Ao ouvir o que seus pais estavam conversando, Leonard decidiu que iria procurar Henrique, para que ele lhe contasse o que seus pais não tinham coragem de falar. Ele percebeu tarde que tinha falado seus pensamentos em voz alta, deixando Isabella muito animada com a possível aventura.
"Como vamos fazer para ir até o tio Henrique?" questionou Isabella.
"Bella, é muito perigoso. Você não pode ir e não chama o Henrique de tio, o papai não gosta dele," respondeu Leonard.
"Se você não me deixar ir, eu vou contar tudo para o papai, e eu vou sim chamar ele de tio," insistiu Isabella, fazendo birra.
Percebendo que não conseguiria persuadi-la, Leonard aceitou que ela fosse com ele. Ao escutar os pais se despedindo de Benjamim e Fernanda, foram até seu quarto e ele explicou detalhadamente como iriam fugir da escola e como despistariam os policiais e seguranças. Quando Isabella pareceu ter compreendido tudo, voltou para seu quarto na ponta dos pés.
No dia seguinte, tomaram café como se nada tivesse acontecido. Erick e Raquel jamais poderiam imaginar o que eles estavam planejando. Combinaram uma hora, pois estudavam em salas diferentes e tudo precisava ser sincronizado. Nesse dia, estava fazendo um pouco de frio, então eles tiveram a desculpa perfeita para usar um moletom com capuz. No horário combinado, pediram para ir ao banheiro, mas desviaram o percurso para o laboratório de ciências. Os seguranças, achando que eles iam apenas ao banheiro, aguardaram na porta de suas salas para dar-lhes privacidade.
Ao chegarem no laboratório, Leonard rapidamente jogou vários papéis e outros materiais que queimaram fácil na pia e colocou fogo. A fumaça rapidamente se espalhou, acionando o alarme de incêndio. Sem perder tempo, os dois ajustaram o capuz para dificultar a identificação e saíram correndo.
Leonard, agilmente, esgueirava-se, com Isabella, evitando um possível encontro com os seguranças, enquanto todos os professores ajudavam as crianças a sair da escola. A fumaça começava a sair do laboratório, então eles sabiam que havia um incêndio, só não a proporção, e para não arriscar, retiraram todas as crianças.
Os seguranças, imaginando que estavam no banheiro, foram procurá-los lá, dando tempo suficiente para que eles saíssem da escola sem serem percebidos. Já do lado de fora, Leonard ajudou Isabella a se esconder da visão dos policiais que estavam do outro lado da rua. Aproveitando a grande quantidade de crianças espalhadas, passaram despercebidos e se esconderam atrás dos carros estacionados. Quando perceberam que os policiais não tinham mais visão deles, Leonard chamou um táxi que passava.
Leonard, apesar de ter apenas 12 anos, já era alto e conseguia se passar por um adolescente. O taxista não desconfiou que poderiam estar fugindo e aceitou a corrida inocentemente. Dentro do táxi, os dois colocaram o cinto de segurança, trocando olhares de cumplicidade e um pequeno sorriso de satisfação pelo plano ter dado certo.
Não demorou muito para chegarem ao shopping onde Henrique tinha sua empresa. Leonard tinha pesquisado todas as informações depois que Isabella voltara para seu quarto, então encontraram o lugar com facilidade. Ao chegar, foram até a recepcionista e pediram para chamá-lo, mas antes que ela dissesse que ele estava ocupado, Henrique apareceu acompanhado de um homem de meia-idade. Após despedirem-se, ele percebeu as duas crianças e paralisou, curioso.
"Olá, meu nome é Leonard. Sou filho de Erick e queria falar com você, se for possível," disse Leonard, estendendo a mão para cumprimentar Henrique, que apertou sua mão encantado com sua educação.
"E eu sou a Isabella, mas pode me chamar de Bella, tio Henrique," cumprimentou Isabella com um sorriso brilhante.
"Olá, eu posso saber o que vocês querem conversar comigo?" questionou Henrique, atônito, principalmente por ter sido chamado de tio.
"Eu quero que você fale sobre minha mãe biológica," respondeu Leonard sem hesitar.
"Jeanne, se o próximo cliente chegar, peça para ele esperar um pouco," pediu Henrique.
