Capítulo 4: Um mal Pressentimento

"Bom dia, meu amor," acordou Raquel beijando o rosto de Erick. Esse, ainda sonolento, respondeu aos beijos de forma preguiçosa e a puxou para um abraço.

"Mais cinco minutos," disse ele ajeitando-a na conchinha. Raquel apenas riu do marido que não gostava mais de acordar cedo pela manhã. Relutante, Erick levantou-se minutos depois e desceram para tomar café com seus filhos.

Após tomarem café, Isabella e Leonard seguiram para a escola com seu motorista, e Erick e Raquel foram para o trabalho. Durante todo o percurso, Erick sentia que algo não estava certo. Ao ver sua expressão, Raquel preocupada perguntou se ele não estava se sentindo bem, e ele apenas respondeu que estava com um mau pressentimento.

"Achei que você não acreditasse nessas coisas," brincou Raquel.

"Pois é, né?! Conviver com você está fazendo isso," respondeu Erick rindo.

Ao sair do elevador, ele escutou seu celular tocando e percebeu que era uma chamada de Amanda. Isso fez a dor em seu coração aumentar. Após respirar fundo, ele finalmente atendeu.

"E aí, Amanda?! Quanto tempo! O que aconteceu?" disse ele tentando soar calmo.

"Oi, Erick. Infelizmente eu não tenho boas notícias. Durante a madrugada, Bruno e Vitória conseguiram fugir. Ainda não sei como, mas suponho que tiveram ajuda de fora," explicou Amanda com uma voz preocupada.

"Ajuda? Como conseguiram ajuda?" questionou Erick, e Raquel que estava ao seu lado ficou preocupada.

"Não sei ainda, mas vamos investigar. De qualquer forma, só queria deixar vocês atentos. Reforcem a segurança, não sabemos quais são os planos deles," disse Amanda. Logo depois, se despediram.

"O que aconteceu, amor?" questionou Raquel quando ele desligou a chamada.

"Vitória e Bruno fugiram da cadeia," respondeu Erick tentando soar calmo.

"Meu Deus, como aconteceu?" questionou Raquel, já imaginando que não teria uma resposta. "Será que era sobre isso que Henrique queria falar com você?"

"Não sei, mas agora preciso colocar meus pensamentos em ordem," disse Erick nervoso.

"Claro, vou para a minha sala e qualquer coisa me avisa, tudo bem?"

Após concordar, os dois se despediram com um beijo e cada um foi para sua sala. Erick entrou em seu escritório, irritado com o que acabara de ouvir. Bruno e Vitória tinham conseguido fugir da cadeia. Como puderam deixar isso acontecer? Ele sabia que seu mau pressentimento tinha algum significado, mesmo não acreditando muito nesses assuntos. Seu coração estava doendo, e ele sentia falta de ar.

Resolveu finalmente atender ao pedido de Henrique; ele teria as respostas para acalmar seu coração, ou pelo menos era o que ele pensava. Após alguns minutos refletindo, pediu a Verônica que remarcasse todos os seus compromissos da manhã e se dirigiu à penitenciária. Com a ajuda de Amanda, ele entrou rapidamente e minutos depois estava cara a cara com seu antigo amigo.

As olheiras profundas e vários hematomas pelo corpo revelavam o tipo de vida que Henrique estava levando naquele lugar. Erick tentou não se importar, pois não poderia perdoar o homem que ajudou a afastar seu filho dele. Porém, ainda sentia um resquício de carinho lá no fundo do coração pelo homem à sua frente. Lembrou-se dos momentos que compartilharam na faculdade e das dificuldades que superaram juntos. Não entendia as escolhas que ele havia feito, e isso o fazia sofrer, mesmo que não demonstrasse.

"Então, o que você queria falar comigo?" questionou Erick, inexpressivo.

"Ami... Erick, sei que você já deve saber da fuga de Bruno e Vitória. Por isso você veio até aqui, então não vou fazer você perder seu tempo e direi tudo," disse Henrique, hesitando nas palavras e falando o mais baixo que podia.

"Estou ouvindo, conte logo..." pediu Erick, cruzando os braços.

Henrique pediu para ele se aproximar e, mesmo sem entender, Erick não quis arriscar prolongar a conversa, então fez o que ele pediu.

"Tente não expressar nenhuma reação," sussurrou Henrique. Após a confirmação de Erick com a cabeça, ele começou: "Bruno e Vitória pretendem sequestrar seus filhos para depois pedir um resgate," explicou rapidamente.

As pupilas dos olhos de Erick se dilataram, e ele tentou disfarçar a surpresa e a tensão que estava sentindo. Mesmo depois de tantos anos, Vitória ainda não conseguia pensar em Leonard como seu filho, vendo-o apenas como uma moeda de troca. Ele se perguntava que tipo de monstro ela era.

"Como eu posso saber se isso é verdade? Como posso confiar em você?" sussurrou Erick de volta, instintivamente.

"Se você vai ou não acreditar, já não está comigo," disse Henrique em um tom quase inaudível. "Não olhe para trás, mas aquele policial, o nome dele é Elias, é um dos maiores comparsas de Bruno. Estou arriscando minha vida para te passar essa informação. Ele queria que eu fosse com eles, por isso sei de tudo. Porém, não aceitei, e ele está me vigiando. Decidi chamar você e não Amanda, pois ficaria muito na cara que tipo de informação eu iria passar. Eles pretendem primeiro descobrir a rotina de vocês..."

"Posso saber o que vocês estão cochichando aí?" questionou Elias, extremamente irritado.

"Uma receita de bolo," disse Henrique em um tom mais alto.

"Você está querendo ir para o castigo de novo?" indagou Elias, brincando com o cacetete. "Acho que não, então é melhor ficar mansinho."

Erick viu Henrique encolher seu corpo instintivamente, parecendo um bichinho indefeso intimidado pelo seu dono. Ao perceber o olhar de Erick, ele se recompôs, tentando parecer que estava tudo bem.

"É tudo o que tenho para falar. Espero que você goste dessa receita," disse Henrique com um sorriso.

"Vou tentar fazer, mas não me procure de novo por algo tão banal," exclamou Erick, elevando a voz para que o policial escutasse, e saiu rapidamente da sala.

O policial que estava observando tudo parecia não ter escutado a conversa deles, mas saiu arrastando Henrique, que apenas tentava acompanhá-lo de cabeça baixa. Erick, ao olhar a cena, recriminou-se mentalmente por estar sentindo pena dele. "Eu deveria odiá-lo, por que não consigo?!" Tentando permanecer forte perante seus próprios sentimentos, ligou para Amanda. Precisava pedir um favor e sua ajuda para manter seus filhos a salvo.

Nota: Curtam e comentem bastante! A interação dos leitores é fundamental para o crescimento do livro e me motiva a escrever e publicar mais histórias completas. Muito obrigada! Saibam que leio todos os comentários!

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