Capítulo 07

...CHRISTIAN...

Confesso que não sei o que se passou na minha cabeça quando decidi visitar a família da Isabella para o Dia de Ação de Graças. Talvez tenha sido apenas uma curiosidade mórbida ou talvez eu quisesse ver como era a família da interesseira.

Ou talvez ainda eu quisesse arranjar algum podre sobre ela pra faze-la fugir antes do dia da cerimônia, mas tudo o que eu consegui foi criar uma situação desconfortável e comer uma refeição meio merda.

Dei outra mordida no peru e não sei como consegui continuar, sério mesmo. Não importava quanto molho eu colocasse, ainda parecia que eu estava comendo um punhado de areia da porra do deserto do Saara.

“Mais recheio?”

Encontrei o olhar do irmão mais velho que me oferecia mais uma colherada de bosta. Ele estava tentando ser gentil, mas percebi que começou forçar a barra. Eu podia sentir o clima de hostilidade no ambiente.

“Por favor”, eu disse, estendendo o prato que ficaria cheio de comida insossa novamente. “Meus cumprimentos ao chef.”

“Pelo menos alguém lembrou de trazer a torta”, o outro irmão comentou. Ele tentava preencher o silêncio. “Você deveria ter falado que ele viria, Bella.”

“E-eu queria fazer uma surpresa”, Isabella quase engasgou.

“É, acho que você conseguiu”, o pai murmurou. Ele me encarou, então o retribui com um sorriso falso. Ele parecia bem mais velho do que era. Realmente estava com uma cara de quem acabou de sair do hospital. “Como vocês se conheceram?”, ele grunhiu.

“É uma ótima história”. Dei um sorriso cortante em direção àquela interesseira do caralho. “Mas a Isabella conta melhor que eu.”

Ela ficou completamente vermelha. O rosto dela parecia que tinha passado do ponto depois de ser esquecido no forno. Dei uma garfada na carne seca que ainda estava no prato. Tenho certeza de que vocês têm muita coisa em comum.

“A gente se conheceu meio que inesperadamente.”

Eu me ajeitei na cadeira para ouvir a basteirada que ela dizia, sobre como nos conhecemos num restaurante chines de quinta categoria. Eu dei uma risadinha aqui e ali em momentos apropriados. Eu não sei o que estava esperando ao ir àquela casa.

Um ninho de cobras? Uma família viajante de caloteiros? Eu achei que eles me bajulariam, puxariam meu saco pra mostrar como a moçoila teria pescado um peixão em sua rede de mentiras.

Mas até onde percebi, eles só eram uma família como qualquer outra. Eram superprotetores e se preocupavam muito com a preciosa Isabella. Aos seus olhos, ela não faria mal a uma mosca. Ela era uma santa. Um anjo. Mas esse anjo só destilava mentiras.

Eu fiquei de olho nela. De vista, ela era completamente encantadora. Isso eu não poderia negar. Ela tinha um cabelo loiro deslumbrante, olhos brilhantes e perspicazes e um corpo que faria qualquer homem delirar. Ela era a mistura perfeita de gostosa e moça pra casar.

“Parece que vocês dois estão indo rápido demais”, o pai dela disse. “O que você gosta na Isabella? Por que decidiu pedir a mão dela?”

“Pai!”, ela protestou.

Eu a olhei de relance. Seus olhos estavam suplicantemente abertos. Eu poderia ter contado toda a verdade naquele momento. Mas isso não me ajudaria em nada. O que eu sabia era que, se eu me casasse com essa mulher, meu pai garantiria meu cargo na empresa e que um dia eu finalmente usufruiria do meu direito de nascença de ser CEO do Grupo Empresarial Knight.

E, se pra isso, eu precisasse enganar essa família caipira de Nova Jersey, tudo bem.

“O que eu poderia desgostar?”, eu perguntei. Contemplei os olhos de Isabella. “Sua filha é linda, compreensiva, a mulher mais altruísta que eu já conheci. E eu seu que ela vai ser honesta e leal pelo resto de nossas vidas.”

