...ISABELLA...
“O quê?” Eu me afastei de David e coloquei um espaço entre nós. “Você está me zoando?”
Ele me observou e balançou a cabeça.
“Perdão”, ele disse. “Eu me precipitei. Por favor, deixa eu me explicar.”
Olhei pra trás. As portas do hospital não estavam tão longe. Eu poderia correr até lá se precisasse. Mas havia algo nele que me fazia querer confiar nele. Ele parecia muito honesto e gentil. Talvez fosse por causa da idade.
Eu assenti com cautela, gesticulando pra ele continuasse. “Depois que você foi tão atenciosa comigo esta tarde, eu sabia que precisava retribuir sua bondade. Fui à Flores da Em. o buquê que você me deu era de lá.”
“Tudo bem, mas...”
“Eu vi na embalagem. E conversei com a Emily, uma moça adorável. E perguntei por você, senhoria Isabella Carson. Ela me disse que a conhecia bem. Que você estava num pequeno hospital de Nova Jersey, porque seu pai estava doente.”
Eu balancei a cabeça, ainda desacreditada da conversa inteira.
“E, por favor, desculpe a pergunta, mas sua família não tem os recursos necessários para pagar pelos cuidados... pelo tratamento, pela estadia no hospital, de maneira confortável, não é?”
Eu assenti.
“É com isso que eu posso ajudar, Isabella. Nós podemos nos ajudar.” Ele sorriu e seus olhos desapareceram entre as rugas.
“Então você quer que eu me case com seu filho”, eu repeti as palavras que ele havia dito antes. Pareciam bizarras saindo de minha boca.
David confirmou com a cabeça. Pensei no que conhecia sobre o filho dele. David Knight.
Eu sabia bem quem ele era, claro. Como não saberia? Ele era uma celebridade. Podre de rico e deslumbrante. Qualquer mulher se atiraria em seus braços se tivesse a chance. Mas ele parecia estar numa fase rebelde. Eu tinha visto manchetes e matérias sobre ele algumas vezes nos últimos meses.
Sexo. Drogas. Rachas. Ele era selvagem. Perigoso. Um calafrio percorreu minha espinha, mas eu não sabia se era medo ou entusiasmo.
“Mas por que eu?”, perguntei. “Tenho certeza de que é possível achar um milhão de garotas mais atraentes e bem sucedidas que eu. Uma combinação melhor pra ele.”
“Você tem a alma pura, querida. Você pode não saber, mas é especial. Eu quero o melhor pro meu filho, como qualquer pai. Eu acho que você pode ajudá-lo. Eu confio no meu instinto e meu instinto diz que isso vai dar certo.”
Eu pisquei. Alma pura? O que isso significa?
“Mas um casamento não é só um pedaço de papel”, argumentei. “Não dá pra simplesmente assinar um contrato e se apaixonar.”
“Isso pode ser verdade, mas o amor é paciente.”
“Como o senhor sabe que eu não vou me casar com o seu filho e pedir o divórcio no dia seguinte?” Eu estava me fazendo de advogada do diabo, mas eu precisava entender melhor essa ideia absurda.
Em vez de se afastar, ele se aproximou de mim e pegou minha mão. Seu toque era caloroso e estranhamente reconfortante. “Eu não acho que você faria isso, Isabella. Como eu disse, sua alma é pura, mas se precisar se sentir mais segura, olhe pra trás.”
Eu olhei e vi o hospital iluminado pelos postes da rua. “Contas hospitalares não são brincadeira. Tratamento, reabilitação, cuidado ininterrupto. Tudo isso é caro, querida. Se você cumprir sua parte do acordo, eu prometo pela minha vida que cumpro a minha parte também.”
Minha cabeça estava a milhão. Tinha que haver outro jeito. “Eu tenho uma segunda entrevista de trabalho amanhã. Talvez eu consiga...”
