Alicia apoiava as mãos no rosto. Diante dela estavam pilhas e mais pilhas de papéis. O condado de Belmer estava inteiramente sob responsabilidade dela. A filha mais velha da casa Belmer que nunca teve uma aula sequer de economia ou contabilidade.
Mas antes de chegarmos nessa situação devemos saber como tudo isso aconteceu com a pobre jovem de apenas vinte e um anos.
O conde de Belmer, pai de Alicia, faleceu graças à tuberculose. A condessa de Belmer era uma princesa vinda da Zanzibar que também nunca teve aulas de economia e contabilidade, junto de também não ter aprendido muito bem a cultura inglesa e nem se interessava muito pela alta sociedade local. Para piorar, com a morte do conde a condessa entrou em profunda depressão. Se recusava a sair de casa, passava os dias com o olhar perdido no horizonte, como se esperasse o marido apontar em seu cavalo. Alicia não tinha como se apoiar em uma mulher que precisava mais de apoio do que ela.
Já o irmão caçula que originalmente era o escolhido para herdar o condado, tinha somente 14 anos e estava começando agora suas aulas de herdeiro. Era um jovem rapaz que gostava de aventuras e luta de espadas. Alicia não poderia se apoiar em uma criança, era carga demais para uma mente tão jovem.
O que restava era que ela assumisse como regente com intuito de manter o legado do pai vivo. Mesmo que fosse uma quantidade absurda de trabalho, ela não deixaria as terras amadas pelo pai e futuras terras do irmão caírem.
A de longos fios cacheados e castanhos suspirou. - Eu não consigo entender economia. - Se jogava para trás na poltrona. - O que eu faço? - Olhava para o mordomo que fazia o máximo para a ajudar.
– Acho que o território pode esperar, minha Lady, que tal ir até a biblioteca imperial e estudar um pouco da economia do reino? A Lady sempre adorou a biblioteca imperial... Isso pode aliviar vossa cabeça, já que passar tanto tempo no escritório que era de vosso pai possa pesar sua cabeça com tristeza e saudade. - Mordomo dizia com os braços para trás.
– Suas palavras estão repletas de sabedoria. - Ela se levantou. - Ele nos faz tanta falta, não é Manfred?
– Sim... Muita falta. - Dizia entristecido.
– Gostaria de ser levada por ele ao altar, que ele conhecesse seus netos... Queria abraçar meu pai só mais uma vez. Sinto que não o valorizei o bastante... Como podia ele trabalhar tanto e ainda ter tanto tempo para cuidar de todos nesse condado? - As lágrimas escorriam pelo rosto feminino. - Sinto tanta falta dele... Nunca imaginei que perderíamos ele tão rapidamente... Mas lamentar não o trará de volta. O que devo fazer então?
– Cuidar do legado dele é a única forma de manter o pouco que restou dele vivo. Cada centímetro de terra que ele cuidou, cada cívil que ele tratou... - O mordomo dizia cabisbaixo.
– É a mesma coisa que penso. - Apoiou a mão na janela, deixando as lágrimas escorrerem. - Vou à biblioteca imperial, estudarei economia até desmaiar de exaustão... Mas o condado de Belmer vai prosperar, nem que eu morra tentando.
A determinação dela era realmente admirável, mas as vezes esforço não é o bastante, as vezes algumas pessoas precisam de um milagre.
Pegou a carruagem depois de vestir seus trajes para sair e seguiu até a biblioteca imperial. Olhava pela janela, pensando em tudo que teria que lidar, era tanto trabalho que não havia tempo o bastante para ela sentir a dor da perda. Era em momentos assim que a jovem pensava, que a dor lhe batia.
Estava tão imersa em seus pensamentos que não notou o parar da carruagem. Quando o cocheiro bateu levemente na porta que a jovem dama percebeu. Desceu com a ajuda do homem e então caminhou elegantemente até a biblioteca.
Caminhou pelas estantes, haviam tantos livros interessantes, mas agora não era hora para se distrair com tal coisa, os romances que ela lia no passado teriam que esperar.
Empilhou então vários livros sobre economia, sobre desenvolvimento do reino para tentar absorver qualquer coisa que fosse.
Quando se sentou para começar a estudar, uma sombra passou pela luz do sol que vinha da janela. Ela olhou em busca de quem tampava a luz e viu, um homem belíssimo havia se sentado na janela com um livro velho nos braços. Tinha os cabelos negros como a noite, olhos azuis profundos como o oceano, os ombros largos totalmente visíveis graças a luz na camisa branca. Os botões da camisa estavam abertos até o início do abdômen, as mangas largas deixavam escapar os antebraços grossos, junto de uma cintura fina, mas com coxas bem grossas. Ele era extremamente bonito... Como se não fosse o bastante a luz entrando pela janela e batendo no rosto dele, era quase como se aquele homem fosse uma figura angelical.
Alicia apoiou a mão no pescoço, ela não conseguia tirar os olhos daquele homem.
– Nem pense nisso jovem dama. Ele não tem muita paciência para lidar com pessoas. Um homem que odeia tanto homens como mulheres. Ele é a grosseria em forma humana. - A bibliotecária dizia para a dama de Belmer.
– Q-quem é ele? - Olhou nos olhos dela, sem esconder a curiosidade no olhar.
– Duque de Venberry. Chefe da guarda imperial, contador do rei. Ou seja, ele é competente, mas não agradável. - Apoiava a mão na cintura, olhando para a filha do conde.
– Contador? - Ergueu as sobrancelhas. - Ele pode me ajudar.
– Pode ele pode jovem dama... Mas duvido que ele vá. - Olhava com tristeza para a outra.
– Não custa tentar. - Se levantou se aproximando da janela. - Boa tarde, vossa alteza.
O de cabelos negros virou a cabeça devagar e olhou para ela. Com a luz viva vindo do lado de fora, era difícil ver que expressão ele fazia.
– Sou Alícia Belmer, do condado de Belmer, filha do conde Belmer... - Segurava o vestido se inclinando. - O senhor deve saber que meu pai faleceu e eu sei bem que ele e o ducado de Venberry tinham laços profundos.
O homem desceu da janela e segurou o livro o apoiando no próprio ombro, enquanto se aproximava da jovem dama. - Continue.
– Como sabe... Meu irmão ainda é jovem e incapaz de herdar o ducado, então restou a mim, guiar as terras até a maioridade do nosso herdeiro. - Apertava os dedos no vestido, olhando para aquele homem tão perto dela. - Assumo minha incompetência ao se tratar de números e economia. Por isso me encontro em completo desespero, sem aptidão para seguir com a contabilidade das terras do meu falecido e amado pai.
– Senhorita, eu já sabia do ocorrido do conde. Aceite meus pesares. Agora diga-me onde pretende chegar com esse discurso formalmente irritante. - Erguia uma das sobrancelhas para ela.
Alicia suspirou. - Gentil como um coice de cavalo.
O de cabelos negros, deu um sorriso cínico.
– Eu preciso de ajuda para aprender economia. Preciso manter as terras até meu irmão atingir seus 18 anos. - Olhava nos imensos olhos azuis. - Então eu suplico se necessário, seja meu professor de economia.
O duque ergueu as sobrancelhas, completamente surpreso.
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Atualizado até capítulo 30
Comments
elenice ferreira
corajosa 🤣🤣🤣, o coice dele deve doer até num 🐴
2024-08-20
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