Henrique acordou sentindo-se revigorado após dormir em uma cama tão confortável. Levantou-se pensando no que faria primeiro. Estava apenas com a roupa do corpo e as que tinha no apartamento provavelmente não serviriam mais. Também precisava de um carro novo, mas, sem a certeza de conseguir vender o apartamento, seria melhor aguardar. Após alguns segundos refletindo, decidiu tomar café e depois passar em seu antigo apartamento para ver o que tinha se salvado.
Ao sair do hotel, o policial que Amanda havia colocado para segui-lo, Pedro, cumprimentou-o rapidamente. Pedro parecia ter 34 anos e tinha uma aparência comum, com cabelos castanhos curtos e olhos da mesma cor, embora seu sorriso exalasse certo charme. Apesar do receio sobre o que encontraria, tinha esperança de que os responsáveis pelo prédio tivessem feito pelo menos o básico. Após tomar seu café em uma lanchonete perto do hotel onde estava hospedado, pegou um táxi e deu o endereço de seu apartamento.
Ao entrar no prédio, viu que o porteiro ainda era o mesmo de anos atrás.
"Seu Henrique, você saiu da cadeia? Como senti sua falta, rapaz! O prédio não é o mesmo sem você" cumprimentou o homem de cabelos grisalhos e um sorriso encantador.
"Também senti muito sua falta, senhor Joaquim. Sim, eu finalmente estou livre. Sei que errei, mas agora sou um homem diferente" respondeu Henrique, retribuindo o sorriso.
"Para mim, você sempre será o Henrique que eu conheci: gentil e carinhoso. Sinceramente, não entendi o que estava se passando na sua cabeça para fazer o que fez, mas que bom que se arrependeu" disse Joaquim com um sorriso orgulhoso. "Você veio ver seu apartamento?"
"Obrigado pelos elogios. Sim, vim ver o estado em que ele está. Estou pensando em vendê-lo e começar uma nova vida" respondeu Henrique sinceramente.
"Entendo. Durante esses anos, tentei abrir as janelas sempre que podia para deixar o lugar iluminado. Também retirei tudo que poderia atrair animais e paguei alguém para fazer faxina algumas vezes. Não posso dizer que está em bom estado para morar, mas você não vai precisar gastar muito com a reforma" explicou Joaquim calmamente.
"Não sei nem o que responder, senhor Joaquim. Muito obrigado!" disse Henrique, emocionado.
"Não se preocupe com isso. Você pagou o tratamento de saúde da minha filha, estou apenas retribuindo o favor. Espero que você seja muito feliz, agora que está livre novamente" disse Joaquim, nostálgico.
Após mais uma sessão de agradecimentos, Henrique subiu até seu apartamento. À primeira vista, estava realmente limpo. Como imaginou, a água e a luz haviam sido cortadas, mas o trabalho de Joaquim tinha sido ótimo. As janelas estavam abertas, provavelmente deixadas assim por Joaquim sempre que vinha trabalhar. As paredes precisavam de uma boa pintura e os móveis pareciam um pouco deteriorados pelo tempo, mas isso seria problema para quem comprasse o lugar.
Ao abrir o guarda-roupa, viu que todas as suas roupas estavam guardadas em sacos hermeticamente fechados. Achou incrível o cuidado que o senhor Joaquim tinha tido. Não imaginava que alguém fosse se importar tanto assim com ele. Mas, ao pegar uma das roupas, percebeu que realmente não conseguiria usá-las, pois seu corpo havia mudado e ele estava maior. Resolveu então doá-las.
Examinou todo o apartamento e tentou fazer um cálculo rápido para saber quanto poderia cobrar ao vendê-lo. Mesmo com os cuidados, ainda precisava de muitas reformas. No entanto, pelo fato de Joaquim deixar sempre ventilado, o apartamento não parecia tão ruim quanto realmente estava. Com um pouco de lábia, conseguiria convencer os compradores.