“Isabella”, ele disse, me interrompendo. “Você sabe quanto custa a estadia num hospital desses? US$700,00 por noite. Um exame de sangue de rotina custa US$250,00. Se precisarem usar o desfibrilador, que Deus não permita, são mais US$1.500,00.”
Eu fechei os olhos. “Por favor. Por favor, para. Me dá um minuto pra pensar.” Eu tentei organizar meus pensamentos embaralhados. Meu pai. O restaurante. Meus irmãos. Dívidas sem fim. Um emprego novo.
A Curixon pagava bem. Se eu conseguisse a vaga, poderia pagar tudo aos poucos. A Emily de deixaria ficar com ela por mais tempo se isso significasse que eu conseguiria salvar meu pai.
Como eu poderia me casar com um homem que não amava e nem conhecia? “Por que quer tanto me ajudar?” Eu perguntei.
“Quando você veio até mim estava tarde”, ele começou, “você respondeu uma oração que eu havia feito. Você me deu força quando eu mais precisei. Então eu quero fazer o mesmo por você. Quero lhe dar força e é assim que posso fazer isso.”
Eu refleti por um momento, com a respiração ofegante. Eu estava mesmo considerando aceitar?
“Isabella?” David chamou suavemente.
“Você me dá um tempo pra pensar?” Eu perguntei. “Tem muita coisa em jogo.”
“É claro”, ele disse e me entregou um cartão, feito de um metal fino e eleve. “Liga pra mim quando decidir.” Ele sorriu antes de se virar. “Eu realmente acho que isso daria certo, Isabella. Acho mesmo”.
****
Meu telefone tocou e me tirou do estado de devaneio. Rolei pela cama para ver quem estava ligando: CURIXON LTDA. Eu levantei num pulo, meu coração começou a palpitar.
Caramba, caramba, caramba. Respirei fundo.
“Alô?” Atendi, tentando fazer a voz não tremer.
“Oi, é a Isabella Carson?”, disse uma voz feminina do outro lado da linha.
“Isso.”
“Oi, Isabella. Estou ligando para informar que, infelizmente, você não foi selecionada para a próxima etapa do processo seletivo.”
“Ah”, meu coração afundou no peito.
“Nós vamos guardar seu currículo, se surgir outra vaga, eu entro em contato.”
“Ah, tudo bem. Obrigada.” O que mais eu poderia dizer?
Depois de um breve e doloroso bate-papo, eu enfiei a cara no travesseiro. Isso é um arraso de entrevista. Senti as lagrimas de frustração brotando em meus olhos e as deixei encharcarem o travesseiro.
Havia muito mais em jogo do que simplesmente pagar as contas e ter algum dinheirinho pra gastar. A vida do meu pai estava em risco. Eu peguei o celular e fui rolando a barra de contatos.
Encarei o numero de David Knight, com o dedo pairando sobre o botão de ligar. Não é como se eu tivesse outra saída. Efetuei a chamada, selando meu destino.
“Alô?”, David atendeu.
“Oi Senhor Knight. É a Isabella.”
“Isabella!”, ele me saudou fervorosamente. “Fico feliz que tenha ligado. Devo entender que...?” Ele deixou a pergunta no ar.
Respirei fundo. Parecia que eu seria esmagada pelo peso das palavras que estavam prestes a sair da minha boca. “Sim”, eu disse. “Eu aceito”.
Parecia que algo dentro de mim havia morrido. “Vou me casar com seu filho”.
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Atualizado até capítulo 44
Comments
Sineia Soares
Estou gostando muito desce começo
2024-08-22
18
Rita de cassia Batista da silva
Minha curiosidade está me matando pois pelo primeiro capítulo o futuro noivo é um escroto incondicional 🤮
2025-03-18
0
Vilma Alice
Estou gostando até aqui.Vejamos o que nos trará esse casamento. Será que o plaiboyzinho vai dar chilique???????
2025-03-13
0