Allya já não sabia o que podia esperar de mim, um homem que ela confiou. Agora a pressionava daquela forma, a impedindo de sair do carro. Ela me olhou com raiva e disse:
-Meu noivo... O Daniel, ele me abandonou uma semana antes do nosso casamento... O Regis, se fez amigo, mas só queria me levar para a cama.
Senti meu coração amolecer e se ferir, com as palavras cheias de dor com a qual ela me respondia. Me senti péssimo e disse:
-Allya, amor... Não precisa falar mais nada, já entendi tudo.
-Vou falar Conrado, afinal, parece que você entendeu tudo errado antes! Meu noivo e eu nunca daríamos certo, mas eu insisti em tentar e ele não. Meses após nosso término, quase um ano após. No ano passado... O Régis se aproximou, era gentil, educado, amigo... Nós falávamos por mensagem e um dia decidimos sair como amigos...
Fiquei em silêncio me lembrando a fala do Régis sobre ela. Sobre o quão canalha ele havia sido. Como pôde tirar proveito de uma mulher fragilizada? Allya continuou:
-Saímos e jantamos, aqui na cidade mesmo. Nos encontramos no local e voltamos a pé. Quando ele me deixou em casa, sabia que meus pais não estavam... Então entrou sem eu convidar e me beijou. Eu pedi que ele saísse, mas ele trancou a porta e me beijou novamente...
Me enchi de raiva e serrei os punhos. Eu só queria encontrar o Regis e partir a cara dele. Queria o ensinar a ser um homem de verdade. Allya continuou:
-Então quebrei um vaso na cabeça dele e o joguei para fora. Pedi que ele se esquecesse que eu existo -disse mais nervosa que antes.
-Allya, você o quê? –Ri.
-Isso mesmo que ouviu, eu bati nele. – Me olhou sem acreditar que eu ria.
Eu a olhei com imenso amor e soube que as palavras de Regis sobre ela eram puro despeito. Ela ainda estava muito brava. Eu segurei seu rosto, a beijei e em seguida a abracei e disse:
-Me desculpe eu fui um idiota. Eu só estava com ciúme.
-Vou processar seu amigo Régis se falar mentiras sobre mim novamente – disse ela tentando manter a calma.
-Não é nada disso eu que entendi errado. Ele disse que saíram, mas nunca disse que rolou nada além disso. - Menti, para evitar uma confusão maior.
Depois cuidei de me desculpar pelas palavras anteriores e propôs um namoro à distância. Prometi estar com ela todo sábado e domingo, até decidirmos o próximo passo. A Allya aceitou.
Deixei a Allya na casa dela e fiquei dando voltas pela cidade. Era muito confuso tudo o que eu sentia, o que eu vivia... Me perguntava se eu estava fazendo papel de idiota. Tudo que eu queria era proteger a Allya, naquela época não tinham tantos movimentos femininos de empoderamento e as mulheres ainda gostavam de filmes de príncipe. Minha namorada não era diferente, ela era uma editora e amava romances, principalmente os com finais felizes.
Na minha cabeça eu era o soldado, mestre das artes marciais, que protegeria a mocinha, nos casaríamos e viveríamos felizes. Depois voltei à minha realidade e fiquei mais confuso ainda. Por que eu pensava em casamento? Mal havíamos começado a ficar, eu nem havia dito que a amava e ela também não havia se declarado para mim.
Eu realmente estava perdido em minha mente. Eu sabia que não era somente desejo e encanto pela beleza dela. Eu queria ela e queria tudo dela. Nos meus outros relacionamentos eu nunca levei as mulheres para cama no primeiro encontro. Eu sempre queria saber mais sobre elas, desejava as seduzir. Eu gostava de me sentir irresistível. Mas naquele momento era a Allya quem me seduzia.
Algumas vezes nem cheguei a transar. Claramente não havia sintonia, a conversa era chata ou a mulher só queria sexo. Eu não seria usado. Sai com algumas apenas umas três vezes depois do sexo. O fato é que eu nunca gostei de pensar em ver uma mulher apenas como um corpo para sexo.
Sempre gostei de mulheres com personalidade e inteligentes. A Allya era um conjunto perfeito de tudo que me atraia. Mas com ela eu conseguia ser atrevido, eu tentava e não conseguia a seduzir. Eu estava praticamente rastejando por ela.
Ela faria de mim o que quisesse, eu nunca havia passado por aquilo, pela primeira vez não me senti no controle. Eu detestava isso, não ter o controle. Me questionava se a Allya sabia o efeito devastador que causava em mim. Se ela sabia o quanto eu a desejava e por isso me torturava.
Cheguei a questionar porque eu insistia tanto naquele relacionamento, era óbvio que a Allya era diferente, tinha muito autocontrole. Cheguei à conclusão que era devido sua religião. Ela era muito fiel a suas crenças. Depois tive a certeza que se eu estava insistindo, era porque ela valia a pena. Claramente tínhamos cumplicidade e sintonia.
A Allya era a mulher mais linda e especial que eu já havia encontrado. Eu simplesmente não abriria mão dela. Eu tomaria o controle, tentaria agir como um homem de 29 anos e afastaria estes pensamentos bobos. Eu não queria somente sexo, mas também não queria me casar tão rápido. A Allya já era uma adulta, eu nunca havia passado por tanta restrição. Ela colocava limites e barreiras que eu sabia que não poderia ultrapassar, senão a perderia.
Após estacionar meu carro, chequei a conclusão “Eu estou apaixonado pela Allya”. No quintal da casa dos meus pais eu pensava que era paixão e algo mais. Eu nunca havia tido aquele sentimento antes. Eu pensei: “Preciso me controlar para não ser controlado”.
Vou levar esta mulher a sério, mas eu vou estar no controle. O ciúme que eu sentia dela estava me incomodando e me causou raiva excessiva do Régis. Eu sabia que ele desejava a Allya, ou seja, desejava a mulher eu queria para mim. Mas eu deixaria bem claro para ele nunca tocar no que eu meu. Ele me conhecia bem e sabia o quanto eu era sistemático com tudo que me pertencia. A Allya não era minha propriedade, mas seria minha por vontade própria.
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Atualizado até capítulo 71
Comments
🌹
O que ele sente parece ser mais uma obsessão.
2024-08-18
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