Capítulo 18: Corações em Alerta

Amanda dirigiu tão rápido que nem se importou com as multas de trânsito; seu coração batia tão acelerado que chegava a doer. Ela não sabia o motivo de estar sentindo isso, mas era algo que nunca tinha experimentado em sua carreira, mesmo depois de investigar crimes assustadores. Estacionando o carro, saiu a passos largos, dirigindo-se até a recepção do hospital. Após perguntar sobre o estado de Henrique, foi informada que ele ainda estava na mesa de cirurgia e que seu caso era crítico.

Agradeceu à recepcionista e, após pedir para ser informada sobre Henrique assim que houvesse novidades, sentou-se em uma das cadeiras da sala de espera, ao lado da secretaria de Henrique que estava esperando também estava esperando notícias, um pouco depois, ela disse para a jovem ir para casa, pois ela avisaria caso algo acontecesse.

Cada minuto parecia um século e, cada vez que via um médico, seu coração batia mais rápido. Seu olhar se voltava imediatamente para ele, esperando alguma informação, mas essa informação nunca vinha, e sua preocupação só aumentava. Clareando os pensamentos, ligou para Pedro e pediu para que ele fosse até o hospital conversar com ela e explicar melhor o que tinha acontecido. Por sorte, ele já estava a caminho e chegou rapidamente.

Ao sentar ao seu lado, Pedro recebeu um olhar cortante de Amanda e, já sabendo o que ela queria, começou a explicar todo o ocorrido: um homem usando uma camisa preta com capuz e óculos escuros roubou a bolsa de uma mulher e saiu correndo. Sua barba espessa dificultava ainda mais a identificação. Ele tentou alcançá-lo, mas o homem era bem mais rápido. Após alguns minutos de perseguição, Pedro perdeu o rastro, mas encontrou a bolsa jogada no chão, contendo quase tudo, exceto o dinheiro.

Quando Pedro voltou para entregar a bolsa à mulher e retornar ao seu posto, resolveu dar uma olhada para ver se algo mais tinha acontecido. Ele tinha visto duas crianças entrarem na empresa, mas, por não ter conseguido ver seus rostos, não imaginou que eram os filhos de Erick. Ao entrar, viu a secretária de Henrique amarrada em uma cadeira, amordaçada e em pânico. Quando ele tirou a mordaça, ela só conseguiu pedir ajuda para Henrique.

Pedro correu para a sala e encontrou a cena horripilante de um homem, bem maior que Henrique, esfaqueando-o enquanto ele tentava impedir o agressor de entrar no banheiro. Pedro agiu rapidamente, prendendo o homem, mas Henrique já não parecia consciente, mantendo-se de pé apenas por pura força de vontade. Quando estava quase saindo para levar o agressor até a viatura que havia solicitado, escutou a voz de Isabella vindo de dentro do banheiro e entendeu que Henrique estava tentando proteger as crianças.

Ele pediu para as crianças esperarem no banheiro, pois não queria que elas vissem uma cena tão lamentável, mas tinha que levar o homem até a viatura. Porém, quando voltou, as crianças já tinham saído e estavam conversando com seus pais do lado de fora da empresa de consultoria de Henrique.

Após escutar o relato de Pedro, Amanda supôs que Bruno estivesse por trás de tudo isso. Só não entendia o motivo das crianças estarem lá e como Bruno saberia essa informação, mas também existia a chance de ele só querer matar Henrique em retaliação por ter armado uma emboscada para ele. Encontrar as crianças pode ter sido apenas uma coincidência; seja qual for o motivo, ela iria descobrir. Pediu para Pedro ir atrás das filmagens do shopping daquele horário, e ele saiu logo depois do pedido.

Quando soubesse o estado de saúde de Henrique, iria imediatamente interrogar o homem preso e descobrir quem estava por trás disso tudo. Entretanto, naquele momento, ela apenas queria saber se Henrique iria sobreviver. Alguns minutos depois, recebeu uma ligação de Erick, que explicou tudo o que tinha acontecido, como as crianças driblaram os seguranças e os policiais para ir até a empresa de Henrique conversar com ele.

"Então, eles estarem lá foi realmente uma coincidência?!" disse Amanda, refletindo.

"Como assim, coincidência?" questionou Erick.

"Aparentemente, o homem estava tentando levar as crianças e Henrique as protegeu. Então, imagino que o homem tenha sido enviado por Bruno para mata-lo e, por coincidência, seus filhos estavam no local e ele aproveitou para tentar levá-las," respondeu Amanda.

Erick, que estava na sala da sua casa, sentou-se no sofá, assustado com a informação, deixando Raquel, que se aproximava, preocupada. Suas mãos tremiam, mas ele tentou manter o foco. Sabia que Henrique estava protegendo as crianças, mas achou que fosse apenas um assalto.

"Erick? Você está aí?" questionou Amanda, após o silêncio.

"Sim, estou sim. Vocês prenderam o homem, né? Vão interrogá-lo?"

"Sim, também pedi as filmagens do shopping. É provável que o homem tenha feito a secretária desligar as câmeras, mas eu coloquei umas em segredo, pois tinha medo que algo parecido acontecesse. Então, saberemos exatamente o que aconteceu lá, mesmo que o homem não fale," respondeu Amanda.

"E como Henrique está?" questionou Erick, hesitando um pouco. Ele tinha medo da resposta. Henrique tinha salvado seus filhos, e Isabella parecia ter criado um afeto por ele, mesmo conhecendo-o brevemente.

"Eu não sei dizer. Desde que cheguei aqui, ele está na mesa de cirurgia, e a recepcionista disse que o estado dele era crítico," respondeu Amanda, tentando manter a calma. Erick percebeu imediatamente que sua preocupação demonstrava que ela estava sentindo algo por Henrique e tinha medo de perdê-lo, mas decidiu não falar nada para não deixá-la mais aflita.

"Obrigada pelas informações. Quando tiver novidades, me avisa, por favor! Não sei o porquê, mas minha filha gosta dele e está muito preocupada," pediu Erick.

Amanda disse que avisaria e, então, os dois se despediram. Desligando a chamada, Erick voltou a atenção para Raquel, que estava ao seu lado, segurando sua mão com um olhar apreensivo. Ele repetiu tudo que Amanda tinha falado, sua voz embargada revelando sentimentos que Erick lutava para não sentir. Henrique tinha arriscado a vida para proteger seus filhos, e ele rezava para que Henrique saísse bem de tudo aquilo.

Raquel ouviu tudo com paciência e, mesmo ficando nervosa, achou melhor ser forte naquele momento. Abraçou Erick para que ele pudesse expressar seus sentimentos, sabendo que ele não gostava de demonstrar quando se sentia frágil. Erick, ao sentir o calor do abraço, derramou as lágrimas que estava tentando conter.