O dia na delegacia onde Amanda trabalhava estava caótico; muitos presidiários haviam fugido, tanto do presídio feminino quanto do masculino. Ela não sabia o que tinha acontecido, mas pressentiu que Bruno estava por trás de tudo aquilo. Era difícil imaginar que outro detento tivesse capacidade para tal ato, e também havia o fato de Vitória ser uma das fugitivas, o que não poderia ser coincidência.
Instintivamente, ela procurou o nome de Henrique na lista de fugitivos e suspirou aliviada ao perceber que ele não estava lá. Anos atrás, quando o interrogava por causa do sequestro de Leonard, sentiu uma certa simpatia por ele, mesmo sem entender o motivo; o homem continuava firme, sem entregar nenhum de seus parceiros, dificultando seu trabalho. No dia do julgamento, quando viu Vitória jogando a culpa sobre os outros, Amanda sentiu uma dor no coração e questionou-se sobre o motivo de simpatizar com um criminoso, sem encontrar resposta.
Naquela época, ela ainda era casada e vivia um relacionamento conturbado devido ao tempo excessivo dedicado ao trabalho e outros problemas familiares, o que acabou resultando no divórcio. Eles acharam melhor viver separados do que se machucarem em um relacionamento regido por brigas e desentendimentos. Júlio, um excelente advogado, frequentemente trabalhava com Amanda, mas às vezes em lados opostos, e mesmo após a separação, mantiveram uma boa convivência.
Por curiosidade, Amanda pesquisou um pouco mais sobre o passado de Henrique e descobriu informações importantes, a principal sendo que ele não tinha ninguém para ajudá-lo. Pensando nisso, começou a mandar livros para ele por meio de colegas, para que pudesse ao menos se distrair.
Ela não sabia o que acontecia com ele na penitenciária, por isso ficou espantada ao falar com Erick. Esse espanto só não foi maior que escutar Erick pedir para ela ajudar Henrique o mais rápido possível, pois ele não tinha certeza se Elias havia escutado a conversa deles. Amanda pensou em como Henrique tinha sido idiota por jogar fora uma amizade dessas por causa de uma mulher.
Sabendo que estava correndo contra o tempo, Amanda iniciou a investigação, e com um ponto inicial seria bem mais fácil. Contactando todas as suas fontes de informação, descobriu muito sobre o tal Elias, e o que mais chamou sua atenção foi a movimentação dele entre os presídios feminino e masculino. Juntando as peças, foi fácil perceber que ele era o intermediário entre Vítoria e Bruno. Agora, ela só precisava colocá-lo contra a parede e fazê-lo confessar.
"Elias, Elias... Você se acha muito esperto, escondendo seu lixo embaixo do tapete, não acha?!" dizia Amanda, enquanto caminhava lentamente para sentar-se na cadeira da sala de interrogatórios, ficando frente a frente com Elias.
"Eu não sei do que você tá falando..." bufou Elias, sem entender o motivo de ter sido chamado.
Colocando uma pasta cheia de documentos sobre a mesa, Amanda olhou para ele com um sorriso ameaçador e começou a relatar tudo o que havia descoberto. Elias a observava tomado pelo pavor; Amanda exalava uma aura imponente a cada palavra que proferia, sem titubear, seu olhar penetrante parecia capaz de ver sua alma.
Quando começou a investigar o sequestro de Leonard, Amanda havia acabado de tomar posse do cargo de delegada e se recriminava por não ter enxergado a verdade logo no início, pela falta de experiência. Porém, com o passar dos anos, tornou-se alguém respeitada e temida. Seus métodos para descobrir a verdade estavam bem mais.
Elias sabia que não podia negar mais; todas as provas que Amanda tinha o acusavam, e se ele não falasse o que sabia, iria passar por maus bocados. Então, sem se importar com o que aconteceria com seus parceiros e apenas tentando escapar daquela situação, assinou um acordo de delação premiada, entregando um por um todos os policiais que ele sabia estarem do lado de Bruno.
Amanda ficou atordoada ao ver o tamanho da lista, mas estava feliz por ter conseguido aquilo em um curto espaço de tempo. Agradeceu internamente por Elias ser apenas um covarde que não pensa em ninguém além de si mesmo.
Já era tarde da noite quando finalmente conseguiu prender todos os criminosos, e Amanda estava cansada. Parecia que aquele dia não iria acabar nunca. Todavia, ela queria ir pessoalmente ao presídio, queria olhar nos olhos de Henrique e saber como ele estava.
Ligou para Erick, contando o que havia acontecido. Ele imediatamente disse que avisaria ao advogado contratado para encontrá-la lá. Ele já o havia deixado de sobreaviso, podendo chamá-lo a qualquer momento, e era para ele ficar preparado. Mesmo achando o prazo muito curto para fazer qualquer coisa, Erick pagou a mais pelo seu trabalho, o que o deixou muito satisfeito. Então, Geraldo passou o dia inteiro estudando o caso de Henrique.
Quando Amanda chegou ao presídio, o advogado já a aguardava com um sorriso no rosto, também um pouco cansado, pois havia muita coisa para analisar e muitas possibilidades a considerar para conduzir o caso da melhor forma possível. Eles se cumprimentaram brevemente e passaram uma hora conversando. Amanda contou todo o resultado da investigação e, com essas novas informações, Geraldo já sabia o que fazer. Seria um caso fácil, sem necessidade de grande esforço.
Após a conversa, Amanda solicitou a presença de Henrique. Seu coração disparava em seu peito, cada batida ecoando como um tambor de guerra. Ela não compreendia o motivo dessa agitação interna. Atribuiu a sensação ao cansaço acumulado dos últimos dias, ansiando por chegar em casa e repousar no silêncio acolhedor de seu quarto. No entanto, a cada minuto de espera, a ansiedade se intensificava, como se o ar ao seu redor estivesse mais denso.
Sua mente vagava entre pensamentos desconexos e inquietos. Por vezes, um sorriso tímido escapava de seus lábios, atraindo uma mistura confusa de alívio e antecipação. Ela passou os dedos pelos cabelos, tentando acalmar-se, mas a expectativa do encontro com Henrique tornava cada segundo mais longo e carregado de emoções.
Amanda não conseguia entender, mas sentia uma curiosidade crescente em conhecê-lo, em desvendar o que se passava em sua mente e em seu coração. Esse impulso parecia quase irracional, especialmente considerando que mal o conhecia; além das investigações e dos interrogatórios durante o período em que ele ficou detido em sua delegacia, Henrique era um enigma, um total desconhecido para ela. Essa estranha atração e o sentimento que ele despertava pareciam desproporcionais ao pouco que sabia sobre ele, tornando a situação ainda mais desconcertante.
Nota: Curtam e comentem bastante! A interação dos leitores é fundamental para o crescimento do livro e me motiva a escrever e publicar mais histórias completas. Muito obrigada! Saibam que leio todos os comentários!
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 74
Comments
Aparecida Fabrin
eita que a delegada se com os pneus arriados pelo Henrique e não sabe ainda kkk.
2025-03-05
0
Val Monte
estou amando a direção quê está tomando
2025-03-31
0
Fatima Vieira
ela ja esta gostando do Henrique
2025-02-06
0