Durante o tempo em que Henrique esteve na prisão, seus dias favoritos eram os chuvosos. Nesses dias, ele não precisava sair para o banho de sol e evitar encontrar Bruno no pátio da penitenciária. Embora detestasse obedecê-lo, frequentemente não tinha escolha. Bruno convocava seus aliados, subornados com propinas e favores, para "lhe ensinar uma lição" sempre que Henrique tentava resistir. Isso lhe causou muitos traumas.
Por ter conseguido uma cela exclusiva, Henrique passava muito tempo lendo livros que lhe entregavam. Ele nunca soube quem enviava esses livros, mas os achava fantásticos e frequentemente imaginava quem poderia ser o benfeitor secreto.
Infelizmente, naquele dia, o sol brilhava intensamente. Os agentes penitenciários passaram por todas as celas e levaram os detentos para o pátio. Lá, Henrique se dirigiu para a área com equipamentos de exercícios físicos, sua segunda estratégia para não sucumbir à tristeza e à depressão em dias solitários e intermináveis.
"Henrique, preciso falar com você algo importante," disse Bruno, chamando-o.
"O que você quer?" perguntou Henrique, largando o equipamento.
"Vamos sentar ali para conversar," pediu Bruno, apontando para um banco. "Tenho certeza de que o que vou te dizer vai te interessar muito."
"Tudo bem," respondeu Henrique após respirar fundo.
Olhando ao redor, viu os aliados de Bruno olhando ameaçadoramente para ele e sabia que não tinha escolha. Após sentarem no banco, Bruno contou seu plano de fuga da penitenciária, revelando que vinha se comunicando com Vitória e que tudo já estava organizado. Contou como eles iriam executar o plano lá fora. Queriam incluir Henrique no plano, pois pretendiam sequestrar os filhos de Erick para conseguir dinheiro, e acreditavam que seria mais fácil com a ajuda dele, o melhor amigo de Erick. Henrique ficou atônito com o pedido de Bruno, olhando incrédulo para ele. Custava a acreditar que ainda insistiam nesse assunto.
"Desculpa, Bruno, mas não posso te ajudar nisso. Só quero pagar pelo que fiz e sair daqui com a consciência tranquila," disse Henrique com firmeza.
"Consciência tranquila? Não foi você que organizou aquele acidente sem nem me avisar? Sua consciência vai ficar tranquila? Você ainda é um criminoso tão sórdido quanto eu, não se finja de inocente," esbravejou Bruno, apertando a garganta de Henrique e soltando logo depois ao perceber que ele não conseguia mais respirar. "Estou te dando uma segunda chance. Vamos esquecer o que aconteceu aqui e trabalhar juntos nisso, ok? Sei que não fui muito bondoso com você esses anos, mas podemos colocar as mãos em uma grande quantia de dinheiro e fugir para bem longe."
"Olha, vocês não precisam de mim para isso. Apenas esqueçam o que me propuseram e eu farei o mesmo. Deixem-me seguir minha vida," pediu Henrique, recuperando o fôlego.
"É bom mesmo você não contar isso para ninguém. Não se esqueça que, mesmo depois que eu sair, ainda saberei tudo o que acontece e você não vai gostar do que eu farei se falar o que não deve," ameaçou Bruno, arrependido de ter aceitado o pedido de Vitória.
Ele olhou para Henrique novamente com um olhar ameaçador e saiu, cerrando os punhos de raiva. Henrique apenas passou a mão pelo pescoço, tentando aliviar a dor, enquanto observava Bruno se aproximar dos outros homens. Por mais que quisesse reagir, sabia que teria que aguentar as consequências; todos aqueles homens haviam cometido crimes terríveis e não hesitariam em machucá-lo da pior forma possível.
Henrique sabia o que precisava fazer, mas tinha que ser esperto. Se fosse descoberto, provavelmente não conseguiria completar seu plano. Pensando nisso, voltou à sua sessão de treinamento e aguardou até a hora de retornar à sua cela. Quando finalmente encontrou uma brecha na vigilância, procurou um dos agentes penitenciários em quem confiava, um homem honesto que não aceitava ser corrompido por Bruno, e pediu que ele tentasse falar com Erick e pedisse para visitá-lo. Seu tempo era limitado, então isso era o máximo que poderia fazer.
Mas o pior ainda estava por vir naquela noite. Mesmo sendo discreto, Bruno queria deixar um aviso nada amigável. Quando Henrique estava quase dormindo, ouviu passos e o barulho de chaves, abrindo as grades de sua cela. Ao levantar-se, viu Elias, um dos comparsas de Bruno, acompanhado de outros presidiários aliados. Ele temeu ter sido descoberto.
Porém, antes de começarem a bater nele, disseram que era apenas uma lição, para que ele não pensasse nem por um segundo em delatar os planos. Pensou em fugir, mas sabia que era impossível. Tudo o que podia fazer era aguentar e rezar para sobreviver mais um dia naquele inferno.
Quando recobrou a consciência, estava na enfermaria do presídio. Olhando para seus hematomas, demorou a acreditar que ainda estava vivo. Perguntava-se se valia a pena arriscar-se para fazer o que era certo, mas também se questionava se sua vida valia tanto a pena. A resposta era óbvia: ninguém sentiria sua falta.
Josué, o agente penitenciário a quem ele pedira ajuda, sussurrou em seu ouvido que Erick havia recusado seu pedido. Não surpreso, ele apenas agradeceu e voltou a deitar-se. A quem mais poderia recorrer para impedir o que estava acontecendo? Por mais que o agente o tivesse ajudado, ele fazia questão de dizer que não faria muito mais do que isso. Henrique ficou com medo de contar e Bruno descobrir.
Fechando os olhos, uma lágrima silenciosa surgiu. Lembrando de seu passado, adormeceu novamente, sob o efeito de anestésicos. Por causa dos ferimentos no corpo, teve que passar algumas semanas na enfermaria. Ao sair da enfermaria, ele pediu novamente para o agente penitenciário lhe ajudar.
"Não sou seu empregado, rapaz! Se quer isso, você sabe muito bem onde pedir," reclamou Josué.
"Por favor, só mais uma vez, eu não posso ir lá, seria muito arriscado," insistiu Henrique.
"Tudo bem, mas não me perturbe mais," disse o homem de forma ríspida.
Henrique, que ficou esperando novamente uma resposta, foi novamente ignorado. Tentou não se abalar, mas estava com medo do que iria acontecer. Bruno fugiu de lá, no dia seguinte, não sem antes lhe fazer uma visita, para lembrá-lo de não tentar interferir em seus planos. Perguntava-se quando ele iria colocar seus planos em ação e se alguém iria descobrir.
Nota: Curtam e comentem bastante! A interação dos leitores é fundamental para o crescimento do livro e me motiva a escrever e publicar mais histórias completas. Muito obrigada! Saibam que leio todos os comentários!
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Atualizado até capítulo 74
Comments
Aparecida Fabrin
coitado do Henrique tá tentando fazer a parte dele mas o Erick não o quer ouvir .
2025-03-05
0
Juliana Vicentina da Costa Nerys
Estou com dó do Henrique coitado, que situação difícil.
2024-12-19
0
Berê
Triste retrato de uma realidade que, certamente, acontece em várias prisões, por esse mundo afora. Tomara que Henrique não sofra mais danos físicos e morais, porquanto Bruno e seus asseclas são iguais e/ou piores que Henrique, não cabendo a eles julgar...
2024-12-05
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