Quando Amanda chegou ao local, aproximou-se de Arthur, que conversava com outro policial. Após trocar algumas palavras, dirigiu-se ao barranco e viu o estrago causado; parte da floresta havia pegado fogo, e Arthur explicou que, devido à dificuldade de acesso, a identificação do estado dos fugitivos havia sido atrasada.
Com cuidado, Amanda desceu o barranco, e quanto mais se aproximava do carro, mais forte se tornava o cheiro de carne queimada. Os peritos já estavam trabalhando, e o carro, cercado por vários instrumentos e luzes para facilitar a visualização, estava sendo minuciosamente examinado, assim como o corpo de Vitória, que estava irreconhecível. Após colher algumas informações, Amanda pediu a Arthur que lhe mostrasse a trilha de sangue que ele mencionara, e juntos adentraram a floresta.
Arthur forneceu uma lanterna para Amanda e ela o acompanhou e conseguiu ver manchas visíveis de sangue, algumas nas árvores, como se alguém tivesse se apoiado nelas. Observando mais atentamente, ela mostrou a Arthur alguns rastros de sapato que pareciam pertencer a alguém de grande porte, pelo tamanho das pegadas e pela profundidade, sugerindo que a pessoa estava carregando alguém.
Ao lado das pegadas, algumas gotas de sangue podiam ser vistas. Essa parte da floresta, sendo um pouco mais úmida por estar próxima a um lago, facilitava a visualização das pegadas, que seguiam em direção à pista, mas no sentido oposto ao do acidente. Arthur rapidamente chamou um dos peritos, que documentou tudo.
Tudo indicava que Bruno havia realmente escapado por um milagre, conseguido pedir ajuda e, aparentemente, perdido a consciência. Seja quem for que o ajudou, foi rápido e eficiente; além das pegadas, não havia muitas pistas. Mesmo assim, Amanda ordenou que fosse feita outra vistoria ao amanhecer.
"Senhora Amanda, nós temos tudo sob controle, e faltam poucas horas para o dia amanhecer. Vá para casa e descanse; ligarei se houver alguma novidade", sugeriu Arthur, preocupado.
"Tudo bem, mas não se esqueça de descansar também; não quero policial meu doente", respondeu Amanda, despedindo-se.
"Pode deixar, chefinha", disse Arthur, voltando a investigar o local que teria sido o caminho da possível fuga de Bruno.
Muitas semanas se passaram, e, por mais pistas que encontrassem, parecia que Bruno havia evaporado. Foram semanas exaustivas para Amanda, que não se permitia descansar nem por um minuto. Ao procurar os parentes de Vitória para organizar um enterro digno, Amanda se surpreendeu com a recusa inicial dos pais em prestar as últimas condolências. No entanto, após uma conversa mais profunda, eles decidiram aceitar dar um final digno à filha. Não o fizeram por ela, mas por eles mesmos, que não se sentiriam bem em abandonar uma filha, apesar de tudo.
Além do caso de Bruno, muitos outros surgiam diariamente, dificultando ainda mais o seu tempo para relaxar. Alguns detentos que haviam fugido da cadeia na mesma época que Bruno também ainda não haviam sido recapturados. Amanda se questionava se esses pequenos crimes não eram distrações para dificultar sua busca por Bruno. Todos pareciam muito específicos, e ela estava tentando relacioná-los para entender melhor e chegar à verdade.
Henrique estava no início de sua pequena empresa de consultoria financeira, já conseguindo alguns clientes. No entanto, ele ficava preocupado com o excesso de trabalho de Amanda e frequentemente a visitava com a intenção de convidá-la para almoçar ou jantar. Sempre levando uma rosa para ela, Henrique, com um sorriso no rosto, conseguia fazê-la esquecer os problemas, mesmo que por uma hora. Eles não conversaram mais sobre o quase beijo, e Henrique pensava que Amanda havia se arrependido, mas ainda assim queria ser um bom amigo; ter a sua companhia já o deixava muito feliz.
