O homem batia levemente o livro no próprio ombro.
– Sabe que ligação seu pai tinha com meu ducado? - Olhou para a bela mulher parda diante de seus olhos.
– Receio que meu pai trabalhava para o seu. - Dizia segurando o vestido, apertava os dedos no tecido amarelo.
– De certo modo sim. Conde Belmer era meu mestre de esgrima... Se sou chefe da guarda imperial é graças aos ensinamentos dele. Eu lamentei por muitos meses quando seu pai... Virou as costas para mim. - Assentiu, suspirando.
"Virou as costas? O pai dela? Um dos homens mais gentis do mundo? Era impossível de se acreditar."
– Não se engane, vejo pelo seu olhar. Eu respeito muito o condado de Belmer e sempre serei grato por tudo que o conde me ofereceu em vida. Mas não sei bem se seria o desejo do falecido que eu pisasse nas terras dele. - Deitou a cabeça para o lado suspirando.
– Vossa alteza e meu pai tiveram algum tipo de conflito? - Ergueu as sobrancelhas surpresa.
– Podemos dizer que sim. De qualquer forma, seria uma honra ajudar o condado. Se você achar que agir contra a vontade do senhor seja o correto. - Olhava nos olhos castanhos âmbar da jovem.
– Bom... Irei pedir a opinião da condessa e então retorno a você por uma carta. - Segurava o vestido se inclinando.
O duque assentiu e abaixou levemente a cabeça.
Quando Alicia se retirava, ele a chamou.
– Senhorita Belmer... Não cave muito essa história. Algumas coisas não devem ser reviradas, podem causar desconfortos imensuráveis... Principalmente se os envolvidos não estão diante para esclarecer pontos importantes. - Dizia acenando com a cabeça e se retirando.
A jovem ergueu uma das sobrancelhas completamente confusa com aquela fala do homem. Era quase como se ele falasse para ela não buscar o motivo do banimento dele das terras do pai dela.
Tomou a carruagem e agora a mente dela havia triplicado de pensamentos, pensava tanto naquilo que sua cabeça parecia até esquentar. Para piorar, ela não tirava aquele belo e charmoso rosto masculino da cabeça. Era normal existir um homem tão belo e atraente como aquele? Parecia uma loucura. Os olhos dele eram belos e profundos como o oceano, os cabelos era como uma noite de inverno, escuro como o céu.
Balançou a cabeça afastando aqueles pensamentos. Ela já tinha um prometido, um barão que seu pai havia escolhido como um dos únicos homens dignos da beleza e força da filha. E aquele pai conhecia extremamente bem sua filha, então sem dúvidas aquele barão ela a escolha correta. Alicia nunca questionou isso. Nunca se importou com quem se casaria, só queria ter filhos saudáveis e poder os criar com muito amor, como ela foi criada. Vendo como a mãe dela se encontrava, parecia uma boa ideia não se casar por amor. Já que perder alguém que se ama muito parecia ser tão doloroso quanto ter uma parte de seu corpo arrancada de si.
Ao chegar ao condado, ela seguiu pensativa para o escritório. Foi seguida pelo mordomo que imediatamente a notificou.
– Mais convites para festas do chá chegaram, senhorita. - Dizia andando alguns passos atrás dela.
– Recuse eles, agora estou mais ocupada que nunca. - Jogou os fios castanhos para trás do ombro. - Diga-me o que sabe sobre o ducado de Venberry.
– Eram fortes aliados do antigo conde, o atual duque foi treinado pelo seu pai. A duquesa viúva e a condessa constantemente trocam cartas, parecem boas amigas. - Dizia para a jovem dama.
– Somente isso? - Virou o rosto olhando para o mordomo. - Encontrei com o atual duque de Venberry. Ele disse que foi banido de nossas terras.
– Banido? Eu não sabia de tal coisa. - Moveu os ombros pensativo. - Única coisa que sei, foi que depois do escândalo na maioridade do jovem duque, o conde cortou relações com o ducado. Mas é normal quando um escândalo assola uma família.
– Que escândalo? - Ergueu as sobrancelhas surpresa.
– Ninguém sabe, só os nobres presentes no dia, mesmo assim a duquesa viúva fez de tudo para abafar o caso. - Coçou o queixo pensativo. - Foi um escândalo bem grande para o conde que o protegia tanto, quase como um filho, ser renegado de tal forma.
– Pelos céus. - Apoiava a mão na cintura. - Irei ver a condessa, talvez ela saiba de algo.
Agarrou o vestido e caminhou apressada em direção aos aposentos da mãe. Bateu na porta gentilmente e bateu as mãos no vestido se ajeitando. – Sou eu mamãe.
– Entre minha vida. - Dizia com uma voz serena.
– Perdoe-me por incomodar seu descanso. - Se aproximou da mãe.
– Meu descanso tem durado demais. Seu pai não vai voltar, preciso me erguer para terminar de criar vocês dois. Mas meu coração dói quase tanto a morte. - Segurava o medalhão que estava em um cordão no pescoço. - Não se preocupe, isso passará. Tudo passa. Como posso ajudar minha linda princesinha?
A de cabelos cacheados abraçou a mãe com força ao ouvir aquelas palavras. Ela parecia estar despertando de seu longo luto.
– O que houve? - Olhava nos olhos âmbar da filha.
– Eu preciso de ajuda com contabilidade... Sou incapaz de lidar com aqueles números sem uma explicação decente. Nenhum tutor aceita ensinar uma mulher... Então fui até a biblioteca imperial em busca de formas de estudo e acabei me encontrando com o duque de Venberry... - Gesticulava explicando.
– Espere... Você não ficou a sós com ele, não é? - Franziu o cenho olhando para a filha.
– Eu estava sem minha dama de companhia, porém estávamos em um lugar público e cercado de pessoas. - Dizia juntando as mãos diante do corpo.
– Entendo. Prossiga. - A mãe da jovem se sentou em uma poltrona.
– Como deve saber o duque é contador do palácio imperial. Pedi ajuda para ele me ensinar contabilidade... Mas fui informada que ele foi banido de nossas terras. - Segurava os dedos os apertando.
– Sim. Seu pai tomou esta decisão achando que seria o melhor... - Assentiu.
– O que houve? Preciso da ajuda dele. - Gesticulava.
– Nada que uma dama na flor da idade deva saber. Fofoca e boatos não agregam em nada na formação de uma Lady. Entendo que precise da ajuda dele. Perguntarei a opinião da duquesa viúva e então lhe informarei da minha decisão. Até lá, se mantenha longe do jovem duque. - Mãe dela dizia com o cenho franzido.
Alicia só pode se inclinar abaixando a cabeça. Quem era a cabeça da casa oficialmente era a mãe, se ela já ia dito, assim seria.
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Atualizado até capítulo 30
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