...ISABELLA...
Eu estava no trem de volta. Era reconfortante ver as arvores passando tão rápido pela janela. O planeta continuaria girando mesmo que eu não estivesse ali. É o tipo de coisa que nos dá perspectiva. Eu era apenas uma pessoa. Meus problemas não eram os únicos.
Mas chega, eu falei pra mim mesma, chega de se lamentar. Amanha seria um novo dia e eu estaria preparada pra enfrenta-lo sem hesitar. Peguei meu celular, pra tentar me distrair das árvores. Achei que poderia ler o New York Times.
Eu estava rolando a página, tentando encontrar alguma matéria pra ler, mas nada me chamou a atenção. Eu queria algo que me entretece. Então eu fiz o que qualquer pessoa com vinte e poucos anos faria. Procurei um site de fofocas.
E foi ali, navegando pelo New Yorker, um blog de fofocas da cidade que tinha desde matérias sobre a vida de socialites até escândalos de concursos de beleza, que eu vi algo que me gelou a espinha.
Você já sentiu uma dor tão forte que achou que seria fatal? Um ataque de pânico tão forte que impedisse você de respirar? Era o que eu estava sentindo. Meu coração parou. O ruido em volta de mim diminuiu até que eu não pudesse ouvir mais nada.
Minha visão estava turvada. Eu precisei segurar o celular exageradamente perto do rosto pra conseguir ler qualquer coisa. Mas, pra ser sincera, preferia nunca ter visto aquilo. Era uma foto minha e do Christian na noite do nosso casamento.
Estávamos sorrindo um pro outro, como se fossemos perdidamente apaixonados. Embaixo dessa imagem, uma outra. Uma foto minha, só minha. Eu estava olhando diretamente pra câmera, com o cabelo molhado escorrendo pelo meu corpo. Meus olhos estavam bem abertos. Eu aparecia da cintura pra cima e estava completamente nua.
Como pode? Eu nunca tirei uma nude na vida. Eu nunca nem namorei ninguém. De onde veio essa foto? E como ela foi parar na internet? Eu tentei me acalmar. Respira, Isabella. Seja esperta. Procure por pistas.
Eu examinei a foto, agradecendo aos céus pela tarja preta que cobria meus seios. Eu conseguia ver uns armários de metal no fundo. Tentei pensar. Que lugar era aquele? E aí eu lembrei: a academia da Gelsa. A única academia que frequentei. Essa foi tirada no vestiário. Eu devia estar trocando de roupa, mas quem teria conseguido tirar uma foto dessas sem que eu percebesse?
Número Desconhecido: Eu sempre cumpro minhas promessas. Você nunca mais vai arranjar um emprego.
O Lemor, é claro. Eu queria matar aquele homem. Eu estava com tanto ódio e me sentia tão humilhada que eu não queria pensar em como ele teria feito isso. Pelo menos não naquele momento.
Eu precisava entrar em contato com o pessoal do New Yorker pra que eles deletassem a reportagem. E depois eu teria que vasculhar a internet inteira pra... Ai, meu Deus. Ai, meu Deus!
A situação era tão feia que meu celular começou a ser bombardeado por mensagens, inclusive da Emily. Ela estava me ignorando há dias. Ok, respira. É só dar um ‘Google’ no seu nome, encontrar os sites que postaram a foto e pedir pra eles removerem.
Eu pesquisei o meu nome e encontrei a foto em vários sites. Mais seites do que eu conseguia contar. Alguns mais respeitáveis, outros menos. Ah, e aqueles sites eram bem trash que só postam clickbait, nem se preocuparam em colocar a tarja preta nos meus seios.
Eu estava completamente exposta para o mundo inteiro.
Christian: Sua nude vazou. EU NÃO FALEI PRA VOCÊ NÃO ME ENVERGONHAR? Isabella, me liga, AGORA!
Eu não conseguia acreditar. Minha melhor amiga, meu marido, meu irmão. Todos eles me viram nua. Todos eles deviam achar que era uma selfie. Eu fechei os olhos e um diabinho na minha cabeça deu risada.