Isabella se encolheu, teve a decência de, pelo menos, se envergonhar.

“Sei...”, o Senhor Interesseiro grunhiu e encheu a boca de purê. Ele não parecia muito convencido, mas deixou pra lá. Eu senti a mão de Isabella apertar a minha por baixo da mesa. Ela me olhou e articulou um silencioso agradecimento com os lábios.

Por um segundo, eu senti meus ombros relaxarem. Minha irritação e minha raiva desapareceram em seu toque e eu me vi perdido em seus olhos. Mas, finalmente, o meu lado racional conseguiu reprimir a melosidade.

Eu me afastei, ainda mais bravo do que antes. Não caia nos truques dela. As mulheres só querem o seu dinheiro, o seu status e se você baixar a guarda mesmo que por um segundo, elas vão comer você vivo.

“Parece que o jogo voltou do intervalo”, um dos irmãos disse. Os homens da família rapidamente aproveitaram a oportunidade de se livrar da conversa desconfortável. Eu não os culpei.

“Eu lavo a louça”, falei enquanto comecei a recolher os pratos. “É o mínimo que posso fazer depois de aparecer de surpresa.”

“Valeu, chefia”, disse o representante da terceira idade, tentando se enturmar. Ele começou a deslizar para a sala, mas parou e olhou pra mim. “Você gosta de futebol?”

“Claro, chupa Eagles!”, eu disse.

Ele deu um grunhido de aprovação e continuou seu caminho até a sala, os filhos o seguiram. Mas sua sucessora mais problemática decidiu ficar. Ela me ajudou a limpar a mesa, desviando do meu olhar.

“O que você ganha com isso?”, eu perguntei.

...ISABELLA...

Eu quase derrubei o prato que estava segurando. “Você tem algum podre do meu pai ou algo assim?”, Christian continuou. “Por que caralhos ele quer que a gente se case?”

“Eu não estou subornando ninguém”, eu disse.

“Então que porra é essa?” Ele avançou sobre mim, mas não estava tentando me intimidar. Pela primeira vez desde que o conheci, ele parecia sincero. Sua expressão confusa não era uma encenação. “Fale a verdade”, ele disse, com a voz baixa.

Meu estômago começou a se revirar. Sentia meu coração martelando em meus ouvidos. Existia um ser humano por trás daquela máscara cruel. Ele entendendo uma bandeira branca.

Será que vai ficar tudo bem se eu contar a verdade? Será que ele vai me odiar menos ou mais? Será que a gente vai conseguir desenvolver uma relação de verdade?

Eu abri a boca, mas nenhuma palavra saiu. A verdade estava selada pelo contrato que eu assinei com o David. “Eu... eu só gosto muito de você e acho que poderíamos ter uma vida feliz juntos”. Minhas palavras não convenceram nem a mim mesma.

O rosto de Christian ficou com um ar sombrio e eu vi a bandeira ser destruída diante dos meus olhos. Ele se afastou de mim e se escondeu atrás daquela máscara cruel.

“É aí que você se engana”, ele disse, com palavras tão afiadas quanto faca. “Nossa vida juntos será tudo, menos feliz”.

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Comments

Rita de cassia Batista da silva

Rita de cassia Batista da silva

Até agora não foi esclarecido se ela está ciente de tudo que consiste o contrato e se está oque tem entre linhas ... a história tem que ter clareza , esta boa , mais os diálogos ficam intermináveis sempre faltam umas duas ou mais palavras á cada capítulo me parece inacabado !!!!

2025-03-18

1

Vilma Alice

Vilma Alice

Deixa de ser burra Isabella. Conversa com ele.Conta tudo e só pede pra ele aceitar o contrato.Conta da doença do seu pai e da proposta do pai dele.So assim ele não odiar você porque os dois sairão ganhando.

2025-03-13

0

Silvania Assis

Silvania Assis

Isabelle não seja tão submissa

2024-12-19

0

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