Satisfeito com o que viu, decidiu comprar novas roupas. Antes, explicou para Joaquim que as roupas não serviam mais e que ele poderia dar para alguém que precisasse. O senhor Joaquim, com o mesmo sorriso acolhedor de sempre, agradeceu, dizendo conhecer muitas pessoas que ficariam felizes em receber os presentes. As roupas que Henrique usava eram sempre de marca e custavam caro. Ele poderia vendê-las, mas resolveu doar. Joaquim pensou que Henrique era realmente um rapaz especial.
Ele não demorou muito no shopping, comprou apenas algumas roupas, apenas o suficiente, teria muito tempo para fazer mais compras. Então voltou para o hotel e começou a procurar apartamentos menores para alugar. Com isso resolvido, passou semanas estudando e pesquisando como iria abrir seu próprio negócio. Resolveu abrir uma consultoria financeira, ele teria muito trabalho, mas não se importava com isso.
Enquanto estudava, também tentou vender seu apartamento. No começo, parecia difícil, mas após usar um pouco de estratégia de marketing, começaram a aparecer interessados.
Em uma de suas saídas para resolver trâmites legais para abrir sua empresa, ao atravessar a faixa de pedestre, ele viu uma garotinha de cabelos pretos e olhos verdes que parecia impaciente para atravessar. Ela correu atravessando a pista sem olhar para os lados e ele percebeu que ela iria ser atropelada. Em um movimento ágil, correu em sua direção e a pegou, girando-a no ar, evitando assim a colisão. A garotinha, ignorando o perigo, apenas olhou encantada para a beleza do homem que a girava no ar, pensando que ele era um dos príncipes encantados dos contos de fada.
Henrique a levou até a calçada e a colocou no chão, fazendo carinho nos seus cabelos. Pediu para ela ter mais cuidado ao atravessar a rua, e ela apenas mostrou seu sorriso mais brilhante e balançou a cabeça afirmativamente.
"Menina, eu não te falei que era para esperar a gente?" disse Raquel, se aproximando ofegante.
"Você tem que ter mais cuidado por onde anda, vai acabar se machucando assim," disse Erick, pegando-a no colo. "Obrigado por salvá-la, Henrique."
"Imagina, não precisa agradecer," respondeu Henrique sem jeito ao perceber que ela era filha deles. Rapidamente, Erick se despediu e seguiu seu caminho.
"Erick!" ele chamou.
"Diga!" disse Erick, virando-se de volta para ele.
"Eu não sei se terei outra chance, então queria agradecer pelo que você fez por mim. Sei que é ousadia demais te pedir perdão e que você não vai fazer isso, mas mesmo assim eu queria que soubesse que eu realmente estou arrependido," disse Henrique tentando sorrir. "Raquel, eu também queria lhe pedir perdão, afinal também te prejudiquei," completou, olhando para Raquel.
"Você errou, mas agora pode ser uma pessoa diferente, apenas foque nisso," disse Raquel com um sorriso carinhoso.
"Se você não mexer novamente com a minha família, eu não me importo com o que você faz da sua vida," disse Erick rispidamente e segurando na mão de Raquel saiu rapidamente, conversando com Isabella, que ainda estava no seu colo, sobre os perigos do trânsito.
Henrique já sabia qual seria a reação de Erick e achou extremamente natural. Contudo, estava feliz por ter pedido perdão. Sentia um peso a menos sobre os ombros, mesmo que pouco.
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Atualizado até capítulo 74
Comments
Juliana Vicentina da Costa Nerys
O Erick deveria ser mais agradecido por salvar a filha dele de um atropelamento.
2024-12-20
3
Fatima Gonçalves
também acho mais ele tem que seguir em frente
2024-10-24
0
Bete Oliveira Rodrigues
acredito que a amizade nunca mais será a mesma, mas bola pra frente e tdo dará certo 🙏🏽
2024-10-03
0