Eu me sentia como se estivesse na beira de um precipício, balançando pra lá e pra cá. Eu olhei em volta, no trem, esbaforida. As pessoas estavam me olhando de um jeito esquisito ou era coisa do diabinho na minha cabeça?
Eu me encolhi no meu assento, apertando os olhos... a minha vida acabou.
...CHRISTIAN...
Eu não conseguia acreditar numa merda dessas. Eu achei que aquela garota tinha me entendido, eu deixei bem claro que ela precisava se afastar dos holofotes. Eu achei que até um animal me entenderia. Mas, aparentemente, eu estava errado.
Ou ela não tinha me entendido, o que significava que ela tinha a cabeça tão oca quanto um pastel de vento, ou ela estava deliberadamente tentando me ferrar. E não só eu, mas o meu trabalho também.
E, se isso fosse verdade, ela estaria tentando ferrar a empresa do meu pai. A imprensa podia me chamar do que quisesse, de egoísta, arrogante, mentiroso, tanto faz, mas eu nunca quis que meu pai fosse atingido pelas minhas ações.
Eu não sabia se isso era retaliação por causa da noite em que eu fiquei bêbado ou se era pela vez que eu quebrei o vaso ou se era por qualquer outra coisa, mas claramente tinha a ver comigo. Ou talvez ela só quisesse pôr a cara no mundo e conseguir fama a qualquer custo e por isso vazou a própria nude.
Essa era a explicação mais psicótica. Eu bem que conhecia umas socialites que gostavam de chamar atenção, mas nem elas iriam tão longe. Eu fiquei furioso. Independentemente do raciocínio dela, a foto estava sendo divulgada.
Em todos os lugares possíveis. Não bastava enganar o meu pai para conseguir o meu sobrenome? Por que ela precisava estragar absolutamente tudo? Eu estava andando pra lá e pra cá quando meu pai entrou na minha sala.
A minha vontade era de apontar o dedo pra ele e dizer que isso era culpa dele. Mas eu não conseguia falar com ele assim, nem uma hora dessas. Ele me enchia o saco às vezes, mas ainda era o homem que tinha feito tudo por mim.
Então eu me controlei o máximo que consegui enquanto ele se aproximava. “Filho”, ele começou, com uma expressão séria. “Eu nem consigo imaginar como você se sente”.
“Eu tô puto”, respondi, socando minha própria mão pra dar mais ênfase.
Ele respirou fundo. “A gente vai cuidar do canalha que vazou aquela foto”, ele disse. E foi aí que percebi que nem havia considerado a hipótese de que outra pessoa tenha feito isso. Mas eu confiava no meu instinto.
Se parecia oportunismo de uma filha da puta interesseira, então provavelmente era. “Vamos começar pelo começo”, eu disse. “Redução de danos”.
“A Frankie das Relações Públicas vai cuidar dos sites e a Steph da Editoração vai se ocupar da mídia impressa. O Donnie vai criar outros boatos pra desviar a atenção. Todo mundo vai ter esquecido até o final do dia”, meu pai disse, com um olhar sincero.
“Caramba. Tá bom”, eu respondi. “Obrigado por cuidar disso”.
“Você é meu filho. E agora ela é minha filha também”, meu pai disse e eu senti o sangue começar a fervilhar pelas veias e sabia que precisava que ele fosse embora antes que eu explodisse.
“Preciso de um tempo sozinho”.
“Claro”, ele respondeu e, com um último olhar solícito, se retirou. Eu fechei a porta assim que ele saiu.
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Atualizado até capítulo 44
Comments
Luzia Ribeiro
era só ela pedir ajuda ao sogro mostrar as mensagens que com certeza ele iria acabar com esse psicopata mas ela é esse tipo não fala nada não pede ajuda e pelo jeito ama ficar nessa sofrencia sozinha idiota ela está me irritando
2024-08-21
16
Jorgete Das Chagas Scramignon (Gete)
Porque essa idiota não conta essas ameaças para o David que inventou essa história de casamento para salvar o filhinho dele?
2025-02-17
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João Wellington campos
ela e bem burra sabe que pode confiar no sogro e do contar pra ele
2024-11-22
0