Após a confirmação da secretária, ele guiou os dois até sua sala. Leonard e Isabella observavam a sala com imensa curiosidade. Isabella, ao contrário de Leonard que estava sério, não tirava o sorriso do rosto. Para ela era apenas mais uma aventura. Henrique puxou as cadeiras na frente da mesa para os dois sentarem e deu a volta, sentando-se e encarando os dois com um sorriso afetuoso.
"Você quer saber sobre Vitória?" questionou Henrique, e Leonard balançou a cabeça afirmativamente. "Mas por que você não perguntou isso aos seus pais?" insistiu, confuso.
"Eu tentei, mas eles são muito protetores e sei que não falaram toda a verdade," respondeu Leonard.
"Vitória não é alguém que vale a pena você perder tempo pensando..." disse Henrique com receio do que ia falar.
"Não importa, eu só quero saber o que aconteceu. Pode falar toda a verdade, eu sei que ela apenas me colocou no mundo, minha verdadeira mãe sempre será a Raquel," disse Leonard com um olhar sério.
Vendo a determinação do garoto, Henrique esboçou um sorriso e começou a contar tudo o que tinha acontecido, da melhor forma que conseguia. Por mais que Leonard falasse como um adulto, Henrique sabia que ele ainda era uma criança. Portanto, escondeu os detalhes sórdidos, mas sintetizou todas as informações pertinentes.
"E foi isso que aconteceu... Vitória nunca te enxergou como um filho e é bom que você não a veja como mãe. Ela é apenas um monstro que manipula as pessoas," disse Henrique, finalizando a história.
Leonard, ao contrário do que Henrique pensava inicialmente, estava com um olhar calmo e concentrado e depois agradeceu por ele ter contado realmente tudo. Isabella, que estava silenciosa, apenas escutando a conversa, olhou para Henrique com um olhar de repreensão e falou:
"Tio, você é tão bonito, poderia namorar com qualquer mulher. Por que foi escolher logo a sebosa da mãe do meu irmão?"
Henrique ao ouvi-la, soltou uma risada pela sua sinceridade.
"Você tem razão, eu fui um idiota, né?!" respondeu ele, e Isabella concordou gesticulando com a cabeça.
Henrique ainda estava rindo e admirando o quanto Isabela era fofa, quando escutou alguém gritando na recepção. Jeanne tentava impedir a entrada, mas depois, sua voz se silenciou. Agindo rapidamente, Henrique levou as crianças até o banheiro para escondê-las, pensando seriamente que se tratava de um assalto. Assim que ele caminhou em direção à saída, um homem alto e forte entrou segurando uma faca. Ele era maior que Henrique e tinha uma presença assustadora. Sua barba preta era grande, mas não o suficiente para esconder uma tatuagem no pescoço.
"O que você quer? Se for dinheiro, pode levar tudo," disse Henrique, tentando manter-se calmo, mas recuando.
"Pode ter certeza que eu vou levar tudo, mas meu objetivo aqui é outro," respondeu o homem, brincando com a faca.
O homem riu descontroladamente e correu na direção de Henrique, tentando esfaqueá-lo. Sem opção, Henrique tentava desviar. Mesmo que não fosse tão ágil quanto o homem, conseguiu evitar a maioria dos cortes, mas já dava para ver algumas manchas de sangue em sua roupa. Ele estava com medo de não conseguir sobreviver de tão cansado que estava.
"Não!" falou Isabella instintivamente. Eles estavam escutando tudo e ela estava com medo por Henrique.
"Cala a boca, Bella," disse Leonard, sem perceber o que tinha feito. Tapou a boca dela, mas já era tarde demais.
"Bella?" parou o homem de golpear. "Isabella? Não me diga que essas duas crianças estão aqui. Pelo visto, é meu dia de sorte," gargalhou o homem, olhando maliciosamente para a porta do banheiro.
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Atualizado até capítulo 74
Comments
Juliana Vicentina da Costa Nerys
Agora a vaca vai pro brejo, o que será dessas crianças.
2024-12-24
0
Neuza Japoneuza
lindo a união e companheirismo entre Isabel e Leonard /Pray/
2024-11-18
1
Fatima Vieira
ai caramba
2025-02-06
0