Erick organizou uma pequena festa para comemorar o aniversário de 12 anos de Leonard. Embora quisessem algo grandioso, além do próprio Leonard não gostar, Erick temia que algo saísse do seu controle. A incerteza sobre o paradeiro de Bruno estava tirando sua paz; ele temia que Bruno pudesse voltar em busca de vingança e, por isso, não poupava esforços para manter alta a segurança em torno de seus filhos.
Apesar de pequena, a festa foi muito divertida para as crianças, enquanto os adultos conversavam sobre a vida. Pelo menos naquela noite, decidiram apenas apreciar o pequeno momento de felicidade. As crianças corriam de um lado para o outro, alheias ao perigo que as cercava, e era assim que Erick e Raquel queriam que fosse a vida delas; embora tivessem vários seguranças protegendo a casa e os dois, eles não queriam que as crianças se sentissem sufocadas, então permitiam que apenas dois seguranças os acompanhassem até a escola, enquanto Amanda continuava mantendo a vigilância policial à distância.
Quando a festa terminou, Isabela e Leonard subiram para dormir. Isabela não quis ouvir histórias naquela noite, e Raquel achou que fosse apenas pelo cansaço, então não insistiu. Ela e Erick ficaram conversando um pouco com Benjamin e Fernanda, enquanto Emanuelle dormia no colo de Benjamin.
"Amanda deu alguma notícia sobre o paradeiro de Bruno?", perguntou Fernanda.
"Nenhuma. Ela disse que está trabalhando duro, mas está muito difícil encontrá-lo", respondeu Erick.
"Só rezo para que ele desista dos seus planos. Afinal, Vitória já morreu por causa disso. Será que ele ainda tentaria nos prejudicar?", disse Raquel, com um olhar preocupado.
"Só Deus sabe. Ele pode querer se vingar por sua comparsa. Afinal, não sabemos que tipo de relacionamento eles tinham", afirmou Erick, abraçando-a.
"Vocês falaram tudo sobre o que aconteceu para Leonard? Digo, sobre a morte da mãe dele?", questionou Benjamin.
"Falamos brevemente. Nos últimos anos, ele tem perguntado algumas vezes sobre ela, mas temos medo de contar como ela era e deixá-lo triste. Às vezes, penso em contar, mas o medo é maior", respondeu Raquel, e Erick concordou, sentindo o mesmo.
"Mas quem poderia imaginar que seu amigo traidor iria ajudar vocês a proteger seus filhos? Vocês acreditam que ele realmente está mudando?", questionou Benjamin, mudando um pouco o assunto.
"Eu não sei, mas mesmo com ele ajudando, ainda não consigo perdoá-lo. Talvez eu nunca consiga; o que ele fez não é algo que se apaga tão fácil", respondeu Erick.
"E está tudo bem, meu amor! Se ele mudou, é muito bom para ele, mas você não precisa perdoar se não sentir isso no seu coração. Que ele siga sua vida sem machucar outras pessoas, e nós seguiremos a nossa", disse Raquel, sorrindo.
"Concordo com minha amiga. É muito bom para ele ter mudado, mas isso não diz mais respeito a você", afirmou Fernanda, determinada. "Acho melhor irmos para casa, para colocar Emanuelle para dormir", completou.
Após Benjamin concordar, eles se despediram e foram para casa, enquanto Raquel e Erick subiram para o quarto para descansar. Porém, o que eles não sabiam era que seus dois filhos haviam escutado a conversa e nem o que eles pretendiam fazer.
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Atualizado até capítulo 74
Comments
Fatima Vieira
não dá pra ficar escondendo a verdade para as crianças
2025-02-06
0
Juliana Vicentina da Costa Nerys
Sempre é bom falar a verdade.
2024-12-24
0
Ivanilda Santos
Isabella muito travessa
2024-12-07
0