnotizada naquele homem, olho novamente para o seu corpo antes de encarar seus olhos.

Os olhos eram azuis profundos, os cabelos estavam molhados, penteado para trás, estudo o restante do seu rosto, sentindo um calor novo subir pelas minhas pernas, e parar em meu estômago, como se fossem borboletas prestes a sair.

Reparo nos seus lábios, mais que o normal e ele abre um sorrisinho me deixando mais nervosa do que eu já estava, desvio meu olhar para a parede à minha frente.

“eu só poderia estar no apartamento errado” 

— ah me desculpe, acho que estou no apartamento errado — digo fazendo ele abrir um sorriso maior, me deixando hipnotizada.

Homem:Quem você está procurando? — ele pergunta e sua voz me causou um arrepio que nunca senti antes, era uma voz grossa.

Seu olhar era intenso, minhas mãos começaram a suar e o meu estômago ser invadido por borboletas, que estavam agitadas.

— Deixe-me ver — digo e pego o papel olhando o endereço nele, e logo volto a encarar o homem à minha frente — o endereço está certo, digo e mostro o papel para ele.

Digo e sinto que minhas bochechas esquentaram, me fazendo levar a mão até ela, eu certamente estava corada, e eu me sentia boba por isso.

Homem:O endereço é esse, quem é você? — ele pergunta e dessa vez sua voz sai intimidadora, grossa e ao mesmo tempo uma rouquidão que não tinha, seu perfume amadeirado invade minhas narinas me fazendo esquecer até mesmo meu nome, mas logo volto com a minha consciência.

— Sou a Ayla Thompson, estou procurando Laura Johnson, sabe qual o apartamento dela? — pergunto fazendo o homem à minha frente passar uma de suas mãos nos cabelos e suspirar fundo, antes de voltar a me encarar.

Homem:O endereço está certo, é esse mesmo, você é alguma amiga dela? — ele pergunta e eu nego levemente com a cabeça.

— Sou filha dela — digo, e seus olhos se arregalaram um pouco.

Homem:Filha? — ele responde com as sobrancelhas arqueadas, e uma cara de quem estava intrigado.

— Quem é você? — interrompo.

Homem:Sou Heitor Collins, sua mãe está morando comigo — ele diz.

— Você é o meu padrasto? — grito com os olhos arregalados.

Heitor:Sim, eu sou!

Eu pensei que o noivo da minha mãe seria alguém com uma aparência mais velha, na real imaginei ele em minha mente, um velho barrigudo, com um bigodinho branco, e que seria insuportável.

Mas não a real era totalmente diferente, ele era um velho lindo pra caramba, era improvável não reparar naquele homem e ficava impressionada com a sua beleza, o seu jeito.

E só de pensar que estava secando o meu padrasto, o marido da minha mãe eu me sentia totalmente mal.

•Ayla Thompson.

•18 anos

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